Local: Patronato Madre Mazzarello, rua 11, n.º 380, Vila Góis
Cidade: Anápolis – GO
Data: 30 de setembro e 01 e 02 de outubro de 2011
Número de participantes: 51 pessoas (Núcleo Bandeirante
- DF, Taguatinga - DF,
Águas Claras - DF, Recanto das Emas DF, São Sebastião
-DF, Cidade Estrutural - DF, Jaraguá - GO, Pirenópolis - GO, Goiânia - GO, Anápolis
- GO, Aparecida de Goiânia - GO, Goiás Velho - GO e Santa Fé
de Goiás - GO)
Pregador: Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Tema: As colunas que sustentam o matrimônio
Introdução
Que é o matrimônio?
Matrimônio
– do latim matrimonium, matris manus
(ofício ou cargo de mãe) é um sacramento que santifica a
união legítima do homem e da mulher, e lhes dá a graça de
viverem cristamente e de educarem perfeitamente seus filhos.
O matrimônio existia já antes de Jesus
Cristo, não como sacramento, mas como contrato
ou compromisso natural ou civil,
muitas vezes acompanhado de cerimônias religiosas. Sua
origem remonta até ao berço da humanidade, até Adão
despertando do seu misterioso sono, contemplando Eva, sua
nova companheira, e dizendo: “Eis
o osso dos meus ossos e a carne da minha carne” (Gn
2, 23).
Desde então existe o matrimônio. Chama-se
também casamento, significando que os dois esposos vivem na
mesma casa; união conjugal, indicando que estão debaixo de
um jugo comum; ou ainda núpcias (do latim nuptiae, nebere,
cobrir com um véu), em lembrança do véu que leva a
esposa.
Mas este contrato natural ou civil, e mesmo
já religioso, foi elevado, no cristianismo, até à dignidade
de Sacramento por meio de certas condições
determinadas.
Quem instituiu o sacramento do matrimônio?
É Nosso Senhor Jesus Cristo. Pensa-se que
esta instituição se realizou quando o Salvador consentiu em
assistir às núpcias de Caná, e santificar por sua presença e
bênção os esposos a favor dos quais fez o primeiro milagre
(Jo 2, 1-12). O que é certo, é que São Paulo,
lembrando aos cristãos de Éfeso a união e os deveres dos
esposos diz: “Este mistério é grande em Jesus Cristo e na Igreja”
(Ef 5,
32).
O Concílio de
Trento diz expressamente:
“O Matrimônio, na
lei evangélica, sendo mais excelente que os casamentos
antigos, por causa da graça que confere por Jesus Cristo…
deve ser posto no número dos sacramentos da nova lei”.
E sanciona esta doutrina, proporcionando o anátema contra
quem dissesse que o Matrimônio não é um dos sete Sacramentos
instituídos por Jesus Cristo, mas foi estabelecido pelos
homens e não confere a graça.
O Sumo Pontífice
Pio IX, resumindo a doutrina católica sobre o sacramento do
Matrimônio, declara positivamente que o contrato
primitivo foi elevado por Nosso Senhor Jesus Cristo à
dignidade de sacramento e que para os
cristãos, as duas coisas são inseparáveis, de sorte que a
união conjugal entre cristãos não é legítima senão no
Casamento-sacramento, e que não há casamento
verdadeiro lá onde não intervém o sacramento.
Daí resulta que o
casamento civil não é verdadeiro matrimônio, mas formalidade
necessária para assegurar diante da lei os efeitos civis do
contrato, e que o verdadeiro matrimônio, para os cristãos, é
o que se faz na Igreja Católica, diante do ministro sagrado.
As colunas que sustentam o matrimônio
São muitas as
colunas que sustentam o matrimônio; citarei apenas dez
delas.
1.ª
Coluna: Construir a casa sobre a rocha (Deus).
Em Mt 7, 24-27
diz:
“Assim, todo aquele que ouve essas minhas
palavras e as põe em prática será comparado a um homem
sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a
chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram
contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava
alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve
essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a
um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e
deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua
ruína!”
Alverá escreve:
“O
lar católico deve ser construído sobre esta rocha e não
sobre as areias movediças da formosura, da riqueza
e da ambição. O amor conjugal deve basear-se em Deus”.
Alverá deixa claro
que Deus deve ser o centro do amor
conjugal.
Muitos colocam
como principal coluna do amor conjugal: formosura,
riqueza e ambição. Esses
constroem sobre a areia… areia movediça.
Formosura
(beleza física) não sustenta o
matrimônio.
Riqueza
(dinheiro, fazendas, mansões…) não garante a
fidelidade no matrimônio.
Ambição
(amor desordenado das honras, das dignidades, da
autoridade sobre os outros) não traz a verdadeira
felicidade para um lar.
A família que vive
com as costas voltadas para Deus está edificada sobre a
areia; com certeza não conseguirá se manter de pé quando
soprarem os ventos das dificuldades.
O que uma família
pode esperar das vaidades e do vazio
do mundo? Nada de bom!
O mundo é inimigo
da família.
Nele não há
verdade:
“Rogarei ao Pai que envie a vós o Espírito da
verdade, que o mundo não pode nem receber nem conhecer”
(Jo 14, 17). Não há amor:
“Como vós não sois
do mundo, o mundo vos odeia; ele só ama os seus”
(Jo 15, 19). Não há paz:
“Dou-vos e vos deixo
a minha paz; não faço como o mundo”
(Jo 14, 27).
A família que não
ouve a Deus e que não coloca suas palavras em prática
constrói sobre a areia… é uma família insegura; deixa de
seguir o Deus Eterno para viver a serviço do Maligno
(príncipe do mundo inimigo de Deus – Jo 14, 30).
Para suportar as
provações, perseguições, tentações, dificuldades
e crises (tempestades e enxurradas), é
preciso que a família esteja alicerçada sobre a rocha
(Deus).
Somente Deus pode
ajudar uma família vencer todos os obstáculos que surgirem
pelo caminho.
Deus é
ABRIGO e ESCUDO:
“Tu és meu abrigo e
meu escudo”
(Sl 118, 114).
Deus é
ROCHA, SALVAÇÃO e FORTALEZA:
“Só ele é
minha rocha, minha salvação, minha fortaleza, – jamais
vacilarei!”
(Sl 62, 6).
Unidos a Ele
vencemos os inimigos:
“Junto convosco eu
enfrento os inimigos, com vossa ajuda eu transponho altas
muralhas”
(Sl 17, 30).
Deus é o
VERDADEIRO SENHOR:
“Guardai-me, ó Deus,
porque em vós me refugio! Digo ao Senhor: ‘Somente vós sois
meu Senhor: nenhum bem eu posso achar fora de vós!”
(Sl 15, 1-2).
Deus é
REFÚGIO:
“Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o
homem que tem nele o seu refúgio!”
(Sl 33, 9).
Deus é ROCHA FIRME:
“A minha glória e salvação estão em
Deus; o meu refúgio e rocha firme é o Senhor! Povo todo,
esperai sempre no Senhor, e abri diante dele o coração:
nosso Deus é um refúgio para nós!” (Sl 61, 8-9).
Deus nos SUSTENTA:
“Quando eu penso: ‘Estou quase
caindo!’ Vosso amor me sustenta, Senhor! Quando o meu
coração se angustia, consolais e alegrais minha alma”
(Sl 93, 18-19).
2.ª Coluna: Viver na Graça Santificante.
A família que vive
em pecado mortal vive mergulhada nas trevas e
escrava do demônio:
“E
expulsando a Deus da alma, deixa entrar o inimigo que dela
toma posse. Pela mesma porta por onde sai Deus, entra o
demônio”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
A alma que não
possui Deus vive na escuridão:
“Se uma casa não for
habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra e
desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a
alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela
jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos
vergonhosos e de completa ignomínia”
(São Macário).
A família que vive
em pecado mortal é uma família morta:
“Membros
mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal”
(São Pio X).
O Catecismo da Igreja Católica ensina:
“O pecado mortal destrói a caridade
no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus;
desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua
bem-aventurança, preferindo um bem inferior” (n.º
1855).
No número 1857, o mesmo Catecismo ensina:
“Para que um pecado seja mortal
requerem-se três condições ao mesmo tempo: ‘É pecado mortal
todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é
cometido com plena consciência e deliberadamente”.
Será que um casal que vive no pecado
mortal é exemplo e luz
para os filhos? Não!
Será que os filhos que vivem longe de Deus
edificam os pais? Não!
Para permanecerem de pé e iluminarem com o
exemplo, é preciso que os membros de uma família vivam na
Graça Santificante.
Que é a Graça Santificante?
Por graça
habitual ou santificante, entende-se:
aquele dom sobrenatural que nos faz
participar da vida divina, e que fica inerente
à alma, à maneira de qualidade permanente.
Diz-se:
1. Que nos
faz participar da vida divina, porque a essência
mesma da graça consiste em nos comunicar algo da vida de
Deus.
2. Que fica
inerente à alma e não apenas às suas potências
(inteligência e vontade): porque é o princípio
de vida sobrenatural e, portanto, deve unir-se ao princípio
vital, que é a alma. Como da saúde se diz que a possuímos no
corpo, assim a graça se possui na alma.
3. À maneira
de qualidade, isto é, como algo que modifica a alma,
aperfeiçoando-a.
4.
Permanente, porque perdura enquanto o pecado mortal
não nos leve a perdê-la.
Essa Graça
Santificante:
a.
RECEBE-SE inicialmente no
Batismo.
b.
AUMENTA-SE principalmente
mediante a recepção dos Sacramentos, também
pela oração e pelas boas obras.
c.
DETERMINA a salvação,
visto que, se a tivermos no momento da morte, assegura a
bem-aventurança eterna, e, se a não tivermos ao morrer,
é inevitável a condenação eterna.
d. PERDE-SE
por qualquer pecado mortal.
e. RECUPERA-SE
mediante o sacramento da Penitência, ou pela contrição
perfeita acompanhada do desejo de receber esse Sacramento.
Efeitos da
Graça Santificante.
São três os seus
principais efeitos:
1. Apaga o pecado:
é o que se chama justificação (passagem do estado
de pecado ao estado de graça).
2. Produz na alma
a vida sobrenatural (simultaneamente com a
remissão do pecado, a vida de Deus comunica-se à alma).
3. Comunica aos
nossos atos mérito sobrenatural (as ações
tornam-se meritórias).
Obs.:
O Mérito é uma obra feita com o socorro da graça por
amor a Deus e digna aos olhos d’Ele de recompensa eterna. O
mérito, portanto, é fruto da graça, e, por nós mesmos, somos
incapazes de fazer uma obra que seja digna de recompensa
celeste. Com a graça, pelo contrário, o homem pode praticar
atos meritórios.
3.ª Coluna: Oração.
Um casal que não reza jamais será modelo e
exemplo para os filhos, mas se perderá eternamente:
“Depois do
batismo, a oração contínua é necessária ao homem para poder
entrar no céu. Embora sejam perdoados os pecados pelo
batismo, sempre ainda ficam os estímulos ao pecado que nos
combate interiormente, o mundo e os demônios que nos
combatem externamente” (Santo Tomás de
Aquino).
Quem não reza não alcança a salvação da alma:
“Quem reza
certamente se salva e quem não reza certamente será
condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças,
salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam
porque não rezaram. Se tivessem rezado não se teriam
perdido” (Santo Afonso
Maria de Ligório).
João Paulo II escreve:
“A oração familiar
tem as suas características. É uma oração feita em comum,
marido e mulher juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na
oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão
que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio. Aos
membros da família cristã podem aplicar-se de modo
particular as palavras com que Cristo promete a sua
presença: ‘Digo-vos ainda: se dois de vós se unirem, na
terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de meu Pai
que está nos Céus. Pois, onde estiverem reunidos, em meu
nome, dois ou três, Eu estou no meio deles’. A oração
familiar tem como conteúdo original a própria vida de
família, que em todas as suas diversas fases é
interpretada como vocação de Deus e atuada como resposta
filial ao seu apelo: alegrias e dores, esperanças e
tristezas, nascimento e festas de anos, aniversários de
núpcias dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas
importantes e decisivas, a morte de pessoas queridas… Nunca
se deverá esquecer que a oração é parte constitutiva
essencial da vida cristã, tomada na sua integralidade e
centralidade; mais ainda, pertence à nossa mesma
‘humanidade’; é ‘a primeira expressão da vida interior do
homem, a primeira condição da autêntica liberdade do
espírito’. Por isso, a oração não representa de modo
algum uma evasão que desvia do empenho quotidiano, mas
constitui o impulso mais forte para que a família cristã
assuma e cumpra em plenitude todas as suas responsabilidades
de célula primeira e fundamental da sociedade humana. Em tal
sentido, a efetiva participação na vida e na missão da
Igreja no mundo é proporcional à fidelidade e à intensidade
da oração com que a família cristã se une à Videira fecunda,
Cristo Senhor. Da união vital com Cristo, alimentada pela
Liturgia, pelo oferecimento de si e da oração, deriva também
a fecundidade da família cristã no seu serviço específico de
promoção humana, que de per si não pode não levar à
transformação do mundo”.
Ao invés de assistir televisão, perder
tempo com visitas vazias, passar horas e horas nos botecos e
nas esquinas; procurem os pais reunir os filhos para
a oração do Santo Terço, leitura espiritual (Sagrada
Escritura, vidas dos santos…) e catecismo:
“Mães, ensinais aos
vossos filhos as orações do cristão? Em consonância com os
Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos
da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-os,
quando enfermos, a pensar em Cristo que sofre? A invocar o
auxílio de Nossa Senhora e dos Santos? Rezais o terço em
família? E vós, Pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com
toda a comunidade doméstica, pelo menos algumas vezes?”
(Paulo VI), e:
“Pela força do
ministério da educação, os pais, mediante o testemunho de
vida, são os primeiros arautos do Evangelho junto dos
filhos. Ainda mais: rezando com os filhos, dedicando-se com
eles à leitura da Palavra de Deus”
(João Paulo II).
A maioria dos casais ensina de tudo aos
filhos, mas não os ensinam a rezar.
O que se pode
esperar de uma família que não reza? Só decepção e
escândalo.
4.ª Coluna: Confissão frequente.
A Confissão
sacramental
“é a acusação dos próprios pecados feita pelo
penitente a um confessor aprovado, para assim poder obter a
absolvição”
(São João Bosco).
Os sinais que
devem ter essa acusação dos pecados são: a integridade,
a humildade e a sinceridade.
1.
Integridade. Não se deve ocultar nenhum pecado
mortal por vergonha. Omitindo voluntariamente um pecado
mortal, ao invés de receber um sacramento que apaga os
pecados, comete-se um sacrilégio.
2. Humildade.
Um sentimento de humilhação e de compunção é muito natural
ao réu que se apresenta ao seu juiz, a quem no tribunal da
penitência está em lugar de Deus na terra.
3.
Sinceridade. Manifeste os pecados com franqueza e
sem desculpas. Evite prolixidade (longa e enfadonha),
assim como o querer atribuir a outro a culpa das nossas
faltas.
A Igreja sempre
recomendou a prática da Confissão frequente, como se torna
claro nas seguintes palavras do Papa Pio XII:
“É certo que,
como bem sabeis, estes pecados veniais podem ser expiados de
muitos e louváveis modos; mas, para progredir em cada dia
com mais fervor no caminho da virtude, queremos recomendar
muito encarecidamente o piedoso uso da Confissão frequente,
introduzido na Igreja não sem inspiração do Espírito Santo,
e com o qual: aumenta o justo conhecimento de nós mesmos;
cresce a humildade cristã; os maus costumes se irradicam; se
purifica a consciência; se robustece a vontade; se consegue
uma sã direção da consciência e aumenta a graça
santificante. Notem, portanto, aqueles que diminuem ou
atenuam o apreço pela Confissão frequente, que fazem uma
obra estranha ao espírito de Cristo e funestíssima para o
Corpo Místico do nosso Salvador”.
5.ª Coluna: Comunhão frequente.
São João Bosco
escreve:
“Tendo Jesus Cristo instituído o Sacramento
da Eucaristia para o bem de nossas almas, deseja que nós o
recebamos não só uma vez ou outra, mas com muita frequência”.
Santo Agostinho
escreve:
“Se todos os dias pedimos a Deus o pão
material, porque não procuraremos nos alimentar todos os
dias do pão espiritual com a Santa Comunhão?”
O Concílio de
Trento ensina:
“Seria coisa sumamente desejável se cada
cristão se conservasse em tal estado de consciência que
pudesse comungar toda a vez que ouve a Santa Missa. E isto
não somente com a Comunhão espiritual, mas com a Comunhão
sacramental, para que seja mais copioso o fruto que se
recebe deste Sacramento”.
Os principais
efeitos que a Santíssima Eucaristia produz em quem a recebe
dignamente são estes:
“1.º Conserva e
aumenta a vida da alma, que é a graça, assim como o alimento
material sustenta e aumenta a vida do corpo. 2.º Perdoa os
pecados veniais e preserva dos mortais. 3.º Produz
consolação espiritual. 4.º Enfraquece as nossas paixões, e
em especial amortece em nós o fogo da concupiscência. 5.º
Aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em
conformidade com os desejos de Jesus Cristo. 6.º Dá-nos um
penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo”
(São Pio X).
6.ª Coluna: Paciência mútua.
Sujeitos ambos a
muitas fraquezas, a paciência se impõe como necessidade
absoluta. A palavra do Evangelho sobre o perdão que se deve
dar não sete, mas setenta vezes sete, tem sua aplicação mais
próxima na vida matrimonial. Com a paciência devem se
irmanar a bondade, a amabilidade,
o conforto moral e físico, em
todas as circunstâncias.
Se não existir a
paciência mútua entre o casal, o lar torna-se um
“pequeno” inferno:
“Sem a paciência não
conseguimos agradar a Deus e vivemos neste mundo a garantia
do inferno… A impaciência agrada muito ao demônio… mas
desagrada muito a Deus”
(Santa Catarina de Sena).
Gritarias,
ameaças, atitudes ásperas, olhares ameaçadores…
abalam profundamente a vida de um casal.
7.ª Coluna: Respeito mútuo.
É uma exigência
natural. Amor e respeito se condicionam e se completam.
Respeito é impossível sem amor, e vice-versa:
“E vós, maridos,
amai as vossas mulheres”
(Ef 5, 25), e:
“… e a mulher respeite o seu marido”
(Ef 5, 33).
O ciúme, grande
inimigo que é da felicidade conjugal, é incompatível com o
respeito recíproco. Motivado que é pela desconfiança na
virtude da outra parte, não raras vezes prepara o caminho
para a infidelidade não mais imaginária, mas real:
“Não
tenhas ciúmes de tua amada esposa, para não lhe ensinares o
mal contra ti”
(Eclo 9, 1).
Sem o
diálogo e a obediência é impossível
uma família permanecer unida.
Dom Duarte
Leopoldo escreve:
“O respeito que à mulher deve o marido, impõe
que as suas correções se revistam, de preferência, da forma
simpática de avisos, conselhos… ao mesmo tempo que a mulher
deve ter por leis verdadeiramente obrigatórias as
manifestações da vontade de seu marido. Esta é a ordem
estabelecida por Deus e dela depende a paz e nela cimenta-se
a mútua afeição entre os esposos. Há maridos, porém, que se
deixam dominar, abdicando da sua autoridade, contra a
vontade formal do Criador, que não quis confiar na mulher a
chefia suprema do lar doméstico. Desgraçado do que assim,
por fraqueza, ou mal entendida e insensata condescendência,
inverte a ordem que tudo nos prega na natureza. Será talvez
um bom homem, mas de uma bondade cega que exclui todo o
exercício da autoridade e do poder. Completamente dominado
pela mulher, não lhe será mais possível tomar as rédeas e a
direção da sua casa. Ali tudo vai mal, porque ali manda quem
deve obedecer, e obedece servilmente quem foi investido pela
Providência da autoridade de chefe. Resultado: vergonha e
confusão”.
8.ª Coluna: Fidelidade do amor conjugal.
O Catecismo da
Igreja Católica ensina:
“O amor conjugal
exige dos esposos, por sua própria natureza, uma fidelidade
inviolável. Isso é a consequência do dom de si mesmos que os
esposos fazem um ao outro. O amor quer ser definitivo. Não
pode ser ‘até nova ordem’. ‘Esta união íntima, doação
recíproca de suas pessoas e o bem dos filhos exigem a
perfeita fidelidade dos cônjuges e sua indissolúvel unidade…
Pode parecer difícil e até impossível ligar-se por toda a
vida a um ser humano. Por isso é de suma importância
anunciar a Boa Nova de que Deus nos ama com um amor
definitivo e irrevogável, que os esposos participam deste
amor, que Ele os apóia e mantém e que, por meio de sua
fidelidade, podem ser testemunhas do amor fiel de Deus”.
Santa Catarina de
Sena compara o homem infiel ao porco:
“Não satisfeito com
seu estado matrimonial, no qual poderia viver em boa
consciência como é seu dever, à semelhança de um animal
irracional, desordenado, envolve-se no mal, como um porco se
suja na lama, na lama da impureza”.
O Catecismo da
Igreja Católica ensina:
“O adultério. Esta
palavra designa a infidelidade conjugal. Quando dois
parceiros, dos quais aos menos um é casado, estabelecem
entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem
adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples
desejo. O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem
absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua
gravidade. Vêem no adultério a figura do pecado de
idolatria. O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta
com seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o
vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e
prejudica a instituição do casamento, violando o contrato
que o fundamenta”.
Para se manter
fiel, é preciso que o casal evite as ocasiões de
pecado, familiaridades com pessoas de outro sexo,
assanhamentos, certos ambientes e conversas… evite certos
olhares, abraços, carícias e beijos:
“… o que ama o
perigo nele cairá”
(Eclo 3, 26).
9.ª Coluna: Aceitação dos filhos.
O Catecismo da
Igreja Católica ensina:
“Os filhos são o dom
mais excelente do Matrimônio e contribuem grandemente para o
bem dos próprios pais. Deus mesmo disse: ‘Não convém ao
homem ficar sozinho’ (Gn 2, 18), e ‘criou de início o homem
como varão e mulher’ (Mt 19, 4); querendo conferir ao homem
uma participação especial em sua obra criadora, abençoou o
varão e a mulher dizendo: ‘Crescei e multiplicai-vos’ (Gn 1,
28). Donde se segue que o cultivo do verdadeiro amor
conjugal e toda a estrutura da vida familiar que daí promana,
sem desprezar os outros fins do Matrimônio, tendem a dispor
os cônjuges a cooperar corajosamente com o amor do Criador e
do Salvador que, por intermédio dos esposos, quer
incessantemente aumentar e enriquecer sua família”.
No n.º 2373 do
Catecismo diz:
“A Sagrada Escritura e a prática tradicional
da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção
divina e da generosidade dos pais”.
Longe das famílias
o aborto e os métodos proibidos
pela Santa Igreja para evitar filhos:
“A Igreja sanciona
com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a
vida humana”
(Catecismo da Igreja Católica).
10.ª Coluna: Educação dos filhos.
Adolfo Tanquerey
escreve:
“Se Deus lhes dá filhos, recebe-os da sua mão
como um depósito sagrado, ama-os não somente como parte de
si mesmos, mas como filhos de Deus, membros de Jesus Cristo,
futuros cidadãos do céu; cerca-os duma dedicação, duma
solicitude de cada instante; dá-lhes educação cristã,
esmerando-se em formar neles as próprias virtudes de Cristo
Nosso Senhor; neste intuito, exercem a autoridade que Deus
lhes deu, com prudência, delicadeza, força e doçura. Não
esqueçam que, sendo representantes de Deus, devem evitar
aquela fraqueza que tende a amimar os filhos, aquele egoísmo
que desejaria gozar deles sem os formar no trabalho e na
virtude. Com o auxílio de Deus e dos educadores, que
escolhem com o maior cuidado, fazem deles homens e cristãos,
e exerçam assim uma espécie de sacerdócio, no seio da
família; assim poderão contar com a bênção de Cristo e com a
gratidão dos filhos”.
O Catecismo da
Igreja Católica ensina:
“Os pais são os
principais e primeiros educadores de seus filhos… O papel
dos pais na educação é tão importante que é quase impossível
substituí-los…”,
e:
“Os pais, que
transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação
de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como
seus primeiros e principais educadores. Esta função
educativa é de tanto peso que, onde não existir,
dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos
pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela
piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a
completa educação pessoal e social dos filhos. A família é,
portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as
sociedades têm necessidade”
(Concílio Vaticano II).
Está claro que não basta dar aos filhos:
estudo, roupa, alimentação, remédio, lazer… mas é
preciso dar-lhes, antes de tudo, uma séria, fiel e
sólida formação espiritual, doutrinária e
moral.
BIBLIOGRAFIA
-
Adolfo
Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística
-
Alverá,
Euntes… Praedicate!
-
Catecismo da Igreja Católica, 1646, 1648,
1652, 1653, 1855, 1857, 2221, 2271, 2380 e 2381
-
Concílio de Trento, Sessão XXIV, cân. 1
-
Concílio Vaticano II, Gravissimus
Educationis, 3
-
Dom Duarte Leopoldo, Pela família
-
Monsenhor Cauly, O catecismo explicado
-
Ricardo Sada e Alfonso Monroy, Curso de
teologia dos sacramentos
-
Sagrada Escritura
-
Santa Catarina de Sena, Cartas
-
Santo Afonso
Maria de Ligório, Preparação para a morte
-
São João Bosco, O cristão bem formado
-
São Macário,
Escritos
-
São Pio X,
Catecismo maior, 167, 623 e 624
-
Sumo Pontífice João Paulo II, Exortação
Apostólica Familiaris consortio
-
Sumo Pontífice Paulo VI, Discurso na
Audiência geral (11 de agosto de 1976)
-
Sumo Pontífice
Pio IX, Carta ao rei do Piemonte, 1825
-
Sumo Pontífice Pio XII, Encíclica Mystici
Corporis, de 29-06-1943
|