Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

17 de Julho

 

Bem-Aventurado Inácio de Azevedo e companheiros

 

Há páginas na história do Brasil que ainda não foram escritas, nem poderão ser escritas: são as páginas que deveriam falar do ideal puro e santo que animou milhares de apóstolos, que sonharam e se sacrificaram por um Brasil grande e cristão; grande, não à custa de matanças de inocentes e invasão armada da terra dos índios, mas grande no genuíno amor cristão que, na liberdade e respeito para a pessoa humana, cria fraternidade, justiça e paz.

No número destes heróis desconhecidos estão os mártires que o calendário litúrgico do Brasil hoje comemora: Inácio de Azevedo e 39 companheiros.

Inácio de Azevedo nasceu em Portugal, de nobre família, em 1526. Teve uma educação esmerada com possibilidades para um futuro brilhante aos olhos do mundo; mas desde jovem sonhou outro ideal: o da consagração total a Cristo. Com 22 anos, entrou na Companhia de Jesus, recém-fundada, estando ainda vivo o fundador, Santo Inácio de Loiola.

Concluída sua formação sacerdotal, desempenhou o cargo de reitor nos colégios de Lisboa, Coimbra e Braga. As missões além-mar eram, contudo, sua mais profunda aspiração. “Desejo ser enviado às índias ou ao Brasil”, escrevia ele ao Superior Geral dos jesuítas. Em 1566, começaram a realizar-se suas esperanças. Veio para o Brasil como visitador, percorreu todas as capitanias, entrou em contato com os grandes missionários do tempo, Nóbrega e Anchieta; fez um levantamento da situação, das necessidades de ter mais padres a missionar entre os índios e voltou para Roma, como representante do Brasil na Congregação Geral dos Jesuítas, em Roma. Lá patrocinou a causa do Brasil: conseguiu licença do padre geral para organizar uma grande expedição missionária. Reuniu 87 voluntários, que partiram em três navios de Lisboa, em 1570.

“Na ilha da Madeira, a nau em que navegava o Padre Azevedo com outros 39 jesuítas, separou-se das outras duas para uma breve estadia nas Canárias. Foi, então, assaltada por calvinistas franceses inflamados no ódio das guerras de religião que então devastavam França, os calvinistas, ao se apoderarem do navio, decidiram matar todos os jesuítas.

Saiu-lhes ao encontro Azevedo, com uma imagem de Nossa Senhora nas mãos, confessando sua condição de sacerdote de Cristo: “Todos me sejam testemunhas, como morro pela fé católica, e pela Santa Igreja Romana”. Um soldado deu-lhe uma cutilada na cabeça, deixando coberto de sangue.

Em torno, os demais religiosos confortaram-no com suas preces e professaram também sua fé, lamentando só o desamparo das missões do Brasil. “Não choreis, filhos”, disse Azevedo, antes de morrer, “pois fundaremos, hoje, um colégio no céu”. Os huguenotes, enfurecidos, acabaram com Azevedo; depois arremeteram contra todos os jesuítas".

É uma página humanamente triste, esta do ódio religioso, enquanto deveria ser papel da verdadeira religião unir os homens no culto e no amor ao mesmo Pai Supremo. Todo fanatismo é cego, irracional e se transforma em ódio destruidor. O próprio Cristo tinha previsto isso, em seu Evangelho: “Virá a hora em que aqueles que vos matarem julgarão realizar um ato de culto a Deus” (Jo 16,2).

Eles morreram para um Brasil grande e cristão: merecem, portanto, a nossa devota gratidão.