Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

24 de maio

 

São Vicente de Lérins

 

Pensador, escritor e santo de larga projeção, São Vicente foi uma das figuras mais conhecidas na Igreja da França, no século V. Foi chamado de Lérins, porque passou quase toda sua vida no famoso mosteiro de Lérins, fundado pouco antes por Santo Honorato, numa pequena lha no sul da França.

Seu nascimento, de data incerta, vem comumente colocado no fim do século IV, no norte da França. Ele próprio declara que teve juventude um tanto agitada atrás das vaidades do mundo; provavelmente iniciou a vida militar mas, convertido, abandonou o mundo e se fez monge em Lérins.

Seu proveito nos estudos e na observância da vida monástica foi marcante como se evidencia pelas obras e pela fama de santidade que adquiriu já em vida, de modo que foi considerado o teólogo e escritor mais eminente na Igreja da França, no século V. Foi abade e reformador do mosteiro de Lérins, que ele transformou em grande centro de formação de bispos e santos, exercendo grande influência na evangelização da França.

Os mosteiros que foram surgindo na França por obra de Santo Honorato, São Martinho de Tours e São Cassiano entre os séculos IV e V eram guardiães da ortodoxia. Vicente como teólogo e escritor tomou parte ativa nos problemas doutrinários do seu tempo. Batalhou com a palavra e com a pena contra a heresia ariana que negava a divindade de Cristo, consubstancial ao Pai; rejeitou as aberrações de Nestório, que negava a meternidade divina de Maria Santíssima; insurgiu-se contra o pelagianismo que negava o valor redentivo da morte de Cristo e admitia que o homem por suas próprias forças, sem a graça de Deus, era capaz de se salvar; polemizou também com Santo Agostinho sobre questões do livre-arbítrio, da predestinação e da necessidade da graça, achando que o bispo de Hipona diminuía o papel do homem na própria salvação. Contudo, foi sempre um grande admirador da doutrina do grande Doutor da Igreja, Existiam ainda fortes vestígios do donatismo, que tantas lutas tinha desencadeado na Igreja. Vicente foi um farol de ortodoxia, sentinela vigilante contra toda contaminação na fé.

Querendo ditar regras claras e fáceis da perfeição cristã que ao mesmo tempo orientassem em relação à verdadeira fé, Vicente lavrou uma obra magistral, verdadeira obra-prima que lhe granjeou fama imortal, chamada: Commonitorium, ou “Tratado para reconhecer a Antigüidade e universalidade da fé católica contra as profanas novidades dos hereges”. Para definir a tradição, Vicente encontrou uma fórmula feliz que, depois dele, prevaleceu na teologia: “Deve-se considerar por verdadeiro na fé aquilo que sempre e por toda parte foi aceito por certo na Igreja”.

Este princípio norteou os ensinamentos da Igreja nos últimos concílios.

A mil anos de distância, esta obra estava sendo largamente usada por São Roberto Belarmino e pelo grande orador Bossuet nas controvérsias doutrinárias. São Belarmino chamava esta obra: um “Livro todo de Ouro”.

São Vicente de Lérins ficou sempre monge. Ele possuía espírito culto, equilibrado e lógico. Foi religioso modelar, verdadeiro formador de monges. Sua morte é colocada no ano 450. Embora se desconheça o dia, sua festa litúrgica foi fixada par o dia 24 de maio.