Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

54 – Virgem desolada, Mãe do Doce Cordeirinho

 

 

Um lobo uiva furiosamente contra o Imaculado Cordeirinho: “… Herodes vai procurar o Menino para o matar” (Mt 2, 13).

O Doce Cordeirinho fez algo contra o lobo Herodes? Não! Esse estava com medo de perder o seu trono, e, por isso, decidiu acabar com aquele que acabava de nascer: “Mal ouviu Herodes que era nascido o Messias esperado, temeu loucamente que o recém-nascido lhe quisesse usurpar o trono” (Santo Afonso Maria de Ligório).

São Fulgêncio de Ruspe censura Herodes dizendo: “Por que estás inquieto, Herodes? Esse rei, nascido agora, não vem para vencer os reis em combate. Não; ele vem para subjugá-los de um modo admirável, morrendo por eles”.

Herodes, o lobo cruel, quer devorar o Humilde Menino; mas um anjo aparece em sonhos ao zeloso José e lhe diz: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito, e fica lá, até eu te avisar” (Mt 2, 13).

O anjo não apontou para uma região aos arredores de Belém, para Nazaré ou Jerusalém, mas ordenou que fugisse para uma terra distante, para o Egito.

O silencioso José acorda a Querida Ovelhinha, e essa, pega em seus braços o Inocente Cordeirinho: “Ele levantou-se, tomou, de noite, o Menino e sua Mãe…” (Mt 2, 14).

Para onde foram? Para o Egito, para um país distante (Mt 2, 14).

Sebastião Barradas diz que essa viagem durou mais de cem horas de caminho, pelo menos trinta dias.

Sobre a obediência de São José ao anjo, escreve São João Crisóstomo: “Ao ouvir isto, José não se escandalizou nem disse: isto parece um enigma. Tu mesmo dizias-me não há muito que Ele salvaria o seu povo, e agora não é capaz nem sequer de se salvar a si mesmo, mas temos necessidade de fugir, de empreender uma viagem, uma longa deslocação… Mas nada disto diz, porque José é um varão fiel. Tão pouco pergunta pelo tempo do regresso, apesar de o anjo o ter deixado indeterminado, pois lhe tinha dito: E está ali até que eu te diga. Não obstante, nem por isso ficou paralisado, mas obedece e crê e suporta todas as provas com alegria” (Homilia sobre São Mateus, 8).

São Pedro Crisólogo escreve: “Que pesar para o coração de Maria, ao ouvir a intimação do cruel exílio, ao qual ela e o Filho eram condenados! Foge dos teus para os estranhos, do templo do verdadeiro Deus para a terra dos ídolos! Há lástima que se compare à de uma criança que, apenas nascida, já se vê obrigada a fugir, levada nos braços de sua Mãe?”

É noite, a Virgem não pede para esperar amanhecer o dia, sabe que o seu Tesouro precioso corre risco de vida; levanta-se, toma-o nos braços e entra no deserto, onde não encontraria socorro, agasalho nem consolação.

O que faz essa Doce Ovelhinha no deserto, longe de sua cidade e de sua casa? Sofre! Sofre com amor e alegria; sofre para proteger o seu Amado Filhinho.

A querida Senhora está longe de todos, mas carrega nos braços o Tudo. Está num lugar de morte, mas trás consigo a Vida.

A Virgem fiel caminha, ela sabe que um lobo furioso deseja furiosamente matar o seu Humilde Cordeirinho.

Ó Virgem Santíssima, o seu exemplo enche o nosso coração de amor por Nosso Senhor e nos ensina a agirmos com convicção e fortaleza para permanecermos fiéis a Ele.

Quando São José a acordou dizendo que era preciso fugir para o Egito, a Senhora não o interrogou nem colocou obstáculos, mas o obedeceu prontamente.

Querida Mãe, que o nosso coração esteja sempre aberto para o nosso Anjo Custódio, principalmente quando estivermos correndo perigo de perder a graça santificante.

A Palavra de Deus diz que a Senhora levantou-se à noite, estava tudo escuro; foi tão dócil e decidida, que nem pediu para que esperasse o dia amanhecer. Para defender e proteger o Doce Cordeirinho estava disposta a sofrer tudo.

Mãe de bondade, aprendemos de ti que para defender o Doce Senhor que está em nossa alma, é preciso tomar séria decisão sem olhar os obstáculos; está claro que Cristo Jesus vale mais do que todo o ouro do mundo, por isso, é preciso enfrentar a “escuridão” das perseguições, zombarias, críticas… com a cabeça erguida e com o coração cheio de fortaleza.

Cristo Jesus é o Tesouro precioso que trazemos na nossa alma imortal; para protegê-lo é preciso usar de todos os meios, mesmo que tenhamos que viver sozinhos nesse mundo.

Mãe Santíssima, para proteger o seu Infinito Tesouro, a Senhora fugiu para o Egito.

Está claro que para proteger Jesus Cristo em nossa alma, temos que cortar qualquer amizade e até mesmo mudar de lugar.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 30 de setembro de 2006