Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

78 - A Paixão de Jesus esmorece o nosso coração petrificado

 

 

“… e, com ele, dois outros; um de cada lado e Jesus no meio” (Jo 19, 18).

 

São Dimas, o bom ladrão, olhou para Cristo na cruz, se arrependeu dos pecados e foi perdoado… se salvou; Gestas, o mau ladrão, olhou para o Senhor na cruz e se revoltou, não foi perdoado… se perdeu eternamente.

Sem arrependimento é impossível receber o perdão de Deus… nem o pecado venial é perdoado.

Gestas olhava para Cristo Jesus, o Deus do perdão, na cruz… mas não se arrependeu. Muitas pessoas “contemplam” a Jesus na Confissão  e continuam longe d’Ele, porque faltou o arrependimento. Sem arrependimento e sem se corrigir, o pecador não se salvará.

Arrependimento ou contrição “é um pesar de coração e detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca mais cometê-lo” (Concílio de Trento).

Gestas estava com o coração petrificado e revoltado… aproveitou o tempo na cruz para “mergulhar” ainda mais nas trevas… não disse que estava arrependido; mas sim, insultava com violência o Deus do perdão.

São Dimas abriu o coração para o Salvador… com uma verdadeira contrição, isto é, interna… uma dor da alma, desgosto, pena, tristeza e detestação do pecado.

Gestas estava próximo do Salvador e não disse nenhuma palavra sobre os seus pecados; não disse também que amava o Senhor… não estava arrependido.

Nosso Senhor perdoa toda ofensa, por odiosa que seja, se o pecador tem verdadeira contrição… coisa que não aconteceu com Gestas: “Não há, pois, delito tão grave e abominável, que não seja apagado pelo Sacramento da Penitência, por sinal que não só uma, mas até duas e mais vezes” (Catecismo Romano, Parte II, V. Penitência 18).

Gestas, o mau ladrão, não estava preocupado com a salvação da sua alma; mas sim, queria que o Senhor o tirasse da cruz: “Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós” (Lc 23, 39). Ele estava preocupado somente com o que passa… somente com o corpo, deixando de lado a alma imortal.

Quem se arrepende dos pecados só por causa das suas consequências materiais desagradáveis ou desastrosas: doenças, perda de dinheiro, tempo, desgosto que deu aos pais, esposa, esposo… este não tem um verdadeiro arrependimento, mas é apenas uma contrição puramente natural. Este arrependimento não obtém o perdão dos pecados e não tem nenhum merecimento para a outra vida.

Gestas caminhou com o Senhor para o Calvário e não pediu o seu perdão, não se arrependeu: “Eram conduzidos também dois malfeitores para serem executados com ele” (Lc 23, 32).

São Jerônimo diz: “Dentre cem mil pecadores que teimam viver no pecado até a morte, apenas um só se salvará no momento supremo”, e: “A salvação de um desses pecadores seria um milagre maior que a ressurreição de um morto” (São Vicente Ferrer), e também: “Que arrependimento se pode esperar na hora derradeira de quem viveu amando o pecado até o último instante?” (Santo Afonso Maria de Ligório), e ainda: “É para o pecador justo castigo o esquecer-se de si próprio na morte, depois de ter esquecido de Deus durante a vida” (Santo Agostinho).

São Dimas, o bom ladrão, preocupou-se com a salvação de sua alma e se arrependeu… “roubou” o céu no último momento de sua vida;  enquanto que Gestas esqueceu-se de si próprio, da salvação… e se perdeu.

Nem todas as pessoas que caminham ao lado de Cristo se salvarão… não basta caminhar ao lado d’Ele, mas é preciso abrir o coração para a graça… para o perdão.

Gestas foi um péssimo ladrão… não soube “roubar” o céu no último momento com a “arma” do arrependimento.

O mau ladrão caminhou ao lado do Salvador… permaneceu por um bom tempo ao seu lado no Calvário… e não se salvou. A preocupação dele era conquistar a liberdade para voltar a percorrer o caminho do crime, dos vícios… queria praticar a maldade: “Salva-te a ti mesmo e a nós” (Lc 23, 39). Como se dissesse: Quero sair da cruz para voltar ao vício… quero continuar nas trevas… quero ser escravo do mundo e de suas máximas.

Infelizmente, existem milhões de “Gestas” nesse mundo… são pessoas que se revoltam contra a doença, provações, dificuldades, obstáculos, pobreza… não querem suportar as cruzes para conquistar a Vida Eterna; mas sim, querem dinheiro, saúde, fama, bens materiais… para percorrerem livremente o caminho da perdição.

Quem quiser se salvar deve abrir o coração para o Salvador o mais rápido possível. É muito perigoso deixar para se arrepender na hora     da morte…  de Deus não se zomba.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 13 de outubro de 2017