A Virgem dolorosa fugiu para o Egito
enfrentando muitas dificuldades: atravessou o deserto enfrentando
tempestades de areia, calor sufocante durante o dia, frio à noite, feras,
ladrões, fome e sede.
A Mãe sofredora não ficou parada à beira do
caminho, mas caminhou com perseverança até a meta desejada.
A Virgem das dores nos ensina que a vida é
um deserto e que não podemos ficar acomodados, de braços cruzados e
sentados à beira do caminho... mas que é preciso caminhar com perseverança
e enfrentar todas as dificuldades que surgirem pela frente.
A Mãe das angústias enfrentou as
tempestades de areia sem vacilar; devemos imitá-la enfrentando as
tempestades da vida: calúnias, perseguições, críticas e murmurações.
Devemos ser firmes e perseverantes... deixando de lado a moleza e a
preguiça.
Aquele que se acomoda diante das
tempestades furiosas que vêm dos mundanos não é verdadeiro seguidor de
Nossa Senhora das Dores; porque, o que bebe de suas dores não vacila
diante das tempestades nem desanima com os ventos contrários. A Mãe
lacrimosa é exemplo perfeito de perseverança nas dores.
O verdadeiro seguidor da Mãe sofredora,
aquele que bebe da sua fortaleza, suporta tudo com firmeza mesmo quando a
tempestade é furiosa a ponto de deixá-lo perturbado. O mesmo encontra
forças para enxergar no meio das trevas a luz do exemplo da Mãe com o
coração crucificado.
Para chegar até Deus é preciso atravessar o
“deserto” da vida com firmeza e com o coração unido ao coração da
Mãe das lágrimas; quanto mais a tempestade soprar furiosa, tanto mais
devemos nos aproximar dessa boa Mãe.
É preciso atravessar esse deserto com
alegria... quanto mais furiosa for a tempestade, tanto maior deverá ser
nossa felicidade: “Quanto mais lutarmos neste
mundo por nos sujeitarmos aos preceitos de Deus, Nosso Senhor, tanto mais
seremos felizes na vida futura e tanto maior glória alcançaremos diante de
Deus” (Santo Ambrósio).
O católico não nasceu para o comodismo nem
para a preguiça, mas para lutar e ser vitorioso. Para sair vencedor na
batalha furiosa nesse “deserto” é preciso que lute sob a proteção
materna da Virgem dolorosa, trazendo em seu coração a fortaleza do coração
da boa Mãe.
Para o católico permanecer de pé diante das
tempestades da vida é preciso se apoiar na fortaleza e na perseverança da
Mãe lacrimosa. É preciso também olhar para frente e contemplar o coração
dessa boa Mãe cravado por sete espadas... assim, ele encontrará ânimo e
força para enfrentar todos os obstáculos sem desanimar.
A Mãe sofredora atravessou o deserto
suportando o calor sufocante do dia com perseverança e amor ao
sofrimento... suportou tudo com paciência.
O católico enfrenta o calor sufocante das
tentações... e essa luta é contínua.
No deserto da vida, todos estamos sujeitos
às tentações: “Há almas que são amiudadas e
violentamente tentadas; outras há que o são apenas raras vezes e sem se
sentirem profundamente abaladas” (Adolfo Tanquerey).
O calor da tentação atinge a todos, a uns mais, a outros menos, mas se o
católico estiver sob a proteção da Mãe dolorosa sairá vencedor, porque a
mesma lhe dará força para não consentir na tentação:
“Uma tentação, embora durasse toda a nossa vida,
não nos pode tornar desagradáveis à divina Majestade, se não nos agrada e
não consentimos nela, porque na tentação nós não agimos, mas sofremos, e,
como não nos deleitamos com ela, de nenhum modo incorremos em alguma
culpa” (São Francisco de Sales).
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis-GO, 26 de fevereiro de 2000
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