Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

13 de agosto

Santos Ponciano e Hipólito

 

O Martirológio Romano ainda conserva para este  dia  a memória de Santo Hipólito e São Cassiano, mártires. O primeiro, carcereiro do mártir Lourenço, em 258, foi convertido e balizado pelo mesmo Lourenço, junto com sua família. Ele teria morrido mártir com um suplicio muito cruel: o de ser arrastado por cavalos bravos por entre espinhos e sobre pedras.

Cassiano era preceptor em  Ímola e, recusando-se a sacrificar aos ídolos, foi morto a golpes de estilete em 220.

Contudo a liturgia renovada colocou neste dia a memória de dois santos contemporâneos que, embora um tanto adversários em vida, sofreram o mesmo exílio e martírio pela mesma causa, tornando-se amigos na morte e sendo igualmente glorificados no céu. São eles Ponciano, papa e Hipólito, presbítero.

Ponciano era descendente da nobre família romana Calpurni e foi eleito papa em 230. Pouco se sabe da atuação deste pontífice. O clima de perseguição contra a Igreja não podia projetá-lo em grandes empreendimentos e limitou-se, portanto, a confirmar a fé e consolar os cristãos ameaçados continuamente pelas injustas estruturas imperiais.

Ponciano, denunciado como chefe de uma religião ilegal, foi exilado pelo imperador Maximino, na insalubre ilha de Sardenha e condenado aos trabalhos forçados nas minas de ferro. A mesma sorte tocou ao presbítero Hipólito. Juntos sofreram o martírio no ano 235 e dois anos mais tarde o Papa Fabiano conseguiu resgatar aqueles corpos e transportá-los a Roma dando-lhes honrosa sepultura. O Papa Ponciano foi colocado nas catacumbas de São Calisto.

Uma antiga tradição muito incerta diz que Ponciano, ao ser deportado para a ilha de Sardenha, a fim de não privar a Igreja do pastor, teria renunciado em favor de Antero, seu sucessor na Cátedra de Pedro.

Com seu martírio, Ponciano lavrou o documento de sua profunda e firme fé e fidelidade a Cristo.

Durante o pontificado do Papa Ponciano, perdurava na Igreja Romana um perigo de cisma promovido, em boa-fé, pelo sacerdote Hipólito, homem de elevada cultura, mas de linha moral um tanto rigorista. Já, com os predecessores de Ponciano, Hipólito tinha contestado a condescendência da Igreja Romana em readmitir em seu seio, após devida penitência, os que tinham fraquejado na perseguição. Era igualmente contrário a conceder o perdão em favor dos adúlteros e fornicadores. Ao mesmo tempo, Hipólito, inteligência muito especulativa, elaborava doutrinas um pouco equívocas sobre a procedência de Cristo do Pai, dando a impressão que admitisse dois deuses. Tudo isso deu pretexto a um resfriamento nas relações com o papa.

Condenado junto com Ponciano ao desterro, os dois homens de Deus se reconciliaram, dando o bom exemplo de fidelidade ao mesmo Cristo que ambos amavam.

 

Santo Hipólito

 

Hipólito foi um fecundo escritor e orador. Deixou numerosas obras escritas em grego, língua muito usada em Roma ao seu tempo. Pela importância, sobressai o tratado sobre a Tradição apostólica, fonte de grande valor para conhecermos os ritos litúrgicos da Igreja de Roma, no século III. A segunda Oração Eucarística, introduzida na missa pela recente reforma litúrgica, é tirada desta obra de Santo Hipólito. Outra obra de grande relevância é a Refutação de todas as heresias (Philosophoumena). É uma exposição erudita dos antigos sistemas filosóficos, cuja doutrina mal assimilada deu origem às heresias que Hipólito refuta com competência.

Contudo, grande parte de sua fecunda produção literária, toda ela a serviço da fé e da Igreja, andou perdida, assim como sua própria memória, por muitos séculos, obscureceu-se quase por completo, de tal modo a ser confundido com o Hipólito carcereiro de São Lourenço. Só ultimamente, com a descoberta de alguma sua obra, os estudiosos conseguiram fazer luz sobre esta grande figura de escritor e de santo.