Na Carta de São Paulo aos Hebreus diz:
“Portanto, também nós, com tal nuvem de
testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que
nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é
proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador
da fé, Jesus, que, em vez da alegria que lhe foi proposta,
suportou a cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita
do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tal
contradição por parte dos pecadores, para não vos deixardes
fatigar pelo desânimo. Vós ainda não resististes até o sangue em
vosso combate contra o pecado!”
(Hb 12, 1-4).
Santo Agostinho escreve:
“Que te ensina Cristo do alto da Cruz,
da qual não quis descer, senão que te enchas de coragem diante
dos que o insultam e sejas forte na força de Deus?”
(Enarrationes in Psalmos, 70, 1).
As dificuldades que Jesus teve de suportar foram muito maiores e
penosas que as de qualquer, porque ao longo da sua vida se
enfrentou com a oposição constante dos homens, com a dos pagãos
e, sobretudo, com a dos do seu povo. Foi submetido a humilhações
sem número, até à Paixão e à morte de Cruz. Mas o que mais
fez sofrer o Senhor foram a dureza do coração, a cegueira
espiritual, a impenitência daqueles mesmos que Ele tinha vindo
salvar. Os “pecadores” que “contradizem” a Jesus não são só
Caifás, Herodes, Pilatos… mas também os que continuam a pecar,
apesar do Sacrifício Redentor. Não obstante, nosso Senhor levou
tudo com paciência e manifestou em grau sumo as qualidades e
virtudes que pede aos seus discípulos (Edições Theologica).
Um religioso anônimo escreve:
“É na dor e nos combates que se revela o verdadeiro amor. A
cruz é a prova do amor. A delicadeza não combina com os
sentimentos e a profissão de um discípulo de Jesus. Queres
tornar os teus sacrifícios agradáveis ao Senhor? Faze-os com
exatidão, sem examinares o que te custa isso. O mundo exige de
seus seguidores os mais duros sacrifícios. Basta, porém, que
lhes fale o mundo, para que logo e inteiramente lhe obedeçam.
Será Deus o único Mestre para quem nada se sacrifique, sem
previamente verificar se Ele está a exigir demasiado?”
(Imitação de Maria).
Santo Afonso Maria de Ligório ensina:
“Como vos pagarei, ó
Cristo, esse vosso amor? É justo que sangue se pague com sangue.
Seja eu banhado com esse sangue e cravado nessa cruz. Recebe-me
também em teus braços, ó santa cruz. Alarga-te, coroa de
espinhos, para que eu coloque em ti minha cabeça. Cravos, deixai
as mãos inocentes do meu Senhor e transpassai meu coração de
compaixão e amor. Jesus, São Paulo diz que vossa morte foi para
que vos apoderásseis dos vivos e dos mortos, não pelos castigos,
mas pelo amor: ‘Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor
dos mortos e dos vivos’. Roubador dos corações, a força do vosso
amor estraçalhou nossos corações tão duros. Inflamastes todo o
mundo no vosso amor. Senhor da sabedoria, inebriai nossos
corações com esse vinho, abrasai-os com esse fogo, feri-os com
essa flecha de vosso amor. A vossa cruz é arco e flecha que
ferem os corações. Saiba todo o mundo que tenho o coração
ferido” (A prática do amor a Jesus Cristo).
Tomás de Kempis escreve:
“Muitos seguem a Jesus até ao partir do
pão, poucos, porém, até ao beber do Cálice da sua paixão. Muitos
admiram seus milagres, mas poucos abraçam a ignomínia da cruz.
Muitos amam a Jesus, quando não há adversidade. Muitos o louvam
e exaltam, enquanto recebem dele algumas consolações. Porém, se
Jesus se lhes esconde ou deixa por algum tempo, logo se queixam
ou desanimam”
(Imitação de Cristo).
Santa Elisabete da Trindade ensina:
“É aos pés da cruz que a gente sente em
profundidade todo esse vazio das criaturas, essa sede infinita
d’Ele (Deus). Ele é a fonte; vamos a Ele para saciar nossa sede
junto ao nosso Predileto. Só Ele pode satisfazer nosso coração”
(Obras Completas).
Santa Teresinha do Menino Jesus escreve:
“A vida não passa dum sonho; logo
acordaremos com um grito de alegria… Quanto maiores forem nossos
sofrimentos, mais ilimitada será nossa glória. Não percamos a
provação que Jesus nos manda!… A santidade não consiste em dizer
belas coisas, tampouco em pensá-las ou senti-las. Toda ela
consiste na vontade de sofrer… O sofrimento estendeu-me os
braços, e neles me lancei com amor”.
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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