Na Carta de São Paulo aos Gálatas diz:
“Quanto a mim, não aconteça gloriar-me
senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo
está crucificado para mim e eu para o mundo”
(Gl 6, 14).
Da Santa Cruz provém a nossa salvação, pois
nela quis morrer Jesus pelos nossos pecados, Por isso, dizia São
João Crisóstomo como num cântico: “A
Cruz é o troféu erigido contra os demônios, a espada contra o
pecado, a espada com que Cristo atravessou a serpente; a Cruz é
a vontade do Pai, a glória do seu Filho Único, o júbilo do
Espírito Santo, o ornato dos Anjos, a segurança da Igreja, o
motivo de glória de Paulo, a proteção dos santos, a luz de todo
o orbe”
(De coemeterio el de cruce, 2) (Edições
Theologica).
A conduta covarde e vã dos judeus se opõe com
a valentia e desinteresse de Paulo. Desde que conheceu a Jesus
Cristo e o poder da salvação de sua cruz, não se gloria nada
mais que nela. A metáfora da crucifixão indica o abismo de
separação e mútuo desprezo que criou a fé na cruz entre Paulo e
o mundo. O mundo aqui tem sentido pejorativo: são os homens
que não creem em Jesus Cristo, e principalmente os judeus, que
se escandalizam d’Ele e o expulsam… Paulo não podia estar
crucificado por meio de Cristo, mas em Cristo ou com Cristo
(Pe. Juan Leal e outros).
Dom Duarte Leopoldo escreve:
“Ó meu crucifixo! Pobre e
humilde, banhado das minhas lágrimas, na amorável penumbra de
uma cela, como brilhas tu iluminando-nos a vida e a morte, o
sofrimento e o prazer… a terra e o céu, o tempo e a eternidade!
Catecismo de ignorantes, Suma Teológica para sábios, tu és um
livro luminoso, todo invadido da presença de Deus. Tua voz me
instrui com o calor de uma chama e com a doçura de uma unção:
repreende consola, fortalece e santifica. Melhor que os livros
santos, tu me dizes a que extremos inatingíveis levastes o teu
amor por mim, por mim pessoalmente, como se eu só – e mais
ninguém, fora o objeto do teu amor, amor imolado, amor
sacrificado, amor crucificado” (Trecho:
Meu crucifixo).
Santa Gema Galgani “cantou” sobre a cruz:
“Ó Cruz, faz um pouco de espaço para mim
junto a Jesus… Ó, quando será que ardentemente apertarei entre
os braços a minha Cruz? Ó Cruz santa deixa que eu te abrace!
Longe de ti jamais encontro paz. Sim, é justamente na Cruz que
coloquei toda a minha força. Ó Cruz, junto de ti me sinto forte.
É sobre a Cruz que aprendi a amar-Te Jesus. Procuro-Te e Te
encontro sempre sobre a Cruz. Ó Cruz santa, recebe-me junto a
Jesus. Tu morreste sobre a Cruz, nela, faze-me morrer também…
Amo a Cruz, a Cruz somente. Amo-a, porque primeiramente Tu a
amaste Jesus… Sim, eu a quero, sim, eu a quero Jesus… Glorio-me,
Jesus, nas tribulações e te agradeço mil vezes por me tornar
sempre mais semelhante a Ti, partícipe dos teus sofrimentos. Sou
um fruto da tua Paixão, um rebento de tuas chagas. Por teu amor
estou pronta a qualquer sacrifício. Desejaria sofrer tudo eu… Tu
sofres, faze-me sofrer também. Ó Cruz santa, porque me queixar?
Não recuso a Cruz: porque se recuso a Cruz, recuso Jesus”
(Trecho do canto sobre a cruz).
São Paulo da Cruz ensina:
“Os dons de Deus causam: desapego de
tudo, grande amor a cruz e ao sofrimento… O mérito e a perfeição
consistem em carregar a cruz que Deus quer e não a que nós
queremos… Levar a cruz com tranquilidade encontra-se a paz”.
São João Maria Vianney escreve:
“A cruz é a lâmpada que ilumina o céu e a terra. É preciso pedir o amor
pelas cruzes: então elas se tornam doces. Fiz disso a
experiência: durante quatro ou cinco anos tenho sido caluniado,
muito se opuseram a mim, aprontaram-me muitas armadilhas.
Quantas cruzes eu tinha… tinha mais do que podia suportar!
Pus-me a pedir o amor pelas cruzes… então passei a ser feliz.
Falo seriamente: só há felicidade nela… Quando amamos as cruzes,
não as sentimos; mas, quando as rejeitamos, elas nos esmagam.
Fugir das cruzes é querer ser oprimido por elas, desejá-las é
não sentir o seu amargor”.
São Pio de Pietrelcina ensina:
“Sigamos o Divino Mestre pelo Calvário
carregando nossa cruz… A agitação te amargura o coração e te
impede de apreciar todo o encanto da cruz… Apoie-se, como fez
Nossa Senhora, à cruz de Jesus e nunca lhe faltará conforto”.
São João da Cruz escreve:
“Se queres chegar à posse de Cristo,
jamais o procures sem a cruz”.
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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