Local: Patronato Madre Mazzarello, rua 11, n.º 380, Vila Góis
Cidade: Anápolis – GO
Data: 02, 03 e 04 de
dezembro de 2011
Número de participantes: 90 pessoas (Taguatinga
(DF), Cidade Estrutural (DF), Brasília (DF),
Park Way – Brasília (DF), Planaltina
(DF), Uberaba (MG), Santana da Ponte Pensa (SP), Jaraguá
(GO), Pirenópolis (GO), Goiânia (GO), Anápolis (GO),
Abadiânia (GO), Jesúpolis (GO), Nerópolis (GO) e da Vila
Peri – Município de Itaguaru (GO)
Pregador: Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Temas: O
Juízo Final e a Gruta de Belém
PRIMEIRA PALESTRA
O
JUÍZO FINAL
I.
Que é o Juízo Final?
O JUÍZO FINAL é
aquele que todos os homens terão de ouvir no fim do mundo e
no qual hão de comparecer o CORPO e a
ALMA. É diferente do primeiro (juízo particular)
pronunciado invisivelmente entre DEUS e nossa
ALMA, porque este supremo juízo será
VISÍVEL e PÚBLICO. Ali estarão
presentes todos os homens ressuscitados; Jesus Cristo
EM PESSOA presidirá, desempenhando as funções de
juiz porque tem sido nosso redentor.
É este o ensino que o próprio
Jesus Cristo nos deu na narração antecipada do Juízo Final
que Ele fez a seus apóstolos:
“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os
anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. E
serão reunidas em sua presença todas as nações e ele
separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os
cabritos à sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem
à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por
herança o Reino preparado para vós desde a fundação do
mundo. Pois tive fome e me deste de comer. Tive sede e me
deste de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e
me vestistes, doente e me visitastes, preso e vieste ver-me.
Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando foi que te
vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de
beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou
nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e
fomos te ver? Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos
digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais
pequeninos, a mim o fizestes’. Em seguida, dirá aos que
estiverem à sua esquerda: ‘Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus
anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede
e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me
recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso, e
não me visitastes’. Então, também eles responderão: ‘Senhor,
quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou
nu, doente ou preso e não te servimos?’ E ele responderá com
estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas as vezes que o
deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o
deixastes de fazer’. E irão estes para o castigo eterno,
enquanto os justos irão para a vida eterna”
(Mt 25,
31-46).
Na Paixão, Jesus Cristo fala terminantemente ao grande sacerdote:
“...
vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e
vindo sobre as nuvens do céu”
(Mt 26,
64).
Os anjos depois da Ascensão
comunicaram a mesma mensagem:
“Estando a olhar atentamente para o céu, enquanto ele se ia,
dois homens vestidos de branco encontraram-se junto deles e
lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que estais aí a
olhar para o céu? Este Jesus, que foi arrebatado dentre vós
para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir
para o céu”
(At 1, 10-11).
II. Quais são os
sinais que anunciam o fim do mundo e o Juízo Final?
Podemos resumi-los em quatro principais:
1.º A pregação do Evangelho por toda a terra;
ela tem sido confiada aos Apóstolos, e é somente quando ela
for realizada que há de chegar a “consumação”
(Mt 24, 3).
O Catecismo Romano diz que um dos sinais que precedem o juízo final
é a
“... pregação do Evangelho pelo mundo inteiro”.
Nosso Senhor disse:
“E este Evangelho
do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testemunho
para todas as nações. E então virá o Fim”
(Mt 24, 14).
2.º A apostasia dos homens e dos povos.
À pregação do Evangelho por toda a terra se há de seguir um
enfraquecimento geral da fé. Sedutores de toda a casta
(raça, linhagem, qualidade...), falsos Cristos, profetas
falsos, hão de arrastar para fora da Igreja multidões
inteiras e tratarão de seduzir os próprios eleitos.
Em 2 Ts 2, 3 diz:
“Não vos deixeis
enganar de modo algum por pessoa alguma: porque deve vir
primeiro a apostasia...”
O Catecismo Romano diz que a
“apostasia é um dos sinais que precedem o juízo final”.
Em Mt 24, 7-13 diz:
“Pois se levantará
nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e
terremoto em todos os lugares. Tudo isso será o princípio
das dores. Nesse tempo, vos entregarão à tribulação e vos
matarão, e sereis odiados de todos os povos por causa do meu
nome. E então muitos ficarão escandalizados e se entregarão
mutuamente e se odiarão uns aos outros. E surgirão falsos
profetas em grande número e enganarão a muitos. E pelo
crescimento da iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”.
Em Mt 24, 23-24 diz:
“Então, se alguém
vos disser: ‘Olha o Cristo aqui!’ ou ‘ali!’, não creiais.
Pois hão de surgir falsos Cristos e falsos profetas, que
apresentarão grandes sinais e prodígios de modo a enganar,
se possível, até mesmo os eleitos”.
3.º A aparição do Anticristo. São Paulo fala nesta aparição de um homem de pecado, no
mesmo tempo que a apostasia geral:
“... e aparecer o
homem ímpio, o filho da perdição, o adversário, que se
levanta contra tudo que se chama Deus, ou recebe um culto,
chegando a sentar-se pessoalmente no templo de Deus, e
querendo passar por Deus”
(2 Ts 2, 3-4).
Edições Theologica comenta:
“O homem da
iniquidade’: Não se sabe com certeza se se trata de um homem
determinado, revestido de peculiar perversidade, ou se é uma
personificação literária, que designa uma multidão entregada
à tirania do pecado, e que se opõe tenazmente à ação de
Cristo. É mais provável que se refira a esse conjunto de
forças do mal que constituem um instrumento ao serviço de
Satanás. As expressões ‘homem da iniquidade’ e ‘filho da
perdição’ são semitismos (equivalentes a ‘iníquo’ e
‘perdido’) que sublinham a particular relação desses homens
com o pecado e com a perdição eterna. Este ‘homem da
iniquidade’ é um inimigo declarado de Deus que se opõe
sistematicamente contra tudo o que esteja ao serviço divino.
O Apóstolo faz notar que o seu atrevimento chega ‘até ao
ponto de se sentar no templo de Deus’, isto é, até
arrogar-se honras divinas. Com a sua atuação procurará
arrastar muitos para a apostasia antes do fim do mundo, de
modo semelhante aos falsos profetas, procurarão seduzir
muitos antes da destruição de Jerusalém (cfr Mt 24, 4-11.
23-24)”.
O Catecismo Romano diz que a
“aparição do
Anticristo é um dos sinais que precedem o juízo final”.
4.º
Os poderes do céu serão abalados.
Durante estas lutas, diz Nosso Senhor:
“... o sol
escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas
cairão do céu e os poderes do céu serão abalados”
(Mt 24, 29), e:
“O Dia do
Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com
estrondo, os elementos, devorados pelas chamas se
dissolverão, e a terra juntamente com as suas obras será
consumida”
(2 Pd 3, 10).
III. Quando será
o Juízo Final?
O Catecismo da Igreja Católica ensina:
“O Juízo Final
acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai
conhece a hora e o dia desse juízo, só Ele decide de seu
advento”.
Em Mt 24, 36 diz:
“Daquele dia e da
hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas
só o Pai”.
Edições Theologica comenta:
“Toda a revelação
sobre o fim dos tempos fica envolvida no mistério; Jesus,
que sendo Deus conhecia perfeitamente o plano da salvação,
nega-se a revelar a data do dia do Juízo Final. Por quê?
Para manter os Apóstolos e os discípulos vigilantes, e para
reafirmar a transcendência deste desígnio misterioso”.
Em Mt 24, 42 diz:
“Vigiai, portanto,
porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor”,
e: “Por isso, também vós, ficai preparados, porque o Filho do Homem virá
numa hora que não pensais”
(Mt 24, 44).
IV. Aonde será o
Juízo Final?
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“Assim que os
mortos ressuscitem, farão os anjos que se reúnam todos no
vale de Josafá para serem julgados”.
Em Jl 4, 2 diz:
“Reunirei todas as nações, e as farei descer ao vale de
Josafá...”,
e no versículo 12 diz:
“Que partam e
subam, as nações, ao vale de Josafá! Sim, ali eu me sentarei
para julgar todas as nações dos arredores”.
V. Se cada um,
logo depois da morte, há de ser julgado por Jesus Cristo no
Juízo Particular; por que havemos de ser julgados todos no
Juízo Universal?
São Pio X ensina:
“Havemos de ser
julgados todos no Juízo Universal por várias razões: 1.ª
Para glória de Deus. 2.ª Para glória de Jesus Cristo. 3.ª
Para glória dos santos. 4.ª Para confusão dos maus. 5.ª
Finalmente, para que o corpo, depois da ressurreição
universal, tenha juntamente com a alma a sua sentença de
prêmio ou de castigo. No Juízo Universal há de manifestar-se
a glória de Deus porque todos hão de reconhecer a justiça
com que Deus governa o mundo, embora se vejam às vezes os
bons sofrendo e os maus em prosperidade. No Juízo Universal
há de manifestar-se a glória de Jesus Cristo porque, tendo
Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá
então à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos. No
Juízo Universal há de manifestar-se a glória dos Santos,
porque muitos deles que morreram desprezados pelos maus, hão
de ser glorificados na presença de todos os homens. No Juízo
Universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente a
daqueles que oprimiram os justos, e a daqueles que, durante
a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens
virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todo o
mundo, todos os pecados que cometeram, ainda os mais
ocultos”.
VI. Quem será o
juiz?
O juiz será Nosso Senhor Jesus Cristo:
“Quando o Filho do
Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se
assentará no trono da sua glória”
(Mt 25,
31).
São Pio X escreve:
“... tendo Ele sido
injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face
do mundo inteiro como Juiz Supremo de todos”.
O Catecismo da Igreja Católica ensina:
“Então Cristo ‘virá
em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão
reunidas em sua presença todas as nações...”
O Catecismo Romano ensina:
“Ensinam as
Sagradas Escrituras, que a Cristo Nosso Senhor foi entregue
o julgamento, não só enquanto Deus, mas também enquanto
Homem. Ainda que o poder de julgar é comum a todas as
Pessoas da Santíssima Trindade, contudo, o atribuímos ao
Filho de modo particular, por dizermos que Lhe compete
também a sabedoria. Uma declaração do Senhor confirma que
Ele, enquanto Homem, há de julgar o mundo: ‘Assim como o Pai
tem a vida em si mesmo, assim concedeu também ao Filho ter a
vida em si mesmo; e conferiu-Lhe o poder de julgar, porque é
o Filho do Homem’ (Jo 5, 26-27)’. Fica muito bem que tal
juízo seja efetuado por Cristo Nosso Senhor. Já que os
julgados são homens, ser-lhes-á possível ver o juiz com os
olhos corporais, e com os próprios ouvidos escutar a
sentença que for lavrada, e pelos sentidos chegar ao
perfeito conhecimento da ação judicial. De mais a mais, era
de suma justiça que aquele Homem, que fora condenado por
sentença de homens malvadíssimos, tomasse assento à vista de
todos para julgar todos os homens”.
Em Jo 5, 22 diz:
“Porque o Pai a
ninguém julga, mas confiou ao Filho todo julgamento”.
VII. Os santos
julgarão o mundo?
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“Os Santos
Apóstolos serão assessores deste julgamento e todos aqueles
que os imitaram. E com Jesus Cristo julgarão os povos”.
Edições Theologica comenta:
“Os cristãos, pelo
seu batismo, são santos, justos, isto é, participam da vida
e virtudes de Cristo e estão chamados a pô-las em prática.
Mais ainda, os cristãos, como os Apóstolos (cfr Mt 19, 28;
Lc 22, 30), julgarão os homens e os Anjos no último dia... o
único Juiz de vivos e defuntos, de Anjos e homens é Jesus
Cristo. Os cristãos estão tão intimamente associados a Ele,
que São Paulo não vê inconveniente em atribuir a todos os
membros as ações da Cabeça. Portanto, não pretende descer a
pormenores puramente imaginativos acerca de como será o
Juízo Final, se os Anjos estarão submetidos ao juízo dos
homens ou se se submeterão pelo menos os anjos caídos. O
Apóstolo possivelmente quer pôr em destaque somente a união
íntima do cristão com Cristo, que há de refletir-se também
no comportamento justo de uns com os outros”.
VIII. Como será o
Juízo Final?
1. Os justos e injustos ressuscitarão.
A ressurreição de todos os mortos, dos justos e injustos,
antecederá o Juízo Final:
“E tenho em Deus a
esperança, que também eles acalentam, de que há de acontecer
a ressurreição, tanto de justos como de injustos”
(At 24,
15).
Em Dn 12, 2 diz:
“E muitos dos que
dormem no solo poeirento acordarão, uns para a vida eterna e
outros para o opróbrio, para o horror eterno”.
Em Jo 5, 28-29 diz:
“Não vos admireis
com isto: vem a hora em que todos os que repousam nos
sepulcros ouvirão a sua voz e sairão; os que tiverem feito o
bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado
o mal, para uma ressurreição de julgamento”.
2. É preciso que morram os
últimos homens.
Antes, é preciso que morram os últimos homens.
O Catecismo Romano ensina:
“Não lhe
contradizem as palavras do Apóstolo aos Tessalonicenses:
‘Ressuscitarão primeiro os que morreram em Cristo. Depois,
nós os que vivemos, os que ficamos, seremos com eles
arrebatados, por sobre as nuvens, para irmos ao encontro de
Cristo através dos ares’ (1 Ts 4, 16-17). No comentário
desta passagem, diz Santo Ambrósio: ‘Nesse arrebatamento
sobrevirá a morte. À semelhança de um sono, a alma se
desprenderá, para voltar no mesmo instante. Ao serem
arrebatados, morrerão. Chegarão, porém, diante do Senhor,
novamente receberão suas almas, em virtude da presença do
Senhor; portanto, não pode haver mortos na companhia do
Senhor”.
Esta interpretação tem por si também a autoridade de Santo
Agostinho, na obra “A cidade de Deus”.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“A vinda do divino
Juiz será precedida de maravilhoso fogo do céu (Sl 96, 3),
que abrasará a terra e tudo quanto nela exista (2 Pd 3, 10).
Palácios, templos, cidades, povos e reinos, tudo se reduzirá
a um montão de cinzas. É mister purificar pelo fogo esta
grande casa, contaminada de pecados. Tal é o fim que terão
todas as riquezas, pompas e delícias da terra. Mortos os
homens, soará a trombeta e todos ressuscitarão (1 Cor 15,
52)”.
Em 1 Cor 15, 51-55 diz:
“Olhai, vou
dizer-vos um mistério: nem todos havemos de morrer, mas
todos seremos transformados: num momento, num abrir e fechar
de olhos, ao som da trombeta final. Efetivamente, ela há de
soar: os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. É, de fato, necessário que este ser
corruptível se revista de incorruptibilidade e que este ser
mortal se revista de imortalidade. E quando este ser
corruptível se revestir de incorruptibilidade e este ser
mortal se revestir de imortalidade, então é que há de
realizar-se a palavra que está escrita: a morte foi tragada
pela vitória. Onde está, ó Morte, a tua vitória? Onde está,
ó Morte, o teu aguilhão?”
Edições Theologica comenta o trecho acima:
“A afirmação de São
Paulo de que alguns – os justos que vivam no momento da
Parusia do Senhor – não morrerão, pode parecer difícil de
compaginar com a universalidade da morte, como consequência
do pecado original (cfr Rm 5, 12 ss). O Catecismo Romano diz
que todos os homens morrerão, e explica as palavras do
Apóstolo em 1 Ts 4, 15-17 dizendo que ‘ao serem arrebatados
morrerão’ (I, 12, 6). Alguns teólogos dizem que não se opõe
a essa universalidade o fato de Deus querer fazer exceções,
como seria o caso dos justos da última geração, tal como não
se opõe a essa universalidade do pecado original o fato de
Deus ter excetuado a Virgem Santíssima. De qualquer modo,
convém ter em conta que estamos dentro do mistério que
envolve as disposições divinas acerca dos últimos tempos, e
que o magistério da Igreja não se pronunciou sobre este
assunto, que pode ser estudado livremente”.
3. O corpo ressuscitado será o mesmo que se teve na terra.
A repetição, por quatro vezes, das palavras “este corpo se
revestirá” (1 Cor 15, 53-54), deixa claro que o
corpo ressuscitado será o mesmo que se teve na terra:
“É necessário
que ressuscite o homem com o mesmo corpo por meio do qual
serviu a Deus ou ao demônio, para que, juntamente com o
mesmo corpo, receba as coroas e os prêmios do triunfo, ou
sofra, infelizmente, as penas e os castigos”
(Catecismo Romano).
Alguém poderia perguntar: Mas se o nosso corpo se dissolve, se
transforma em pó, como será possível, no fim do mundo,
reunir novamente todas as parcelas que constituíram o meu
corpo? Newton, o grande cientista, respondeu, certa ocasião,
a esta mesma pergunta da seguinte forma. Tomou um punhado de
limalha (pó) de ferro e misturou-a com areia.
Perguntou, depois, à pessoa que lhe fizera a pergunta: você
pode, agora, separar o ferro dessa massa? O outro lhe
respondeu que não seria possível conseguir essa separação.
Então Newton tomou um ímã e o aproximou da massa e todas as
partículas de ferro se prenderam a ele. E Newton disse
calmamente: “Quem deu tal força ao ímã, um pedaço de
ferro sem vida, não poderá dar novamente seu corpo à nossa
alma imortal?”
E o ímpio Voltaire, interrogado por uma mulher a respeito da
ressurreição respondeu: “Minha senhora, a ressurreição é
a coisa mais simples deste mundo: não poderá Aquele que
criou o homem uma vez, criá-lo também uma segunda vez?”
Ninguém se admire, portanto, que a Igreja ensine a ressurreição dos
corpos no Juízo Final. Naquele dia tremendo, todos os que
morreram hão de ressuscitar, voltarão a viver com a sua
alma. É isto que Nosso Senhor ensinou.
Ele não ensinou aquilo que os espíritas dizem, isto é, que quando
morre uma pessoa o seu espírito pode vagar pelos espaços ou
então ir encarnar-se novamente em outra pessoa. Imaginem
então o que aconteceria com o espírito ou a alma que se
encarnou várias vezes... digamos em João, Antônio e Pedro.
Qual desses três corpos ressuscitaria para se unir àquela
alma?
4. Nem todos ressuscitarão no
mesmo estado.
Nem todos os homens ressuscitarão no mesmo estado, pois, enquanto
os corpos dos condenados aparecerão cheios de ignomínia, os
dos justos, à semelhança de Cristo ressuscitado, terão os
dotes dos corpos gloriosos:
“Cristo
transformará o nosso corpo miserável tornando-o conforme ao
seu corpo glorioso”
(Fl 3, 21).
São QUATRO os DOTES dos corpos
gloriosos:
a.
A
impassibilidade, que consiste em que o corpo não
estará sujeito ao sofrimento nem à morte.
b.
A
agilidade, que consiste em que poderá deslocar-se
num momento a lugares muito distantes.
c.
A
claridade, que consiste em que estará revestido de
incomparável glória e formosura.
d.
A
sutileza, que consiste em que poderá penetrar outros
corpos, como Cristo penetrou no Cenáculo depois da
Ressurreição.
Os corpos dos condenados possuirão QUATRO QUALIDADES
más.
Santo Tomás de Aquino escreve:
“Serão obscuros,
conforme se lê: ‘Os seus rostos serão como fisionomias
inflamadas’ (Is 13, 8). Serão passíveis, mas jamais
corrompidos, pois arderão para sempre no fogo e nunca serão
consumidos. Lê-se: ‘Os vermes nunca morrerão nos seus
corpos, e o fogo neles nunca se extinguirá’ (Is 66, 24).
Serão pesados, porque as almas estarão como que
acorrentadas. Lê-se: ‘Para prender os seus reis com
grilhões’ (Sl 149, 8). Finalmente, os corpos e as almas
serão, de certo modo, carnais. Lê-se: ‘Os animais
apodrecerão nos seus excrementos’ (Jl 1, 17)”.
Santo Afonso Maria de Ligório comenta:
“Que diferença
haverá então entre os corpos dos justos e os dos condenados?
Os justos aparecerão formosos, cândidos, mais
resplandecentes que o sol (Mt 13, 43)... Pelo contrário,
os corpos dos condenados serão disformes, negros e
hediondos”.
Santa Catarina de Sena escreve:
“Para os
bem-aventurados será um corpo de glória; para os réus, um
corpo para sempre obscurecido”.
5. A alma e o
corpo serão repreendidos.
No instante da morte, somente a alma é repreendida; no juízo final
também o corpo será repreendido, por ter sido instrumento da
alma na prática do bem ou do mal conforme a orientação da
vontade. Todo o bem e todo o mal é feito através do corpo
(cfr O Diálogo 14 . 5).
6. Aumentarão os sofrimentos dos condenados.
Os condenados aguardam com temor o dia do juízo final. Sabem que
então seus sofrimentos aumentarão... os justos terão no
corpo glorificado uma luz e um amor infinitos; já os réus do
inferno sofrerão pena eterna em seus corpos, usados para o
pecado. Ao recuperar o corpo diante de Jesus ressuscitado,
os réus sentirão tormento renovado e acrescido: a
sensualidade sofrerá na sua impureza vendo a natureza humana
unida à divindade, contemplando esse barro adâmico – vossa
natureza – colocada acima de todos os coros angélicos,
enquanto eles, os maus, estarão no mais profundo abismo (cfr
O Diálogo 14 . 5).
7. Os corpos não terão necessidade de alimento nem usarão do sexo.
Os corpos serão incorruptíveis e imortais, não terão necessidade de
alimento nem usarão do sexo:
“Na ressurreição
nem os homens terão mulheres, nem as mulheres terão maridos;
mas serão como Anjos de Deus no céu”
(Mt 22, 30).
8. Os bons e os maus ressurgirão com perfeição corpórea.
Os bons e os maus ressurgirão com toda integridade da perfeição
corpórea do homem: não haverá cego, nem coxo, nem ninguém
com outro qualquer defeito. Escreve o Apóstolo que
“os mortos
ressurgirão incorruptíveis”
(1 Cor 15, 52),
para significar que eles não sofrerão mais as corrupções
atuais (cfr Exposição sobre o Credo).
9. Todos ressurgirão na idade de trinta e dois anos.
Todos ressurgirão na idade perfeita, nos trinta e dois anos. A
razão disto é que, os que ainda não atingiram esta idade,
não chegaram à idade perfeita, e, os velhos, já a
ultrapassaram. Eis porque aos jovens e às crianças serão
acrescido o que falta, e, aos velhos, restituído:
“Até que cheguemos
todos... ao homem perfeito, na medida da plenitude da idade
de Cristo”
(Ef 4, 13) (cfr Exposição sobre o Credo).
Em Lc 3, 23 diz:
“Ao iniciar o
ministério, Jesus tinha mais ou menos trinta anos...”
10. Jesus Cristo há de separar os homens uns dos outros.
Serão reunidas na presença de Cristo todas as nações, e Ele há de
separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos, e porá as ovelhas à sua direita e os
cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo
eterno, e os justos irão para a Vida Eterna (Mt 25, 31-33.
46) (cfr Catecismo da Igreja Católica).
11. Será desvendada a verdade sobre cada homem.
É diante de Cristo – que é a verdade – que será definitivamente
desvendada a verdade sobre a relação de cada homem com Deus:
“Quem me
rejeita e não acolhe minhas palavras tem seu juiz: a palavra
que proferi é que o julgará no último dia”
(Jo 12, 48). O
Juízo Final há de revelar até as últimas consequências o que
um tiver feito de bem ou deixado de fazer durante sua vida
terrestre: Todo o mal que os maus praticam é registrado sem
que o saibam. No dia em que
“Deus não se
calará”
(Sl 50, 3) (cfr Catecismo da Igreja Católica).
O Catecismo Romano ensina:
“A segunda ocasião,
porém, há de ser quando todos os homens comparecerem juntos,
no mesmo dia e lugar, perante o tribunal do juiz, para que,
na presença de todos os homens de todos os séculos, cada um
venha, a saber, a sentença, que a seu respeito foi lavrada.
Para os ímpios e malvados, esta declaração de sentença
constituirá a não menor parte de suas penas e castigos; ao
passo que os virtuosos e justos nela terão boa parte de sua
alegria e galardão. Naquele instante, será, pois, revelado o
que foi cada indivíduo durante sua vida natal. Este Juízo se
chama universal”.
São Pio X escreve:
“No juízo
universal, a confusão dos maus será enorme, especialmente a
daqueles que oprimiram os justos, e a daqueles que, durante
a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens
virtuosos e bons, pois verão manifestamente, à vista de todo
o mundo, todos os pecados que cometeram, ainda os mais
ocultos”.
O fim do mundo será o fim da mentira, da injustiça, do engano e da
falsidade.
12. Abrir-se-á os autos dos processos.
Começará o julgamento abrindo-se os autos do processo, isto é, as
consciências de todos:
“Um rio de fogo
corria, irrompendo diante dele. Mil milhares o serviam, e
miríades o assistiam. O tribunal tomou assento e os livros
foram abertos”
(Dn 7, 10).
Os primeiros testemunhos contra os réprobos serão do demônio
que dirá – segundo Santo Agostinho:
“Justíssimo juiz,
sentencia que são meus aqueles que não quiseram ser teus”. A própria consciência dos homens os acusará depois:
“Eles mostram a
obra da lei gravada em seus corações, dando disto testemunho
sua consciência e seus pensamentos que alternadamente se
acusam ou defendem... no dia em que Deus – segundo o meu
evangelho – julgará, por Cristo Jesus, as ações ocultas dos
homens”
(Rm 2, 15-16).
A seguir, darão testemunho, clamando vingança, os lugares em
que os pecadores ofenderam a Deus:
“Sim, da parede a
pedra gritará, e do madeiramento as vigas responderão”
(Hab 2, 11).
Virá, enfim, o testemunho do próprio Juiz que esteve
presente a quantas ofensas lhe fizeram:
“Porque eles tinham
cometido uma infâmia em Israel, adulteraram com as mulheres
de seus próximos e falaram mentiras em meu nome sem que eu
tivesse dado ordem. Mas eu sei e sou testemunha, oráculo do
Senhor”
(Jr 29, 23).
Disse São Paulo que naquele momento o Senhor porá às claras
o que se acha escondido nas trevas:
“Por conseguinte,
não julgueis prematuramente, antes que venha o Senhor. Ele
porá às claras o que está oculto nas trevas e manifestará os
desígnios dos corações. Então, cada um receberá de Deus o
louvor que lhe for devido”
(1 Cor 4, 5). Desdobrará, então, ante os olhos de todos os homens as
culpas dos réprobos, até as mais secretas e vergonhosas que
em vida eles ocultaram aos próprios confessores:
“Levantarei tua
roupa até à face, mostrarei às nações a tua nudez e aos reis
a tua ignomínia”
(Na 3, 5). Os
pecados dos eleitos, no sentir do mestre das Sentenças e de
outros teólogos, não serão manifestados, mas ficarão
encobertos, segundo estas palavras de Davi:
“Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades foram perdoadas, e cujos
pecados são apagados”
(Sl 31, 1). Pelo contrário – disse São Basílio Magno – as culpas dos
réprobos serão vistas por todos, ao primeiro realçar dos
olhos, como se estivessem representadas num quadro. Exclama
Santo Tomás de Aquino:
“Se no Getsêmani,
ao dizer Jesus: Sou eu, caíram por terra todos os soldados
que vinham para o prender, que sucederá quando, sentado no
seu trono de Juiz, dizer aos condenados: ‘Aqui estou, sou
aquele a quem tanto haveis desprezado!”
Chegada a hora da sentença, Jesus Cristo dirá aos eleitos estas
palavras cheias de doçura:
“Vinde, benditos de
meu Pai, e possuí o reino que vos está preparado desde o
princípio do mundo”
(Mt 25, 34). Que
consolação não sentirão aqueles que ouvirem estas palavras
do Soberano Juiz: “Vinde, filhos benditos, vinde a meu
reino. Já não há mais a sofrer nem a temer. Comigo estais e
permanecereis eternamente. Abençôo as lágrimas que sobre os
vossos pecados derramastes. Entrai na glória, onde juntos
permaneceremos por toda a eternidade”. A Virgem
Santíssima abençoará também os seus devotos e os convidará a
entrar com ela no céu. E assim, os justos, entoando gozosos
Aleluias, entrarão na glória celestial para possuírem,
louvarem e amarem eternamente a Deus.
Os réprobos, ao contrário, dirão a Jesus Cristo: “E nós,
desgraçados, que será feito de nós?” E o Juiz Eterno
dir-lhes-á: Já que desprezastes e recusastes minha graça,
“apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”
(Mt 25, 41).
Apartai-vos de mim, nunca mais vos quero ver nem ouvir. Ide,
ide, malditos, que desprezastes minha bênção... Mas para
onde, Senhor, irão estes desgraçados? Ao fogo do inferno,
para arder ali em corpo e alma... E por quantos séculos? Por
toda a eternidade, enquanto Deus for Deus.
Depois desta sentença – diz Santo Efrém – os réprobos
despedir-se-ão dos anjos, dos santos e da Santíssima Virgem,
Mãe de Deus:
“Adeus, justos;
adeus, cruz; adeus, glória; adeus, pais e filhos; jamais nos
tornaremos a ver! Adeus, Mãe de Deus, Maria Santíssima”. Nesse instante, abrir-se-á na terra um imenso abismo e
nele cairão conjuntamente demônios e réprobos. Verão como
atrás deles se fechará aquela porta que nunca mais se há de
abrir... Nunca mais durante toda a eternidade! (cfr
Preparação para a morte, Consideração XXV, Ponto III).
SEGUNDA PALESTRA
A
GRUTA DE BELÉM
Em Lc 2, 4-7 diz:
“Também José subiu da cidade de
Nazaré, na Galiléia, para a Judéia, na cidade de Davi,
chamada Belém, por ser da casa e da família de Davi, para se
inscrever com Maria, sua mulher, que estava grávida.
Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, e
ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas
e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para
eles na sala”.
I. Belém.
Belém era a terra de Davi.
Belém (Beth-Lehem) significa casa do pão.
Encontra-se a uns cento e cinquenta quilômetros de Nazaré, e
a uns sete de Jerusalém. Ali estava a parentela de Davi.
Situada ao sul de Jerusalém, em tempos de Jesus não era mais
que uma aldeia avançada no deserto, fortificada com muros e
torres. Os filisteus tinham-na convertido em praça forte e o
rei Roboão, filho de Salomão, tinha aumentado
consideravelmente as suas defesas:
“Roboão ficou
morando em Jerusalém e construiu cidades fortificadas em
Judá. Restaurou Belém, Etam e Técua...”
(2 Cr 11,
5-6). A
sua importância, porém, era puramente estratégica. A modesta
população vivia uma vida sossegada, dedicada quase
exclusivamente ao pastoreio e ao cultivo das poucas terras
de labor que, em forma de terraços escalonados, a rodeavam e
que com muito trabalho, sobretudo, na época das chuvas,
conseguiam defender dos desabamentos constantes. Nestes
terraços cresciam romãzeiras, amendoeiras, macieiras,
algumas vides e, sobretudo, figueiras e oliveiras.
Contudo, Belém era chamada a frutífera, Éfrata, nome
patronímico da região. A sua situação, não longe do caminho
de montanha entre Hebron e Jerusalém, constituía um bom
albergue de fim de etapa para os viajantes.
Era realmente a menor das cidades de Israel:
“Mas tu, (Belém),
Éfrata, embora o menor dos clãs de Judá, de ti sairá para
mim aquele que será dominador em Israel. Suas origens são de
tempos antigos, de dias imemoráveis”
(Mq 5, 1). Apesar da sua insignificância, era ilustre na história do
povo escolhido. É mencionada pela primeira vez nos Livros
Sagrados com o motivo da morte de Raquel, mulher de Jacó,
que foi sepultada no caminho de Éfrata, que é Belém, como
diz Gênesis 35, 19:
“Raquel morreu e
foi enterrada no caminho de Éfrata – que é Belém”.
Mas a principal glória de Belém era a de ter sido a pátria
de Davi, o glorioso chefe de que haveria de descender o
Messias.
Maria Santíssima sabia que o seu Filho era também Filho de Davi.
Este apelativo converteu-se no mais popular dos títulos
messiânicos. Os doentes e as multidões repeti-lo-ão com
frequência no curso da vida pública de Jesus. E Ele
aceitá-lo-á; unicamente acrescentará que é também o Filho de
Alguém maior que Davi.
Belém foi a cidade natal de Jesus:
“Tendo Jesus
nascido em Belém da Judéia...”
(Mt 2, 1),
e:
“Também José subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, para a
Judéia, na cidade de Davi, chamada Belém, por ser da casa e
da família de Davi, para se inscrever com Maria, sua mulher,
que estava grávida. Enquanto lá estavam, completaram-se os
dias para o parto, e ela deu à luz o seu filho
primogênito...”
(Lc 2, 4-7).
II. Gruta.
Os evangelhos não falam de uma gruta, que constitui apenas um dado
da tradição local. Na região de Belém havia muitas grutas
escavadas na rocha, grutas que até hoje servem para proteger
tanto animais como pessoas. Algumas dessas grutas
encontram-se sob a atual igreja da natividade, mas não
possuímos nenhum fundamento sólido para identificar alguma
dessas grutas com a do nascimento de Jesus Cristo.
Não se coloca em dúvida a identificação da Belém bíblica com a
atual Belém, situada a cerca de 8 km ao sul de Jerusalém. A
cidade atual está construída sobre uma colina dupla, com uma
ponte de ligação, a uma altitude de cerca de 800 metros
acima do nível do mar. A cidade antiga se encontra sobre a
colina sul, onde se encontra a igreja da Natividade. Nunca
foi possível realizar explorações arqueológicas no local. A
igreja atual foi construída durante as Cruzadas, erguendo-se
no local da primeira igreja da Natividade, mandada construir
pela mãe de Constantino (+ 327), Santa Helena, e da igreja
que a substituiu, mandada construir por Justiniano.
III. Nascimento de Jesus Cristo.
Quando Jesus Cristo veio a esta terra, quem mandava em Roma era
César Augusto. Um dia o imperador quis saber quanta gente
havia no seu império. Por isso, deu ordem que todos os
habitantes fossem à terra, onde haviam nascido, para ali
darem seu nome.
São José e Maria Santíssima moravam em Nazaré, na Galiléia. José
havia nascido em Belém. Por isso teve que ir à sua terra
natal para cumprir a ordem de César. Junto com Nossa Senhora
ele se pôs a caminho... Era o mês de dezembro, e, naquela
região, fazia muito frio e tinham que caminhar a pé cento e
cinquenta quilômetros.
Finalmente, depois de muitas canseiras, chegam a Belém. Já é noite.
Estão cobertos de pó, com fome e cansados. José procura logo
alojamento para passar a noite. Vai de casa em casa,
perguntando: “Vocês não têm um lugar onde possamos passar
a noite?” A resposta é invariável: “Que vamos fazer?
Não há lugar para vocês!” E as portas se fecham,
deixando a Virgem Maria e José do lado de fora:
“... não havia um
lugar para eles na sala”
(Lc 2, 7).
Que fazer? A noite já desceu. E Nossa Senhora não poderá passá-la
ao relento, pois a noite será muito fria. São José lembra-se
então que fora da cidade há uma gruta que serve de abrigo ao
gado, portanto, uma estrebaria.
E foi nessa gruta que o Salvador dos homens nasceu.
1. Como nasce?
Como homem! Com lágrimas nos olhos, com dores no corpo, com frio em
todos os membros, com falta de tudo! Nasce como servo e não
como rei, nasce na humilhação, nasce com toda a sua divina
grandeza encoberta:
“Já prega com
exemplo o que mais tarde havia de pregar à viva voz”
(São Bernardo
de Claraval),
e: “Um
Deus que quer começar a sua infância num estábulo confunde o
nosso orgulho”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
2. Nasce Infante o Criador do universo,
envolvido em faixas a Riqueza do Céu, reclinado num presépio
o que tem seu trono sobre os Serafins!
“Nasce uma
criancinha que é o grande Rei. Os magos chegam de longe; vêm
adorar, ainda deitado no presépio, aquele que reina no céu e
na terra”
(São
Quodvultdeus).
3. Como nasce?
Abandonado! É Deus e poucos O adoram! É Rei e alguns vão
homenageá-Lo! É o Salvador do mundo, e quem busca n’Ele a
salvação?
“Mas, como então é
possível que eu, em vez de abraçar os desprezos, como Vós os
abraçastes, me tenha mostrado tão orgulhoso e tenha ainda
chegado a ofender-Vos, ó Majestade infinita?”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
4. Nasce pobre porque deseja que nós O recebamos em nossa casa, que O vistamos,
que O abriguemos do frio e que lhe preparemos um berço:
“Os
filhos dos príncipes nascem em quartos adornados de ouro;
preparam-lhes berços incrustados com pedras preciosas e
mantilhas preciosas; e fazem-lhes cortejo os primeiros
senhores do reino. E ao Rei do céu prepara-se uma gruta fria
e sem luz para nela nascer, uns pobres paninhos para
cobri-Lo, um pouco de palha para o leito e uma vil
manjedoura para O colocar”
(Santo Afonso Maria de Ligório),
e: “Meu
Deus, onde está a corte, onde está o trono real deste Rei do
céu? Só vejo dois animais e uma manjedoura na qual deve ser
posto”
(São
Bernardo de Claraval).
5. Onde nasce? Numa gruta úmida e fria, num alpendre desabrigado, onde falta o
conforto do lar doméstico, um berço limpo, o asseio... tudo!
“Ó gruta
ditosa que tiveste a ventura (sorte) de ver o Verbo
divino nascido dentro de ti! Ó presépio ditoso que tiveste
a honra de receber em ti o Senhor do céu! Ó palha ditosa que
serviste de leito àquele cujo trono é sustentado pelos
Serafins! Sim, fostes ditosos, ó gruta, ó presépio, ó palha;
mais ditosos, porém, são os corações que fervorosamente amam
esse amabilíssimo Senhor, e que abrasados em amor o recebem
na Santa Comunhão. Com que alegria e satisfação vai Jesus
Cristo pousar no coração que O ama!”
(Santo Afonso Maria de Ligório).
6. Quando nasce? Nasce nas horas mortas da meia-noite, quando todos dormem, quando
ninguém O esperava, quando os homens, cansados uns do
trabalho, outros dos divertimentos, se entregavam ao sono.
Não esperou que fosse dia para nascer, a fim de não ser visto e
conhecido. Nasceu de noite para que, despertando a
humanidade com o raiar da aurora, encontrasse já nascido o
Sol de Israel, que lhe vinha trazer a salvação.
7. Nasceu nas trevas, porque vinha ser a luz do mundo, o Sol esplendoroso que vinha
dissipar as sombras que pesavam sobre os homens desde que o
paraíso se fechou.
8. Nasceu de noite, para mostrar que era bem escura a noite em que vivia todo o
gênero humano, e que essa noite ia ter o seu fim com o
amanhecer do solene dia da redenção.
9. Nasceu de noite; mas ainda assim quis ter quem O adorasse. Foi aos pastores que
vigiavam os seus rebanhos que os Anjos anunciaram a vinda do
Salvador. Não foram à corte de Herodes, nem aos grandes da
Judéia, nem aos Césares de Roma, porque, ainda que para
todos nascia, eram os pobres e os humildes os que mais
agradavam a seus olhos.
10. Por que nasce? Porque nos ama! Nasce por nós, porque deseja a nossa felicidade,
porque nos quer em seu reino fazer participantes da sua
mesma glória.
11. Nasce por nós
a fim de que nós renasçamos para Ele, morrendo para o mundo, para o
nosso amor próprio e para as nossas faltas.
12. Nasce pobre, para que nós, com seu exemplo, nos animemos a deixar as riquezas
e comodidades da vida.
13. Nasce no mais completo abandono,
para que nós tenhamos por melhor que o nosso nome seja
desconhecido, do que estar na boca de todos e para que,
vendo-nos desprezados dos homens, nos consolemos com seu
exemplo.
14. Nasce na humilhação,
para que aprendamos a calcar aos pés o orgulho.
BIBLIOGRAFIA
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Catecismo da
Igreja Católica, 1038; 1039; 1040
-
Catecismo
Romano, Parte I, VIII, 3; Parte I, VIII, 5 e 6; Parte I,
VIII, 7; Parte I, XII, 6; Parte I, XII, 8
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Leituras da
Doutrina Cristã
-
Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz
-
Pe. Francisco
Fernández Carvajal, A Vida de Jesus
-
Pe. John L.
Mckenzie, Dicionário Bíblico
-
Sagrada
Escritura
-
Santa Catarina
de Sena, O Diálogo 14 . 5
-
Santo Afonso
Maria de Ligório, Preparação para a morte, Consideração
XXV, Ponto I; Ponto II; Meditações
-
Santo Tomás de
Aquino, Exposição sobre o Credo
-
São Bernardo
de Claraval, Escritos
-
São Pio X,
Catecismo Maior, 125-129
-
São
Quodvultdeus, Sermões
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