“… e, com eles, dois outros; um de cada lado e Jesus no meio”
(Jo
19, 18).
Milhões de pessoas imitam a rebeldia do mau ladrão, Gestas, fechando o
coração para a graça, para a salvação… para o amor de Jesus Cristo.
Não basta estar perto do Senhor para se salvar, mas é preciso aceitá-lo
como Salvador.
Santo Agostinho escreve: “Temos diante de nós
três homens pregados na cruz: um que dá a salvação, um que a recebe, um
que a perde”.
O
Salvador que dá a salvação não obriga ninguém a recebê-la… deixa livre!
São Dimas, o bom ladrão, abriu o coração para o Senhor e se salvou;
Gestas, o mau ladrão, fechou o coração para Cristo Jesus e se condenou
ao inferno.
O
mau ladrão contemplou a Jesus… ouviu sua voz na cruz, contemplou o seu
Sangue precioso… viu o quanto o Salvador sofria na cruz, e permaneceu
com o coração fechado e cheio de revolta. Não basta estar perto do
Salvador… é preciso aceitá-lo… abrir o coração para Ele.
No
meio o autor da graça; de um lado um que a aproveita, de outro um que a
rejeita. No meio o modelo e o original; à direita um imitador fiel no
sofrimento e na paciência, à esquerda um adversário sacrílego. De uma
parte um que sofre com submissão, da outra um que se revolta contra o
castigo. Um justo, um pecador penitente, um pecador endurecido. Um justo
que sofre porque assim o quer, e merece por seus sofrimentos a salvação
de todos os culpados; um pecador que sofre com submissão e se converte,
recebendo, no mesmo instante, a certeza do céu; um pecador que sofre
como um rebelde, e começa desde essa vida o seu inferno. Discernimento
terrível! Ambos sofrem com Jesus, mas somente um é companheiro da sua
glória! Assim nos mostra o Salvador a paternal bondade com que sabe
acolher aos que sofrem como filhos, e o juízo terrível que exerce sobre
os que sofrem como rebeldes
(Bossuet).
O
coração contrito e humilhado agrada a Jesus Cristo; mas o coração
revoltado e desesperado não pode agradar o Salvador.
Aquele que se desespera e que se revolta nas horas difíceis… é discípulo
de Gestas, o mau ladrão. Ele se condenou porque quis… de livre e
espontânea vontade voltou as costas para o Salvador. Esteve próximo da
misericórdia… mas trancou o coração para ela.
A
misericórdia do Senhor é infinita, mas não é “agressiva”… ela não
“violenta” a liberdade do pecador.
São Dimas, o bom ladrão, mergulhou na fonte da misericórdia… e se
salvou; Gestas, o mau ladrão, se desesperou e se perdeu eternamente.
Infeliz daquele que brinca e abusa da bondade de Jesus Cristo… que deixa
Cristo passar com o seu amor e perdão: “Tenho
medo de Cristo que passa” (Santo Agostinho).
Gestas ficou “frente” a “frente” com Jesus no Calvário e
não abriu o coração para o Salvador. Hoje, infelizmente, milhões de
pessoas também ficam “frente” a “frente” com o Senhor… na
Confissão, na Santa Missa, no Santo Retiro… e não abrem o coração para a
misericórdia do Salvador. Muitas pessoas se aproximam da Confissão com o
coração fechado… e saem dela com o coração lacrado… cometem sacrilégio,
sem arrependimento nem propósito.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 01 de dezembro de 2017
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