6 de maio
São Leonardo Murialdo
A proclamação da santidade deste exemplar sacerdote de Turim, Itália, é recente: deu-se em 1970. Trata-se de fato de um santo moderno, dos nossos tempos e a mensagem que brota de sua vida e atividade é de máxima atualidade. Os problemas que agitam hoje em dia a convivência social eram aqueles aos quais dedicou toda sua vida na defesa dos operários contra o abuso, a preparação profissional dos jovens e o engajamento dos cristãos na ação social e política. São Leonardo Murialdo nasceu em 1828 naquela cidade de Turim que no século passado gerou tantos santos, como talvez nenhuma outra diocese. Basta citar: São José Cottolengo, São José Cafasso, São João Bosco, São Domingos Sávio. Nasceu e cresceu, portanto num ambiente de fé ativa e de espiritualidade operosa. Murialdo pertenceu a uma família burguesa, mas não concordou com a burguesia do seu tempo. Antes, viveu e vibrou em função dos problemas sociais de que a burguesia era em parte culpada. Para conseguir isso com maior eficiência, renunciou às vantagens que o mundo lhe podia oferecer, entrou no seminário e se tornou sacerdote com 23 anos de idade. Ele percebeu que só um Cristianismo vivido é capaz de libertar os homens das escravidões, das paixões humanas, dos egoísmos que semeiam tantas injustiças. Ele foi um sacerdote para as camadas mais pobres da sociedade: foi o apóstolo dos varredores da rua, dos limpadores das chaminés, dos engraxates, dos meninos da rua, dos presos e jovens trabalhadores. Uma outra ocupação preocupou sua mente e seu coração: era a situação dos operários, as organizações sindicais, a assistência social dos trabalhadores, os círculos operários recreativos – tudo isso visto à luz dos princípios cristãos. Por estas iniciativas, o Pe. Murialdo conseguiu despertar nova dignidade profissional cristã nos trabalhadores. A fim de melhor uni-los e animá-los, ele fundou um jornal, A Voz dos Operários, iniciativa talvez única na história dos movimentos cristãos dos trabalhadores. Pelo jornal e pela ação pessoal do Pe. Murialdo, os operários encontraram uma voz que defendia a própria causa perante os empresários, as autoridades e o governo. A grande encíclica social do Papa Leão XIII Rerum Novarum veio confirmar e dar respaldo às idéias e iniciativas corajosas do Pe. Murialdo. Este dinâmico apóstolo dos operários e da juventude não trabalhava sozinho: seu entusiasmo suscitou colaboradores, especialmente, entre o clero jovem. Entre eles formou-se um vínculo de fraternidade e solidariedade que, aos poucos, evoluiu numa nova Congregação Religiosa, chamada “Pia Sociedade de São José”, inaugurada oficialmente em 1873. É supérfluo dizer que semelhante movimento de promoção dos operários encontrasse oposição por parte de conservadores, mesmo de revolucionário, esquerdista, marxista, quando, de fato, é apenas evangélico, pelos princípio que o inspiram e pela caridade que o anima. O Pe. Murialdo ficou até à morte superior geral da sua congregação religiosa que, hoje, está espalhada em vários países, inclusive no Brasil. Ela cuida de atividade complexa, que vai desde os patronatos, os colégios, os orfanatos, as escolas profissionais, agrícolas, até aos círculos operários, à boa imprensa e às escolas apostólicas. Do movimento social cristão, impulsionado pelo Pe. Murialdo, formaram-se os melhores líderes da ação católica tão incentivada pelos romanos pontífices. A boa imprensa teve sempre em Pe. Murialdo um grande incentivador, prevendo o valor formativo na sociedade moderna. É dever, porém, frisar, que toda esta múltipla atividade era sustentada por profunda vida interior feita de oração, fé viva, disciplina ascética; pois nenhuma atividade teria valor e seria fecunda sem a graça divina. Pe. Leonardo Murialdo faleceu em Turim, a 30 de março de 1900, com 72 anos de idade. A Igreja, ao canonizá-lo, reconheceu oficialmente a santidade de sua vida e a validade de sua obra. Sua festa foi fixada para o dia 18 de maio.
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