Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Palestra

 

 

 

Local: Patronato Madre Mazzarello, rua 11, n.º 380, Vila Góis

Cidade: Anápolis – GO

Data: 02, 03 e 04 de dezembro de 2011

Número de participantes: 90 pessoas (Taguatinga (DF), Cidade Estrutural (DF), Brasília (DF), Park Way – Brasília (DF), Planaltina (DF), Uberaba (MG), Santana da Ponte Pensa (SP), Jaraguá (GO), Pirenópolis (GO), Goiânia (GO), Anápolis (GO), Abadiânia (GO), Jesúpolis (GO), Nerópolis (GO) e da Vila Peri – Município de Itaguaru (GO)

Pregador: Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Temas: O Juízo Final e a Gruta de Belém

 

 

 

PRIMEIRA PALESTRA

 

O JUÍZO FINAL

 

I. Que é o Juízo Final?

 

O JUÍZO FINAL é aquele que todos os homens terão de ouvir no fim do mundo e no qual hão de comparecer o CORPO e a ALMA. É diferente do primeiro (juízo particular) pronunciado invisivelmente entre DEUS e nossa ALMA, porque este supremo juízo será VISÍVEL e PÚBLICO. Ali estarão presentes todos os homens ressuscitados; Jesus Cristo EM PESSOA presidirá, desempenhando as funções de juiz porque tem sido nosso redentor.

É este o ensino que o próprio Jesus Cristo nos deu na narração antecipada do Juízo Final que Ele fez a seus apóstolos: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me deste de comer. Tive sede e me deste de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e vieste ver-me. Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver? Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes’. Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso, e não me visitastes’. Então, também eles responderão: ‘Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não te servimos?’ E ele responderá com estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a  mim que o deixastes de fazer’. E irão estes para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna” (Mt 25, 31-46).

Na Paixão, Jesus Cristo fala terminantemente ao grande sacerdote: “... vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26, 64).

Os anjos depois da Ascensão comunicaram a mesma mensagem: “Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia, dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1, 10-11).

 

II. Quais são os sinais que anunciam o fim do mundo e o Juízo Final?

 

Podemos resumi-los em quatro principais:

1.º A pregação do Evangelho por toda a terra; ela tem sido confiada aos Apóstolos, e é somente quando ela for realizada que há de chegar a “consumação” (Mt 24, 3).

O Catecismo Romano diz que um dos sinais que precedem o juízo final é a “... pregação do Evangelho pelo mundo inteiro”.

Nosso Senhor disse: “E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testemunho para todas as nações. E então virá o Fim” (Mt 24, 14).

2.º A apostasia dos homens e dos povos. À pregação do Evangelho por toda a terra se há de seguir um enfraquecimento geral da fé. Sedutores de toda a casta (raça, linhagem, qualidade...), falsos Cristos, profetas falsos, hão de arrastar para fora da Igreja multidões inteiras e tratarão de seduzir os próprios eleitos.

Em 2 Ts 2, 3 diz: “Não vos deixeis enganar de modo algum por pessoa alguma: porque deve vir primeiro a apostasia...”

O Catecismo Romano diz que a “apostasia é um dos sinais que precedem o juízo final”.

Em Mt 24, 7-13 diz: “Pois se levantará nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e terremoto em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores. Nesse tempo, vos entregarão à tribulação e vos matarão, e sereis odiados de todos os povos por causa do meu nome. E então muitos ficarão escandalizados e se entregarão mutuamente e se odiarão uns aos outros. E surgirão falsos profetas em grande número e enganarão a muitos. E pelo crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”.

Em Mt 24, 23-24 diz: “Então, se alguém vos disser: ‘Olha o Cristo aqui!’ ou ‘ali!’, não creiais. Pois hão de surgir falsos Cristos e falsos profetas, que apresentarão grandes sinais e prodígios de modo a enganar, se possível, até mesmo os  eleitos”.

3.º A aparição do Anticristo. São Paulo fala nesta aparição de um homem de pecado, no mesmo tempo que a apostasia geral: “... e aparecer o homem ímpio, o filho da perdição, o adversário, que se levanta contra tudo que se chama Deus, ou recebe um culto, chegando a sentar-se pessoalmente no templo de Deus, e querendo passar por Deus” (2 Ts 2, 3-4).

Edições Theologica comenta: “O homem da iniquidade’: Não se sabe com certeza se se trata de um homem determinado, revestido de peculiar perversidade, ou se é uma personificação literária, que designa uma multidão entregada à tirania do pecado, e que se opõe tenazmente à ação de Cristo. É mais  provável que se refira a esse conjunto de forças do mal que constituem um instrumento ao serviço de Satanás. As expressões ‘homem da iniquidade’ e ‘filho da perdição’ são semitismos (equivalentes a ‘iníquo’ e ‘perdido’) que sublinham a particular relação desses homens com o pecado e com a perdição eterna. Este ‘homem da iniquidade’ é um inimigo declarado de Deus que se opõe sistematicamente contra tudo o que esteja ao serviço divino. O Apóstolo faz notar que o seu atrevimento chega ‘até ao ponto de se sentar no templo de Deus’, isto é, até arrogar-se honras divinas. Com a sua atuação procurará arrastar muitos para a apostasia antes do fim do mundo, de modo semelhante aos falsos profetas, procurarão seduzir muitos antes da destruição de Jerusalém (cfr Mt 24, 4-11. 23-24)”.

O Catecismo Romano diz que a “aparição do Anticristo é um dos sinais que precedem o juízo final”.

4.º Os poderes do céu serão abalados. Durante estas lutas, diz Nosso Senhor: “... o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes do céu serão abalados” (Mt 24, 29), e: “O Dia do Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com estrondo, os elementos, devorados pelas chamas se dissolverão, e a terra juntamente com as suas obras será consumida” (2 Pd 3, 10).

 

III. Quando será o Juízo Final?

 

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “O Juízo Final acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse juízo, só Ele decide de seu advento”.

Em Mt 24, 36 diz: “Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai”.

Edições Theologica comenta: “Toda a revelação sobre o fim dos tempos fica envolvida no mistério; Jesus, que sendo Deus conhecia perfeitamente o plano da salvação, nega-se a revelar a data do dia do Juízo Final. Por quê? Para manter os Apóstolos e os discípulos vigilantes, e para reafirmar a transcendência deste desígnio misterioso”.

Em Mt 24, 42 diz: “Vigiai, portanto, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor”, e: “Por isso, também vós, ficai preparados, porque o Filho do Homem virá numa hora que não pensais” (Mt 24, 44).

 

IV. Aonde será o Juízo Final?

 

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Assim que os mortos ressuscitem, farão os anjos que se reúnam todos no vale de Josafá para serem julgados”.

Em Jl 4, 2 diz: “Reunirei todas as nações, e as farei descer ao vale de Josafá...”, e no versículo 12 diz: “Que partam e subam, as nações, ao vale de Josafá! Sim, ali eu me sentarei para julgar todas as nações dos arredores”.

 

V. Se cada um, logo depois da morte, há de ser julgado por Jesus Cristo no Juízo Particular; por que havemos de ser julgados todos no Juízo Universal?

 

São Pio X ensina: “Havemos de ser julgados todos no Juízo Universal por várias razões: 1.ª Para glória de Deus. 2.ª Para glória de Jesus Cristo. 3.ª Para glória dos santos. 4.ª Para confusão dos maus. 5.ª Finalmente, para que o corpo, depois da ressurreição universal, tenha juntamente com a alma a sua sentença de prêmio ou de castigo. No Juízo Universal há de manifestar-se a glória de Deus porque todos hão de reconhecer a justiça com que Deus governa o mundo, embora se vejam às vezes os bons sofrendo e os maus em prosperidade. No Juízo Universal há de manifestar-se a glória de Jesus Cristo porque, tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos. No Juízo Universal há de manifestar-se a glória dos Santos, porque muitos deles que morreram desprezados pelos maus, hão de ser glorificados na presença de todos os homens. No Juízo Universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente a daqueles que oprimiram os justos, e a daqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todo o mundo, todos os pecados que cometeram, ainda os mais ocultos”.

 

VI. Quem será o juiz?

 

O juiz será Nosso Senhor Jesus Cristo: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória” (Mt 25, 31).

São Pio X escreve: “... tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro como Juiz Supremo de todos”.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “Então Cristo ‘virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão reunidas em sua presença todas as nações...”

O Catecismo Romano ensina: “Ensinam as Sagradas Escrituras, que a Cristo Nosso Senhor foi entregue o julgamento, não só enquanto Deus, mas também enquanto Homem. Ainda que o poder de julgar é comum a todas as Pessoas da Santíssima Trindade, contudo, o atribuímos ao Filho de modo particular, por dizermos que Lhe compete também a sabedoria. Uma declaração do Senhor confirma que Ele, enquanto Homem, há de julgar o mundo: ‘Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim concedeu também ao Filho ter a vida em si mesmo; e conferiu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do Homem’ (Jo 5, 26-27)’. Fica muito bem que tal juízo seja efetuado por Cristo Nosso Senhor. Já que os julgados são homens, ser-lhes-á possível ver o juiz com os olhos corporais, e com os próprios ouvidos escutar a sentença que for lavrada, e pelos sentidos chegar ao perfeito conhecimento da ação judicial. De mais a mais, era de suma justiça que aquele Homem, que fora condenado por sentença de homens malvadíssimos, tomasse assento à vista de todos para julgar todos os homens”.

Em Jo 5, 22 diz: “Porque o Pai a ninguém julga, mas confiou ao Filho todo julgamento”.

 

VII. Os santos julgarão o mundo?

 

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Os Santos Apóstolos serão assessores deste julgamento e todos aqueles que os imitaram. E com Jesus Cristo julgarão os povos”.

Edições Theologica comenta: “Os cristãos, pelo seu batismo, são santos, justos, isto é, participam da vida e virtudes de Cristo e estão chamados a pô-las em prática. Mais ainda, os cristãos, como os Apóstolos (cfr Mt 19, 28; Lc 22, 30), julgarão os homens e os Anjos no último dia... o único Juiz de vivos e defuntos, de Anjos e homens é Jesus Cristo. Os cristãos estão tão intimamente associados a Ele, que São Paulo não vê inconveniente em atribuir a todos os membros as ações da Cabeça. Portanto, não pretende descer a pormenores puramente imaginativos acerca de como será o Juízo Final, se os Anjos estarão submetidos ao juízo dos homens ou se se submeterão pelo menos os anjos caídos. O Apóstolo possivelmente quer pôr em destaque somente a união íntima do cristão com Cristo, que há de refletir-se também no comportamento justo de uns com os outros”.

 

VIII. Como será o Juízo Final?  

 

1. Os justos e injustos ressuscitarão.

 

A ressurreição de todos os mortos, dos justos e injustos, antecederá o Juízo Final: “E tenho em Deus a esperança, que também eles acalentam, de que há de acontecer a ressurreição, tanto de justos como de injustos” (At 24, 15).

Em Dn 12, 2 diz: “E muitos dos que dormem no solo poeirento acordarão, uns para a vida eterna e outros para o opróbrio, para o horror eterno”.

Em Jo 5, 28-29 diz: “Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão; os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento”.

 

2. É preciso que morram os últimos homens.

 

Antes, é preciso que morram os últimos homens.

O Catecismo Romano ensina: “Não lhe contradizem as palavras do Apóstolo aos Tessalonicenses: ‘Ressuscitarão primeiro os que morreram em Cristo. Depois, nós os que vivemos, os que ficamos, seremos com eles arrebatados, por sobre as nuvens, para irmos ao encontro de Cristo através dos ares’ (1 Ts 4, 16-17). No comentário desta passagem, diz Santo Ambrósio: ‘Nesse arrebatamento sobrevirá a morte. À semelhança de um sono, a alma se desprenderá, para voltar no mesmo instante. Ao serem arrebatados, morrerão. Chegarão, porém, diante do Senhor, novamente receberão suas almas, em virtude da presença do Senhor; portanto, não pode haver mortos na companhia do Senhor”.

Esta interpretação tem por si também a autoridade de Santo Agostinho, na obra “A cidade de Deus”.

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “A vinda do divino Juiz será precedida de maravilhoso fogo do céu (Sl 96, 3), que abrasará a terra e tudo quanto nela exista (2 Pd 3, 10). Palácios, templos, cidades, povos e reinos, tudo se reduzirá a um montão de cinzas. É mister purificar pelo fogo esta grande casa, contaminada de pecados. Tal é o fim que terão todas as riquezas, pompas e delícias da terra. Mortos os homens, soará a trombeta e todos ressuscitarão (1 Cor 15, 52)”.

Em 1 Cor 15, 51-55 diz: “Olhai, vou dizer-vos um mistério: nem todos havemos de morrer, mas todos seremos transformados: num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final. Efetivamente, ela há de soar: os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. É, de fato, necessário que este ser corruptível se revista de incorruptibilidade e que este ser mortal se revista de imortalidade. E quando este ser corruptível se revestir de incorruptibilidade e este ser mortal se revestir de imortalidade, então é que há de realizar-se a palavra que está escrita: a morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó Morte, a tua vitória? Onde está, ó Morte, o teu aguilhão?”

Edições Theologica comenta o trecho acima: “A afirmação de São Paulo de que alguns – os justos que vivam no momento da Parusia do Senhor – não morrerão, pode parecer difícil de compaginar com a universalidade da morte, como consequência do pecado original (cfr Rm 5, 12 ss). O Catecismo Romano diz que todos os homens morrerão, e explica as palavras do Apóstolo em 1 Ts 4, 15-17 dizendo que ‘ao serem arrebatados morrerão’ (I, 12, 6). Alguns teólogos dizem que não se opõe a essa universalidade o fato de Deus querer fazer exceções, como seria o caso dos justos da última geração, tal como não se opõe a essa universalidade do pecado original o fato de Deus ter excetuado a Virgem Santíssima. De qualquer modo, convém ter em conta que estamos dentro do mistério que envolve as disposições divinas acerca dos últimos tempos, e que o magistério da Igreja não se pronunciou sobre este assunto, que pode ser estudado livremente”.

 

3. O corpo ressuscitado será o mesmo que se teve na terra.

 

A repetição, por quatro vezes, das palavras “este corpo se revestirá” (1 Cor 15, 53-54), deixa claro que o corpo ressuscitado será o mesmo que se teve na terra: “É necessário que ressuscite o homem com o mesmo corpo por meio do qual serviu a Deus ou ao demônio, para que, juntamente com o mesmo corpo, receba as coroas e os prêmios do triunfo, ou sofra, infelizmente, as penas e os castigos” (Catecismo Romano).

Alguém poderia perguntar: Mas se o nosso corpo se dissolve, se transforma em pó, como será possível, no fim do mundo, reunir novamente todas as parcelas que constituíram o meu corpo? Newton, o grande cientista, respondeu, certa ocasião, a esta mesma pergunta da seguinte forma. Tomou um punhado de limalha (pó) de ferro e misturou-a com areia. Perguntou, depois, à pessoa que lhe fizera a pergunta: você pode, agora, separar o ferro dessa massa? O outro lhe respondeu que não seria possível conseguir essa separação. Então Newton tomou um ímã e o aproximou da massa e todas as partículas de ferro se prenderam a ele. E Newton disse calmamente: “Quem deu tal força ao ímã, um pedaço de ferro sem vida, não poderá dar novamente seu corpo à nossa alma imortal?”

E o ímpio Voltaire, interrogado por uma mulher a respeito da ressurreição respondeu: “Minha senhora, a ressurreição é a coisa mais simples deste mundo: não poderá Aquele que criou o homem uma vez, criá-lo também uma segunda vez?”

Ninguém se admire, portanto, que a Igreja ensine a ressurreição dos corpos no Juízo Final. Naquele dia tremendo, todos os que morreram hão de ressuscitar, voltarão a viver com a sua alma. É isto que Nosso Senhor ensinou.

Ele não ensinou aquilo que os espíritas dizem, isto é, que quando morre uma pessoa o seu espírito pode vagar pelos espaços ou então ir encarnar-se novamente em outra pessoa. Imaginem então o que aconteceria com o espírito ou a alma que se encarnou várias vezes... digamos em João, Antônio e Pedro. Qual desses três corpos ressuscitaria para se unir àquela alma?

 

4. Nem todos ressuscitarão no mesmo estado.

 

Nem todos os homens ressuscitarão no mesmo estado, pois, enquanto os corpos dos condenados aparecerão cheios de ignomínia, os dos justos, à semelhança de Cristo ressuscitado, terão os dotes dos corpos gloriosos: “Cristo transformará o nosso corpo miserável tornando-o conforme ao seu corpo glorioso” (Fl 3, 21).

São QUATRO os DOTES dos corpos gloriosos:

a. A impassibilidade, que consiste em que o corpo não estará sujeito ao sofrimento nem à morte.

b. A agilidade, que consiste em que poderá deslocar-se num momento a lugares muito distantes.

c. A claridade, que consiste em que estará revestido de incomparável glória e formosura.

d. A sutileza, que consiste em que poderá penetrar outros corpos, como Cristo penetrou no Cenáculo depois da Ressurreição.

Os corpos dos condenados possuirão QUATRO QUALIDADES más.

Santo Tomás de Aquino escreve: “Serão obscuros, conforme se lê: ‘Os seus rostos serão como fisionomias inflamadas’ (Is 13, 8). Serão passíveis, mas jamais corrompidos, pois arderão para sempre no fogo e nunca serão consumidos. Lê-se: ‘Os vermes nunca morrerão nos seus corpos, e o fogo neles nunca se extinguirá’ (Is 66, 24). Serão pesados, porque as almas estarão como que acorrentadas. Lê-se: ‘Para prender os seus reis com grilhões’ (Sl 149, 8). Finalmente, os corpos e as almas serão, de certo modo, carnais. Lê-se: ‘Os animais apodrecerão nos seus excrementos’ (Jl 1, 17)”.

Santo Afonso Maria de Ligório comenta: “Que diferença haverá então entre os corpos dos justos e os dos condenados? Os justos aparecerão formosos, cândidos, mais resplandecentes que o sol (Mt 13, 43)... Pelo contrário, os corpos dos condenados serão disformes, negros e hediondos”.

Santa Catarina de Sena escreve: “Para os bem-aventurados será um corpo de glória; para os réus, um corpo para sempre obscurecido”.

 

5. A alma e o corpo serão repreendidos.

 

No instante da morte, somente a alma é repreendida; no juízo final também o corpo será repreendido, por ter sido instrumento da alma na prática do bem ou do mal conforme a orientação da vontade. Todo o bem e todo o mal é feito através do corpo (cfr O Diálogo 14 . 5).

 

6. Aumentarão os sofrimentos dos condenados.

 

Os condenados aguardam com temor o dia do juízo final. Sabem que então seus sofrimentos aumentarão... os justos terão no corpo glorificado uma luz e um amor infinitos; já os réus do inferno sofrerão pena eterna em seus corpos, usados para o pecado. Ao recuperar o corpo diante de Jesus ressuscitado, os réus sentirão tormento renovado e acrescido: a sensualidade sofrerá na sua impureza vendo a natureza humana unida à divindade, contemplando esse barro adâmico – vossa natureza – colocada acima de todos os coros angélicos, enquanto eles, os maus, estarão no mais profundo abismo (cfr O Diálogo 14 . 5).

 

7. Os corpos não terão necessidade de alimento nem usarão do sexo.

 

Os corpos serão incorruptíveis e imortais, não terão necessidade de alimento nem usarão do sexo: “Na ressurreição nem os homens terão mulheres, nem as mulheres terão maridos; mas serão como Anjos de Deus no céu” (Mt 22, 30).

 

8. Os bons e os maus ressurgirão com perfeição corpórea.

 

Os bons e os maus ressurgirão com toda integridade da perfeição corpórea do homem: não haverá cego, nem coxo, nem ninguém com outro qualquer defeito. Escreve o Apóstolo que “os mortos ressurgirão incorruptíveis” (1 Cor 15, 52), para significar que eles não sofrerão mais as corrupções atuais (cfr Exposição sobre o Credo).

 

9. Todos ressurgirão na idade de trinta e dois anos.

 

Todos ressurgirão na idade perfeita, nos trinta e dois anos. A razão disto é que, os que ainda não atingiram esta idade, não chegaram à idade perfeita, e, os velhos, já a ultrapassaram. Eis porque aos jovens e às crianças serão acrescido o que falta, e, aos velhos, restituído: “Até que cheguemos todos... ao homem perfeito, na medida da plenitude da idade de Cristo” (Ef 4, 13) (cfr Exposição sobre o Credo).

Em Lc 3, 23 diz: “Ao iniciar o ministério, Jesus tinha mais ou menos trinta anos...”

 

10. Jesus Cristo há de separar os homens uns dos outros.

 

Serão reunidas na presença de Cristo todas as nações, e Ele há de separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna (Mt 25, 31-33. 46) (cfr Catecismo da Igreja Católica).

 

11. Será desvendada a verdade sobre cada homem.

 

É diante de Cristo – que é a verdade – que será definitivamente desvendada a verdade sobre a relação de cada homem com Deus: “Quem me rejeita e não acolhe minhas palavras tem seu juiz: a palavra que proferi é que o julgará no último dia” (Jo 12, 48). O Juízo Final há de revelar até as últimas consequências o que um tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida terrestre: Todo o mal que os maus praticam é registrado sem que o saibam. No dia em que “Deus não se calará” (Sl 50, 3) (cfr Catecismo da Igreja Católica).

O Catecismo Romano ensina: “A segunda ocasião, porém, há de ser quando todos os homens comparecerem juntos, no mesmo dia e lugar, perante o tribunal do juiz, para que, na presença de todos os homens de todos os séculos, cada um venha, a saber, a sentença, que a seu respeito foi lavrada. Para os ímpios e malvados, esta declaração de sentença constituirá a não menor parte de suas penas e castigos; ao passo que os virtuosos e justos nela terão boa parte de sua alegria e galardão. Naquele instante, será, pois, revelado o que foi cada indivíduo durante sua vida natal. Este Juízo se chama universal”.

São Pio X escreve: “No juízo universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente a daqueles que oprimiram os justos, e a daqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestamente, à vista de todo o mundo, todos os pecados que cometeram, ainda os mais ocultos”.

O fim do mundo será o fim da mentira, da injustiça, do engano e da falsidade.

 

12. Abrir-se-á os autos dos processos.

 

Começará o julgamento abrindo-se os autos do processo, isto é, as consciências de todos: “Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele. Mil milhares o serviam, e miríades o assistiam. O tribunal tomou assento e os livros foram abertos” (Dn 7, 10). Os primeiros testemunhos contra os réprobos serão do demônio que dirá – segundo Santo Agostinho: “Justíssimo juiz, sentencia que são meus aqueles que não quiseram ser teus”. A própria consciência dos homens os acusará depois: “Eles mostram a obra da lei gravada em seus corações, dando disto testemunho sua consciência e seus pensamentos que alternadamente se acusam ou defendem... no dia em que Deus – segundo o meu evangelho – julgará, por Cristo Jesus, as ações ocultas dos homens” (Rm 2, 15-16). A seguir, darão testemunho, clamando vingança, os lugares em que os pecadores ofenderam a Deus: “Sim, da parede a pedra gritará, e do madeiramento as vigas responderão” (Hab 2, 11). Virá, enfim, o testemunho do próprio Juiz que esteve presente a quantas ofensas lhe fizeram: “Porque eles tinham cometido uma infâmia em Israel, adulteraram com as mulheres de seus próximos e falaram mentiras em meu nome sem que eu tivesse dado ordem. Mas eu sei e sou testemunha, oráculo do Senhor” (Jr 29, 23). Disse São Paulo que naquele momento o Senhor porá às claras o que se acha escondido nas trevas: “Por conseguinte, não julgueis prematuramente, antes que venha o Senhor. Ele porá às claras o que está oculto nas trevas e manifestará os desígnios dos corações. Então, cada um receberá de Deus o louvor que lhe for devido” (1 Cor 4, 5). Desdobrará, então, ante os olhos de todos os homens as culpas dos réprobos, até as mais secretas e vergonhosas que em vida eles ocultaram aos próprios confessores: “Levantarei tua roupa até à face, mostrarei às nações a tua nudez e aos reis a tua ignomínia” (Na 3, 5). Os pecados dos eleitos, no sentir do mestre das Sentenças e de outros teólogos, não serão manifestados, mas ficarão encobertos, segundo estas palavras de Davi: “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades foram perdoadas, e cujos pecados são apagados” (Sl 31, 1). Pelo contrário – disse São Basílio Magno – as culpas dos réprobos serão vistas por todos, ao primeiro realçar dos olhos, como se estivessem representadas num quadro. Exclama Santo Tomás de Aquino: “Se no Getsêmani, ao dizer Jesus: Sou eu, caíram por terra todos os soldados que vinham para o prender, que sucederá quando, sentado no seu trono de Juiz, dizer aos condenados: ‘Aqui estou, sou aquele a quem tanto haveis desprezado!”

Chegada a hora da sentença, Jesus Cristo dirá aos eleitos estas palavras cheias de doçura: “Vinde, benditos de meu Pai, e possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo” (Mt 25, 34). Que consolação não sentirão aqueles que ouvirem estas palavras do Soberano Juiz: “Vinde, filhos benditos, vinde  a meu reino. Já não há mais a sofrer nem a temer. Comigo estais e permanecereis eternamente. Abençôo as lágrimas que sobre os vossos pecados derramastes. Entrai na glória, onde juntos permaneceremos por toda a eternidade”. A Virgem Santíssima abençoará também os seus devotos e os convidará a entrar com ela no céu. E assim, os justos, entoando gozosos Aleluias, entrarão na glória celestial para possuírem, louvarem e amarem eternamente a Deus.

Os réprobos, ao contrário, dirão a Jesus Cristo: “E nós, desgraçados, que será feito de nós?” E o Juiz Eterno dir-lhes-á: Já que desprezastes e recusastes minha graça, “apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” (Mt 25, 41). Apartai-vos de mim, nunca mais vos quero ver nem ouvir. Ide, ide, malditos, que desprezastes minha bênção... Mas para onde, Senhor, irão estes desgraçados?  Ao fogo do inferno, para arder ali em corpo e alma... E por quantos séculos? Por toda a eternidade, enquanto Deus for Deus.

Depois desta sentença – diz Santo Efrém – os réprobos despedir-se-ão dos anjos, dos santos e da Santíssima Virgem, Mãe de Deus: “Adeus, justos; adeus, cruz; adeus, glória; adeus, pais e filhos; jamais nos tornaremos a ver! Adeus, Mãe de Deus, Maria Santíssima”. Nesse instante, abrir-se-á na terra um imenso abismo e nele cairão conjuntamente demônios e réprobos. Verão como atrás deles se fechará aquela porta que nunca mais se há de abrir... Nunca mais durante toda a eternidade! (cfr Preparação para a morte, Consideração XXV, Ponto III).

 

SEGUNDA PALESTRA

 

A GRUTA DE BELÉM

 

Em Lc 2, 4-7 diz: “Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, para a Judéia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida. Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala”.

 

I. Belém.

 

Belém era a terra de Davi.

Belém (Beth-Lehem) significa casa do pão. Encontra-se a uns cento e cinquenta quilômetros de Nazaré, e a uns sete de Jerusalém. Ali estava a parentela de Davi. Situada ao sul de Jerusalém, em tempos de Jesus não era mais que uma aldeia avançada no deserto, fortificada com muros e torres. Os filisteus tinham-na convertido em praça forte e o rei Roboão, filho de Salomão, tinha aumentado consideravelmente as suas defesas: “Roboão ficou morando em Jerusalém e construiu cidades fortificadas em Judá. Restaurou Belém, Etam e Técua...” (2 Cr 11, 5-6). A sua importância, porém, era puramente estratégica. A modesta população vivia uma vida sossegada, dedicada quase exclusivamente ao pastoreio e ao cultivo das poucas terras de labor que, em forma de terraços escalonados, a rodeavam e que com muito trabalho, sobretudo, na época das chuvas, conseguiam defender dos desabamentos constantes. Nestes terraços cresciam romãzeiras, amendoeiras, macieiras, algumas vides e, sobretudo, figueiras e oliveiras.

Contudo, Belém era chamada a frutífera, Éfrata, nome patronímico da região. A sua situação, não longe do caminho de montanha entre Hebron e Jerusalém, constituía um bom albergue de fim de etapa para os viajantes.

Era realmente a menor das cidades de Israel: “Mas tu, (Belém), Éfrata, embora o menor dos clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que será dominador em Israel. Suas origens são de tempos antigos, de dias imemoráveis” (Mq 5, 1). Apesar da sua insignificância, era ilustre na história do povo escolhido. É mencionada pela primeira vez nos Livros Sagrados com o motivo da morte de Raquel, mulher de Jacó, que foi sepultada no caminho de Éfrata, que é Belém, como diz Gênesis 35, 19: “Raquel morreu e foi enterrada no caminho de Éfrata – que é Belém”. Mas a principal glória de Belém era a de ter sido a pátria de Davi, o glorioso chefe de que haveria de descender o Messias.

Maria Santíssima sabia que o seu Filho era também Filho de Davi. Este apelativo converteu-se no mais popular dos títulos messiânicos. Os doentes e as multidões repeti-lo-ão com frequência no curso da vida pública de Jesus. E Ele aceitá-lo-á; unicamente acrescentará que é também o Filho de Alguém maior que Davi.

Belém foi a cidade natal de Jesus: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia...” (Mt 2, 1), e: “Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, para a Judéia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida. Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito...” (Lc 2, 4-7).

 

II. Gruta.

 

Os evangelhos não falam de uma gruta, que constitui apenas um dado da tradição local. Na região de Belém havia muitas grutas escavadas na rocha, grutas que até hoje servem para proteger tanto animais como pessoas. Algumas dessas grutas encontram-se sob a atual igreja da natividade, mas não possuímos nenhum fundamento sólido para identificar alguma dessas grutas com a do nascimento de Jesus Cristo.

Não se coloca em dúvida a identificação da Belém bíblica com a atual Belém, situada a cerca de 8 km ao sul de Jerusalém. A cidade atual está construída sobre uma colina dupla, com uma ponte de ligação, a uma altitude de cerca de 800 metros acima do nível do mar. A cidade antiga se encontra sobre a colina sul, onde se encontra a igreja da Natividade. Nunca foi possível realizar explorações arqueológicas no local. A igreja atual foi construída durante as Cruzadas, erguendo-se no local da primeira igreja da Natividade, mandada construir pela mãe de Constantino (+ 327), Santa Helena, e da igreja que a substituiu, mandada construir por Justiniano.

 

III. Nascimento de Jesus Cristo.

 

Quando Jesus Cristo veio a esta terra, quem mandava em Roma era César Augusto. Um dia o imperador quis saber quanta gente havia no seu império. Por isso, deu ordem que todos os habitantes fossem à terra, onde haviam nascido, para ali darem seu nome.

São José e Maria Santíssima moravam em Nazaré, na Galiléia. José havia nascido em Belém. Por isso teve que ir à sua terra natal para cumprir a ordem de César. Junto com Nossa Senhora ele se pôs a caminho... Era o mês de dezembro, e, naquela região, fazia muito frio e tinham que caminhar a pé cento e cinquenta quilômetros.

Finalmente, depois de muitas canseiras, chegam a Belém. Já é noite. Estão cobertos de pó, com fome e cansados. José procura logo alojamento para passar a noite. Vai de casa em casa, perguntando: “Vocês não têm um lugar onde possamos passar a noite?” A resposta é invariável: “Que vamos fazer? Não há lugar para vocês!” E as portas se fecham, deixando a Virgem Maria e José do lado de fora: “... não havia um lugar para eles na sala” (Lc 2, 7).

Que fazer? A noite já desceu. E Nossa Senhora não poderá passá-la ao relento, pois a noite será muito fria. São José lembra-se então que fora da cidade há uma gruta que serve de abrigo ao gado, portanto, uma estrebaria.

E foi nessa gruta que o Salvador dos homens nasceu.

1. Como nasce? Como homem! Com lágrimas nos olhos, com dores no corpo, com frio em todos os membros, com falta de tudo! Nasce como servo e não como rei, nasce na humilhação, nasce com toda a sua divina grandeza encoberta: “Já prega com exemplo o que mais tarde havia de pregar à viva voz” (São Bernardo de Claraval), e: “Um Deus que quer começar a sua infância num estábulo confunde o nosso orgulho” (Santo Afonso Maria de Ligório).

2. Nasce Infante o Criador do universo, envolvido em faixas a Riqueza do Céu, reclinado num presépio o que tem seu trono sobre os Serafins! “Nasce uma criancinha que é o grande Rei. Os magos chegam de longe; vêm adorar, ainda deitado no presépio, aquele que reina no céu e na terra” (São Quodvultdeus).

3. Como nasce? Abandonado! É Deus e poucos O adoram! É Rei e alguns vão homenageá-Lo! É o Salvador do mundo, e quem busca n’Ele a salvação? “Mas, como então é possível que eu, em vez de abraçar os desprezos, como Vós os abraçastes, me tenha mostrado tão orgulhoso e tenha ainda chegado a ofender-Vos, ó Majestade infinita?” (Santo Afonso Maria de Ligório).

4. Nasce pobre porque deseja que nós O recebamos em nossa casa, que O vistamos, que O abriguemos do frio e que lhe preparemos um berço: “Os filhos dos príncipes nascem em quartos adornados de ouro; preparam-lhes berços incrustados com pedras preciosas e mantilhas preciosas; e fazem-lhes cortejo os primeiros senhores do reino. E ao Rei do céu prepara-se uma gruta fria e sem luz para nela nascer, uns pobres paninhos para cobri-Lo, um pouco de palha para o leito e uma vil manjedoura para O colocar” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “Meu Deus, onde está a corte, onde está o trono real deste Rei do céu? Só vejo dois animais e uma manjedoura na qual deve ser posto” (São Bernardo de Claraval).

5. Onde nasce? Numa gruta úmida e fria, num alpendre desabrigado, onde falta o conforto do lar doméstico, um berço limpo, o asseio... tudo! “Ó gruta ditosa que tiveste a ventura (sorte) de ver o Verbo divino nascido dentro de ti! Ó  presépio ditoso que tiveste a honra de receber em ti o Senhor do céu! Ó palha ditosa que serviste de leito àquele cujo trono é sustentado pelos Serafins! Sim, fostes ditosos, ó gruta, ó presépio, ó palha; mais ditosos, porém, são os corações que fervorosamente amam esse amabilíssimo Senhor, e que abrasados em amor o recebem na Santa Comunhão. Com que alegria e satisfação vai Jesus Cristo pousar no coração que O ama!” (Santo Afonso Maria de Ligório).

6. Quando nasce? Nasce nas horas mortas da meia-noite, quando todos dormem, quando ninguém O esperava, quando os homens, cansados uns do trabalho, outros dos divertimentos, se entregavam ao sono.

Não esperou que fosse dia para nascer, a fim de não ser visto e conhecido. Nasceu de noite para que, despertando a humanidade com o raiar da aurora, encontrasse já nascido o Sol de Israel, que lhe vinha trazer a salvação.

7. Nasceu nas trevas, porque vinha ser a luz do mundo, o Sol esplendoroso que vinha dissipar as sombras que pesavam sobre os homens desde que o paraíso se fechou.

8. Nasceu de noite, para mostrar que era bem escura a noite em que vivia todo o gênero humano, e que essa noite ia ter o seu fim com o amanhecer do solene dia da redenção.

9. Nasceu de noite; mas ainda assim quis ter quem O adorasse. Foi aos pastores que vigiavam os seus rebanhos que os Anjos anunciaram a vinda do Salvador. Não foram à corte de Herodes, nem aos grandes da Judéia, nem aos Césares de Roma, porque, ainda que para todos nascia, eram os pobres e os humildes os que mais agradavam a seus olhos.

10. Por que nasce? Porque nos ama! Nasce por nós, porque deseja a nossa felicidade, porque nos quer em seu reino fazer participantes da sua mesma glória.

11. Nasce por nós a fim de que nós renasçamos para Ele, morrendo para o mundo, para o nosso amor próprio e para as nossas faltas.

12. Nasce pobre, para que nós, com seu exemplo, nos animemos a deixar as riquezas e comodidades da vida.

13. Nasce no mais completo abandono, para que nós tenhamos por melhor que o nosso nome seja desconhecido, do que estar na boca de todos e para que, vendo-nos desprezados dos homens, nos consolemos com seu exemplo.

14. Nasce na humilhação, para que aprendamos a calcar aos pés o orgulho.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

  • Catecismo da Igreja Católica, 1038; 1039; 1040

  • Catecismo Romano, Parte I, VIII, 3; Parte I, VIII, 5 e 6; Parte I, VIII, 7; Parte I, XII, 6; Parte I, XII, 8

  • Leituras da Doutrina Cristã

  • Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz

  • Pe. Francisco Fernández Carvajal, A Vida de Jesus

  • Pe. John L. Mckenzie, Dicionário Bíblico

  • Sagrada Escritura

  • Santa Catarina de Sena, O Diálogo 14 . 5

  • Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a morte, Consideração XXV, Ponto I; Ponto II; Meditações

  • Santo Tomás de Aquino, Exposição sobre o Credo

  • São Bernardo de Claraval, Escritos

  • São Pio X, Catecismo Maior, 125-129

  • São Quodvultdeus, Sermões

 

 

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