7 de maio
Bem-aventurada Catarina Tekakwitha
Na admirável coroa de novos santos que o Papa João Paulo II elevou às honras dos altares em junho de 1980, ao lado do grande apóstolo do Brasil, José de Anchieta, apresentou à veneração dos fiéis também uma índia pele-vermelha da América do Norte, que cresceu como lírio de pureza no meio dos espinhos: Catarina Tekakwitha. Esta nova beata nasceu nos confins entre o Estado de Nova Iorque e o Canadá por volta do ano de 1656. Seu nome original era Joragod, que significa “esplendor do sol”, e de fato era predestinada a resplandecer pelas suas heróicas virtudes. Sua mãe, quando ainda moça, foi catequizada pelos primeiros missionários jesuítas do Canadá, mas, em conseqüência duma guerra entre tribos, foi presa, levada escrava e tomada como esposa pelo chefe da tribo. Desta união nasceu Catarina. Apesar de o pai ser contrario à religião dos brancos, a mãe conseguiu semear naquele pequeno coração as primeiras noções da religião cristã e muito amor a Jesus crucificado. No entanto, ela crescia sem batismo, pois não lhes era permitida entrar em contato com os missionários. Grave epidemia de varíola levou à morte toda sua família; ela mesma foi atacada pelo mal, mas conseguiu sobreviver, carregando, contudo, no rosto os sinais e fraqueza de visão. Admirável é o fato de que, ficando órfã antes de completar os cinco anos de idade, Catarina conservava vivas na memória as principais orações e noções da fé. Órfã, foi confiada aos cuidados de duas tias, obstinadamente contrárias à religião cristã. Sob a custódia das tias, Catarina sofreu verdadeira tirania e contínua pressão para que abandonasse as orações e crenças cristãs. Mas parecia que uma força superior protegia aquela frágil flor açoitada pelos ventos gélidos da perseguição! A vida dos índios peles-vermelhas era dura, difícil, especialmente durante o período de caça, quando perambulavam em vastas regiões, levando consigo mulheres e filhos. Mesmo quando seguia sua tribo nas estações da caça, Catarina continuava suas orações diante de um rugosa cruz talhada por ela mesma na floresta. Contudo, ela sofria terrível isolamento espiritual, pois sem contato com os missionários não tinha condições de se alimentar na fé, receber o batismo e uma direção espiritual. Quando os parentes insistiam para que casasse, ela respondia, muito calma e serena, que tinha Jesus como seu único esposo. Esta decisão, atendendo às condições sociais das mulheres indígenas naquele tempo, expunha Catarina aos risco de viver fora da casta, na pobreza e desamparo. Tendo finalmente notícia da existência de missionários numa determinada região ela planeja e realiza uma fuga da casa das tias, superando perigos sem conta, consegue chegar à missão, quase esgotada de forças. Catarina tinha vinte anos de idade, desde então sua vida toma outro rumo: de consagração total a Cristo, na virgindade consagrada ao Esposo Divino. Recebe o batismo e, finalmente, pode alimentar-se do Pão dos fortes, Jesus na Eucaristia. Os padres da Missão ficaram pasmados em reconhecer naquela alma eleita, ensinada unicamente pelo Espírito Santo em tantos anos de isolamento, virtudes cristãs de elevada perfeição. Verdadeiramente admirável é Deus em seus santos. Catarina viveu santamente ocupada nos serviços da missão, dedicando-se com ardor à oração, às obras de penitência e de caridade. Consagrou-se a Cristo pelo voto de perpétua castidade. Acometida por grave doença que atormentava aquele corpo inocente, tudo suportou sem a mínima queixa, feliz de sofrer com Cristo pela conversão de sua tribo. Consumida pelo mal e pelo amor ao Esposo Divino, faleceu santamente com 24 anos de idade. Com toda verdade pode ser comprada a Santa Teresinha do Menino Jesus, pois viveu a mesma espiritualidade, morreu com a mesma idade, tendo nos lábios as mesmas palavras da Santa das Rosas: “Meu Jesus, eu te amo!” Estas foram suas últimas palavras. Chefes peles-vermelhas, no século passado, levaram ao papa uma súplica pedindo em favor da beatificação da própria heroína. E grande número estava presente em Roma ao solene rito!
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