Laura Vicuña morreu numa sexta-feira, dia da
morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela possuía grande devoção à
Sagrada paixão de Nosso Senhor: "Sua devoção a Jesus
Crucificado era muito terna" (Irmã
Giselda Capetti).
Laura foi velada num pobre ranchinho e vestida de branco: "A
vestiram com o vestido branco e véu, com seu cinto azul e medalha
que tanto gostava. Toda vestida de Filha de Maria. Nas mãos tinha
o rosário e o Manual de Filhas de Maria... Ali se improvisou a
capela ardente... Tinha muitas flores... A senhora de Camargo
teceu coroas para o enterro" (Carmen
Ruiz), e: "No caixão parecia uma
virgenzinha, tranqüila..." (Irmã Maria
Briceño), e também: "Muita gente do povo
desfilou ante seus restos mortais, rendendo-lhe a última homenagem" (Carmen
Ruiz).
Carmen Ruiz escreve: "Então chega Manuel
Mora. Entrou, olhou para Laura, estava como dormindo vestida de
branco. A contemplou um instante, e disse: 'Pobrezinha! Sinto
muito!' Se aproximou de Mercedes que chorava amargamente e
disse-lhe: 'Pagarei todos os gastos!' E colocou o dinheiro entre
as suas mãos".
O corpo de Laura foi velado no
ranchinho durante toda a noite, e
na madrugada do dia seguinte, 23 de janeiro de 1904, foi levado de
madrugada para a igreja paroquial. Celebrou-se a Missa de corpo
presente, "cantada pelas Filhas de Maria, o órgão era tocado
pelo acólito Ortiz" (Irmã Maria Briceño,
estava presente). O corpo foi velado durante
todo o dia na igreja: "Uma coisa particular: depois de 24
horas, o corpo de Laura estava flexível como quando em vida" (Pe.
Genghini).
Sobre o sepultamento da heróica Filha de Maria, escreveu Carmen
Ruiz: "...com numeroso cortejo fúnebre, foi levado o caixão pelas
meninas e adultos. Participaram também as Irmãs que não tinham
viajado. Assim foi conduzida à sua última morada: o
Cemitério
velho".
Na realidade, as poucas meninas internas e as Irmãs, depois de
terem participado da Missa de corpo presente pela manhã, se
retiraram ao Colégio, e não participaram do sepultamento de Laura:
"Do colégio não foi ninguém, porque éramos poucas, e não
tínhamos ordem de sair de casa, não estando a Diretora" (Irmã
Maria Rodriguez).
O translado ao cemitério foi muito disputado entre os
concorrentes, e muito fácil, porque Laura, "quando faleceu, era
um esqueleto, um monte de ossos cobertos de pele, não era possível
pesar tanto" (Francisca Mendoza, estava
presente).
Deus permitiu que os pés de Laura Vicuña
se conservassem por muitos anos intactos dentro de seus
sapatos: "O que mais me impressionou foi que os sapatos estavam
cheios de carne" (Irmã Virgínia Mossino,
ergueu a tampa do caixão em 1921, 17 anos após o sepultamento de
Laura Vicuña).
A "viagem" de Laura não terminou no
Cemitério Velho, que desapareceu como tal, ao ser transladado em
1926 a outro lugar: "Da primeira sepultura foi transladado à
sepultura da
família Herrera no Cemitério Novo, próximo à Irmã Ana
Maria Rodriguez... daqui ao Colégio... do Colégio à sepultura da
família González... desta sepultura no ano de 1954 passou
novamente ao Colégio, este último translado foi efetuado pelo
Mons. Alfonso Butteler, bispo de Mendoza e Neuquén"
(Irmã Antônia Bohm).
De 1904 a 1954, meio século, o corpinho de
Laura Vicuña, junto com os sucessivos traslados, esteve exposto e
a mercê de devotos imprudentes. Sucederam também fatos curiosos e
estranhos, causados pela devoção. Não só as meninas destamparam o
caixão e levaram pedaços do
vestido, do
véu, o rosário, o Manual de Filha de Maria, botões, etc., também a
Irmãs, entre os anos de 1936-1937, "movidas unicamente pelo grande
conceito de santidade de Laura, levaram ao colégio os seguintes
ossos do corpo da heróica Filha de Maria: quatro falanges, um
ossinho, dois dentes, o pé esquerdo", que foram restituídos ao
caixão no dia 25 de dezembro de 1949 (Ata assinada pelo Pe.
Currás e pela Diretora Irmã Teresa Cornaglia).
De Junin de Los Andes, o precioso caixão com
o Tesouro Juninense foi levado ao Colégio Maria Auxiliadora de Bahía Blanca,
Casa Inspetora das Religiosas de São João Bosco na Patagônia.
Alí foi colocado primeiro na sacristia da capela da Comunidade,
com esta inscrição esculpida em lápide marmórea: AQUI REPOUSA NO
SENHOR, LAURA VICUÑA, A EUCARÍSTICA FLOR DE JUNIN DE LOS ANDES,
CUJA VIDA FOI UM POEMA DE PUREZA, DE SACRIFÍCIO E DE AMOR FILIAL.
IMITEMO-LA.
Por ocasião da beatificação de Laura, a urna com os seus ossos
passou a um artístico altar da mesma capela.
Laura Vicuña foi
beatificada em 3 de setembro de
1988, pelo Papa João Paulo II, em Turim - Itália.
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