Anápolis, 31 de outubro
de 2013
Ao Daniel
Batista de Oliveira
Samambaia
– DF
Prezado,
será que o fogo do inferno está no interior da terra?
Diz
Agostinho, citado pelo Mestre: penso que ninguém
sabe em que parte do mundo está o inferno, salvo quem
obtiver revelação do Espírito divino. Por isso,
Gregório, interrogado sobre essa questão, respondeu:
Nesta matéria seria temeridade, que não ouso fazer
qualquer afirmação categórica. Porque uns pensaram estar
o inferno numa parte da superfície da terra; outros, no
interior dela. Mas julga esta última opinião a mais
provável, por duas razões. ─ Primeiro, pela etimologia
mesma do nome: Assim, escreve: Se dissermos que o
inferno é assim chamado por ocupar a parte inferior, o
que é a terra para o céu isso mesmo deve ser o inferno
para a terra. ─ Segundo, pelo que diz o Apocalipse:
Ninguém podia, nem no céu, nem na terra, nem debaixo
da terra, abrir o livro. Onde, a expressão ─ no céu
─ refere-se aos anjos; a expressão ─ na terra, aos que
ainda vivem neste mundo; e a outra ─ debaixo da terra,
as almas que estão no inferno.
E
Agostinho também parece indicar duas razões que
corroboram a opinião de estar o inferno no interior da
terra. ─ A primeira é que, como as almas dos mortos
pecaram pelo amor da carne, são tratadas como a carne
morta, isto é, enterradas no solo. ─ A outra é que como
está a gravidade para o corpo, assim a tristeza para o
espírito, do qual a alegria é como a leveza para o
corpo. Por onde, assim como, os corpos, se obedecerem à
lei do seu peso, os mais graves ocuparão os lugares
inferiores, assim, na ordem dos espíritos, os inferiores
são os mais acabrunhados pela tristeza. E assim, como o
lugar apropriado à felicidade dos eleitos é o céu
empírio, assim, o lugar apropriado à tristeza dos
condenados é o lugar ínfimo da terra. ─ Nem nos deve
causar embaraço o que diz Agostinho no mesmo lugar: É
crença ou suposição que o inferno está debaixo da terra.
Porque o santo Doutor retratou-se desse dito quando
escreveu: Eu deveria ter ensinado, antes, que o inferno
está debaixo da terra, do que dar a razão por que crêem
ou supõem que é esse o seu lugar.
Certos
filósofos, porém, ensinaram que o inferno está
localizado sob o globo terrestre, mas sobre a superfície
da terra que nos é oposta. E este parece ter sido o
sentir de Isidoro, quando disse: O sol e a lua
permanecerão nos lugares onde foram criados, a fim de os
ímpios, presa dos tormentos, não lhes gozarem da luz.
Razão que seria nula se se colocasse o inferno debaixo
da terra. Que sentido, porém, podemos dar a estas
palavras já o dissemos. ─ Pitágoras, por seu lado,
colocou o lugar das penas na esfera do fogo, que, na sua
opinião, está no centro do universo, como o refere o
Filósofo.
Mas,
concorda melhor com o ensinamento da Escritura colocar o
inferno debaixo da terra.
Essas
palavras de Jó ─ Do mundo o transportará Deus,
deve entender-se do globo terrestre, isto é, deste
mundo. É essa a exposição de Gregório nestas palavras: É
transportado fora do globo, quando, ao aparecer o
soberano juiz, for retirado a este mundo, em que
desvairadamente se glorificou. Nem se deve entender este
globo pelo universo, como se o lugar das penas estivesse
totalmente fora do universo.
O fogo do
inferno durará eternamente por disposição da justiça
divina; embora, pela sua natureza, não possa nenhum
elemento durar fora do seu lugar, sobretudo, enquanto os
seres estiverem sujeitos à lei da geração e da
corrupção. E desse fogo desprenderá um calor
intensíssimo, porque esse calor será no inferno
concentrado de todos os lados, por causa do frio da
terra que de todas as partes o rodeia.
O inferno
nunca será tão pequeno que não baste a conter os corpos
dos condenados; pois, ele está colocado entre as três
causas insaciáveis. Nem é nenhum inconveniente haver no
interior da terra, por obra do poder divino, uma
concavidade bastante grande para conter o corpo de todos
os condenados.
O lugar da
Escritura ─ Pelas coisas em que alguém peca, por essas é
também atormentado, não se verifica necessariamente
senão em relação aos principais instrumentos de pecado.
Pois, é por pecar pela alma e pelo corpo que o homem
será punido em ambos. Mas nenhuma necessidade há de ser
o pecador punido no mesmo lugar em que pecou; pois, o
lugar que ocupa o homem nesta vida é diferente daquele
onde estão os condenados. ─ Ou devemos responder que
esse passo se refere às penas com que somos punidos
nesta vida, onde cada culpa tem a sua pena
correspondente, pois, cada clima que vive na
desordem é para si mesmo o seu castigo, como diz
Agostinho (cfr. Santo Tomás de Aquino, Suma Teológica, Suplemento).
Foi
edificante a sua participação no Santo Retiro nos dias
26 e 27 de outubro. Seja zeloso convidando muitas
pessoas para o Retiro de dezembro.
Eu te abençôo
e te guardo no Coração de Maria Virgem.
Com gratidão,
Pe. Divino Antônio Lopes
FP.
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