Na Carta de São Paulo aos Gálatas diz:
“Quanto a mim, não aconteça gloriar-me
senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo
está crucificado para mim e eu para o mundo”
(Gl 6, 14).
Pelo seu lado, Santo Anselmo exclama
emocionado: “Ó Cruz, que foste
escolhida e preparada para bens tão inefáveis! És louvada e
exaltada não tanto pela inteligência e pela língua dos homens,
nem mesmo dos Anjos, como pelas obras que graças a ti se
realizaram. Ó Cruz, em quem e por quem me vieram a salvação e a
vida, em quem e por quem me chega todo o bem! Deus não queira
que eu me glorie em nada fora de ti”
(Orações e meditações, 4).
A Cruz, portanto, há de ser para cada cristão,
na vida diária, o seu apoio e a sua força:
“Quando vires uma pobre Cruz de pau, só,
desprezível e sem valor… e sem Crucificado, não esqueças que
essa Cruz é a tua Cruz: a de cada dia, a escondida, sem brilho e
sem consolação… que está à espera do Crucificado que lhe falta.
E esse Crucificado tens de ser tu” (São
Josemaría Escrivá, Caminho, n.º 178) (Edições Theologica).
Um religioso anônimo escreve:
“Vê a Cruz. Toda ela é Jesus. Toda é só Amor, aquele amor
que veio pregar ao mundo. Amar e sofrer são como uma só coisa,
como os dois braços da mesma cruz! Homens que foram resgatados
pelo altíssimo preço da cruz devem ver este objeto sagrado como
o símbolo de sua partilha e sua glória… Fazei que ame a Cruz de
Jesus, que ache delícias na cruz de Jesus, para que na minha
morte Jesus crucificado seja a minha força e o meu conforto!
Diante da morte ninguém se arrepende de ter vivido na cruz, mas
de não ter sempre vivido nela! A maior vantagem para um cristão
é parecer com Jesus no que, sobretudo, Jesus mais deseja que lhe
pareça” (Imitação de Maria).
São Pedro Julião Eymard ensina:
“O caminho do justo é
marginado por duas cercas: uma é a Graça, espargida cá e lá pela
estrada, para servir de riacho, de pão e de força ao peregrino;
a outra é a Cruz de Nosso Senhor que reveste todas as formas,
mas é sempre cruz, e, à medida que progredimos, as cruzes
tornam-se mais numerosas e frequentemente mais cruciantes para a
natureza; são, todavia, encimadas por um belo diadema, e nos
anunciam a vizinhança do Paraíso. Não, jamais houve felicidade
na terra depois que Deus disse a Adão pecador: ‘Comerás o teu
pão com o suor do rosto’. Jamais a haverá para os discípulos de
Jesus Cristo, e sim perseguições, cruzes a carregar e
sacrifícios contínuos a fazer. Eis o que Jesus Cristo nos
reserva neste mundo, eis com que já vos alimenta há muito tempo.
É preciso, pois, sofrer, e de todo lado e em todo lugar. É a
semente do calvário espalhada sobre a terra; é o bastão de
viagem do cristão, é a sua espada de combate, o cetro e a coroa.
O Amor Divino parece penetrar sempre no coração por nova chaga,
e lhe agrada ferir o coração e transpassá-lo pela chama celeste.
Pois bem! Viva a Cruz de Deus! E vivam as criaturas que no-la
dão ou que nos crucificam” (A Divina
Eucaristia, Vol. 5).
Dom Duarte Leopoldo escreve:
“Ó meu crucifixo!
Levei-te aos lábios, cheguei-te ao coração. E ouvi, uma por uma,
impressas em tuas chagas, todas as palavras dos livros sagrados.
E cada palavra que te caiu dos lábios me foi direta ao coração
como um dardo de fogo, desse fogo do Espírito Santo que, desde o
meu batismo, permanece latente em minha alma pecadora. Eu disse:
também eu te amo, também eu quero amar-te com todas as minhas
forças”
(Trecho: Meu crucifixo).
Santa Gema Galgani “cantou” sobre a cruz:
“Amo a cruz, porque primeiramente Tu a
amaste Jesus… Sim, eu a quero, sim, eu a quero Jesus… Glorio-me,
Jesus, nas tribulações e te agradeço mil vezes por me tornar
sempre mais semelhante a Ti, partícipe dos teus sofrimentos. Sou
um fruto da tua Paixão, um rebento de tuas chagas. Por teu amor
estou pronta a qualquer sacrifício. Desejaria sofrer tudo eu… Tu
sofres, faze-me sofrer também. Ó Cruz santa, porque me queixar?
Não recuso a Cruz: porque se recuso a Cruz, recuso Jesus. É
muito caro para mim Jesus, aquilo que me vem das tuas Mãos.
Quanto mais me contraria a Cruz, tanto mais ela é semelhante à
tua. Procuro o Teu amor, procuro as penas, procuro as dores. Tu
me tratas como teu Pai te tratou. Tu me fazes beber a Tua Paixão
até a última gota. Queres mesmo saber quando é que fico feliz.
Quando estou em tantas dores contigo. Quando quiseres me
presentear, faze-me sofrer” (Trecho do
canto sobre a cruz).
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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