Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Carta 81

 

Anápolis, 31 de outubro de 2013

 

À senhora Deuselita Oliveira dos Santos

Anápolis – GO

 

Estimada, seja devota dos Santos Anjos.

Um anjo fala com outro anjo.

Na primeira Carta aos Coríntios diz: “Mesmo que eu fale em línguas, a dos homens e a dos anjos...”.

Os anjos possuem uma linguagem. Mas, como diz São Gregório: “Convém que nossa mente, ultrapassando a qualidade da linguagem corporal, seja elevada aos modos sublimes e desconhecidos da linguagem interior”. Assim, para conhecer de que maneira um anjo fala a outro, é preciso considerar que quando se tratou dos atos e das potências da alma, a vontade move o intelecto à sua operação. Ora, o inteligível encontra-se no intelecto de três maneiras: primeiro, de modo habitual ou, como diz Santo Agostinho, na memória. Segundo, o inteligível é considerado ou concebido em ato. Terceiro, enquanto é referido a outra coisa. É claro que a passagem do primeiro ao segundo modo acontece por uma ordem da vontade. Por isso na definição de habitus se diz aquilo de que alguém se serve quando quer. De forma parecida, a passagem do segundo ao terceiro modo se dá por meio da vontade, pois é por ela que o pensamento é referido a outra coisa, quer se trate de realizar algo, quer se trate de manifestar a outrem. – Ou  quando a mente se volta a considerar atualmente o que possui sob a forma de hábito, diz-se que fala consigo mesma, pois o pensamento se denomina verbo interior. Se o anjo, por meio da vontade, ordena seu conceito mental a fim de manifestá-lo a outro anjo, o conceito mental de um anjo se manifesta a outro: desse modo um anjo fala a outro.  De fato, falar a alguém nada mais é que lhe manifestar seu pensamento.

O conceito interior da mente encontra-se contido dentro de nós como que por duas barreiras. Primeiro pela vontade, que pode reter o pensamento dentro de nós ou ainda dirigi-lo ao exterior. Quanto a isso, ninguém pode ver a mente do outro, a não ser Deus, segundo o dito do Apóstolo: “Quem dentre os homens conhece o que há no homem, senão o espírito do homem que está nele?” – Segundo, a mente de um homem está oculta a outro homem por causa da opacidade do corpo. Por isso, quando a vontade dirige o conceito mental para manifestá-lo a outrem, não é imediatamente que é conhecido pelo outro, pois é necessário que esta manifestação use um sinal sensível. Nesse sentido diz São Gregório: “Nós nos mantemos, em relação aos outros, no segredo de nosso pensamento, como que atrás da parede do corpo. Quando desejamos nos manifestar, saímos pela porta da linguagem para nos mostrar tais quais somos no íntimo”. Ora, para o anjo não existe esse obstáculo. Assim, tão logo quer manifestar seu pensamento, o outro o capta imediatamente.

A linguagem exterior que se faz por meio da voz nos é necessária por causa do obstáculo do corpo. Por isso não convém aos anjos, mas apenas a linguagem interior. A essa linguagem cabe não somente falar consigo mesmo interiormente formando conceitos, mas também dirigi-los, por meio da vontade, à comunicação com outros. É, pois, por uma metáfora que a língua dos anjos se diz a potência do anjo pela qual manifesta seu pensamento.

Quanto aos anjos bons que sempre se vêem no Verbo, não seria necessário afirmar algo incitador, porque, assim como um sempre vê o outro, também sempre vê no outro o que diz respeito a si mesmo. Mas, porque também no estado de natureza criada podiam falar entre si, como acontece ainda agora com os anjos maus, deve-se dizer que, assim como os sentidos são movidos pelo que é sensível, também o intelecto é movido pelo que é inteligível. Se, pois, os sentidos são excitados pelos sinais sensíveis, a atenção mental do anjo pode igualmente ser excitada por alguma virtude inteligível (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Volume II).

Foi exemplar a sua participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de outubro. Seja diligente convidando muitas pessoas para o Retiro de dezembro.

Eu te abençôo e te guardo no Coração de Maria Virgem.

Com gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.