Recordamos hoje, Domingo de Ramos, a entrada triunfal do Rei dos reis em Jerusalém; deixemos tudo e corramos ao Seu encontro:
“Vinde, subamos ao Monte das Oliveiras e corramos ao encontro de Cristo, que volta hoje de Betânia e se aproxima espontaneamente daquela venerável e santa paixão, para consumar o mistério da nossa salvação”
(Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo).
O Senhor não vem em biga puxada por cavalos de raça, nem em liteira luxuosa carregada por fortes homens, e sim, vem o Servo Humilde montado em um simples e humilde animalzinho:
“… estendendo as suas vestes sobre o jumentinho, fizeram com que Jesus montasse”
(Lc 19, 35).
Contemplemos, ajoelhados, a entrada do Doce Jesus em Jerusalém e peçamos com humildade para que nos abençoe, nos conceda forças para acompanhá-Lo até na hora da nossa passagem para a eternidade.
O Senhor está se aproximando. A multidão que O acompanha é imensa (Cfr. Lc 19, 37). Não percamos de vista o Senhor da nossa alma... não estendamos ramos e panos diante do Servo Humilde, e sim, o nosso coração. Peçamos que Nosso Senhor o encha de coragem para suportarmos todas as adversidades da vida com perseverança e alegria:
“Coragem, pois, corramos juntos com aquele que se apressa para a paixão e imitemos os que foram ao seu encontro. Não para estendermos à sua frente no caminho ramos de oliveira, tapetes e outros ornamentos ou ainda folhas de palmeira, mas para nós mesmos nos prostrarmos, o quanto pudermos, com humildade e reta intenção, a fim de recebermos o Verbo de Deus que se aproxima e acolhermos a Deus, que nenhum lugar pode conter”
(Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo).
O Amado Senhor aproxima de Jerusalém, a multidão está eufórica, alegre e louva o Rei dos reis (Cfr. Lc 19, 37), e o Querido Jesus só a observa.
Todos diziam: “Bendito aquele que vem, o Rei em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!”
(Lc 19, 38).
Jerusalém abre as portas para o Amado Senhor entrar; abramos também o nosso coração para que Ele entre e o transforme.
O povo grita e faz uma grande festa para o Filho de Deus; gritemos também, não com a boca, mas com a vida, dizendo-Lhe que O amamos de verdade e não apenas de aparência.
O Rei traz a paz, peçamos-Lhe que a derrame sobre a nossa alma tão agitada e árida.
Mas o Senhor agora chora: “E, como estivesse perto, viu a cidade e chorou sobre ela”
(Lc 19, 41).
Por que Nosso Senhor, o Humilde Cordeiro, chorou?
1. “Chorou porque muitos vinham ao seu encontro com o sorriso nos lábios, mas com a traição no coração”
(Pe. João Colombo).
Hoje, infelizmente, o Amado Senhor vê milhares de católicos se aproximarem do altar para receberem a Santíssima Eucaristia com o coração cheio de traição. Vê muitos também esconderem os pecados no confessionário.
2. “Chorou vendo que ali havia muitos acorridos só por curiosidade, sem o menor sentimento de amor ou de fé”
(Pe. João Colombo).
Hoje, durante o Tempo Pascal, muitos aproximam da Santa Comunhão sem fé e amor, simplesmente por costume ou com a intenção de se aparecer.
3. “Chorou porque sabia que aqueles mesmos que Lhe clamavam “Hosana”, cinco dias depois clamariam “Crucifica-O!”
(Pe. João Colombo).
Esses ingratos não só pediriam a Crucifixão do Doce Senhor, mas ao pé da cruz, zombariam da Sua agonia.
Milhares de católicos fazem a Páscoa, mas depois de cinco dias voltam a praticar aquilo que desagrada ao Senhor, isto é, pisam no Sangue do Cordeiro Imaculado.
4. “Chorou o Salvador em face da cidade que o recebia, mas que, não obstante, seria destruída”
(Pe. João Colombo).
O Querido Jesus disse: “Pois dias virão sobre ti, e os teus inimigos te cercarão com trincheiras, te rodearão e te apertarão por todos os lados. Deitarão por terra a ti e a teus filhos no meio de ti, e não deixarão de ti pedra sobre pedra, porque não reconhecestes o tempo em que foste visitada!”
(Lc 19, 43-44).
Ó Doce Amigo, infeliz de Jerusalém que virou as costas para ti. Essas palavras se realizaram no ano setenta; o Exército Romano arrasou completamente a Cidade Santa, incendiou e destruiu o Templo.
Bendito Senhor, infeliz é também aquela alma que recebera ótima, fiel e piedosa instrução religiosa, que conheceu o caminho da verdade e que depois voltou as costas para ti; essa também, a exemplo de Jerusalém, será incendiada, não com o fogo que se apaga, e sim, com o fogo eterno, no inferno:
“A maior calamidade que poderá sobrevir ao homem é a de perder eternamente sua alma imortal. Sobre a alma que trilha o caminho do mal, a vereda do inferno, Cristo verterá, por certo, lágrimas mais candentes, mais amargas, do que aquelas que chorou sobre a desventurada cidade de Jerusalém!…”
(Frei Benvindo Destéfani, O.F.M.).
Contemplemos a Santa face do Senhor. Dos Seus olhos caem lágrimas, mesmo diante dos aplausos, ramos, mantos, etc., o Senhor é o Deus da verdade, Ele não se ilude com certos gestos externos, mas deseja que a nossa mudança de vida seja sincera, isto é, que inicie do coração:
“Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim”
(Mt 15, 8).
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
Anápolis, 09 de abril de 2006
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