Anápolis, 31 de outubro
de 2013
À senhora
Zelita Augusta da Conceição
Goianira –
GO
Caríssima,
será que há dor nos demônios?
O pecado do
demônio é mais grave que o do homem. Ora, este é punido
pela dor por causa do deleite no pecado, segundo a
Escritura: Quanto ela se tem glorificado e vivido em
deleites, tanto lhe dá de tormento e pranto. Logo,
com maioria de razão, o diabo, que se glorificou
maximamente, é punido pelo pranto da dor.
O temor, a
dor, a alegria e outras paixões, como tais, não podem
existir nos demônios; pois, como tais, pertencem
propriamente ao apetite sensitivo, virtude que se exerce
pelo órgão corpóreo. Mas, enquanto designam atos simples
da vontade, podem neles existir; sendo necessário então
dizer que neles há dor. Pois esta, significando ato
simples da vontade, não é senão o recalcitrar desta
quanto ao que é ou ao que não é. Ora, é claro, os
demônios querem que não fossem muitas coisas que são, e
fossem muitas que não são; assim, invejosos, querem que
fossem danados os que se salvam. Por onde, é forçoso
admitir que neles há dor; e, porque, é da natureza da
pena repugnar à vontade. Ora, eles estão privados da
beatitude que naturalmente desejam; e, em muitos deles,
é reprimida a vontade iníqua.
A dor e a
alegria, relativamente ao mesmo objeto, são opostos; não
são porém, relativamente a objetos diversos. Por onde,
nada impede que alguém simultaneamente se doa de uma
coisa e goze com outra; e, sobretudo, enquanto a dor e a
alegria supõem atos simples da vontade, pois não só em
relação a coisas diversas, mas também em relação a uma
mesma coisa, pode haver algo que queremos e algo que
não.
Assim como,
nos demônios, há a dor do presente, assim há o temor do
futuro. E a expressão — Foi feito para que não
temesse a nada — se entende do temor de Deus que
coíbe o pecado. Pois, alhures está escrito, que os
demônios crêem e estremecem.
O doer-se do
mal da culpa, em si mesma, atesta a bondade da vontade,
à qual esse mal se opõe. Doer-se, porém, do mal da pena
ou do mal da culpa, por causa da pena, atesta a bondade
da natureza, à qual o mal da pena se opõe. Por isso
Agostinho diz que a dor do bem perdido, no suplício,
é testemunho da natureza boa. Logo, o demônio, de
vontade perversa e obstinada, não se dói do mal da culpa
(cfr. Santo
Tomás de Aquino, Suma Teológica, Volume II).
Parabéns pela sua
participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de
outubro. Seja missionária convidando muitas pessoas para
o Retiro de dezembro.
Eu te abençôo e te guardo
no Coração de Maria Virgem.
Com gratidão,
Pe. Divino Antônio Lopes
FP.
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