Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

25 de agosto

São Luiz, Rei de França

 

Luiz IX, rei da França, nasceu em Poissy, aos 25 de Abril de 1215. Era filho de Luiz VIII, e Branca de Castella, princesa de grandes dotes morais e intelectuais, que, pela morte do marido, tomou as rédeas do governo, em lugar do filho menor.

Confiada a senhora tão distinta e virtuosa, a educação do jovem príncipe havia de ser, como de fato foi, ótima.

Quando a criança, depois do batismo, foi entregue à sua mãe, esta a estreitou ternamente contra o coração e, imprimindo-lhe um ósculo no peito, disse: “Filhinho, que agora és um templo do Espírito Santo, conserva-o sempre imaculado e jamais o manches por um pecado”. O maior empenho da boa mãe era incutir no espírito do filho um grande ódio ao pecado e repetia-lhe muitas vezes estas palavras: “Meu filho, preferia vêr-te morto e sem as insígnias do poder real, a saber-te manchado por um pecado mortal”. Estas e outras exortações semelhantes não deixavam de causar profunda impressão na alma da criança.

Teve o maior cuidado a excelente mãe em escolher ótimos professores e instrutores para o futuro rei.

Quando, em 1226, Luiz recebeu as insígnias de rei da França, embora muito moço ainda, já possuía virtudes em tão alto grau, que todos se admiravam. A piedade, a aversão ao luxo e aos divertimentos pareciam-lhe inatos.

Era bem moço ainda quando, em determinada ocasião, se encontrou com um leproso. Vendo o pobre homem na miséria, dirigiu-se ao cavaleiro que o acompanhava e perguntou-lhe: “Que preferirias - ser coberto de lepra ou viver em pecado mortal?” O cavaleiro respondeu levianamente: “Antes com pecados na alma, do que com a lepra no corpo”. Luiz, pasmo de ouvir tal disparate, disse-lhe: “Ah! não sabes o que quer dizer estar fora da graça, de Deus. Sabe, pois, que o pecado mortal é um mal maior que todos os males do mundo”.

Em 1234, contraiu matrimônio com Margarida de Provença, princesa, como ele, de grande virtude.

Tendo Luiz 21 anos, tomou nas mãos as rédeas do governo. Uma vez senhor do poder, continuou sendo o mesmo filho obediente e respeitoso para com sua mãe.

  A bênção de Deus acompanhou-o visivelmente, como provaram o bem-estar público, a prosperidade da nação e os felizes empreendimentos bélicos contra Henrique, rei da Inglaterra e o conde de Toulouse. Como guerreiro e cristão, fazia sempre prevalecer os princípios do direito e da caridade, excluindo categoricamente o vil interesse.

  Na vida particular era exemplaríssimo. Tinha por regra: “A Deus a honra, a Deus o nosso serviço”. No seu horário, as práticas de piedade ocupavam lugar de destaque. Todos os dias assistia à santa Missa. Freqüentemente se aproximava dos santos Sacramentos.

  Contaram-lhe que, em determinada igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo se dignava aparecer na sagrada Hóstia, em figura de uma criança. Luiz respondeu: “Não tenho necessidade de ver o que firmemente creio”. E não foi ver o milagre.

  A virtude e santidade do santo Rei fizeram com que gozasse de grande reputação entre os príncipes, e todos procuravam merecer-lhe a amizade. Dos muitos presentes que lhe deram, o mais precioso foi a coroa de espinhos de Deus Nosso Senhor, que lhe foi oferecida por Balduíno II, imperador de Constantinopla. Para guardar tão preciosa relíquia, como também uma partícula do Santo Lenho, Luiz construiu em Paris uma suntuosa capela.

Acometido de uma doença gravíssima, fez-se benzer com o santo Lenho e prometeu empreender uma cruzada contra os turcos caso recuperasse a saúde.

Não houve quem o pudesse demover desse plano, que, em 1249, teve sua execução. Após longas e minuciosas preparações e tendo incumbido a mãe dos negócios do governo, o piedoso rei embarcou, com numeroso exército, para Damiette. A cidade foi tomada de assalto em 6 de Junho de 1294. A sorte, porém, foi-lhe adversa. Em 1250, numa investida contra Cairo, foi vencido e caiu nas mãos dos Sarracenos. Teve que entregar Damiette e pagar um resgate de oito milhões de cruzeiros em nossa moeda.

Seis anos durou esse tempo de provação. Livre das cadeias de prisioneiro, voltou para a França, onde não mais encontrou a mãe.

Dezesseis anos depois empreendeu uma segunda cruzada.

Desta vez o alvo do ataque foi Tunis. Nada, porém, pôde fazer, porque a peste lhe dizimou o exército, antes de conseguir levar a efeito o plano.

O próprio rei adoeceu e morreu. Antes de fechar os olhos para o sono da morte, entregou o governo ao príncipe Felipe, ao qual, em lugar de um testamento fez belíssimas exortações. Com uma piedade que a todos comoveu, recebeu os santos Sacramentos. Em sua grande humildade, pediu que o deitassem sobre cinza e assim, com os braços cruzados sobre o peito, os olhos elevados ao céu, exalou o último suspiro em 25 de Agosto de 1270, na idade de 55 anos. Os cruzados voltaram à França e levaram consigo o corpo do rei. O coração foi depositado numa igreja de Monrede, na Sicília. As outras relíquias acharam repouso em Saint Denis, em Paris. No túmulo, se lhe verificaram muitos milagres, o que determinou Bonifácio VIII a promover, em 1305, a canonização do santo rei.

 

REFLEXÕES

 

Das exortações que a mãe de São Luiz fez ao filho, as seguintes tenham aqui lugar: “Meu filho, a primeira coisa que te recomendo é que ames a Deus de todo teu coração e prefiras sofrer tudo, até a própria morte, a cometer um pecado mortal. Se Deus te mandar contrariedades, aceita-as, com gratidão, convencido de que as mereceste. Se tudo correr segundo teus desejos, não te deixes levar pelo orgulho. Não se deve abusar dos benefícios e transformá-los em armas de malícia. Confessa-te freqüentemente e escolhe um confessor prudente e virtuoso, que te possa ser guia e que tenha coragem bastante para corrigir tuas faltas e castigar teus pecados. Assiste à santa Missa com muita devoção. Sê caridoso para com os pobres e socorre-os sempre que puderes. Respeita as boas tradições entre o povo e persegue os abusos. Não sobrecarregues teu povo com duros e múltiplos impostos. Escolhe para tua companhia homens direitos e prudentes, leigos e sacerdotes, e foge dos círculos dos maus. Ouve de bom grado a palavra de Deus e conserva-a cuidadosamente em teu coração. Sê amigo da oração. Ama tua honra e sê amigo do bem e inimigo do mal. Rende graças a Deus pelos seus benefícios. Bens alheios faze-os chegar às mãos do legítimo dono. Procura conservar e estabelecer a paz entre teus súditos, e zela pelos bons costumes entre o povo. Trata de dar-lhe bons juízes e funcionários, e fiscaliza bem o procedimento deles, a fim de que não haja lugar para vícios, parcialidade, fraude, falsidade e imoralidade. Cuida que na Corte as despesas se limitem ao indispensável. Manda rezar Missa pelo repouso de minha alma. Meu filho, dou-te a bênção que um pai pode dar ao filho.