06 de Fevereiro
São Paulo Miki e Companheiros Mártires
A pregação do evangelho feita por São Francisco Xavier no Japão nos anos 1549-1551 deu, 30 anos depois, seus frutos mais preciosos na pessoa dos 26 mártires representados, sobretudo, pela figura empolgante de São Paulo Miki. O motivo da inserção deles no Calendário Litúrgico é para dar ênfase à universalidade da Igreja; ela é universal geograficamente porque onde é lançada a palavra de Deus, aí brota a fé e, portanto, cristãos dispostos ao martírio; universal nos tipos de pessoas que aderem à fé e dão seu testemunho no sangue: leigos ou sacerdotes, crianças ou velhos, Japoneses ou de outra raça qualquer. Paulo Miki nasceu em Kioto , capital da arte da cultura no país do sol levante. Batizado ainda criança, assimilou com tal fervor a doutrina e espiritualidade cristã a ponto de desejar tornar-se sacerdote e missionário. E assim aconteceu, tendo ingressado na Companhia de Jesus. Ordenado sacerdote, passou logo à atividade missionária, procurando a conversão de seus compatriotas. Conhecedor da língua, cultura e costumes budistas, pôde penetrar em todos os ambientes sociais, realizando apostolado muito eficiente e obtendo numerosas conversões. Foi ótimo pregador e conferencista. Sempre acolhedor e bondoso a ponto de ter sido dito dele que mostrava seu zelo mais com os sentimentos afetuosos do que com as palavras. Com o deflagrar da perseguição, Paulo Miki foi capturado em Osaka, com dois companheiros de apostolado. A reação dos católicos japoneses foi surpreendente: em vez de se mostrarem atemorizados pela ameaça da morte, proclamavam publicamente a fé, acompanhavam os cristãos presos, e ofereciam-se espontaneamente ao martírio. Aqui apresentamos um relato do martírio destas pessoas, conforme foi narrado por um contemporâneo. “Pregados na cruz, que espetáculo maravilhoso foi ver a constância de todos a que os exortava ora o Padre Pásio, ora o Padre Rodríguez. O padre comissário mantinha-se sempre quase imóvel com os olhos fitos no céu. Irmão Martinho, dando graças à Divina Bondade, cantava salmos com o versículo: ‘Em tuas mãos, Senhor’. Também o Irmão Francisco Blanco agradecia a Deus com voz clara. Irmão Gonçalo dizia muito alto a oração dominical e a saudação angélica”. Paulo Miki, nosso irmão, vendo-se colocado no mais honroso e elevado púlpito que jamais tivera, começou por declarar aos circunstantes ser Japonês e Jesuítas e morrer por ter anunciado o Evangelho; e dava graças a Deus por tão excelente beneficio. Em seguida, pronunciou estas palavras: ‘Tendo chegado a este momento, julgo que nem um de vós acredita que desejo faltar à verdade. Declarou-vos, pois, que não há outro caminho de salvação fora daquele que os cristãos seguem. Este caminho me ensina a perdoar aos inimigos e a todos que me ofendem, por isto de boa mente perdôo ao rei e a todos os responsáveis por minha morte e suplico-lhes queiram ser iniciados pelo batismo cristão’. Volvendo, em seguida, os olhos para os companheiros, começou a animá-los neste combate extremo. No rosto de todos, podia-se ver certa alegria, mas no de Luís (onze anos) era extraordinária; um cristão gritou-lhe que, em breve, estaria no paraíso. Então fez sinal afirmativo com os dedos, atraindo para si os olhares de todos os presentes. Antônio (treze anos), ao lado de Luís, os olhos voltados para o céu depois de invocados os santíssimos nomes de Jesus e Maria, cantou o salmo ‘louvai, meninos, o Senhor’, que aprenderam no curso de catecismo em Nagasaki. Como previsão do martírio, ensinava-se às crianças a recitação de alguns salmos. Outros, exortavam os circunstantes a uma vida digna de cristãos; com estes e outros atos provaram sua disposição de morrer”. O martírio se deu no dia 5 de fevereiro de 1595.
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