26 de agostoSão José Calazans
São José Calazans nasceu em Petralta, na Aragônia e era filho de pais nobres e ricos. Profundamente religiosos, cuidaram de dar ao filho uma educação sólida, não descurando o elemento científico. Tiveram a grande satisfação de ver coroados de belo êxito os seus esforços. O pequeno José, dentre os companheiros de infância, distinguia-se pela extraordinária caridade, e pelo espírito de oração. Todos lhe queriam bem, e grande era a influência moral que exercia sobre os condiscípulos. Tinha por ocupação predileta reunir crianças pobres para com elas rezar ou instruí-las na doutrina cristã. Terminado o curso primário, José estudou Filosofia e Direito, em Lérida, onde defendeu tese com grande brilhantismo, sendo-lhe conferido o grau de doutor em Direito. Contrário aos planos do pai, que desejava ver o filho em elevada posição social, dedicou-se ao estudo da Teologia, na Universidade de Valência. Para se esquivar às perseguições de uma senhora nobre e influente, transferiu-se para Alcalá, de Henares, onde continuou os estudos. Já naquela ocasião começou a prática de penitenciar o corpo, para treiná-lo na luta contra as paixões. Em 1579 morreu-lhe numa guerra, o único irmão - Pedro. Quis então o pai que José voltasse para casa, e tomasse estado; desistiu, porém, da sua insistência, vendo que a proposta não era do agrado do filho. Assim José pôde continuar os estudos e formar-se em Teologia. Mais tarde o pai voltou a pleitear as idéias sobre casamento. José caiu gravemente doente. O restabelecimento do jovem, um verdadeiro milagre, foi por todos atribuído à cedência do pai na questão referida. Uma vez conseguida a aquiescência paterna, José ordenou-se em 1585. Seu desejo era viver na solidão; sem dúvida o teria realizado, se um amigo, o Bispo de Lérida, João Gaspar de Figueira não o tivesse convencido da obrigação de dedicar o seu talento aos trabalhos na vinha do Senhor. “Tua vocação - escreveu-lhe esse Bispo - é a de lutar. É teu dever entregar-te à luta pela salvação de tua alma e de outros, e não podes, para tua tranqüilidade, deixar a Igreja no meio do combate”. Estas palavras profundamente impressionaram o jovem sacerdote, que imediatamente abandonou a casa paterna, e se pôs às ordens do Prelado. Nova Castela, Aragão e Catalunha foram-lhe durante oito anos, o campo de trabalhos apostólicos. Com resultado extraordinário, trabalhou pela pacificação das famílias e pela reforma dos costumes. Uma voz interna, porém, como em visão singularíssima, chamava-o insistentemente a Roma, para onde de fato se dirigiu, em 1592. Na capital da Cristandade se dedicou ao ensino da infância. O tempo que sobrava, pertencia à oração, à visita aos doentes e a outras obras de caridade. Quando irrompeu a peste, ele e São Camilo se sacrificaram no serviço dos doentes e no sepultamento dos mortos. Todas as noites visitava as sete igrejas principais da cidade. Para dar à sua vida uma orientação mais positiva, fez-se inscrever na irmandade da doutrina cristã. Vendo, porém, que sozinho não lhe era possível realizar os planos de sã reforma do sistema escolar vigente, associou-se com alguns homens piedosos e, em Setembro de 1597, abriu as primeiras escolas gratuitas. Aos alunos pobres a diretoria fornecia gratuitamente os necessários objetos escolares e roupa. Essas escolas popularizaram-se de tal maneira, que Felipe III, da Espanha, desejou a volta de José para sua terra, e ofereceu-lhe um Bispado. O humilde servo de Deus, porém, preferiu ficar na Itália. Para dar à obra a garantia de subsistência segura, concebeu o plano de fundar uma Congregação. Os trabalhos do santo homem eram visivelmente abençoados por Deus. A matrícula dos alunos de José Calazans e dos companheiros atingiu em pouco tempo o número de setecentos. Tão brilhantes resultados e principalmente o bom espírito que reinava entre os estudantes, chamaram a atenção do Santo Padre, que nomeou dois Cardeais para examinarem a obra das assim chamadas Escolas Pias. A impressão que estes levaram, foi a mais grata possível, e o Cardeal Antoniani doou uma grande fortuna às escolas de José Calazans. Em 1617, o Papa Paulo V reuniu as Escolas Pias, dando-lhes a feição de uma Congregação, cujos, membros viveriam em comunidade, sob a observância de uma regra e dos três votos - pobreza, castidade e obediência. Clemente IX em 1699, concedeu aos religiosos das Escolas Pias novos privilégios, e deu aos votos por eles emitidos o caráter de votos solenes. A Ordem propagou-se na Itália, na Espanha, na Áustria e Polônia, tomando grande incremento nesses países. José Calazans viveu unicamente para sua obra, dedicando-se de uma maneira heróica ao ensino de moços pobres. Os sacrifícios, as penitências mereceram-lhe distinções extraordinárias de Deus. Diversas vezes lhe apareceu a Santíssima Virgem, cujo culto lhe era peculiar desde a infância, e cuja devoção não se cansava de recomendar à mocidade. Deus deu-lhe também o dom de ler nas consciências dos outros, de conhecer coisas futuras e distantes. Não eram raros os casos de praticar milagres em presença dos alunos. O dia da sua própria morte Deus lho predisse. José Calazans morreu no dia 25 de Agosto de 1648, na idade de 92 anos. Cem anos depois lhe foram encontrados intactos o coração e a língua. Tendo sido numerosos os milagres, com que Deus glorificou o túmulo de seu servo, Clemente XIII, em 1767, inseriu o nome de José Calazans no registro dos Santos da Igreja. REFLEXÕES
1. O sinal característico do cristão é a caridade. “Nisto o mundo conhecerá que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Regra de vida para todos deve ser: o que queres que os outros te façam, faze a eles, e o que não queres que se te faça, não o faças aos outros. Fazer disso a aplicação não é difícil. Que desejarias que os outros te fizessem, se te achasses doente, pobre, sem agasalho, sem abrigo? Amor ao próximo não tens, se negares tua visita ao doente, tua esmola ao pobre, tua casa ao peregrino desamparado, teu consolo ao encarcerado. São justamente essas as obras de caridade, que tanto agradam a Deus. A fé nos faz reconhecer a pessoa de Cristo no maltrapilho, no doente, no peregrino, no pobre, no encarcerado. Mais preciosa é a caridade cuja ação se estende ao estranho, ao desconhecido. Ai! daquele que lhe negar socorro. 2. São José Calazans colocou a vida toda a serviço da instrução. Instruir a infância e a mocidade na ciência cristã, é exercer um nobre apostolado. Da educação, da instrução depende tudo na vida do homem. A maçonaria, na perfeita compreensão desta verdade, incorporou ao seu programa a fundação a divulgação da escola leiga e ímpia. A educação e instrução sem Deus, sem religião, tem por conseqüência gerações futuras ímpias. Onde falta a escola cristã, estão abertas as portas a todos os vícios. Se hoje há tanto desassossego na sociedade, se há tanta dissensão, tanta discórdia, e se vemos o vício imperar por toda a parte, é porque Cristo não reina na escola. O espírito da criança não tem sido formado pelo espírito cristão, que é espírito da ordem, da virtude, do temor de Deus. Trabalhar pela recristianização da escola, é, pois, nosso dever. Trabalhar na escola e pela escola, é obra de apóstolo, que terá recompensa na proporção de cento por um.
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