Nosso
Senhor Jesus Cristo
1. Quem é Jesus Cristo?
R- Jesus Cristo é a segunda Pessoa da Santíssima
Trindade, isto é, o Filho de Deus, que no seio da Virgem Maria, por
obra do Espírito Santo, se fez homem para nos salvar.
Aparência exterior de Nosso Senhor Jesus Cristo
“O modo de vestir certamente não o distinguia dos
judeus e rabinos do seu tempo, pois fez-se “semelhante aos homens e
foi reconhecido exteriormente como homem” (Fl 2,7).
As suas roupas não chamavam a atenção, fazendo-o parecer um rijo
asceta como o Precursor, João Batista, que “andava vestido de pêlo
de camelo e trazia à cintura uma tira de couro” (Mt 3,4).
Como os seus conterrâneos, Jesus normalmente vestia
uma túnica de lã, um cinto que servia também de bolsa de dinheiro
(cfr. Mt 10,9), um manto (cfr. Lc 6,29) e sandálias (cfr. At 12,8).
Segundo os costumes do seu tempo, Jesus também
cingiria a testa e os braços com tiras de pergaminho para a oração
da manhã… Um sudário branco, que cobria a cabeça e o pescoço, devia
protegê-lo do sol nas suas longas caminhadas.
Certamente usava barba comprida, como era usual entre
os judeus, e o cabelo era cuidado e cortado atrás, ao contrário dos
nazarenos, que o usavam comprido e desgrenhado.
Seu aspecto físico devia ser extremamente agradável e
atraente, mesmo fascinante. A sua aparência humana devia irradiar,
portanto, alguma coisa de brilhante ou luminoso, que atraia as
pessoas.
A extraordinária impressão causada por Jesus sempre
que se mostrava à multidão, e especialmente aos enfermos e aos
pecadores e pecadoras, era devida incontestavelmente à força
espiritual e religiosa que se desprendia da sua pessoa; mas
certamente devia-se também, em parte, ao encanto do seu exterior
fascinante, que atraía e prendia as massas.
Seu olhar, sobretudo, devia impressioná-los, esse olhar que
bastava para inflamar, sacudir, censurar. Não é destituído de
interesse notar que São Marcos, quando relata qualquer palavra
importante do Mestre, emprega esta expressão: “E Ele olhou-os e
disse…” (3,5)” (Karl Adam, Jesus Cristo, Editora Quadrante,
2ª edição).
Vigor físico de Nosso Senhor Jesus Cristo
"Á impressão produzida pelo encanto exterior da sua
pessoa, somava-se a do seu físico, de equilíbrio perfeito e fácil,
de notável domínio sobre si mesmo. Segundo o testemunho concordante
dos Evangelhos, Jesus deve ter sido um homem extremamente apto para
o trabalho, resistente à fadiga, verdadeiramente saudável.
Uma prova é o seu hábito de iniciar o dia bem cedo:
“E pela manhã, muito cedo, levantou-se e foi a um lugar deserto para
orar” (Mc 1,35).
A mesma impressão de saúde, frescor e vigor ressalta
da alegria irradiante que Jesus encontra na natureza. Ama
especialmente as colinas e o lago. Depois de um penoso dia de
trabalho, sobe de bom grado a um cômoro deserto ou faz-se conduzir,
ao entardecer, sobre as águas espelhantes do lago de Genezaré, na
calma e no silêncio da noite (cfr. Mc 4,35).
Sabemos, aliás, que toda a sua vida pública foi um ir
e vir pelas serras e pela planície da Galiléia, e depois da Galiléia
pela Samaria e Judéia, e mesmo até à região de Tiro e Sidônia.
Essas caminhadas, fazia-as com o equipamento mais elementar, como
recomendava aos discípulos: “Não leveis nada convosco para o
caminho, nem bastão, nem bolsa, nem pão, nem dinheiro” (Lc
9,3).
Também a sua última viagem, de Jericó a Jerusalém,
constituiu uma demonstração de notável resistência física. Sob um
sol abrasador, por estradas sem sombra, ou através de colinas
rochosas e desertas, venceu numa caminhada de seis horas uma subida
de mais de mil metros. É de admirar que, à chegada, ainda se achasse
bem disposto. Na mesma noite, com efeito, tomou parte num banquete
que Lázaro e suas irmãs lhe haviam preparado (Cfr. Jo 12,2).
A maior parte da sua vida pública, Jesus a passou,
não na tranqüilidade de uma casa amiga, mas ao ar livre, no meio da
natureza, exposto a todas as intempéries.
Essa vida estava, além disso, cheia de ocupações
cansativas. Várias vezes – nota São Marcos – “Jesus e os discípulos
não tinham tempo nem para comer” (3,20).
Até bem tarde da noite vinham chegando doentes (3,8), como também os
adversários cheios de malícia, os saduceus e os fariseus. Era então
o momento dos embates doutrinais, das longas e enervantes
discussões, das lutas perigosas e das contínuas tensões. Seguiam-se,
por fim, as extenuantes explicações aos discípulos, um pesado
encargo que lhe era imposto pela pouca agilidade daquelas
inteligências estreitas e pelas suas constantes preocupações
mesquinhas” (Karl Adam, Jesus Cristo, Editora Quadrante, 2ª
edição).
2. O que quer dizer Jesus?
R-
Jesus quer dizer, em hebraico, “Deus salva”.
“No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como
nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo sua
identidade e missão (cfr. Lc 1,31). Uma vez que “só Deus pode
perdoar os pecados” (Mc 2,7), é Ele que, em
Jesus, seu Filho eterno feito homem, “salvará seu povo dos pecados”
(Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula
toda a sua história de salvação em favor dos homens.
O nome de Jesus significa que o próprio nome de Deus
está presente na pessoa de seu Filho (cfc. At 5,41; 3Jo7) feito
homem para a redenção universal e definitiva dos pecados. É o único
nome divino que traz a salvação (cfr. Jo 3,18; At 2,21), e a partir
de agora pode ser invocado por todos, pois se uniu a todos os homens
pela Encarnação (cfr. Rm 10,6-13), de sorte que “não existe debaixo
do céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”
(At 4,12).
O nome de Jesus está no cerne da oração cristã. Todas as orações
litúrgicas são concluídas pela fórmula “per Dominum nostrum Iesum
Christum – por Nosso Senhor Jesus Cristo...”. A “Ave-Maria” culmina
no “e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”. A oração oriental
do coração denominada “oração a Jesus” diz: “Jesus Cristo, Filho de
Deus, Senhor, tem piedade de mim, pecador”. Numerosos cristãos, como
Sta. Joana d’ Arc, morrem tendo nos lábios apenas o nome de Jesus”
(Catecismo da Igreja Católica, 430, 432 e 435).
3. O que quer dizer Cristo?
R-
Cristo vem da tradução grega do termo hebraico “Messias”, que quer
dizer “Ungido”.
“Só se torna o nome próprio de Jesus porque este leva
à perfeição a missão divina que significa. Com efeito, em Israel
eram ungidos em nome de Deus os que lhe eram consagrados para uma
missão vinda dele. Era o caso dos reis (cfr. 1Sm 9,16; 10,1;
16,1.12-13; 1Rs 1,39), dos sacerdotes (cfr. Ex 29,7; Lv 8,12) e, em
raras ocasiões, dos profetas (cfr. 1Rs 19,16). Esse devia ser por
excelência o caso do Messias que Deus enviaria para instaurar
definitivamente seu Reino (cfr. Sl 2,2; At 4,26-27). O Messias devia
ser ungido pelo Espírito do Senhor (cfr. Lc 1,35) ao mesmo tempo
como rei e sacerdote (cfr. Zc 4,14; 6,13), mas também como profeta
(cfr. Is 61,1; Lc 4,16-21). Jesus realizou a esperança messiânica de
Israel em sua tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
O anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus
como o do Messias prometido a Israel: “Hoje, na cidade de Davi,
nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). Desde o
início Ele é “aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo” (Jo
10,36), concebido como “Santo” (cfr. Lc 1,35) no seio virginal de
Maria. José foi chamado por Deus “a receber Maria, sua mulher”,
grávida “daquele que foi gerado nela pelo Espírito Santo” (Mt 1,21),
para que Jesus, “que se chama Cristo”, nascesse da esposa de José na
descendência messiânica de Davi (Mt 1,16).
A consagração messiânica de Jesus manifesta sua missão divina.
“É, aliás, o que indica seu próprio nome, pois no nome de Cristo
está subentendido Aquele que ungiu, Aquele que foi ungido e a
própria Unção com que ele foi ungido: Aquele que ungiu é o Pai,
Aquele que foi ungido é o Filho, e o foi no Espírito, que é a Unção”
(Sto. Irineu, Adv. Haer., 3,18,3). Sua consagração messiânica eterna
revelou-se no tempo de sua vida terrestre, por ocasião de seu
Batismo por João, quando “Deus o ungiu com o Espírito Santo e poder”
(At 10,38), “para que ele fosse manifestado a Israel” (Jo 1,31) como
seu Messias. Por suas obras e palavras será conhecido como “o Santo
de Deus” (cfr. Mc 1,25; Jo 6,69; At 3,14). (Catecismo da
Igreja Católica, 436,437 e 438).
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