Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Carta 98

 

Anápolis, 31 de outubro de 2013

 

À adolescente Millena Silva Rodrigues

Goiânia – GO

 

Prezada, um anjo ilumina outro anjo.

Diz Dionísio: Os anjos da segunda hierarquia são purificados, iluminados e aperfeiçoados pelos da primeira.

Um anjo ilumina outro. E is­so se evidencia considerando que a luz, no refe­rente ao intelecto, não é mais do que uma manifestação da verdade conforme a Escritura (Ef 5, 13): Tudo o que se manifesta é luz. Por onde, ilu­minar, não é mais do que transmitir a outrem a manifestação da verdade conhecida; e nesse sentido é que o Apóstolo diz (Ef 3, 8-9): A mim, que sou o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de manifestar a todos qual seja a comu­nicação do sacramento escondido, desde os séculos, em Deus. Assim, pois, diz-se que um anjo ilumina outro manifestando-lhe a verdade que conhece. E por isso Dionísio diz: Os teó­logos mostram claramente que as ordens inferio­res das substâncias celestes são ensinadas, no tocante às operações divinas, pelas mentes su­premas.

Ora, como para a intelecção concorrem dois elementos, que são a virtude intelectiva e a semelhança da coisa inte­ligida; quanto a esses dois elementos, um anjo pode notificar a outro a verdade conhecida. – Primeiro, fortificando-lhe a virtude intelectiva. Pois, assim como a virtude de um corpo mais imperfeito é corroborada pela situação próxima de outro mais perfeito, aumentando, p. ex., o calor do menos cálido com a presença do mais cálido, assim, a virtude intelectiva de um anjo inferior é corroborada pela conversão, para o mesmo, de um anjo superior. Pois, a ordem da conversão faz, no espiritual o que faz, nas coisas corpóreas, a ordem da proximidade local. – Mas, em segundo lugar, um anjo manifesta a verdade a outro quanto à semelhança da coisa inteligida. Porque o anjo superior alcança o conhecimento da verdade por uma concepção universal, para apreender a qual não é suficiente o intelecto do anjo inferior, pois, a este lhe é conatural apreender a verdade mais particular­mente. Por onde, o anjo superior distingue, de certo modo, a verdade que apreende universal­mente, de maneira a poder ela ser apreendida pelo inferior, e, assim, lhe propõe a este para que seja conhecida. Assim como, entre nós, os doutores distinguem multiformemente o que apreendem em síntese, acomodando-se à capaci­dade dos outros. E é o que Dionísio diz: Cada substância intelectual divide e multiplica, com provida virtude, a inteligência uniforme que lhe foi dada por um ser mais divino, conforme a analogia com a substância inferior que eleva para cima.

Todos os anjos, tanto os superiores como os in­feriores, vêem imediatamente a essência de Deus e, a esta luz, um não ensina outro. E é a esta doutrina que o Profeta se refere quando diz: Não ensinará o varão ao seu irmão dizendo: conhece o Senhor. Porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior. Mas, quanto às razões das obras divinas, conhecidas em Deus, como na causa, por certo que Deus as conhece todas, em si mesmo, porque a si mesmo se com­preende; ao passo que, dos que vêm a Deus, nele conhecerá mais razões quem mais perfeita­mente o vir. Por onde, o anjo superior conhece mais razões das obras divinas, em Deus, do que o inferior e, sobre elas, ilumina a este. E é o que Dionísio significa, afirmando que os anjos são iluminados, quanto às razões das coisas existentes.

Um anjo não ilu­mina outro, transmitindo-lhe a luz da natureza, da graça ou da glória, mas corroborando-lhe o lume natural e manifestando-lhe a verdade sobre o que pertence ao estado da natureza, da graça e da glória.

A mente racional é formada imediatamente por Deus; ou como a imagem, pelo exemplar, porque não foi feita segundo nenhuma outra imagem, a não ser a de Deus; ou como o sujeito pela última forma com­pletiva, porque a mente criada é sempre repu­tada informe, se não aderir à verdade primeira. Ao passo que as outras iluminações provenientes do homem ou do anjo, são umas como disposi­ções para a última forma (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Volume II).

Foi edificante a sua participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de outubro. Seja zelosa convidando muitas pessoas para o Retiro de dezembro.

Eu te abençôo e te guardo no Coração de Maria Virgem.

Com gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.