Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Palestra

 

 

 

Local: Patronato Madre Mazzarello, rua 11, n.º 380, Vila Góis

Cidade: Anápolis – GO

Data: 30 de setembro e 01 e 02 de outubro de 2011

Número de participantes: 51 pessoas (Núcleo Bandeirante - DF, Taguatinga - DF, Águas Claras - DF, Recanto das Emas DF, São Sebastião -DF, Cidade Estrutural - DF, Jaraguá - GO, Pirenópolis - GO, Goiânia - GO, Anápolis - GO, Aparecida de Goiânia - GO, Goiás Velho - GO e Santa Fé de Goiás - GO)

Pregador: Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Tema: As colunas que sustentam o matrimônio

 

 

Introdução

 

Que é o matrimônio?

 

Matrimônio – do latim matrimonium, matris manus (ofício ou cargo de mãe) é um sacramento que santifica a união legítima do homem e da mulher, e lhes dá a graça de viverem cristamente e de educarem perfeitamente seus filhos.

O matrimônio existia já antes de Jesus Cristo, não como sacramento, mas como contrato ou compromisso natural ou civil, muitas vezes acompanhado de cerimônias religiosas. Sua origem remonta até ao berço da humanidade, até Adão despertando do seu misterioso sono, contemplando Eva, sua nova companheira, e dizendo: “Eis o osso dos meus ossos e a carne da minha carne” (Gn 2, 23).

Desde então existe o matrimônio. Chama-se também casamento, significando que os dois esposos vivem na mesma casa; união conjugal, indicando que estão debaixo de um jugo comum; ou ainda núpcias (do latim nuptiae, nebere, cobrir com um véu), em lembrança do véu que leva a esposa.

Mas este contrato natural ou civil, e mesmo já religioso, foi elevado, no cristianismo, até à dignidade de Sacramento por meio de certas condições determinadas.

 

Quem instituiu o sacramento do matrimônio?

 

É Nosso Senhor Jesus Cristo. Pensa-se que esta instituição se realizou quando o Salvador consentiu em assistir às núpcias de Caná, e santificar por sua presença e bênção os esposos a favor dos quais fez o primeiro milagre (Jo 2, 1-12). O que é certo, é que São Paulo, lembrando aos cristãos de Éfeso a união e os deveres dos esposos diz: “Este mistério é grande em Jesus Cristo e na Igreja” (Ef 5, 32).

O Concílio de Trento diz expressamente: “O Matrimônio, na lei evangélica, sendo mais excelente que os casamentos antigos, por causa da graça que confere por Jesus Cristo… deve ser posto no número dos sacramentos da nova lei”. E sanciona esta doutrina, proporcionando o anátema contra quem dissesse que o Matrimônio não é um dos sete Sacramentos instituídos por Jesus Cristo, mas foi estabelecido pelos homens e não confere a graça.

O Sumo Pontífice Pio IX, resumindo a doutrina católica sobre o sacramento do Matrimônio, declara positivamente que o contrato primitivo foi elevado por Nosso Senhor Jesus Cristo à dignidade de sacramento e que para os cristãos, as duas coisas são inseparáveis, de sorte que a união conjugal entre cristãos não é legítima senão no Casamento-sacramento, e que não há casamento verdadeiro lá onde não intervém o sacramento.

Daí resulta que o casamento civil não é verdadeiro matrimônio, mas formalidade necessária para assegurar diante da lei os efeitos civis do contrato, e que o verdadeiro matrimônio, para os cristãos, é o que se faz na Igreja Católica, diante do ministro sagrado.

 

As colunas que sustentam o matrimônio

 

São muitas as colunas que sustentam o matrimônio; citarei apenas dez delas.

 

1.ª Coluna: Construir a casa sobre a rocha (Deus).

 

Em Mt 7, 24-27 diz: “Assim, todo aquele que ouve essas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha. Por outro lado, todo aquele que ouve essas minhas palavras, mas não as pratica, será comparado a um homem insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande sua ruína!”

Alverá escreve: “O lar católico deve ser construído sobre esta rocha e não sobre as areias movediças da formosura, da riqueza e da ambição. O amor conjugal deve basear-se em Deus”.

Alverá deixa claro que Deus deve ser o centro do amor conjugal.

Muitos colocam como principal coluna do amor conjugal: formosura, riqueza e ambição. Esses constroem sobre a areia… areia movediça.

Formosura (beleza física) não sustenta o matrimônio.

Riqueza (dinheiro, fazendas, mansões…) não garante a fidelidade no matrimônio.

Ambição (amor desordenado das honras, das dignidades, da autoridade sobre os outros) não traz a verdadeira felicidade para um lar.

A família que vive com as costas voltadas para Deus está edificada sobre a areia; com certeza não conseguirá se manter de pé quando soprarem os ventos das dificuldades.

O que uma família pode esperar das vaidades e do vazio do mundo? Nada de bom!

O mundo é inimigo da família.

Nele não há verdade: “Rogarei ao Pai que envie a vós o Espírito da verdade, que o mundo não pode nem receber nem conhecer” (Jo 14, 17). Não há amor: “Como vós não sois do mundo, o mundo vos odeia; ele só ama os seus” (Jo 15, 19). Não há paz: “Dou-vos e vos deixo a minha paz; não faço como o mundo” (Jo 14, 27).

A família que não ouve a Deus e que não coloca suas palavras em prática constrói sobre a areia… é uma família insegura; deixa de seguir o Deus Eterno para viver a serviço do Maligno (príncipe do mundo inimigo de Deus – Jo 14, 30).

Para suportar as provações, perseguições, tentações, dificuldades e crises (tempestades e enxurradas), é preciso que a família esteja alicerçada sobre a rocha (Deus).

Somente Deus pode ajudar uma família vencer todos os obstáculos que surgirem pelo caminho.

Deus é ABRIGO e ESCUDO: “Tu és meu abrigo e meu escudo” (Sl 118, 114).

Deus é ROCHA, SALVAÇÃO e FORTALEZA: “Só ele é minha rocha, minha salvação, minha fortaleza, – jamais vacilarei!” (Sl 62, 6).

Unidos a Ele vencemos os inimigos: “Junto convosco eu enfrento os inimigos, com vossa ajuda eu transponho altas muralhas” (Sl 17, 30).

Deus é o VERDADEIRO SENHOR: “Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio! Digo ao Senhor: ‘Somente vós sois meu Senhor: nenhum bem eu posso achar fora de vós!” (Sl 15, 1-2).

Deus é REFÚGIO: “Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!” (Sl 33, 9).

Deus é ROCHA FIRME: “A minha glória e salvação estão em Deus; o meu refúgio e rocha firme é o Senhor! Povo todo, esperai sempre no Senhor, e abri diante dele o coração: nosso Deus é um refúgio para nós!” (Sl 61, 8-9).

Deus nos SUSTENTA: “Quando eu penso: ‘Estou quase caindo!’ Vosso amor me sustenta, Senhor! Quando o meu coração se angustia, consolais e alegrais minha alma” (Sl 93, 18-19).

 

2.ª Coluna: Viver na Graça Santificante.

 

A família que vive em pecado mortal vive mergulhada nas trevas e escrava do demônio: E expulsando a Deus da alma, deixa entrar o inimigo que dela toma posse. Pela mesma porta por onde sai Deus, entra o demônio” (Santo Afonso Maria de Ligório).

A alma que não possui Deus vive na escuridão: “Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra e desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia” (São Macário).

A família que vive em pecado mortal é uma família morta: “Membros mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal” (São Pio X).

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior” (n.º 1855).

No número 1857, o mesmo Catecismo ensina: “Para que um pecado seja mortal requerem-se três condições ao mesmo tempo: ‘É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente”.

Será que um casal que vive no pecado mortal é exemplo e luz para os filhos? Não!

Será que os filhos que vivem longe de Deus edificam os pais? Não!

Para permanecerem de pé e iluminarem com o exemplo, é preciso que os membros de uma família vivam na Graça Santificante.

Que é a Graça Santificante?

Por graça habitual ou santificante, entende-se: aquele dom sobrenatural que nos faz participar da vida divina, e que fica inerente à alma, à maneira de qualidade permanente.

Diz-se:

1. Que nos faz participar da vida divina, porque a essência mesma da graça consiste em nos comunicar algo da vida de Deus.

2. Que fica inerente à alma e não apenas às suas potências (inteligência e vontade): porque é o princípio de vida sobrenatural e, portanto, deve unir-se ao princípio vital, que é a alma. Como da saúde se diz que a possuímos no corpo, assim a graça se possui na alma.

3. À maneira de qualidade, isto é, como algo que modifica a alma, aperfeiçoando-a.

4. Permanente, porque perdura enquanto o pecado mortal não nos leve a perdê-la.

Essa Graça Santificante:

a. RECEBE-SE  inicialmente no Batismo.

b. AUMENTA-SE  principalmente mediante a recepção dos Sacramentos, também pela oração e pelas boas obras.

c. DETERMINA a salvação, visto que, se a tivermos no momento da morte, assegura a bem-aventurança eterna, e, se a não tivermos ao morrer, é inevitável a condenação eterna.

d. PERDE-SE por qualquer pecado mortal.

e. RECUPERA-SE mediante o sacramento da Penitência, ou pela contrição perfeita acompanhada do desejo de receber esse Sacramento.

Efeitos da Graça Santificante.

São três os seus principais efeitos:

1. Apaga o pecado: é o que se chama justificação (passagem do estado de pecado ao estado de graça).

2. Produz na alma a vida sobrenatural (simultaneamente com a remissão do pecado, a vida de Deus comunica-se à alma).

3. Comunica aos nossos atos mérito sobrenatural (as ações tornam-se meritórias).

Obs.: O Mérito é uma obra feita com o socorro da graça por amor a Deus e digna aos olhos d’Ele de recompensa eterna. O mérito, portanto, é fruto da graça, e, por nós mesmos, somos incapazes de fazer uma obra que seja digna de recompensa celeste. Com a graça, pelo contrário, o homem pode praticar atos meritórios.

 

3.ª Coluna: Oração.

 

Um casal que não reza jamais será modelo e exemplo para os filhos, mas se perderá eternamente: “Depois do batismo, a oração contínua é necessária  ao homem para poder entrar no céu. Embora sejam perdoados os pecados pelo batismo, sempre ainda ficam os estímulos ao pecado que nos combate interiormente, o mundo e os demônios que nos combatem externamente” (Santo Tomás de Aquino).

Quem não reza não alcança a salvação da alma: “Quem reza certamente se salva e quem não reza certamente será condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam porque não rezaram. Se tivessem rezado não se teriam perdido” (Santo Afonso Maria de Ligório).

João Paulo II escreve: “A oração familiar tem as suas características. É uma oração feita em comum, marido e mulher juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio. Aos membros da família cristã podem aplicar-se de modo particular as palavras com que Cristo promete a sua presença: ‘Digo-vos ainda: se dois de vós se unirem, na terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de meu Pai que está nos Céus. Pois, onde estiverem reunidos, em meu nome, dois ou três, Eu estou no meio deles’. A oração familiar tem como conteúdo original a própria vida de família, que em todas as suas diversas fases é interpretada como vocação de Deus e atuada como resposta filial ao seu apelo: alegrias e dores, esperanças e tristezas, nascimento e festas de anos, aniversários de núpcias dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas importantes e decisivas, a morte de pessoas queridas… Nunca se deverá esquecer que a oração é parte constitutiva essencial da vida cristã, tomada na sua integralidade e centralidade; mais ainda, pertence à nossa mesma ‘humanidade’; é ‘a primeira expressão da vida interior do homem, a primeira condição da autêntica liberdade do espírito’. Por isso, a oração não representa de modo algum uma evasão que desvia do empenho quotidiano, mas constitui o impulso mais forte para que a família cristã assuma e cumpra em plenitude todas as suas responsabilidades de célula primeira e fundamental da sociedade humana. Em tal sentido, a efetiva participação na vida e na missão da Igreja no mundo é proporcional à fidelidade e à intensidade da oração com que a família cristã se une à Videira fecunda, Cristo Senhor. Da união vital com Cristo, alimentada pela Liturgia, pelo oferecimento de si e da oração, deriva também a fecundidade da família cristã no seu serviço específico de promoção humana, que de per si não pode não levar à transformação do mundo”.

Ao invés de assistir televisão, perder tempo com visitas vazias, passar horas e horas nos botecos e nas esquinas; procurem os pais reunir os filhos para a oração do Santo Terço, leitura espiritual (Sagrada Escritura, vidas dos santos…) e catecismo: “Mães, ensinais aos vossos filhos as orações do cristão? Em consonância com os Sacerdotes, preparais os vossos filhos para os sacramentos da primeira idade: confissão, comunhão, crisma? Habituai-os, quando enfermos, a pensar em Cristo que sofre? A invocar o auxílio de Nossa Senhora e dos Santos? Rezais o terço em família? E vós, Pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com toda a comunidade doméstica, pelo menos algumas vezes?” (Paulo VI), e: “Pela força do ministério da educação, os pais, mediante o testemunho de vida, são os primeiros arautos do Evangelho junto dos filhos. Ainda mais: rezando com os filhos, dedicando-se com eles à leitura da Palavra de Deus” (João Paulo II).

A maioria dos casais ensina de tudo aos filhos, mas não os ensinam a rezar.

O que se pode esperar de uma família que não reza? Só decepção e escândalo.

 

4.ª Coluna: Confissão frequente.

 

A Confissão sacramental “é a acusação dos próprios pecados feita pelo penitente a um confessor aprovado, para assim poder obter a absolvição” (São João Bosco).

Os sinais que devem ter essa acusação dos pecados são: a integridade, a humildade e a sinceridade.

1. Integridade. Não se deve ocultar nenhum pecado mortal por vergonha. Omitindo voluntariamente um pecado mortal, ao invés de receber um sacramento que apaga os pecados, comete-se um sacrilégio.

2. Humildade. Um sentimento de humilhação e de compunção é muito natural ao réu que se apresenta ao seu juiz, a quem no tribunal da penitência está em lugar de Deus na terra.

3. Sinceridade. Manifeste os pecados com franqueza e sem desculpas. Evite prolixidade (longa e enfadonha), assim como o querer atribuir a outro a culpa das nossas faltas.

A Igreja sempre recomendou a prática da Confissão frequente, como se torna claro nas seguintes palavras do Papa Pio XII: “É certo que, como bem sabeis, estes pecados veniais podem ser expiados de muitos e louváveis modos; mas, para progredir em cada dia com mais fervor no caminho da virtude, queremos recomendar muito encarecidamente o piedoso uso da Confissão frequente, introduzido na Igreja não sem inspiração do Espírito Santo, e com o qual: aumenta o justo conhecimento de nós mesmos; cresce a humildade cristã; os maus costumes se irradicam; se purifica a consciência; se robustece a vontade; se consegue uma sã direção da consciência e aumenta a graça santificante. Notem, portanto, aqueles que diminuem ou atenuam o apreço pela Confissão frequente, que fazem uma obra estranha ao espírito de Cristo e funestíssima para o Corpo Místico do nosso Salvador”.

 

5.ª Coluna: Comunhão frequente.

 

São João Bosco escreve: “Tendo Jesus Cristo instituído o Sacramento da Eucaristia para o bem de nossas almas, deseja que nós o recebamos não só uma vez ou outra, mas com muita frequência”.

Santo Agostinho escreve: “Se todos os dias pedimos a Deus o pão material, porque não procuraremos nos  alimentar todos os dias do pão espiritual com a Santa Comunhão?”

O Concílio de Trento ensina: “Seria coisa sumamente desejável se cada cristão se conservasse em tal estado de consciência que pudesse comungar toda a vez que ouve a Santa Missa. E isto não somente com a Comunhão espiritual, mas com a Comunhão sacramental, para que seja mais copioso o fruto que se recebe deste Sacramento”.

Os principais efeitos que a Santíssima Eucaristia produz em quem a recebe dignamente são estes: “1.º Conserva e aumenta a vida da alma, que é a graça, assim como o alimento material sustenta e aumenta a vida do corpo. 2.º Perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais. 3.º Produz consolação espiritual. 4.º Enfraquece as nossas paixões, e em especial amortece em nós o fogo da concupiscência. 5.º Aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em conformidade com os desejos de Jesus Cristo. 6.º Dá-nos um penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo” (São Pio X).

 

6.ª Coluna: Paciência mútua.

 

Sujeitos ambos a muitas fraquezas, a paciência se impõe como necessidade absoluta. A palavra do Evangelho sobre o perdão que se deve dar não sete, mas setenta vezes sete, tem sua aplicação mais próxima na vida matrimonial. Com a paciência devem se irmanar a bondade, a amabilidade, o conforto moral e físico, em todas as circunstâncias.

Se não existir a paciência mútua entre o casal, o lar torna-se um “pequeno” inferno: “Sem a paciência não conseguimos agradar a Deus e vivemos neste mundo a garantia do inferno… A impaciência agrada muito ao demônio… mas desagrada muito a Deus” (Santa Catarina de Sena).

Gritarias, ameaças, atitudes ásperas, olhares ameaçadores… abalam profundamente a vida de um casal.

 

7.ª Coluna: Respeito mútuo.

 

É uma exigência natural. Amor e respeito se condicionam e se completam. Respeito é impossível sem amor, e vice-versa: “E vós, maridos, amai as vossas mulheres” (Ef 5, 25), e: “… e a mulher respeite o seu marido” (Ef 5, 33).

O ciúme, grande inimigo que é da felicidade conjugal, é incompatível com o respeito recíproco. Motivado que é pela desconfiança na virtude da outra parte, não raras vezes prepara o caminho para a infidelidade não mais imaginária, mas real: “Não tenhas ciúmes de tua amada esposa, para não lhe ensinares o mal contra ti” (Eclo 9, 1).

Sem o diálogo e a obediência é impossível uma família permanecer unida.

Dom Duarte Leopoldo escreve: “O respeito que à mulher deve o marido, impõe que as suas correções se revistam, de preferência, da forma simpática de avisos, conselhos… ao mesmo tempo que a mulher deve ter por leis verdadeiramente obrigatórias as manifestações da vontade de seu marido. Esta é a ordem estabelecida por Deus e dela depende a paz e nela cimenta-se a mútua afeição entre os esposos. Há maridos, porém, que se deixam dominar, abdicando da sua autoridade, contra a vontade formal do Criador, que não quis confiar na mulher a chefia suprema do lar doméstico. Desgraçado do que assim, por fraqueza, ou mal entendida e insensata condescendência, inverte a ordem que tudo nos prega na natureza. Será talvez um bom homem, mas de uma bondade cega que exclui todo o exercício da autoridade e do poder. Completamente dominado pela mulher, não lhe será mais possível tomar as rédeas e a direção da sua casa. Ali tudo vai mal, porque ali manda quem deve obedecer, e obedece servilmente quem foi investido pela Providência da autoridade de chefe. Resultado: vergonha e confusão”.

 

8.ª Coluna: Fidelidade do amor conjugal.

 

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “O amor conjugal exige dos esposos, por sua própria natureza, uma fidelidade inviolável. Isso é a consequência do dom de si mesmos que os esposos fazem um ao outro. O amor quer ser definitivo. Não pode ser ‘até nova ordem’. ‘Esta união íntima, doação recíproca de suas pessoas e o bem dos filhos exigem a perfeita fidelidade dos cônjuges e sua indissolúvel unidade… Pode parecer difícil e até impossível ligar-se por toda a vida a um ser humano. Por isso é de suma importância anunciar a Boa Nova de que Deus nos ama com um amor definitivo e irrevogável, que os esposos participam deste amor, que Ele os apóia e mantém e que, por meio de sua fidelidade, podem ser testemunhas do amor fiel de Deus”.

Santa Catarina de Sena compara o homem infiel ao porco: “Não satisfeito com seu estado matrimonial, no qual poderia viver em boa consciência como é seu dever, à semelhança de um animal irracional, desordenado, envolve-se no mal, como um porco se suja na lama, na lama da impureza”.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “O adultério. Esta palavra designa a infidelidade conjugal. Quando dois parceiros, dos quais aos menos um é casado, estabelecem entre si uma relação sexual, mesmo efêmera, cometem adultério. Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo. O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério. Os profetas denunciam sua gravidade. Vêem no adultério a figura do pecado de idolatria. O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta”.

Para se manter fiel, é preciso que o casal evite as ocasiões de pecado, familiaridades com pessoas de outro sexo, assanhamentos, certos ambientes e conversas… evite certos olhares, abraços, carícias e beijos: “… o que ama o perigo nele cairá” (Eclo 3, 26).

 

9.ª Coluna: Aceitação dos filhos.

 

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais. Deus mesmo disse: ‘Não convém ao homem ficar sozinho’ (Gn 2, 18), e ‘criou de início o homem como varão e mulher’ (Mt 19, 4); querendo conferir ao homem uma participação especial em sua obra criadora, abençoou o varão e a mulher dizendo: ‘Crescei e multiplicai-vos’ (Gn 1, 28). Donde se segue que o cultivo do verdadeiro amor conjugal e toda a estrutura da vida familiar que daí promana, sem desprezar os outros fins do Matrimônio, tendem a dispor os cônjuges a cooperar corajosamente com o amor do Criador e do Salvador que, por intermédio dos esposos, quer incessantemente aumentar e enriquecer sua família”.

No n.º 2373 do Catecismo diz: “A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais”.

Longe das famílias o aborto e os métodos proibidos pela Santa Igreja para evitar filhos: “A Igreja sanciona com uma pena canônica de excomunhão este delito contra a vida humana” (Catecismo da Igreja Católica).

 

10.ª Coluna: Educação dos filhos.

 

Adolfo Tanquerey escreve: “Se Deus lhes dá filhos, recebe-os da sua mão como um depósito sagrado, ama-os não somente como parte de si mesmos, mas como filhos de Deus, membros de Jesus Cristo, futuros cidadãos do céu; cerca-os duma dedicação, duma solicitude de cada instante; dá-lhes educação cristã, esmerando-se em formar neles as próprias virtudes de Cristo Nosso Senhor; neste intuito, exercem a autoridade que Deus lhes deu, com prudência, delicadeza, força e doçura. Não esqueçam que, sendo representantes de Deus, devem evitar aquela fraqueza que tende a amimar os filhos, aquele egoísmo que desejaria gozar deles sem os formar no trabalho e na virtude. Com o auxílio de Deus e dos educadores, que escolhem com o maior cuidado, fazem deles homens e cristãos, e exerçam assim uma espécie de sacerdócio, no seio da família; assim poderão contar com a bênção de Cristo e com a gratidão dos filhos”.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “Os pais são os principais e primeiros educadores de seus filhos… O papel dos pais na educação é tão importante que é quase impossível substituí-los…”, e: “Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade” (Concílio Vaticano II).

Está claro que não basta dar aos filhos: estudo, roupa, alimentação, remédio, lazer… mas é preciso dar-lhes, antes de tudo, uma séria, fiel e sólida formação espiritual, doutrinária e moral.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

  • Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística

  • Alverá, Euntes… Praedicate!

  • Catecismo da Igreja Católica, 1646, 1648, 1652, 1653, 1855, 1857, 2221, 2271, 2380 e 2381

  • Concílio de Trento, Sessão XXIV, cân. 1

  • Concílio Vaticano II, Gravissimus Educationis, 3

  • Dom Duarte Leopoldo, Pela família

  • Monsenhor Cauly, O catecismo explicado

  • Ricardo Sada e Alfonso Monroy, Curso de teologia dos sacramentos

  • Sagrada Escritura

  • Santa Catarina de Sena, Cartas

  • Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a morte

  • São João Bosco, O cristão bem formado

  • São Macário, Escritos

  • São Pio X, Catecismo maior, 167, 623 e 624

  • Sumo Pontífice João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris consortio

  • Sumo Pontífice Paulo VI, Discurso na Audiência geral (11 de agosto de 1976)

  • Sumo Pontífice Pio IX, Carta ao rei do Piemonte, 1825

  • Sumo Pontífice Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, de 29-06-1943

 

 

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