A BOA PASTORA
Quem é a boa pastora? É aquela da qual Deus quis servir-se na Encarnação: “O mundo era indigno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, ele o deu a Maria a fim de que o mundo o recebesse por meio dela” (Santo Agostinho), e: “Em Maria e por Maria é que o Filho de Deus se fez homem para nossa salvação” (São Luís Maria Grignion de Montfort).
Quem é a boa pastora? É a mãe de Deus. Por virtude de Deus, se forma no seu ventre virginal um corpo pequenino a quem Deus comunica uma alma. E Maria se torna Mãe. Mas este corpo e esta alma pertencem, por um mistério indizível, ao Filho de Deus. Por isto, o Filho que ela tem é o Filho de Deus: “Salve, ó Maria, Mãe de Deus, virgem e mãe, estrela e vaso de eleição! Salve, Maria, virgem, mãe e serva: virgem, na verdade, por virtude daquele que nasceu de ti; mãe por virtude daquele que cobriste com panos e nutriste em teu seio; serva, por aquele que tomou de servo a forma!” (São Cirilo de Alexandria).
Quem é a boa pastora? É a Virgem das virgens: “Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu filho, e assim permaneces honesta e íntegra depois do parto. Anuncia-te o anjo que teu filho há de ser chamado Santo e Filho de Deus, e te submetes admiravelmente ao poderio do Rei que de ti nascerá” (Santo Ildefonso de Toledo).
Quem é a boa pastora? É a mais formosa de todas as mulheres: “Consideremos como a graça imensa da santíssima alma de Maria comunicava a seu corpo tão grande formosura, que enamorava a todos quantos tinham a ventura de a ver, infundia a todos o espírito de pureza, inspirava-lhes no coração o desejo das coisas celestiais, e abrasava-os no amor de Deus. Quem a ia visitar, por aflito e atribulado que estivesse, voltava consolado, alegre e contente” (Santo Afonso Maria de Ligório). São Dionísio Areopagita conta que, tendo ouvido falar de Maria, fez uma viagem longa para vê-la. Apenas admitido à sua presença, ficou tão assombrado pelo brilho sobre-humano, tão transbordado de consolação celeste, que lhe parecia já ter entrado na posse da glória. Ele ficou tão cheio de gozo inefável, que escreveu depois: “Confesso na verdade, que não pensava que fora de Deus fosse possível beleza tão sublime e celestial, como a que contemplei. Eu vi a Maria Santíssima! Pude ver e rever com meus próprios olhos a Mãe de Jesus Cristo! Confesso mais uma vez que, quando João me levou à presença da Virgem, fiquei deslumbrado por um esplendor tão grande, que me desfaleceu o coração e faltou a respiração, oprimido como estava pela glória de tamanha majestade”.
Quem é a boa pastora? É a nossa Mãe espiritual: “Pela segunda vez Maria nos gerou para a graça, quando no Calvário ofereceu ao Eterno Pai, por entre muitos sofrimentos, a vida de seu amado Filho pela nossa salvação” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “Veio a ser Mãe espiritual de todos nós, que somos membros da nossa cabeça, Jesus Cristo” (Santo Agostinho), e também: “Não é ela nossa mãe? Sim, ela é verdadeiramente nossa mãe. Por ela nascemos, não para o mundo mas para Deus” (Santo Elredo).
Quem é a boa pastora? É aquela que nos ama verdadeiramente: “Quem será capaz de compreender a solicitude do bem-querer de Maria a todos nós? Por isso a todos oferece e dispensa a sua misericórdia” (Santo Antonino), e: “É notório que Maria foi solícita para com todo o gênero humano” (São Bernardo de Claraval).
Quem é a boa pastora? É a Mãe dos pecadores arrependidos: “Se, desejoso de emenda, recorre um pecador a esta Mãe de Misericórdia, oh! como a encontra pronta para o abraçar e socorrer, ainda mais do que se fosse sua mãe corporal” Santo Afonso Maria de Ligório).
Quem é a boa pastora? É aquela que, por cujo intermédio, obtemos a graça da perseverança: “Homem, quem quer que sejas, já sabes que nesta vida vais flutuando mais entre perigos e tempestades, do que caminhando sobre a terra. Se não queres ser submergido, não apartes os olhos dos resplendores desta estrela. Olha para a estrela, chama por Maria. Nos perigos de pecar, nas moléstias das tentações, nas dúvidas do que deves resolver, considera que Maria te pode ajudar, chama logo por ela para que te socorra. O seu poderoso nome nunca se aparte do teu coração pela confiança, nem de tua boca para o entoares. Seguindo a Maria, não errarás o caminho da salvação. Quando te encomendares a ela, não desconfies; sustendo-te ela, não cairás. Protegendo-te ela, não temas perder-te; sendo tua guia, sem fadiga te salvarás” (São Bernardo de Claraval).
Quem é a boa pastora? É aquela que suaviza a morte a seus servos: “Os amigos verdadeiros e os verdadeiros parentes não se conhecem no tempo de prosperidade, mas sim, no das angústias e das desventuras. Os amigos do mundo não deixam o amigo, enquanto está em prosperidade. Mas o abandonam imediatamente, se lhe acontece uma desgraça ou dele se avizinha a morte. Tal não é o procedimento de Maria com seus devotos. Nas suas angústias e especialmente nas da morte, que de todas são as piores, essa boa Senhora e Mãe não abandona seus fiéis servos. Como é nossa vida no tempo do nosso degredo, assim também quer ser a nossa doçura no tempo da morte, obtendo-nos um suave e feliz trânsito” (Santo Afonso Maria de Ligório).
Quem é a boa pastora? É o nosso auxílio no tribunal divino: “A Virgem Maria recebe as almas dos que morrem. Nossa amorosa Rainha acolhe sob seu manto as almas dos seus servos, apresenta-as ao Filho que as deve julgar e obtém-lhes a salvação” (São Vicente Ferrer).
Quem é a boa pastora? É aquela que faz o demônio tremer: “Não só do céu e dos santos é Maria Santíssima Rainha, senão também do inferno e dos demônios, porque os venceu valorosamente com suas virtudes. Já desde o princípio do mundo tinha Deus predito à serpente infernal a vitória e o império que sobre ela obteria nossa Rainha” (Santo Afonso Maria de Ligório). Maria Santíssima é a boa pastora! Sejamos dóceis e obedientes à voz dessa boa Mãe que nos quer bem. Sejamos devotos de Nossa Senhora, não falsos devotos, mas verdadeiros: “... a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é interior, isto é, parte do espírito e do coração... é terna, quer dizer, cheia de confiança na Santíssima Virgem... é santa: leva uma alma a evitar o pecado e a imitar as virtudes da Santíssima Virgem... é constante, firma uma alma no bem, e ajuda-a a perseverar em suas práticas de devoção... é, finalmente, desinteressada, leva a alma a buscar não a si mesma, mas somente a Deus em sua Mãe Santíssima” (São Luís Maria Grignion de Montfort).
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 26 de abril de 2007
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