Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

8 de Janeiro

 

São Severino, Apóstolo da Áustria

 

Nada se sabe da procedência e nacionalidade de São Severino, o qual, perguntado pelos discípulos, negou-se a dar informações a este respeito. O fato, porém, de ter ma­nejado com máxima perfeição o latim, suas maneiras aristocratas, permitem a conclusão de ser oriundo de Roma ou da África latina. É provável que, tendo visitado os santos Lugares da Palestina, no Oriente, tenha conhecido mais de perto a vida monástica. O zelo apostólica levou-o às margens do Danúbio, onde antigamente estavam   florescentes as colônias romanas, que tinham sofrido horrivelmente pela invasão dos hunos. Era seu intento salvar ainda os restos do cristianismo, que sobreviveram à terrível migração dos povos. Em 455 o vemos perto de Melk, na cidade de Osterburg. Foi lá que fixou residência, tendo por moradia uma choupana, testemunha das suas penitências e modificações. Qual novo João Batista pregava penitência aos povos. A sua vida  austera, fez com que todos, inclusive os príncipes pagãos germanos, lhe tivessem muito respeito e o considerassem homem de   Deus.    Deus concedeu-lhe   o dom   da profecia. Com certeza matemática predisse a algumas cidades   sua   destruição. Quando se aproximavam as hordas de Átila, Severino pregou penitên­cia aos habitantes de Asturis, predizendo-lhes, qual outro Jonas, o extermínio. Os asturienses, porém, obcecados pelas paixões não prestaram ouvido aos avisos do santo homem, e cobriram-no de escárnio. Severino abandonou a cidade ímpia e dirigiu-se a Comagaris. O castigo de Deus não tardou; os hunos to­maram a cidade e fizeram passar a fio de espada todos os habitantes. Esse fato causou grande impressão, e a fama do Santo correu de cidade em cidade.

Os habitantes de Fariana (hoje Viena) mandaram embaixadores a Severino, com o pedido de livrá-los do grande flagelo da fome, que di­zimava a população. Severino atendeu-os e pregou aos Farianenses pe­nitência, exortando-os ao mesmo tempo à prática da caridade cristã, para que Deus se apiedasse do povo. Repreendeu publicamente uma no­bre e rica viúva que, aproveitando-se da necessidade do povo, amon­toava grandes "stoks" de manti­mentos, para os vender por preços exorbitantes. De fato ela se arre­pendeu do grande crime, e fez larga distribuição de mantimentos entre os pobres. Atribuíram à oração do Santo o fato raríssimo de naquele ano, pelo frio intenso, se ter forma­do sobre o Danúbio tão grossa e resistente camada de gelo, que permi­tiu a passagem de pesadas carroças", facilitando assim o trânsito de mercadorias para a outra margem. Foi assim aliviada a cidade do terrí­vel flagelo da fome.

Tanto o povo de Viena e seu príncipe Fara insistiram, até que Se­verino se resolveu a fixar residência  na cidade, onde fundou um mosteiro. Durante os tempo de guerras contínuas, foi o Santo o conforto e o consolo dos pobres oprimidos. O convento de Viena veio a ser  casa mãe de muitas outras fundações do mesmo gênero.

Muitos foram os milagres que Deus se dignou de fazer por inter­médio do seu santo servo. Aos com­panheiros predisse o dia da sua mor­te e profetizou a expulsão da Ordem dos países do Danúbio.

Severino morreu em 482, em Viena. Os confrades da Ordem transportaram-lhe o corpo para Nápoles, onde seus restos mortais repousam na Igreja dos Beneditinos.

 

REFLEXÕES

 

1. São Severino foi um perfeito imitador de Cristo, na virtude da humildade. Longe de se gloriar da nobre descendência e dos brilhantes talentos, tratou sempre de fugir dos elogios dos homens, e emendar as virtudes na solidão do silêncio e da oração. Porque se humilhou, foi por Deus exaltado. A humildade é, na verdade, o fundamento e o baluarte de todas as virtudes. Sem possuir esta virtude, o homem não agrada a Deus, que resiste aos soberbos e os confunde, ao passo que aos humildes dá sua graça. Para ensinar aos homens esta virtude, o Filho de Deus veio a este mundo. "Aprendei de mim, disse-lhes — não a operar milagres, mas a ser humildes — pois sou manso e humilde de coração". A humildade é a fonte de todos os bens: ilumina o espírito com luz sobrenatural e dá à vontade um vigor sobre-humano.

2. Todos elogiam e admiram a virtu­de da humildade. Poucos, entretanto, são os que a praticam. O elogio é só de boca; falta muitas vezes a coragem de arcar com as conseqüências desta virtude, cuja prática nos exige grandes sacrifícios. Quem há que queira sofrer repreensões, censuras, críticas, desprezo, ainda que o mereça? Quem é que conserva a calma, vendo-se injustamente perseguido, difamado, ultrajado, caluniado? São poucos os que, semelhantes ao publicano, batem nos peitos, confessando-se pecadores perante Deus. Bem poucos são os que se declaram de acordo com o que diz São Paulo: "Tudo tenho por perda, pelo eminente conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor: pelo qual tudo tenho perdido e o avalio por esterco, com tanto que ganhe a Cristo" (Fl 3, 8). Pensas como o publicano, reconheces ser o servo inútil e preguiçoso, que deixa perder as graças recebidas ou as repele — ou confias em tuas obras, julgando-te com direito de desprezar o próximo? Se não te tornares humilde como uma criança, no reino do céu não entrarás. Pede a Deus a graça de aprender a ser humilde.