“… e, com ele, dois outros; um de cada lado e Jesus no meio”
(Jo
19, 18).
São Dimas, o bom ladrão, olhou para Cristo na cruz, se arrependeu dos
pecados e foi perdoado… se salvou; Gestas, o mau ladrão, olhou para o
Senhor na cruz e se revoltou, não foi perdoado… se perdeu eternamente.
Sem arrependimento é impossível receber o perdão de Deus… nem o pecado
venial é perdoado.
Gestas olhava para Cristo Jesus, o Deus do perdão, na cruz… mas não se
arrependeu. Muitas pessoas “contemplam” a Jesus na Confissão e
continuam longe d’Ele, porque faltou o arrependimento. Sem
arrependimento e sem se corrigir, o pecador não se salvará.
Arrependimento ou contrição “é um pesar de
coração e detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca mais
cometê-lo”
(Concílio de Trento).
Gestas estava com o coração petrificado e revoltado… aproveitou o tempo
na cruz para “mergulhar” ainda mais nas trevas… não disse que
estava arrependido; mas sim, insultava com violência o Deus do perdão.
São Dimas abriu o coração para o Salvador… com uma verdadeira contrição,
isto é, interna… uma dor da alma, desgosto, pena, tristeza e detestação
do pecado.
Gestas estava próximo do Salvador e não disse nenhuma palavra sobre os
seus pecados; não disse também que amava o Senhor… não estava
arrependido.
Nosso Senhor perdoa toda ofensa, por odiosa que seja, se o pecador tem
verdadeira contrição… coisa que não aconteceu com Gestas:
“Não há, pois, delito tão grave e abominável,
que não seja apagado pelo Sacramento da Penitência, por sinal que não só
uma, mas até duas e mais vezes”
(Catecismo Romano, Parte II, V. Penitência 18).
Gestas, o mau ladrão, não estava preocupado com a salvação da sua alma;
mas sim, queria que o Senhor o tirasse da cruz:
“Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a
nós” (Lc
23, 39).
Ele estava preocupado somente com o que passa… somente com o corpo,
deixando de lado a alma imortal.
Quem se arrepende dos pecados só por causa das suas consequências
materiais desagradáveis ou desastrosas: doenças, perda de dinheiro,
tempo, desgosto que deu aos pais, esposa, esposo… este não tem um
verdadeiro arrependimento, mas é apenas uma contrição puramente natural.
Este arrependimento não obtém o perdão dos pecados e não tem nenhum
merecimento para a outra vida.
Gestas caminhou com o Senhor para o Calvário e não pediu o seu perdão,
não se arrependeu: “Eram conduzidos também
dois malfeitores para serem executados com ele”
(Lc
23, 32).
São Jerônimo diz: “Dentre cem mil pecadores
que teimam viver no pecado até a morte, apenas um só se salvará no
momento supremo”, e: “A salvação
de um desses pecadores seria um milagre maior que a ressurreição de um
morto” (São Vicente Ferrer),
e também: “Que arrependimento se pode esperar
na hora derradeira de quem viveu amando o pecado até o último instante?”
(Santo Afonso Maria de Ligório),
e ainda: “É para o pecador justo castigo o
esquecer-se de si próprio na morte, depois de ter esquecido de Deus
durante a vida” (Santo Agostinho).
São Dimas, o bom ladrão, preocupou-se com a salvação de sua alma e se
arrependeu… “roubou” o céu no último momento de sua vida;
enquanto que Gestas esqueceu-se de si próprio, da salvação… e se
perdeu.
Nem todas as pessoas que caminham ao lado de Cristo se salvarão… não
basta caminhar ao lado d’Ele, mas é preciso abrir o coração para a
graça… para o perdão.
Gestas foi um péssimo ladrão… não soube “roubar” o céu no último
momento com a “arma” do arrependimento.
O
mau ladrão caminhou ao lado do Salvador… permaneceu por um bom tempo ao
seu lado no Calvário… e não se salvou. A preocupação dele era conquistar
a liberdade para voltar a percorrer o caminho do crime, dos vícios…
queria praticar a maldade:
“Salva-te a ti
mesmo e a nós” (Lc
23, 39).
Como se dissesse: Quero sair da cruz para voltar ao vício… quero
continuar nas trevas… quero ser escravo do mundo e de suas máximas.
Infelizmente, existem milhões de “Gestas” nesse mundo… são
pessoas que se revoltam contra a doença, provações, dificuldades,
obstáculos, pobreza… não querem suportar as cruzes para conquistar a
Vida Eterna; mas sim, querem dinheiro, saúde, fama, bens materiais… para
percorrerem livremente o caminho da perdição.
Quem quiser se salvar deve abrir o coração para o Salvador o mais rápido
possível. É muito perigoso deixar para se arrepender na hora da
morte… de Deus não se zomba.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 13 de outubro de 2017
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