Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

  18 de Dezembro

 

São Charbel Makhlouf

 

No domingo 9 de dezembro de 1977, Paulo VI canonizou solenemente o humilde monge maronita Charbel Makhlouf, elevado a símbolo da heróica fidelidade do povo libanês à Igreja Católica, apesar das pressões e perseguições a que foi submetido por tantos séculos.

São Charbel, cujo nome de batismo era José, nasceu em Baga-Kafra, povoado ao norte do Líbano, em 1828. Filho de numerosa família, pobre mas profundamente religiosa, órfão de pai em tenra idade, desde criança sentiu o chamado imperioso de Deus para a vida religiosa.

Aos vinte anos de idade, abandonou a família para entrar no Mosteiro da Ordem Libanesa Maronita em Maifuc, seguindo depois para Annaya. No noviciado recebeu o nome de Charbel, santo martirizado em Edessa, cuja festa é celebrada pelos maronitas no dia 5 de setembro. Foi ordenado sacerdote em 1859.

Logo seu sacerdócio viu o Calvário de perto, pois por pouco não ficou envolvido na horrível chacina provocada pelo furor anticristão dos turcos invasores daquela heróica nação, matando milhares de jovens, destruindo igrejas, saqueando mosteiros (1860).

Sua vida monástica resumia-se na prática da profissão religiosa com a maior fidelidade e austeridade, assiduidade à oração e obediência aos superiores. Plasmava sua alma no amor inconteste a Cristo na Eucaristia e à Virgem Maria, crescendo de virtude em virtude.

As instituições monásticas têm como pedestal da espiritualidade própria a oração e o trabalho, desde os primeiros séculos do Cristianismo. O monge é um homem que une à ordem de Deus “ganharás o pão com o suor do teu rosto” o exemplo e preceito de Cristo de rezar. Eles santificam o trabalho conferindo-lhe valor de oração e redenção.

Em 1875, Charbel obteve licença para viver como eremita no ermo dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo a 1.200 metros de altitude. Procurava assim levar uma vida de perfeita austeridade com mais vigor ainda que no mosteiro. Aplicou-se até à morte aos mais duros exercícios de ascese, como o jejum, o cilício, as vigílias. Desapegou-se tanto dos bens terrenos que, ao ser procurado por uma sobrinha que viera pedir-lhe parte da herança de um irmão do santo, falecido há pouco, Charbel apenas disse: “Se meu irmão morreu este ano, eu já morri antes dele, isto é, desde que entrei para o mosteiro. Um morto não pode herdar nem deixar nada em herança, e um monge também não!”

Charbel não foi pregador nem missionário: seu ministério sacerdotal desenvolveu-se na esfera da imolação interior, da oração, do trabalho e da penitência. Contudo, seu eremitério era muito procurado para conselho e orientação espiritual.

No dia 16 de dezembro de 1898, enquanto celebrava a santa missa, no momento da elevação da hóstia e do cálice, sentiu-se como que arrebatado numa visão: era o término da missa de sua vida terrena. Levado para sua cela, estendido sobre nuas tábuas, com um pedaço de madeira por travesseiro, entrou em agonia; ouviam-no murmurar as palavras: “Ó Deus Pai, Jesus, Maria, José, Pedro, Paulo...”. Exalou seu último suspiro no dia 24 de dezembro, para iniciar seu Natal no céu.

Seu humilde túmulo teve evidentes e comprovados sinais milagrosos. Luzes misteriosas chamaram a atenção sobre o sepulcro. Seu corpo, mesmo muitos anos mais tarde, conservava flexibilidade como dum corpo vivo. Apesar de tratamento especializado, seu corpo, por muitos anos, transpirava sangue com poder taumatúrgico. Fatos tão extraordinários chamaram a atenção para suas virtudes heróicas, postulando da Igreja sua glorificação.

Na homilia da canonização o Papa Paulo VI traçou o perfil biográfico do santo maronita: “Homem da fiel observância dos votos monásticos, da máxima frugalidade nos alimentos, da aplicação ao trabalho manual e da lavoura, da oração incessante, da castidade defendida por intransigência lendária e da dureza no trato do corpo. . . Ele seguiu a lógica da cruz, a lógica do amor que levou Cristo à morte por nós. Esta sua ascese lhe permitiu obter soberana liberdade interior diante das paixões, pureza de vida, espírito de oração e abnegação, ternura filial para com a Santíssima Virgem, espírito manso, doce, pacífico, alegre, misericordioso e humilde”.