040 - Anexo

PROFANAÇÕES

Os embalos do padre Zeca

Afastado da Igreja há um ano, o vigário bonitão do Arpoador circula pela noite e aproveita a solteirice

Sofia Cerqueira

Fotos Dilmar Cavalher
Longe do altar, rotina agitada: "Estou me adaptando à nova vida"

A batina está guardada. Um ano depois de ter pedido licença à Arquidiocese do Rio de Janeiro e se afastado das funções sacerdotais, José Luiz Jansen de Mello Neto, o padre Zeca, parece perfeitamente adaptado à vida de solteiro. O criador do movimento Deus É Dez, que arrastava milhares de jovens para shows religiosos na Praia de Ipanema nos anos 90, agora circula com desenvoltura pela noite carioca. Zeca, de 37 anos, freqüenta o Bar Jobi, no Leblon, gosta de dançar no Carioca da Gema, badalado endereço de samba na Lapa, e marca presença nas festas de amigos, nas quais namora em público. O padre-surfista, como ficou conhecido, roda a cidade a bordo de uma Scooter – não tem carro. Nos fins de semana, bate ponto nas areias do Leblon, perto da Rua Rainha Guilhermina. Ali passa horas com seu atual rebanho, jovens de classe média alta da Zona Sul. Enfim, leva a vida de qualquer homem livre, leve e solto da sua idade.

Em janeiro de 2007, quando deixou oficialmente a Paróquia da Ressurreição, no Arpoador, foi divulgado que estava se licenciando por um ano, para estudar fora do país. O afastamento do pároco, grande aposta da Igreja Católica no Rio, provocou surpresa entre fiéis e muito tititi. Comentava-se que os motivos do afastamento seriam uma paixão e a discordância da exigência do celibato. Pouco depois, Zeca foi visto circulando com a empresária Maria Rita Magalhães Pinto, dona da grife A-Teen. "Ele é uma pessoa muito querida, amigo da minha família", diz ela. "Como estávamos solteiros e saíamos muito, as pessoas falavam. Não namoramos." Em seguida, teve como par constante uma advogada e agora assume para os próximos o relacionamento com uma mulher recém-separada que estudou gastronomia em Londres.

A empresária Maria Rita: "Como estávamos solteiros e saíamos, as pessoas falavam. Mas não namoramos"

Para a Cúria Metropolitana, o mais jovem padre diocesano ordenado no país (tinha 25 anos em 1995) está só afastado. Segundo a assessoria de imprensa da arquidiocese, seu futuro depende do acordo feito com o cardeal-arcebispo dom Eusébio Scheid, cujos detalhes não são revelados. Em 2006, Zeca havia deixado o departamento de teologia da PUC, onde coordenava a seção de cultura religiosa e dava aulas. Procurado por Veja Rio, Zeca foi lacônico. "Estou me adaptando à nova vida", limitou-se a dizer, como se tivesse feito voto de silêncio. "Não me sinto pronto para falar."

O garotão criado no Alto Leblon, que estudou em boas escolas como o antigo Gimk, no Leblon, e entrou no seminário aos 18 anos, hoje mora num apartamento em Ipanema e cursa um MBA. Suas aulas de gestão empresarial são às sextas-feiras, no Instituto de Pós-Graduação em Administração de Empresas (Coppead) da UFRJ. Tema bem diferente do doutorado que fez na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, sobre Santo Agostinho. Na Igreja da Ressurreição, a ausência do padre jovem e bonitão, que demonstrava uma disposição esfuziante no altar, é sentida. "Até hoje tem gente que o procura", conta uma funcionária. "Ele sempre fez sucesso com as meninas", acrescenta uma fiel, sem se identificar. Zeca, que lançou os CDs Deus É Dez e Quero Paz,é da geração de padres-cantores. Seu ex-companheiro num programa da Rádio Catedral, padre Jorjão, evita polêmica. "É um grande sacerdote", diz. "Converso muito com ele, nunca soube que queira se casar."

Mas é certo que Zeca gosta de companhia – é do tipo que anda em grupo. "Ele vem muito aqui à noite e depois da praia nos fins de semana, sempre com uma turma", confirma Antônio Marques Pires, gerente do Jobi. Seus amigos o protegem numa cortina de discrição. "Se ele não fala, não fico confortável para comentar", esquiva-se o deputado estadual Alessandro Molon (PT). Os dois participam da ONG Instituto Carioca de Idéias, criada para formular projetos para o Rio. "Ele nunca comentou o que o levou a pedir a licença", desconversa o subsecretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, Antônio Pedro Figueira de Mello. "Conheci o Zeca garoto. Fazia tudo que um jovem faz, saía, namorava", lembra Eduardo Paes, secretário estadual de Turismo. "Escolheu uma vocação e está revendo o curso da vida." Bota revendo nisso.

 

 

Matéria tirada da internet:

http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m319/os-embalos-do-padre-zeca

 

 

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