Devemos amar a cruz, porque é a nossa salvação. Aquele
que foge do caminho da cruz entra pelo caminho da perdição eterna. Não
há salvação longe da cruz!
Há duas espécies de cruzes: a cruz de Jesus Cristo,
em que Ele morreu; e a nossa cruz pessoal, que consiste
nas nossas penalidades quotidianas. Estas duas espécies de cruz merecem
todo o nosso amor, porque são a causa e o instrumento da nossa salvação.
1.º A cruz de Jesus Cristo:
sem essa cruz, filhos da ira e escravos do demônio por nosso nascimento,
estávamos para sempre perdidos; e, por ela, Jesus Cristo derrubou as
potestades infernais, lhes arrancou das mãos o decreto que nos
condenava, aboliu-o com o seu Sangue e encravou-o na cruz, a fim de que
nenhuma mão possa retomá-lo. Prendeu à sua cruz, como ao seu carro de
triunfo, as potestades inimigas; despojou-as e arrastou-as cativas… de
sorte que hoje salva-se quem quer. A cruz faz correr em toda a Igreja,
pelos sacramentos, pelo santo sacrifício, pelos santos pensamentos e
piedosos movimentos, todas as graças de que ela é a fonte e o
inexaurível oceano; oferece a todos o perdão para o passado, valor para
o presente e confiança para o futuro. Não é
isto bastante para merecer todo o nosso amor?
2.º Devemos amar a nossa cruz pessoal,
porque a de Jesus Cristo elevou-a a insigne honra de ser o meio mais
eficaz de perfeição e o penhor da nossa eterna esperança. A
paciência, que sofre a cruz, diz São Tiago,
é a perfeição, é uma perfeição sólida porque foi provada no crisol
(Tg 1, 4). É, segundo São Paulo, a consumação da fé
(Fl 1, 29). É o penhor e a alegria da esperança. Por uma
momentânea e leve tribulação, um peso imenso de glória (2 Cor
4, 17). Depois da prova, a coroa da vida. É uma das
bem-aventuranças proclamadas por Jesus Cristo: Bem-aventurados os que
padecem (Mt 5, 10). É uma graça especial que Deus envia aos
seus melhores amigos; ela coloca-os na estrada real do céu.
Basta ter fé nas palavras do Salvador para suportar a cruz mais que
todas as riquezas… uma dificuldade suportada mais que todas as honras…
as humilhações mais que todas as coroas… o desprezo mais que todos os
aplausos… as palavras humilhantes mais que todos os louvores. Por isso,
o Evangelho nos diz: Aceitai os trabalhos da vida não somente com
paciência, mas também com alegria. E São Tiago acrescenta:
Aceitai-as com alegria, isto é, com a alegria do pobre que recebe
imensas riquezas; com a alegria do homem do povo que recebe uma coroa;
com a alegria do lavrador que colhe uma rica lavoura; com a alegria do
negociante que tem um grande lucro; com a alegria do general que alcança
uma grande vitória (Tg 1, 2). Assim têm pensado todos os
santos: São Paulo Apóstolo dizia: Eu me alegro em toda a
tribulação (2 Cor 7, 4), e Santo André, quando contemplou
a cruz, soltava este grito de amor: Ó boa cruz, se bem-vinda,
assim como és bem desejada! São esses os nossos sentimentos?
(M. Hamon).
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 12 de janeiro de 2018
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