Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

12 de agosto

Santa Joana Francisca de Chantal, Viúva

 

Filha de pais pobres, nasceu Joana Francisca em Dijon, aos 3 de Janeiro de 1572, festa de São João Esmoler. Criança ainda, não deixava dúvida de ser destinada a uma vida de extraordinária santidade. Aos cinco anos, foi testemunha de uma disputa do pai com um nobre calvinista, sobre a presença real no Santíssimo Sacramento. Sem rodeios, a pequena declarou ao herege: “Senhor, Jesus Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, porque ele mesmo o disse. Se pretendeis não acreditar no que ele falou, fazeis dele um mentiroso”.

Para ser agradável, o calvinista deu-lhe um pequeno objeto de presente. Joana Francisca meteu-o no fogo, dizendo: “Assim se queimarão no inferno os hereges, que não acreditarem no que Jesus Cristo disse”.

Tendo perdido sua mãe muito cedo, todos os dias se recomendava à proteção de Maria Santíssima, sua divina Mãe.

Uma senhora, que a irmã lhe dera como companheira, desgostosa com as práticas de piedade que Joana Francisca exercia, procurou infiltrar-lhe no espírito idéias mundanas, não perdendo ocasião de dar-lhe maus conselhos. Maria Santíssima, porém, velava pela filha, cuja alma nenhum dano sofreu. Á dama teve de abandonar a casa.

Inimiga de tudo que é do mundo, o único anelo da donzela era procurar a Deus e servi-lo do modo mais perfeito.

Com a idade de 20 anos, contraiu núpcias com o senhor Barão de Chantal. Com todo o escrúpulo, cumpriu as obrigações do próprio estado. Dedicada ao esposo, carinhosa para com os filhos, atenciosa e justa para com os empregados, era de todos querida e amada. Por um voto se obrigou a nunca negar esmola a quem lha pedisse em nome de Jesus Cristo.

Um triste acidente trouxe-lhe um grande transtorno na vida o que aliás fortemente concorreu para incentivar ainda mais o seu amor a Deus e se por inteiramente ao seu santo serviço. Numa caça, o esposo foi vítima de um desastre e morreu em conseqüência de grave ferimento, causado pela arma de um dos companheiros e amigos.

Vendo-se livre dos laços do matrimônio, Joana ofereceu a Deus o voto de castidade. “Rompestes, Senhor, os laços que me ligavam a meu esposo; ofereço-vos o sacrifício de minha vida”.

Profunda era a dor que lhe dilacerava o coração, mas com a graça de Deus, adquiriu a conformidade e a coragem de perdoar não só ao homem que, involuntariamente, fora o causador da morte do senhor de Chantal, e sim de aceitar o convite de ser madrinha de uma filha do mesmo.

Ocupando-se unicamente com os trabalhos de casa, sempre voltava à oração e afastou de seus cômodos tudo que era luxo, reservando para si só o necessário. Casamentos vantajosos, que se lhe ofereceram, recusou-os, para se lembrar sempre do voto de castidade que fizera, com um ferro em brasa gravou no peito as letras do nome “Jesus Cristo”.

                De dia para dia o coração lhe incendiava mais no fogo do amor de Deus e do próximo. Pobres e doentes achavam abrigo em sua casa. Quanto mais asquerosa era a doença dos protegidos, tanto mais carinho lhes dedicava, e esse heroísmo chegava a ponto de beijar as úlceras dos leprosos, e de lavar com as próprias mãos as roupas e feridas dos pobres doentes.

Filha espiritual de São Francisco de Sales, a este santo homem confiou a direção da alma. A conselho dele abandonou o pai e os filhos, para se encerrar num convento, em Annecy, por ela própria fundado. O nome que dera a Ordem era da “Visitação de Maria”. A resolução de Joana Francisca de se separar da família, da parte desta encontrou forte resistência. O velho pai, quatro filhos com rogos os mais insistente pediram-lhe desistisse do seu intento. O mais velho, Celso Benigno, de todo não se podendo conformar com a resolução da mãe, chegou a atirar-se sobre a soleira da entrada do convento, tentando assim impedir que a mãe por ali passasse, ou então obrigando-a a passar por cima do seu corpo”. Se não posso reter-vos — dizia à mãe, — haveis de passar por cima do corpo de vosso filho”. Embora extremamente comovida com esse gesto de quase desespero, Joana Francisca não se perturbou e passou por cima do corpo do filho. Como religiosa, foi modelo a todas as irmãs. De todas as virtudes monásticas, acatava mais a da pobreza, sentindo-se feliz quando, não raras vezes aconteceu, lhe faltar o necessário. No desejo de em tudo agradar a Deus, fez o voto de, em todas as circunstâncias, proceder sempre do modo mais perfeito.

Joana Francisca chegou à idade de 70 anos morreu como viveu, santamente em Moulins, aos 13 de Dezembro de 1641.

O corpo da Santa achou o último descanso no convento de Annecy. Os numerosos milagres, que lhe glorificaram o túmulo, promoveram a canonização, feita por Clemente XIII, em 1767.

 

 REFLEXÕES

 

Em Santa Joana Francisca temos a figura da mulher forte, de que Salomão, fala nos Provérbios. Em todas as circunstâncias da vida deu prova de grande fortaleza de ânimo e de extraordinário espírito de mortificação. São estas as virtudes consideradas indispensáveis aos cristãos, se, aliás, querem honrar este nome. “Quem quer seguir-me, renuncie-se a si próprio, tome a sua cruz e siga-me” — disse Nosso Senhor. Para Santa Joana Francisca de certo não foi pequeno o sacrifício que fez quando, contra a vontade do pai e do filho, se resolveu a entrar para o convento, para em tudo ficar semelhante ao divino Esposo. Quem se ligar a Jesus, pelos laços mais íntimos, com Ele há de subir o monte das Oliveiras; por Ele acompanhado, há de sofrer a coroação de espinhos, a duríssima flagelação e mil outros tormentos e provações. Tudo isso é indispensável a quem, com Cristo, quer entrar na eterna glória.