Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

13 de Janeiro

 

Santo Hilário de Poitiers

 

Hilário nasceu na França no início do século IV. Pertencia a uma família pagã, abastada, que lhe proporcionou educação e instrução privilegiada. Procurou na filosofia do seu tempo a luz da verdade plena, sem a encontrar. Finalmente, veio a conhecer o Evangelho, o qual considerou a mais pura fonte de luz e de verdade. Converteu-se ao Cristianismo, sendo batizado com trinta anos de idade. Estava casado e tinha uma filha. Depois da sua conversão e da de todos os membros da família, procurou viver no lar uma vida profundamente cristã.

A Igreja tinha saído, há pouco, das perseguições; eram, portanto, os primeiros tempos de paz. Isto parece que deveria significar para a Igreja e para os cristãos uma vivência tranqüila de fé, pela qual tanto tinham sofrido. O século IV marca para a Igreja uma provação mais terrível do que a das perseguições sangrentas: a divisão interna, a heresia, o cisma. É o momento da heresia ariana, provavelmente a maior prova atravessada pela Igreja em sua história secular.

Por volta do ano 353, enquanto Hilário vivia tranqüilamente em seu lar com a esposa e filha, foi chamado a suceder ao bispo de Poitiers. Na proposta do povo e do clero que lhe pediam aceitasse o cargo de pastor da diocese, viu com clareza a vontade de Deus. “Conforme a norma vigente em igrejas de algumas regiões, como Roma, Egito, Oriente, em casos semelhantes ao de Hilário, o bispo já não podia viver maritalmente, devendo trocar os encargos do lar pelo serviço exclusivo da comunidade cristã. Foi o que fez. Com o preparo intelectual e espiritual que desfrutava, ele estava destinado a enfrentar a tarefa de defender a fé cristã contra o arianismo. Acabou sendo, no Ocidente, o que Santo Atanásio fora no Oriente: intrépido defensor da fé".

Nesta controvérsia doutrinária, vital para a sorte da Igreja, Hilário soube juntar dois extremos difíceis de se harmonizarem: o espí­rito de doçura e persuasão com a intransigência mais corajosa. Diversas vezes enfrentou o poder ditatorial dos imperadores: foi desterrado para o Oriente. Este desterro deu-lhe oportunidade de conhecer as comunidades cristãs mais antigas e o pensamento dos maiores sábios da Igreja. Do exílio, escreveu alguns livros contra o imperador Constâncio e contra Auxêncio, porque eles favoreciam a heresia.

O próprio Santo Hilário caracterizou, com uma frase, sua têmpera de defensor da fé cristã: "Enganam-se os que crêem que conse­guirão me fazer calar; falarei pelos escritos; e a Palavra de Deus, que ninguém pode destruir, voará livre".

Além de livros que atacavam aqueles que queriam destruir a fé cristã, escreveu outros em que procurava explicar as doutrinas da Igreja Católica. Ele também era artista: foi um dos primeiros a escrever hinos que eram recitados e cantados nos encontros dos fiéis.

Após quatro anos de desterro, Hilário voltou à sua diocese de Poitiers, onde foi recebido triunfalmente. Devido à resistência enérgica do povo cristão daquele local, fiel em seguir o maravilhoso exemplo do próprio bispo, a heresia ariana não conseguiu tomar pé naquela diocese.

Passou ainda seis anos na atividade pastoral em sua diocese, promovendo, inclusive, um sínodo, a fim de restabelecer a antiga vivência cristã e purificar as igrejas da França dos resíduos do arianismo.

Depois de uma vida agitada. Hilário faleceu de morte tranqüila, em 367. Foi logo venerado pelos fiéis que tanto o amavam. No século passado, o Papa Pio IX o declarou doutor da Igreja.