Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

18 de Julho

 

São Francisco Solano

 

As nações da América Latina de origem espanhola já contam com diversos santos de primeira grandeza, que se impuseram, sobretudo, na evangelização dos índios: tais como São Pedro Claver, São Luís Beltrão, São Turíbio, Santa Rosa de Lima e São Martinho de Porres e o santo de hoje, Francisco Solano.

Nasceu este, aos 10 de março de 1549, na Espanha. Seus pais entregaram Francisco, ainda menino, aos padres jesuítas, em cujo colégio cursou os estudos primários e de 2º grau, recebendo ótima educação religiosa.

Aos vinte anos, decidiu tomar o hábito franciscano com o desejo de dedicar-se unicamente às coisas de Deus em espírito de humildade e de pobreza. Quando se formou sacerdote, era um jovem robusto, alto, moreno, de aspecto bonito, com uma voz muito linda e forte pendor para música. Qualidades estas que influíram em sua primeira tarefa como responsável pelo coro e pela pregação.

Nos primeiros anos de sacerdócio, foi gradativamente ocupando diversos cargos na Ordem Franciscana, como assistente e depois mestre dos noviços, superior do convento, distinguindo-se pelo zelo e caridade pelos pobres.

Em 1568, chegou à Espanha Frei Baltasar, provindo do Novo Mundo, em procura de missionários para a América Latina, que se abria como um vastíssimo e promissor campo de apostolado.

Francisco ofereceu-se espontaneamente para esta árdua missão. Contava então 39 anos, era homem maduro, de vasta experiência pastoral e de virtude comprovada. Os superiores aceitaram a proposta, e Francisco partiu para a América Espanhola em direção a Lima do Peru, em 1589. Toda a viagem que cruzava o oceano era naquele tempo longa, cansativa e cheia de peripécias. Assim foi também para o nosso missionário. A embarcação em que viajava foi destruída pela tempestade e Francisco passou uma noite agarrado a um escombro, conseguindo como por milagre chegar à praia. Com alguns colegas de viagem, passou várias semanas lutando pela sobrevivência num lugar árido e sem sinal de vida. Finalmente, passou uma embarcação que os levou para Lima do Peru. Francisco foi destinado para missionar entre os índios de Tucumán, ao norte da Argentina. Mais uma viagem de quatro mil quilômetros por sendas difíceis, atravessando os rochedos dos Andes, pântanos, rios. desertos e florestas. Ele se animava nestas viagens com o pensamento: se aventureiros em busca de ouro percorreram o mesmo caminho por que não o podia fazer ele, que ia em busca de almas?

Passando por Assunção do Paraguai, região que dependia da diocese de Lima, Francisco foi convidado a fazer umas pregações, pois os funcionários, militares e fazendeiros espanhóis de Assunção eram ávidos de ouvir pregadores provindos diretamente da Espanha. A pregação de Francisco foi viva, incisiva, denunciando, inclusive, os abusos da escravidão, a prepotência contra os índios, a licenciosidade moral. Um rapaz de quinze anos de idade estava presente a esta pregação e ficou profundamente impressionado: era Roque González, o futuro fundador das Reduções Guaranis e mártir da fé no nosso Brasil.

Na região do Tucumám, Francisco dedicou-se com afinco e zelo incansável à evangelização dos índios, atraindo-os com sua natural bondade, com melodiosos cantos ao toque do violão, ajudado pela sua arte musical e sua voz de tenor. Deus concedeu-lhe uma grande facilidade de aprender várias línguas indígenas, de modo a suscitar admiração como se tivesse o dom de Pentecostes. Nos últimos anos de sua vida, após missionar com proveito em várias localidades da Argentina e do Peru, foi chamado pela obediência a exercer cargos de importância, na Ordem, em Lima do Peru. Desgastado pelos trabalhos e privações, veio a falecer aos 14 de julho de 1610, com 61 anos de idade. Seu enterro foi um triunfo: um número incalculável de fiéis e índios chorando acompanharam, seu corpo à sepultura, e as autoridades religiosas iniciaram imediatamente o processo de canonização, que deu em 1726.

A popularidade do culto a Francisco se evidencia no fato de três países da América Latina o terem escolhido como patrono: a Argentina, o Uruguai e o Peru.