Anápolis, 31 de outubro
de 2013
À Maria
Eduarda
Anápolis – GO
Caríssima,
os graus das ordens angélicas estão convenientemente
distribuídos.
Dionísio coloca
na primeira hierarquia, como mais elevados, os
Serafins; como médios, os Querubins, e os Tronos, como
últimos. Na hierarquia média, as Dominações, como
primeiros; as Virtudes, como médios; e as Potestades,
como últimos. Na última, por fim, os Principados, como
primeiros; os Arcanjos, como médios; e os Anjos, como
últimos.
Gregório e
Dionísio distribuem os graus das ordens angélicas
diferentemente, quanto aos Principados e às Virtudes, e,
no mais, do mesmo modo. Pois, Dionísio coloca as
Virtudes inferiores às Dominações e superiores às
Potestades; os Principados, porém, inferiores às
Potestades e superiores aos Arcanjos. Ao passo que
Gregório coloca os Principados no meio, entre as
Dominações e as Potestades; e as Virtudes, no meio,
entre as Potestades e os Arcanjos. E ambas essas
disposições podem se apoiar na autoridade do Apóstolo
(Ef 1, 20-21) que, enumerando as ordens médias de
maneira ascendente, diz, que Deus o constituiu, isto é,
Cristo, à sua mão direita no céu, acima de todo o
Principado, e Potestade, e Virtude, e Dominação;
onde põe a Virtude entre a Potestade e a Dominação,
conforme a distribuição de Dionísio. Mas, noutro passo,
enumerando as mesmas ordens, de maneira descendente,
diz (Cl 1, 16): quer sejam os Tronos, quer as
Dominações, quer os Principados, quer as Potestades,
tudo foi criado por ele e para ele; onde coloca os
Principados como médios entre as Dominações e as
Potestades, conforme a distribuição de Gregório.
Primeiro, pois,
vejamos a razão da distribuição de Dionísio. Nela se
deve considerar que a primeira hierarquia vê as razões
das coisas, no próprio Deus; a segunda, nas causas
universais; a terceira, porém, quanto à determinação
para efeitos especiais. E como Deus é o fim, não só dos
ministérios angélicos, mas também de todas as criaturas,
à primeira hierarquia pertence à consideração do fim; à
média, a disposição universal do que se deve fazer; à
última, a aplicação da disposição ao efeito, que é a
execução da obra. Ora, estas três coisas encontram-se,
manifestamente, em qualquer operação. E, por isso,
Dionísio, deduzindo dos nomes das ordens as
propriedades delas, colocou, na primeira hierarquia, as
ordens, cujos nomes são impostos, relativos a Deus, e
são os Serafins, os Querubins e os Tronos. Colocou na
hierarquia média as ordens, cujos nomes designam um
governo ou disposição comuns, e que são as Dominações,
as Virtudes e as Potestades. Colocou, por fim, na
terceira hierarquia, as ordens cujos nomes designam a
execução da obra e que são os Principados, os Anjos e os
Arcanjos.
Em relação ao
fim, porém, três coisas se podem considerar. Pois,
primeiro, considera-se o fim; depois, adquire-se o
conhecimento perfeito dele; terceiro, fixa-se nele a
intenção. Ora, destas três coisas, a segunda se adiciona
a primeira e a terceira, a ambas as outras. E como Deus
é o fim das criaturas, assim como o chefe é o fim do
exército, conforme diz Aristóteles, pode-se descobrir,
nas coisas humanas, um símile das ordens em questão.
Assim, há certos que têm tal dignidade, que podem por si
mesmos achegar-se familiarmente ao rei ou ao chefe;
outros, além disso, podem ainda conhecer-lhe os
segredos; outros por fim e ainda mais, sempre o
acompanham, estando-lhe como conjuntos. E de acordo com
esta semelhança, podemos compreender a disposição das
ordens da primeira hierarquia. Pois, os Tronos estão
elevados de modo que recebem a Deus, familiarmente, em
si mesmos, porque podem conhecer nele imediatamente as
razões das coisas; e isso é próprio de toda a primeira
hierarquia. Ao passo que os Querubins conhecem
supereminentemente os segredos divinos. E os Serafins,
enfim, são excelentes pelo que é mais elevado que tudo,
a saber, estar unido ao próprio Deus. De modo que a
ordem dos Tronos é denominada pelo que é comum a toda a
hierarquia; assim como, pelo que é comum a todos os
espíritos celestes, é denominada a ordem dos Anjos.
Por outro lado,
na noção de governo três coisas se incluem. A primeira é
a definição daquilo que se deve fazer, e isso é próprio
às Dominações. A segunda é dar a faculdade de cumprir, e
isso pertence às Virtudes. A terceira é ordenar de que
modo o preceituado ou definido pode ser cumprido, para
que se executem, e isso pertence às Potestades.
Ora, a execução
dos ministérios angélicos consiste em anunciar as coisas
divinas. Mas, na execução de qualquer ato, uns começam a
ação e outros a dirigem; assim, no canto, os que entoam
e, na guerra, os que comandam e dirigem os outros. E
isto pertence aos Principados. Outros há, porém, que
simplesmente executam; e isso pertence aos Anjos.
Outros, por fim, têm uma situação média, e é o que se dá
com os Arcanjos.
Ora, esta
distribuição das ordens é congruente, porque sempre o
mais elevado da ordem inferior tem afinidade com o
último da superior; assim os animais inferiores distam
pouco das plantas. A primeira ordem, pois, é a das
divinas Pessoas e tem o seu termo no Espírito Santo,
que é o amor procedente; com esta tem afinidade a ordem
suprema da primeira hierarquia, que tira a denominação
do incêndio do amor. Depois, a ínfima ordem da primeira
hierarquia é a dos Tronos que, em virtude do próprio
nome, têm certa afinidade com as Dominações. Pois os
Tronos como diz Gregório, são aqueles pelos quais Deus
decreta os seus juízos; e recebem as iluminações divinas
para o fim de iluminarem imediatamente a segunda
hierarquia, à qual pertence à disposição dos divinos
ministérios. Em seguida, a ordem das Potestades tem
afinidade com a dos Principados; pois, devendo as
Potestades impor a ordem aos que lhes estão sujeitos,
essa ordenação está imediatamente designada em o nome
dos Principados, que são os primeiros na execução dos
ministérios divinos, por presidirem ao governo dos povos
e dos reinos, que é o primeiro e o principal dos
ministérios divinos, porque o bem do povo é mais
divino que o de um só homem. E por isso, diz a
Escritura: O príncipe do reino dos Persas resistiu-me.
Mas, também a
distribuição que Gregório faz das ordens é congruente.
Pois, como as Dominações definem e preceituam o que
entende com os ministérios divinos, pelas disposições
deles, em que se exercem os ministérios divinos,
dispõem-se às ordens que lhe estão sujeitas. Porque,
como diz Agostinho, os corpos são regidos numa certa
ordem: os inferiores, pelos superiores, e todos, pela
criatura espiritual; e o espírito mau, pelo bom. E a
primeira ordem, depois das Dominações, é a dos
Principados que governam também aos bons espíritos.
Depois, as Potestades, pelas quais são afastados os maus
espíritos, assim como pelas potestades terrenas são
afastados os malfeitores, segundo a Escritura. Depois
delas, as Virtudes, que têm poder sobre a natureza
corpórea na operação dos milagres. Em seguida, os
Arcanjos e os Anjos que anunciam aos homens grandes
acontecimentos superiores à razão, ou pequenos, que a
razão pode alcançar.
É mais
importante para os anjos estarem sujeitos a Deus do que
presidirem aos inferiores; e isto deriva daquilo. Por
onde, as ordens que recebem denominação da superioridade
não são as supremas, mas antes, as que recebem a
denominação do se voltarem para Deus.
A proximidade de
Deus designada pelo nome dos Tronos convém também aos
Querubins e aos Serafins, e de modo mais excelente.
O conhecimento
supõe o objeto conhecido em quem conhece; enquanto que o
amor supõe o amante unido à causa amada. Ora, o superior
está, em si mesmo, de modo mais nobre que no inferior;
ao passo que o inferior está de modo mais nobre no
superior que em si mesmo. Por onde, o conhecimento do
que é inferior tem preeminência sobre o amor; ao passo
que o amor do que é superior, e, sobretudo, de Deus, tem
preeminência sobre o conhecimento.
Se considerarmos
atentamente as distribuições das ordens, segundo
Dionísio e segundo Gregório, veremos que em pouco, ou
nada diferem, referidas à realidade. Assim, Gregório,
deduz o nome dos Principados do presidirem aos bons
espíritos; o que também convém às Virtudes, em cujo nome
se compreende a fortaleza que dá eficácia aos espíritos
inferiores para executarem os divinos ministérios. —
Ainda. As Virtudes de Gregório identificam-se com os
Principados, de Dionísio. Pois, o primeiro dos
ministérios divinos é fazer milagres, preparando-se,
por aí, a via para a anunciação dos Arcanjos e dos Anjos
(cfr. Santo
Tomás de Aquino, Suma Teológica, Volume II).
Parabéns pela sua
participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de
outubro. Seja missionária convidando muitas pessoas para
o Retiro de dezembro.
Eu te abençôo e te guardo no
Coração de Maria Virgem.
Com gratidão,
Pe. Divino Antônio Lopes
FP.
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