Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Carta 56

 

Anápolis, 06 de dezembro de 2012

 

Ao Revmo. Pe. Luis Lima de Sousa

 

Prezado sacerdote, façamos o bem e não nos intimidemos diante dos obstáculos e dificuldades que surgem pelo caminho, porque Deus protege e fortalece quem n’Ele confia: “Quando eu penso: ‘Estou quase caindo!’ Vosso amor me sustenta Senhor! Quando o meu coração se angustia, consolais e alegrais minha alma” (Sl 93, 18-19).

 

Deus lhe pague pela preciosa palestra (Parábola dos talentos) dada no Santo Retiro no início de dezembro no Patronato Madre Mazzarello, Anápolis-GO, para 81 pessoas. Obrigado pela colaboração! Precisamos de sua ajuda para o Santo Retiro de fevereiro que será realizado aqui na nossa Cidade Missionária, além dos brasileiros, estamos esperando bolivianos e paraguaios.

Como já lhe falei, teremos vigília reparadora de sábado para domingo (do dia 08 para o dia 09 desse mês), e não será possível participar do aniversário de sua ordenação sacerdotal no sábado; mas os meus religiosos e eu rezaremos pelo senhor. Envio-lhe como simples presente 20 maçãs e três dúzias de bananas.

Estimado sacerdote, vivemos em tempos difíceis, mas não podemos deixar de brilhar com o nosso exemplo... mesmo que tenhamos de enfrentar grandes perseguições e críticas.

Quem foi chamado à mesa do Senhor deve brilhar pelo exemplo de uma vida louvável e correta, longe de toda imundície dos vícios. Sal da terra, para si e para os que convivem honestamente; e luz do mundo, brilhante de discernimento, iluminando os outros, aprendem da excelsa doutrina de Cristo Jesus, ao dizer, não só aos apóstolos e discípulos, mas também a todos os seus sucessores, presbíteros e clérigos: “Vós sois o sal da terra; se o sal perder o sabor, com que se salgará? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens”.

É verdadeiramente pisado pelos homens, qual lodo vil, o clero imundo e sórdido, molhado pela sujeira dos vícios e pegajoso pelas cadeias das ações criminosas; tido por imprestável tanto para si quanto para os outros. São Gregório diz: “Sua vida é desprezível, resta ser rejeitada sua pregação”.

“Os presbíteros que presidem bem serão considerados dignos de dupla honra, máxime os que trabalham pela palavra e pela doutrina”. De fato, os bons presbíteros exercem dupla dignidade, quer dizer, material e pessoal, ou temporal e espiritual, ou transitória junto com a eterna; pois embora por natureza habitem na terra sob o mesmo jugo das criaturas mortais, desejam ansiosamente conviver com os anjos nos céus, como aceitos pelo rei, servos inteligentes. Por esta razão como o sol, que surge para o mundo nas alturas de Deus, assim “brilhe a luz” do clero “diante dos homens para que”, vendo suas “boas obras, glorifiquem O Pai que está nos céus”.

“Vós sois a luz do mundo”. A luz não se ilumina a si mesmo, mas lança seus raios a tudo que a circunda; semelhante a ela, a vida luminosa dos bons e justos clérigos, com o fulgor da santidade, ilumina e serena os que a vêem. Por conseguinte, quem foi reservado para o cuidado dos outros, deve mostrar em si de que modo devem eles viver na casa do Senhor (cfr. São João de Capistrano, Do Tratado “O espelho do clérigo”).

Deus quer que sejamos santos, sinceros e valentes... fiéis à sua Lei e generosos na prática do bem.

O Bem-aventurado Eduardo Poppe escreve: “Sim, Irmãos, a pobreza, a humildade, o sofrimento, a obediência e ainda outras exigências penosas é o que a vossa aspiração à santidade vos impõe. A santidade exige ainda uma pureza heróica nos olhos e nas palavras e, mais que tudo, nas relações. Devemos ser tamquam  Angeli.

A santidade exige contínua vigilância e recolhimento não menos fiel para poder receber e corresponder à ação da graça de Deus.

Com um severo abandono, a santidade exige um ininterrupto “mais alto”, a santidade exige tudo, e além disso, tudo com medida, descrição e decisão.

Não tendes, pois, de que vos espantar, se juntamente com a vossa aspiração a uma santa vida sacerdotal experimentais um verdadeiro terror, quando examinais bem o seu significado. É para estremecermos quando pensamos no pequeno número dos que seguem sem desfalecimento pelo caminho direito da perfeição. E se levássemos ainda mais longe a enumeração dos obstáculos e perigos reais que encontramos no nosso caminho, pensaríamos, quase desanimados, em retirar-nos do mundo e ir procurar salvação num convento” (Carta aos sacerdotes).

É grande a dignidade sacerdotal, por isso, não paremos na metade do caminho, mas perseveremos no caminho da santidade.

Diz Santo Inácio mártir que a dignidade sacerdotal tem a supremacia entre todas as dignidades criadas. Santo Efrém exclama: “É um prodígio espantoso a dignidade do sacerdócio, é grande, imensa, infinita”. Segundo São João Crisóstomo, o sacerdócio, embora se exerça na terra, deve ser contado no número das coisas celestes. Citando Santo Agostinho, diz Bartolomeu Chassing que o sacerdote, levantado acima de todos os poderes da terra e de todas as grandezas do Céu, só é inferior a Deus, e Inocêncio III assegura que o sacerdote está colocado entre Deus e o homem; é inferior a Deus, mas maior que o homem. Segundo São Dionísio, o sacerdócio é uma dignidade angélica, ou antes divina; por isso chama ao padre um homem divino. Numa palavra, concluí Santo Efrém, a dignidade sacerdotal sobreleva a tudo quanto se pode conceber. Basta saber-se que, no dizer do próprio Jesus Cristo, os padres devem ser tratados como a sua pessoa: Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza. Considerando a dignidade dos sacerdotes, Maria d’Oignies beijava a terra em que eles punham os pés (cfr. Santo Afonso Maria de Ligório, A selva).

Rezemos pelo Santo Padre Bento XVI para que persevere na luta contra os lobos furiosos: “Meus queridos amigos – neste momento, só posso dizer: orai por mim, que eu possa aprender a amar o Senhor mais e mais. Orai por mim, para que eu possa aprender a amar Seu rebanho mais e mais – em outras palavras, a Santa Igreja, cada um de vós e todos vós juntos. Orai por mim, para que eu possa não fugir com medo dos lobos (Bento XVI).

Com gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

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