Um
lobo uiva furiosamente contra o Imaculado Cordeirinho:
“… Herodes vai procurar o Menino para o matar”
(Mt
2, 13).
O
Doce Cordeirinho fez algo contra o lobo Herodes? Não! Esse estava com
medo de perder o seu trono, e, por isso, decidiu acabar com aquele que
acabava de nascer: “Mal ouviu Herodes que era
nascido o Messias esperado, temeu loucamente que o recém-nascido lhe
quisesse usurpar o trono”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
São
Fulgêncio de Ruspe censura Herodes dizendo:
“Por que estás inquieto, Herodes? Esse rei, nascido agora, não vem para
vencer os reis em combate. Não; ele vem para subjugá-los de um modo
admirável, morrendo por eles”.
Herodes, o lobo cruel, quer devorar o Humilde Menino; mas um anjo
aparece em sonhos ao zeloso José e lhe diz:
“Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito, e fica lá, até
eu te avisar”
(Mt
2, 13).
O
anjo não apontou para uma região aos arredores de Belém, para Nazaré ou
Jerusalém, mas ordenou que fugisse para uma terra distante, para o
Egito.
O
silencioso José acorda a Querida Ovelhinha, e essa, pega em seus braços
o Inocente Cordeirinho: “Ele levantou-se,
tomou, de noite, o Menino e sua Mãe…” (Mt
2, 14).
Para onde foram? Para o Egito, para um país distante (Mt 2, 14).
Sebastião Barradas diz que essa viagem durou mais de cem horas de
caminho, pelo menos trinta dias.
Sobre a obediência de São José ao anjo, escreve São João Crisóstomo:
“Ao ouvir isto, José não se escandalizou nem
disse: isto parece um enigma. Tu mesmo dizias-me não há muito que Ele
salvaria o seu povo, e agora não é capaz nem sequer de se salvar a si
mesmo, mas temos necessidade de fugir, de empreender uma viagem, uma
longa deslocação… Mas nada disto diz, porque José é um varão fiel. Tão
pouco pergunta pelo tempo do regresso, apesar de o anjo o ter deixado
indeterminado, pois lhe tinha dito: E está ali até que eu te diga. Não
obstante, nem por isso ficou paralisado, mas obedece e crê e suporta
todas as provas com alegria” (Homilia sobre São Mateus, 8).
São
Pedro Crisólogo escreve:
“Que pesar para o
coração de Maria, ao ouvir a intimação do cruel exílio, ao qual ela e o
Filho eram condenados! Foge dos teus para os estranhos, do templo do
verdadeiro Deus para a terra dos ídolos! Há lástima que se compare à de
uma criança que, apenas nascida, já se vê obrigada a fugir, levada nos
braços de sua Mãe?”
É
noite, a Virgem não pede para esperar amanhecer o dia, sabe que o seu
Tesouro precioso corre risco de vida; levanta-se, toma-o nos braços e
entra no deserto, onde não encontraria socorro, agasalho nem consolação.
O
que faz essa Doce Ovelhinha no deserto, longe de sua cidade e de sua
casa? Sofre! Sofre com amor e alegria; sofre para proteger o seu Amado
Filhinho.
A
querida Senhora está longe de todos, mas carrega nos braços o Tudo. Está
num lugar de morte, mas trás consigo a Vida.
A
Virgem fiel caminha, ela sabe que um lobo furioso deseja furiosamente
matar o seu Humilde Cordeirinho.
Ó
Virgem Santíssima, o seu exemplo enche o nosso coração de amor por Nosso
Senhor e nos ensina a agirmos com convicção e fortaleza para
permanecermos fiéis a Ele.
Quando São José a acordou dizendo que era preciso fugir para o Egito, a
Senhora não o interrogou nem colocou obstáculos, mas o obedeceu
prontamente.
Querida Mãe, que o nosso coração esteja sempre aberto para o nosso Anjo
Custódio, principalmente quando estivermos correndo perigo de perder a
graça santificante.
A
Palavra de Deus diz que a Senhora levantou-se à noite, estava tudo
escuro; foi tão dócil e decidida, que nem pediu para que esperasse o dia
amanhecer. Para defender e proteger o Doce Cordeirinho estava disposta a
sofrer tudo.
Mãe
de bondade, aprendemos de ti que para defender o Doce Senhor que está em
nossa alma, é preciso tomar séria decisão sem olhar os obstáculos; está
claro que Cristo Jesus vale mais do que todo o ouro do mundo, por isso,
é preciso enfrentar a “escuridão” das perseguições, zombarias,
críticas… com a cabeça erguida e com o coração cheio de fortaleza.
Cristo Jesus é o Tesouro precioso que trazemos na nossa alma imortal;
para protegê-lo é preciso usar de todos os meios, mesmo que tenhamos que
viver sozinhos nesse mundo.
Mãe
Santíssima, para proteger o seu Infinito Tesouro, a Senhora fugiu para o
Egito.
Está claro que para proteger Jesus Cristo em nossa alma, temos que
cortar qualquer amizade e até mesmo mudar de lugar.
Pe.
Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 30 de setembro de 2006
|