Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Carta 109

 

Anápolis, 31 de outubro de 2013

 

À senhora Adelícia da Silva Tavares

Goiânia – GO

 

Caríssima, será que o fogo do inferno é da mesma espécie que o nosso fogo material?

O fogo, por ser de todos os elementos o de maior virtude ativa, tem os outros corpos como a sua matéria, como diz Aristóteles. Daí os dois modos da sua existência: na sua matéria própria, quando está na sua esfera; e na matéria estranha, quer terrestre, como o carvão, quer aérea, como na chama. Ora, de qualquer modo que exista, é sempre especificamente o mesmo, pelo que lhe concerne à natureza; pode, porém, ser de espécie diferente quanto aos corpos que lhe constituem a matéria. Por isso, a chama e o carvão diferem especificamente; assim como a madeira em brasa, do ferro em brasa. Nem importa tenha sido o fogo aceso por força de um agente externo, como se dá com o ferro, ou por um princípio intrínseco natural, como no caso do enxofre. ─ Ora, é manifesto que o fogo do inferno, pela sua natureza de fogo, é da mesma espécie que o nosso fogo. Se, porém, esse fogo existe em matéria própria sua ou, se estranha, de que natureza seja, isso nos é desconhecido. E assim, pode materialmente considerado, diferir em espécie do nosso fogo. Mas tem certas propriedades diferentes das do nosso, pois, nem precisa ser aceso nem de ser alimentado com lenha. Essas diferenças, porém, não o constituem em espécie diferente, considerada a sua natureza de fogo.

Agostinho se refere ao que o fogo do inferno tem de material e não à sua natureza ígnea.

O nosso fogo alimenta-se de lenha e precisa ser aceso pelo homem, porque é artificial e violentamente introduzido em matéria estranha. Mas o fogo eterno não necessita de ser entretido, porque ou existe na sua matéria própria, ou em matéria estranha, mas não por violência, mas pela natureza e por um princípio intrínseco. Por isso não foi aceso pelo homem, mas por Deus, instituidor dessa natureza. Diz a Escritura: O assopro do Senhor, como uma torrente de enxofre, é o que acende.

Os corpos dos condenados serão da mesma espécie que o são nesta vida, embora presentemente sejam corruptíveis, e então incorruptíveis por disposição da divina justiça e por causa de ter cessado o movimento do céu. Ora, o mesmo se dá com o fogo do inferno, pelo qual esses corpos serão punidos (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Suplemento).

Parabéns pela sua participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de outubro. Seja missionária convidando muitas pessoas para o Retiro de dezembro.

Eu te abençôo e te guardo no Coração de Maria Virgem.

Com gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.