“Perguntou-lhes, então, novamente: ‘A quem procurais?’ Disseram: ‘Jesus,
o Nazareu’. Jesus respondeu: ‘Eu vos disse que sou eu. Se, então, é a
mim que procurais, deixai que estes se retirem’, a fim de se realizar a
palavra que diz: Não perdi nenhum dos que me deste”
(Jo
18, 7-9).
Nosso Senhor disse: “Eu vos disse que sou eu”.
Ele não ficou mudo nem se inclinou diante dos inimigos furiosos.
O
Salvador é forte, modelo perfeito para os fracos e covardes.
Parece que Jesus Cristo fala com ironia para aqueles homens fracos:
“Eu vos disse que sou eu”. O Senhor
não recua… não foge… não tenta enganá-los naquela escuridão. O Cordeiro
Inocente não teme os lobos furiosos. Se era a Jesus a quem buscavam… Ele
estava diante deles.
Nada nesse mundo pode nos afastar do Salvador… ameaças, zombarias,
desprezos… Se formos interrogados sobre a nossa fé, devemos dizer com
coragem: “Eu vos disse que sou seguidor de Jesus Cristo”.
O
Salvador disse para os inimigos que estavam diante d’Ele:
“Eu vos disse que sou eu”. É um aviso
da divina potência de Cristo para que reflexionem e vejam que era o que
lhes impedia apoderar-se do homem que dizia ser Jesus, o Nazareu.
Nosso Senhor disse também: “Se, então, é a
mim que procurais, deixai que estes se retirem”. Como se
dissesse: Se não buscais somente a mim, mas também aos Apóstolos, já
provei que posso defendê-los, porque somente com uma palavra derrubei-os
por terra. Porém, se é a mim que buscais, deixarei que me prenda…
contanto que deixeis estes se retirarem.
Teodoro de Heraclea escreve: “Como bom pai
entre seus filhos, que os afastam do perigo, porque são fracos e
desanimados, e cuida que se cumpra a palavra que havia dito: porém, Ele
se entregou a si mesmo”. Teofilacto escreve o mesmo. Muitas
vezes Deus nos trata como crianças fracas e não permite que sejamos
provados além das nossas forças. E quando nos tornamos fortes e
robustos, nos exercita nos perigos. Assim fez com os Apóstolos, que não
quis que eles fossem presos com Ele agora; talvez, como disse São
Cirilo, se morressem com Ele, pareceria que lhes deveríamos parte da
nossa redenção; e ordenou que logo, confortados pelo Espírito Santo,
morressem por Ele, como comenta Teofilacto.
O
Salvador quis ser preso sozinho, porque quis Ele só pisar o lagar. O Bom
Pastor deu a vida pelas ovelhas… Ele colocou em prática o que havia
ensinado.
São João Crisóstomo e Teofilacto perguntam: por que a multidão de
inimigos não prendeu todos os Apóstolos, principalmente a Pedro, que
havia irritado a muitos? A resposta é: Jesus Cristo, com o seu poder,
não deixou que fossem presos. Sendo que antes o Senhor havia derrubado
por terra aos que queriam prendê-lo.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 30 de novembro de 2017
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