Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

23 de maio

 

São Juliano

 

Há nomes que, em determinadas épocas e lugares, foram moda: entre estes está certamente o nome Juliano, que nos primeiros séculos do Cristianismo foi honrado por quarenta santos, entre os quais 32 mártires.

Contudo, não há entre eles personalidades que marcassem a história, de tal modo que existe um certo embaraço na escolha deles pela escassez de notícias. Este motivo nos leva a fazer rápida alusão aos principais santos com o nome Juliano, a fim de satisfazer a legítima curiosidade de quem leva este nome.

Hoje, o Martirológio comemora um São Juliano mártir com Quinciano e Lúcio, na África, por ocasião da invasão dos vândalos no século V.

Há mais um São Juliano nascido em Brioude, na França, e comemorado no dia 28 de agosto. Era oficial do exército romano ao tempo do imperador Diocleciano. Quando este imperador, em 302, decretou a perseguição contra a Igreja, Juliano recusou-se terminantemente a adorar os ídolos. No primeiro momento, ocultou-se em lugar ermo conforme o conselho de Jesus: “Se vos perseguirem numa cidade, fugi para outra”. Descoberto, foi levado ao tribunal onde confessou heroicamente sua fé. Condenado à decapitação, alcançou o prêmio eterno. No lugar de seu martírio foi elevada uma basílica que lhe perpetuou a memória.

O São Juliano que alcançou maior popularidade na história e em redor do qual foram tecidas numerosas lendas foi Juliano, o hospedeiro, cuja festa é celebrada em datas diversas, conforme as tradições dos lugares. Falando dele no dia nove de janeiro, o Martirológio o diz natural de Antioquia da Síria, casado com Basilissa, com a qual, porém, viveu na perfeita castidade. Ele tinha transformado sua casa em hospedara em favor dos pobres e, sobretudo, dos perseguidos por causa da fé. De fato, vigorava em seu tempo a perseguição de Diocleciano, em 305, e o clima de terror por toda parte. Mas Juliano, a despeito dos perigos, continuava sua obra assistencial até que, descoberta sua condição cristã, foi levado ao tribunal, processado, torturado e condenado a ser decapitado por volta do ano 308. A esposa Basilissa tinha falecido santamente pouco antes.

Sobre estes dados históricos, a fantasia popular teceu não poucas lendas, que se difundiram largamente na Idade Média, influenciando a vários artistas e escritores. A majestosa catedral de Chartres na França, construída no século XIII, imortalizou a memória de São Juliano em seus vitrais. As grandes cidades de Gand e Macerata, na Europa, o escolheram como padroeiro, e os viajantes e hospedeiros o invocam como protetor.

Além de santos mártires, citamos também um monge beneditino que honrou, com exímia santidade, o nome de Juliano. Ele viveu no século XV, em Palermo, na Itália, e se impôs à admiração de todos pelo seu alto saber, pelas virtudes e ação apostólica. Várias vezes foi solicitado pelo rei Afonso, o Magnânimo, a desempenhar delicadas missões junto ao grande sultão de Túnis, cujos soldados vasculhavam o mar Mediterrâneo, caçando navios e fazendo escravos cristão. Por cinco vezes cruzou o mar como mediador junto ao prepotente sultão, conseguindo a liberação de numerosos escravos e certa mitigação nos belicosos projetos. O próprio sultão foi tomado de admiração por este homem que definiu: “Amigo da fé, digno cristão e eremita, amante da oração”. Ele foi também promotor em Palermo de numerosas obras caritativas, inclusive, da fundação de um hospital para os pobres.

Faleceu por volta do ano 1455, pranteado e amado por todo o povo de Palermo.