POR QUE A SANTA IGREJA NOS DÁ ESTA LIÇÃO
(CINZAS) NO COMEÇO DA QUARESMA?
1.º Porque sem a humildade todas as
mortificações da Quaresma seriam sem mérito. Os fariseus
jejuam, diz Jesus Cristo; mas o fazem para conseguir a
estima dos homens, fazem-no sem mérito e recebem a sua
recompensa aqui na terra. A razão disto é porque
estimarmo-nos a nós mesmos é faltar contra a verdade que nos diz
que nada somos; é querer ser estimados e faltar contra a justiça
que nos clama: “A Deus só honra e
glória”
(1 Tm 1, 17)...
“a nós a confusão”
(Br 1, 15). Ora, a mentira e
a injustiça são incompatíveis com o mérito.
2.º Porque sem a humildade não há verdadeira
penitência. A verdadeira penitência tem por base o sentimento da
nossa miséria ou a humilhação da alma que, confessando-se
culpada, se reconhece obrigada para com a justiça divina a todas
as espécies de reparações e satisfações. Quem estima a si pode
fazer, como o fariseu, atos exteriores de penitência, dizer como
ele: Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de todos os
meus bens; mas, na realidade, esta penitência não pode
agradar a Deus que sonda os corações e que não se compraz senão
na verdade. Esse fariseu, apesar dos seus jejuns, não era
menos detestado perante Deus; por isso, louvava a si próprio e
solicitava a estima e o louvor dos outros. Temamos que não
aconteça o mesmo conosco; e para evitar esta desgraça, comecemos
a Quaresma com um espírito de humildade (M. Hamon).
A todas as virtudes é indispensável a
humildade. Os motivos para
seres humilde, não os procuras fora de ti, mas em ti mesmo:
Lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar. Se alguém
julga ser alguma coisa ante de ser, engana-se a si mesmo.
Beleza, mocidade, nobreza, saber... então serão nada? Pelo
contrário, são dons de não pequeno valor, mas não os possuis por
ti, e sim por Deus: Que tens que não hajas recebido? A Deus
deves a existência, a saúde, o bem estar, tudo o que és e o que
tens. Se para a sua posse concorreste com as tuas forças, também
estas deves a teu Criador. Nada possuis, pois, por ti mesmo.
Se todos os bens corporais deves a Deus,
quanto mais os espirituais! Pela graça de Deus, sou o que sou.
Quem lavou tua alma da mancha do pecado original? Quem te
perdoou tantas vezes teus pecados? Quem te deu as graças
necessárias para praticares algum bem? Deves humilhar-te, não só
reconhecendo tua dependência completa de Deus e tua pouca
gratidão, como também teus insignificantes progressos no bem e
numerosas recaídas no mal. Quanto teriam outros progredido,
se tivessem recebido as mesmas graças que a ti te foram dadas?
(Frei Pedro Sinzig).
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
|