17 de agostoSão Roque
São Roque, o grande padroeiro contra a peste, nasceu em Montpellier, na França, no ano de 1295 aproximadamente. Há escritores que lhe põem a data do nascimento em época mais recente. Roque era filho dum nobre fidalgo de nome João. A mãe, Libéria, conhecendo no menino um dom de Deus, fruto de longas e continuadas orações, esmerou-se muito em lhe dar uma educação aprimorada. A virtude e santidade da mãe parecia ter-se comunicado ao filho; pois este, desde os mais tenros anos, achava gosto nas práticas da piedade e da penitência. Quando, na idade de vinte anos, perdeu os pais, dispôs da rica herança, distribuindo todos os bens móveis entre os pobres. Os bens imóveis ficaram entregues aos cuidados dum tio, e Roque, em condições de pobre peregrino, dirigiu-se a Roma. Quando chegou a Aguapendente, na Toscana, grassava lá a peste, e Roque ofereceu-se prontamente para tratar dos pobres doentes no Hospital. De Aguapendente seguiu para Caesena e Rimini e por toda parte onde aparecia, ia diminuindo a peste, como se esta terrível epidemia fugisse com a chegada do Santo. Em Roma, porém, a caridade de Roque achou um novo campo de ação, dedicando-se, durante três anos, ao tratamento dos pobres doentes. Depois voltou aos lugares onde já tinha estado, e seu zelo escolhia entre os mais doentes os mais abandonados, nutrindo o desejo ardente de poder oferecer a Deus o sacrifício da vida. Doente por muitas vezes, Deus conservou-lhe a vida, no que todos conheceram uma proteção especial divina. Restabelecidas as forças, Roque seguiu para Piacenza, onde a peste dizimava a população. Com uma abnegação, que lhe era particular, dedicou-se ao serviço de enfermeiro no hospital, sendo atingido também pelo horrível mal. Após um sono profundo, foi acometido duma febre violenta e atormentado por uma dor lancinante no lado esquerdo. Roque aceitou a doença, como uma graça especial divina. As dores, porém, chegaram a tal ponto, que o fizeram chorar e gritar, e muito tempo não se passou e Roque se viu em completo abandono. Para não ser molesto a ninguém, a custo se arrastou a um bosque próximo, onde havia uma choupana ao abandono. Lá se acomodou até que a Deus prouvesse dar-lhe a saúde, sem que fosse preciso implorar a caridade humana. Todos os dias vinha um cão trazer-lhe um pão, tirado da mesa do fidalgo Gottardo. Este, trazido pela curiosidade, um dia seguiu os rastos do animal, e assim veio a saber do paradeiro do Santo. Tão comovido ficou que se resolveu a abandonar o mundo e viver na solidão. Roque ficou algum tempo em companhia de Gottardo e, sentindo-se já bastante forte, voltou para sua terra. A França achava-se em guerra, e assim se explica que Roque, lá chegando, fosse tomado por espião. O próprio tio, que exercia o cargo de juiz, sem reconhecer o sobrinho, condenou-o à prisão. Roque aceitou essa humilhação, sem protesto algum, e sofreu muitas injustiças, que as ofereceu a Deus pela salvação de sua alma. Cinco anos ficou detido no cárcere, sem que a autoridade dele se tivesse lembrado. Acometido de grave doença, no cárcere recebeu os santos Sacramentos e morreu em 1327, na idade de 32 anos apenas. Se teve morte humilde e desconhecida do mundo, Deus glorificou-o por muitos milagres. O corpo de São Roque foi, com grandes honras, sepultado em Montpellier e mais tarde trasladado para Veneza, onde os devotos lhe erigiram um templo. Assegura-se que, por intercessão de Roque, muitas cidades foram poupadas da peste, entre elas Constança, na ocasião em que dentro dos muros se lhe reunia o grande Concílio, em 1414. O povo católico vota muita confiança a São Roque e venera-o como poderoso padroeiro contra doenças epidêmicas.
REFLEXÕES
Para alcançar a vida eterna é necessária a prática da virtude. Sem virtude ninguém agradará a Deus. Sem virtude não pode haver santidade Em São Roque temes o modelo de homem virtuoso de fato. A virtude impõe-se a todos, como uma cousa nobre e apreciável, mas sua prática exige sacrifício, força de vontade, energia. Por este motivo a virtude é tão rara de encontrar-se neste mundo. Vontade de possuir a virtude talvez não falte, mas falta a força de executá-la. Muitas querem ser mansos, mas a primeira tentação da ira fá-los esquecer-se dos bons propósitos. Outros desejam ser caridosos, mas na hora de praticar a caridade, falta-lhes a coragem. Ser amável, enquanto tudo vai como se deseja não é virtude; não custa mostrar-se grato a Deus, quando as coisas correm ao nosso contento; pode ser fácil fazer penitência, quando as circunstâncias assim o exigem. De nada vale o desejo de um dia entrar na eterna felicidade, quando a vontade se não decide a empregar os meios necessários para obtê-las. As virtudes podem ser adquiridas só pela prática. Não esperemos que Deus no-las dê gratuitamente. A Sagrada Escritura, referindo-se a esta verdade, diz: “Os desejos matam o preguiçoso, porque suas mãos não querem trabalhar” (Pr. 21, 25).
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