Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

08 de Fevereiro

 

São Jerônimo Emiliano

 

“No dia 8 de fevereiro de 1537, morria em Somasca, perto de Bérgamo, Itália, aos cinqüenta e um anos de idade, Jerônimo Emiliano; morria entre os empestados, dos quais ele cuidara. A liturgia celebra-o como herói da caridade cristã, ao lado de outros dois campeões, São Camilo de Lellis e São Vicente de Paulo”.

Jerônimo pertencia à nobreza veneziana e seguiu a carreira militar, compartilhando com os homens de armas uma vida um tanto dissoluta. Em 1511, os Estados da Europa se uniram numa liga, chamada de Chambrai, para combater a prepotente república veneziana.

Jerônimo era comandante da fortaleza de Castelnuovo, defendendo Veneza, quando seu exército foi derrotado. Ele próprio foi detido e lançado numa tétrica prisão. A solidão e os sofrimentos do calabouço levaram-no a Deus. A devoção a Nossa Senhora da Saúde, aprendida no lar paterno, levaram-no a fazer voto de conversão e de dedicação exclusiva às obras de religião. Contra todas as previsões, Jerônimo readquiriu a liberdade e manteve sua promessa.

Depois da prisão, voltou por algum tempo a Castelnuovo e aprofundou sua vida religiosa através da oração, reflexão e da penitência. Tinha trinta anos de idade. Decidiu tornar-se sacerdote, formando-se com trinta e sete anos.

Voltando para Veneza, sua terra natal, encontrou o verdadeiro campo para imensa caridade: a carestia, a fome, as epidemias, que faziam estragos dolorosos. Por toda parte órfãos, crianças abandonadas, moças entregues à prostituição. Tudo isto como conseqüência da guerra. Jerônimo não ficou de braços cruzados. Recolheu os órfãos e as crianças abandonadas, abriu escolas de artífices, encaminhou meninos para o trabalho com lã. Com esta finalidade, prodigalizou todos os seus bens. Mas os recursos financeiros eram sempre poucos para tanta miséria. Surgiram então amigos e o ajudaram em sua obra caritativa, que começava a impor-se publicamente.

Em 1532, é chamado a Verona, onde organiza um orfanato. A seguir, faz o mesmo em Bréscia e Bérgamo, onde também funda uma casa para acolher moças decaídas. Em 1534, funda em Milão outro orfanato e outra casa para reabilitação das jovens.

“Em torno de Jerônimo formou-se um grupo de auxiliares generosos, dando origem à ordem de clérigos regulares, especialmente dedicada às crianças órfãs e aos pobres. Segundo o testemunho dos contemporâneos, Jerônimo era rico em fé e em confiança ilimitada na Providência Divina. Mesmo em meio às maiores preocupações espirituais materiais que seu apostolado acarretava, tinha sempre o rosto alegre e sorridente”. O vigário-geral da diocese de Bérgamo disse: “Parece que Jerônimo segura o céu na mão. Entusiasma de amor divino todos aqueles que dele se aproximam”.

Morreu Jerônimo serenamente, deixando preciosa herança de amor e de obras filantrópicas, que continuam sendo dinamizadas por seus religiosos.

O problema dos jovens abandonados, que tanto aflige a sociedade atual, evoca a memória deste bondoso pai e protetor dos órfãos. Lembra São Jerônimo que o dinheiro e a organização, tão significativos em nosso tempo, não bastam para encaminhar a solução da juventude abandonada ou desviada. A juventude precisa também, e sobretudo, de muito amor cristão, precisa de ideais superiores que dêem sentido e conteúdo à vida, conforme o exemplo do grande santo que hoje veneramos.