Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

27 de agosto

Santa Mônica

 

 

A Santa viúva Mônica, cuja festa hoje a Igreja celebra, nasceu em 332. Os pais, pessoas piedosas, confiaram-lhe a educação a uma senhora virtuosíssima, ligada à família por íntima amizade. Embora branda e suave no modo de educar a menina, com firmeza aplicou os princípios sãos da pedagogia cristã, acostumando a educanda às práticas de uma mortificação prudente e moderada. Regra, cuja observação exigia, e que por Mônica era fielmente observada, era não tomar alimento de espécie alguma, a não ser na hora das refeições. Apesar deste regime salutar, deixou-se Mônica levar por uma natural inclinação ao vinho. Devido à sua sobriedade e espírito de mortificação, era ela de preferência mandada à adega, buscar vinho para a mesa. A ocasião de provar o precioso e saboroso líquido era demais propícia, para que não fosse aproveitada pela menina. Como não houvesse nenhuma reprovação da parte dos pais, que, aliás, nada podiam suspeitar, Mônica adquiriu o costume de beber vinho.

Deus porém, enfastiou-a de um hábito que mui facilmente poderia ter-se transformado em vício pernicioso. Em uma daquelas contendas, que soem haver na vida familiar e entre a criadagem, Mônica foi ofendida por uma palavra mordaz de uma criada, a qual, num ímpeto de raiva, a chamou de beberrona, dizendo mais que não havia em casa quem soubesse das libações clandestinas. Mônica, não tanto pela ofensa que sofrera, porém, mais pelo conhecimento do seu proceder incorreto, tomou a resolução de abster-se completamente do vinho, propósito que cumpriu rigorosamente.

Pouco depois recebeu o santo Batismo, cuja graça conservou por toda a vida, pela pureza da fé e pela santidade de vida. Grande foi sua caridade para com os pobres. Sabendo que era difícil conservar-se na graça de Deus, evitava os divertimentos profanos, fugia das ocasiões perigosas e desprezava as exigências e extravagâncias da moda.

Tendo chegado à idade própria, os pais casaram-na com um cidadão de Tagaste, na África, de nome Patrício, que era filho de família ilustre, mas pobre, pagão e homem de sentimentos rudes. O caráter indômito e violento do marido era para a esposa uma fonte de sofrimentos e provações as mais duras. Mônica sofreu tudo com a maior paciência e mansidão, não respondendo a Patrício, senão por obras de uma caridade sem limites e pela oração. Longe de se queixar ou de prestar ouvido às más línguas, que procuravam semear-lhe discórdia no lar, Mônica defendia o marido, e não tolerava que o difamassem em sua presença. Deus recompensou essa dedicação, tendo Mônica a satisfação de ver a conversão do marido. Do seu matrimônio teve Mônica dois filhos, Agostinho e Navígio, e uma filha Perpétua, que se fez religiosa. O mais velho, Agostinho, causou grandes amarguras à mãe, até que enfim, pela conversão e completa mudança de vida, se lhe tornou uma glória.

Embora não lhe deixasse faltar bons conselhos, embora o educasse nos princípios da Religião Católica, a vivacidade, a inconstância e a volubilidade do filho inspiravam à boa mãe sérios cuidados e abriram-lhe uma expectativa pouco lisonjeira para o futuro do menino. Por este motivo e, temendo que perdesse a graça do Batismo, não o apresentou para ser batizado. Os fatos provaram como eram fundados os receios da mãe. Agostinho desde os verdes anos se inclinou para o mal, e mais tarde se filiou à seita dos Maniqueus.

Dezessete anos contava Agostinho, quando perdeu o pai. Para continuar os estudos, dirigiu-se para Cartago. O coração de Mônica sofreu atrozmente com as notícias desoladoras, que continuamente recebia do filho. Tão magoada ficou, que chegou a fechar a este a porta da sua casa. Deus, porém, consolou-a em visões misteriosas, mostrando-lhe a futura conversão de Agostinho. Confortada desta sorte, consentiu que este tornasse a morar em sua casa e lhe assentasse à mesa.

Nem assim deixou de rezar constantemente pela conversão do filho e pedir a outros que o mesmo fizessem. Recomendou-o a diversos bispos, entre estes a um, que também tinha pertencido à seita dos Maniqueus. Este muito a animou, dizendo-lhe: “O coração de teu filho não está ainda preparado, mas Deus determinará o momento. Vai e continua a rezar: é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”.

De fato soou a hora da conversão de Agostinho. Este, que era lente da arte retórica em Cartago, começou a conhecer os erros da seita dos Maniqueus e a experimentar nojo dos seus vícios. De Cartago dirigiu-se para Roma e de lá para Milão, onde Santo Ambrósio era Bispo.

Sabendo do plano de seu filho, de ir para Roma, Mônica quis acompanhá-lo. Agostinho, porém, soube habilmente se furtar à companhia da mãe. Sem avisar, tomou um outro navio, e quando ela chegou ao lugar do embarque, ele já havia partido.

Mônica sabendo da mudança do filho para Milão, seguiu-o e teve o consolo de ouvir de Santo Ambrósio, que o filho já se tinha convertido. Em 387 receberam Agostinho, seu filho Adeodato e o amigo Alípio o santo Batismo.

Agostinho resolveu então voltar, com a mãe para a África. Chegando a Ostia, disse-lhe ela: “Vendo-te hoje cristão católico, nada mais me resta a fazer neste mundo”. Caiu em uma doença grave e morreu, tendo alcançado a idade de 56 anos. O filho Agostinho nas suas célebres “Confissões”, erigiu um monumento indelével à memória da santa mãe.

O Papa Alexandre III colocou o nome de Mônica entre os Santos da Igreja Católica. Sob o pontificado de Martinho V (1430) foi o corpo de Santa Mônica transportado para Roma e depositado na Igreja de Santo Agostinho.

A devoção a Santa Mônica tomou novo incremento em nossos dias, pelo fato de ser ela declarada Padroeira das associações das Mães cristãs. De Santa Mônica podem as mães aprender o interesse que devem ter pela salvação dos filhos.

 

REFLEXÕES

 

1. A vida de Santa Mônica pode a todos servir de exemplo e modelo. Como donzela, era modesta, recatada, amiga da oração, caridosa e compassiva para os pobres; só com o consentimento e mais por obediência aos pais, tomou estado. Como casada, era dedicada, paciente e conformada. Longe de se revoltar contra a sorte, com paciência sofreu os defeitos do marido, procurando pela oração e pela caridade afastá-lo do mal. Aos filhos dedicou todo o cuidado, para educá-los cristãmente. Viúva, santificou-se pela prática de boas obras. Amiga da solidão, fugia dos divertimentos mundanos, e o humilde trajar demonstrava-lhe a seriedade do caráter. Em tudo e por tudo observava os conselhos que São Paulo dá às viúvas: “Se alguma viúva tem filhos ou netos: aprenda primeiro a governar a sua casa e a retribuir aos pais, os cuidados recebidos; porque isto é aceito diante de Deus. Mas a que verdadeiramente é viúva e desamparada, espere em Deus, e esteja perseverante em rogar e orar de noite e de dia. Porque a que vive em deleites vivendo está morta”. (1 Tm 5, 4-6).

2. Santa Mônica tinha mau marido e mau filho. Ambos se converteram devendo-se atribuir-lhes, a conversão à paciência, à caridade, às penitências e orações da santa esposa e mãe. Aprendam com este exemplo, esposas e mães, que se acham em condições idênticas ou quase idênticas. A conversão de um pecador é um grande milagre, que só de Deus se pode esperar, pelas obras de piedade e de caridade, nunca, porém, pela impaciência, por palavras pesadas, imprecações, pragas e maldições.

“Educai vossos filhos na doutrina e no temor de Deus”, ensina São Paulo. O temor de Deus, porém, não admite rancores, imprecações e vitupérios.