Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Carta 86

 

Anápolis, 31 de outubro de 2013

 

Ao Luiz Gustavo Presaniuk

Anápolis – GO

 

Prezado, os anjos não são da mesma hierarquia.

Dionísio distingue três hierarquias de anjos.

A hierarquia é uma chefia sagrada. Ora, a palavra chefia abrange duas coisas: o chefe e o povo gover­nado por ele. Ora, como Deus é o chefe, não só de todos os anjos, mas também dos homens e de toda criatura, por isso, uma só hierarquia formam todos os anjos e toda criatura racional, que possa ser participante das coisas sagradas, conforme a expressão de Agostinho: há duas cidades, isto é, duas sociedades; uma a dos anjos bons e dos homens; outra, a dos maus. Se, po­rém, se considerar a chefia em relação ao povo sujeito a um mesmo chefe, então forma uma chefia o povo que pode estar, de um mesmo modo, sob o governo de um mesmo chefe; e, os povos, que não puderem ser governados do mesmo modo, pelo mesmo chefe, formam chefias diversas. Assim, sob um mesmo rei, estão as diversas cidades, regidas por leis e governadores diversos. Ora, é manifesto que os homens rece­bem as iluminações divinas de modo diverso dos anjos; pois, estes a recebem na sua pureza inteligível, ao passo que aqueles sob semelhanças sensíveis, como diz Dionísio. E, portanto, é for­çoso distinguir a hierarquia humana da angélica.

E do mesmo modo, distinguem-se três hie­rarquias de anjos. Pois, os anjos superiores têm conhecimento mais universal da verdade, que os inferiores. Ora, esta apreensão universal do conhecimento pode ser dividida por três graus, nos anjos, pois, as razões das causas, sobre as quais os anjos são iluminados, podem-­se considerar sob tríplice aspecto. — Primeiro, enquanto procedentes do primeiro princípio universal, que é Deus. E este modo convém à pri­meira hierarquia, que chega até Deus, e, como diz Dionísio, está colocada quase nos vestíbulos de Deus. — Segundo, enquanto tais razões de­pendem das causas universais criadas já, de certa maneira, multiplicadas. E este modo convém à segunda hierarquia. — Terceiro, enfim, en­quanto tais razões se aplicam a coisas singulares dependentes das causas próprias. E este modo convém à hierarquia inferior. Assim, pois, as hierarquias se dis­tinguem em relação à multidão governada.

Por onde, é manifesto que erram e vão con­tra a intenção de Dionísio, os que introduzem, nas divinas Pessoas, a hierarquia a que chamam superceleste. Pois, nas Pessoas divinas há uma ordem de natureza e não de hierarquia. Porque, como diz Dionísio, a ordem de hierarquia consiste em serem uns purificados, iluminados e aperfeiçoados e em purificar, iluminar e aperfeiçoar a outros. E longe de nós introduzir tais distinções nas Pessoas divinas.

A objeção é procedente, quanto à chefia, relati­vamente ao chefe, porquanto é ótimo que o po­vo seja governado por um só chefe, como explica o Filósofo nos passos citados.

Quanto ao conheci­mento de Deus mesmo, a quem todos os anjos vêem do mesmo modo, isto é, em essência, neles não se distinguem hierarquias; mas, quanto à razão das coisas criadas, como já se disse.

Todos os homens são da mesma espécie e, por isso, é-lhes cona­tural o mesmo modo de inteligir. Ora, como não se dá o mesmo com os anjos, não há semelhança de razão (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Volume II).

Foi edificante a sua participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de outubro. Seja zeloso convidando muitas pessoas para o Retiro de dezembro.

Eu te abençôo e te guardo no Coração de Maria Virgem.

Com gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.