Os PROTESTANTES
mentindo, perseguindo e
seduzindo os católicos, dizem:
“Deus não nos deu o livre arbítrio”.
Resposta aos PROTESTANTES:
NEGAÇÃO DO
LIVRE ARBÍTRIO |
Não da leitura da Bíblia, mas da
observação do que se passava no seu espírito doentio e
tumultuoso, tirou Martinho Lutero a conclusão
de que o homem não goza de liberdade. Eis as
palavras de Lutero: “A vontade
humana é como um jumento; se Deus o cavalga, quer e vai onde
Deus quer, como diz o salmo: como jumento me tenho feito
diante de ti e eu estarei sempre contigo (Sl 72, 22). Se
Satanás o cavalga, quer e vai para onde vai Satanás, nem
está em seu poder correr para outro cavalgador ou
procurá-lo, mas os cavalgadores é que lutam entre si para
alcançar o jumento e tomar conta dele”
(Weimar 18, 635).
“Tudo se
realiza segundo os decretos imutáveis de Deus. Deus opera em
nós o mal e o bem. Tudo o que fazemos, fazemo-lo não
livremente, mas por pura necessidade”
(Weimar 18, 709).
“Foi o diabo
que introduziu na Igreja o nome de livre arbítrio”
(Weimar 7, 145).
Houve a este respeito uma célebre polêmica
entre Lutero e Erasmo, na qual Lutero escreveu um livro
intitulado “O arbítrio escravo”,
combatendo a doutrina de que o homem goza de liberdade;
e Erasmo escreveu outro sob o título “O livre
arbítrio”, defendendo esta doutrina, embora
também Erasmo errasse, caindo no pelagianismo.
Os magistrados começam a inquietar-se, porque
o livre arbítrio é a base do direito civil e penal e também
pelas péssimas repercussões das ideias de Lutero no seio do
povo. Lutero responde: “Estou
falando da vontade livre com relação a Deus e às coisas da
alma. Pois que necessidade teria eu de disputar tanto sobre
a liberdade do homem no que diz respeito às vacas e aos
cavalos, ao dinheiro e aos bens?”
(Apud Denifle-Paquier 3, 267).
“Mas no que toca à salvação ou
condenação, o homem não tem livre arbítrio; é o cativo, o
súdito e o escravo da vontade de Deus ou da vontade de
Satanás” (Weimar 18, 638).
Muitos dos primeiros chefes e adeptos do
Protestantismo, embora divergindo em muitas coisas não
só de Lutero, mas também entre si, estavam de acordo
naquele ponto: em que o homem não goza de livre arbítrio.
Cristo pagou por todos nós e não nos resta mais fazer
nada, a não ser crer em Cristo, etc. Mas a pregação de
tais ideias que vinham dar numa doutrina francamente imoral
e escandalosa, não podia deixar de receber as censuras mais
acerbas, não só da parte dos católicos, senão também de
todos os homens de bom senso. E desde cedo se começaram a
ver os tristes efeitos da disseminação de tais ideias no
seio do povo, os quais logicamente não podiam ser senão os
mais desastrosos. Não há
testemunho mais insuspeito sobre o assunto do que o do
próprio Lutero:
“Os
evangélicos são sete vezes piores que outrora. Depois da
pregação da nossa doutrina, os homens entregaram-se ao
roubo, à mentira, à impostura, à crápula, à embriaguez e a
toda a espécie de vícios. Expulsamos um demônio e vieram
sete piores. Príncipes, senhores, nobres, burgueses e
agricultores perderam de todo o temor de Deus”
(Weimar 28, 763). O demônio que ele
dizia ter expulsado era o Papado.
Diz ainda Lutero:
“Depois que
compreendemos não serem as boas obras necessárias para a
justificação, ficamos muito mais remissos e frios na prática
do bem. É admirável com que fervor nos dávamos às boas obras
outrora, quando por meio delas nos esforçávamos por alcançar
a justificação. Cada qual porfiava por vencer os outros em
piedade e honestidade. E se hoje se pudesse voltar ao antigo
estado de coisas, se de novo revivesse a doutrina que afirma
a necessidade do bem fazer para ser santo, outra seria a
nossa alacridade e prontidão no exercício do bem”
(Weimar 27, 443).
“Quem de nós
se teria abalançado a pregar, se pudesse prever que tanta
desgraça, tanto escândalo, tanto crime, tanta ingratidão e
malvadez seriam o resultado da nossa pregação? Agora, uma
vez que chegamos a este estado, soframos-lhe as
consequências” (Walch
8, 564).
O leitor nem precisava destes comentários
feitos tão sinceramente por Lutero para calcular, por si
mesmo, os efeitos daquela teoria da salvação só pela fé.
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