Na Carta de São Paulo aos Hebreus diz:
“Portanto, também nós, com tal nuvem de
testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que
nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é
proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador
da fé, Jesus, que, em vez da alegria que lhe foi proposta,
suportou a cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita
do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tal
contradição por parte dos pecadores, para não vos deixardes
fatigar pelo desânimo. Vós ainda não resististes até o sangue em
vosso combate contra o pecado!”
(Hb 12, 1-4).
Em Cristo, e no cristão, a debilidade torna-se
fortaleza e a humilhação converte-se em glória.
“Jesus Cristo morre
cravado na Cruz. Mas se ao mesmo tempo nesta debilidade se
cumpre a sua elevação, confirmada com a força da Ressurreição,
isto significa que as debilidades de todos os sofrimentos
humanos podem ser penetradas pela própria força de Deus, que se
manifesta na Cruz de Cristo” (São João
Paulo II, Salvifici doloris, n.º 23).
O texto sagrado quer infundir força e
esperança nos fiéis, propondo-lhes a contemplação dos
sofrimentos de Cristo.
A contemplação dos sofrimentos de Cristo
provocou a conversão de muitos cristãos. Santa Teresa de Jesus
conta a mudança que se operou nela:
“Pois já andava a minha
alma cansada, e, ainda que quisesse, não a deixavam descansar os
ruins costumes que tinha. Aconteceu-me que entrando um dia no
oratório, vi uma imagem que tinham trazido ali para guardar, que
se tinha buscado para certa festa que se fazia em casa. Era de
Cristo muito chagado, e tão devota, que , ao olhar para ela,
toda me turvei de a ver tal, porque representava bem o que
passou por nós. Foi tanto o que senti do mal que tinha
agradecido aquelas chagas, que o coração me parece se me partia;
e arrojei-me para Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas,
suplicando-lhe me fortalecesse já de uma vez, para não o
ofender” (Livro da vida, cap. IX, 1)
(Edições Theologica).
Tomás de Kempis escreve:
“Aqueles, porém, que amam a Jesus por
amor de Jesus e não por amor da sua própria consolação, tanto o
louvam em toda a tribulação e angústia de coração, como nas mais
doces consolações. E ainda que nunca mais lhes quisesse dar
consolação, sempre o louvariam e lhe dariam graças”
(Imitação de Cristo).
Santa Teresinha do Menino Jesus ensina:
“Afinal de contas, que são as cruzes
exteriores? O martírio verdadeiro e autêntico é o martírio do
coração, o sofrimento íntimo da alma… Deus te acha digna de
sofrer por seu amor, e é esta a maior prova de ternura que te
possa dar, visto que é o sofrimento que nos torna semelhantes a
ele… O sofrimento se transforma na maior alegria quando o
procuramos como o tesouro mais precioso”.
Santa Elisabete da Trindade escreve:
“Ele nos marca com o sinete da cruz para
que mais nos assemelhemos a ele… Na realidade, existem
correspondências de amor que só se pode compreender na cruz”
(Obras Completas).
São Luís Maria Grignion de Montfort ensina:
“Ela (a
Sabedoria, isto é, o Cristo) a desposou (a cruz) com amor
inenarrável em sua Encarnação; Ela a carregou e buscou com
indescritível alegria, durante toda a vida, que foi uma cruz
contínua… Enfim, ela viu cumulados seus desejos; foi manchada de
opróbrios; foi pregada e como que colada à cruz, e morre com
alegria, abraçando sua amada, como num leito de honra e triunfo…
Não creias que depois da morte, para melhor triunfar, ela se
tenha despregado da cruz, a tenha rejeitado. Longe disto.
Uniu-se de tal modo e como que se incorporou a ela que não há
nem anjo nem homem, nem criatura do céu ou da terra que possa
dela separá-la. Sua união é indissolúvel, sua aliança eterna:
Jamais a cruz sem Jesus, nem Jesus sem a cruz”
(O amor da Sabedoria Eterna).
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
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