Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Carta 59

 

Anápolis, 14 de março de 2013

 

Ao Revmo. Pe. Franz Hörl

 

Prezado sacerdote, trabalhemos para a glória de Deus e pelo bem das almas com entusiasmo, fervor e perseverança: “Não é fácil. Caminhemos, edifiquemos e confessemos, às vezes há tremores... movimentos que nos empurram para trás” (Papa Francisco, 1.ª Santa Missa, 14 de março de 2013).

 

Deus lhe pague pela preciosa palestra (Catequese Litúrgica da Missa “Tridentina”) dada no Santo Retiro de fevereiro, dia 11, na Casa de Retiro Madre Beatriz de Nossa Senhora das Dores (Cidade Missionária do Santíssimo Crucifixo)-Anápolis-GO, para 100 pessoas. Obrigado pela colaboração! Precisamos de sua ajuda para o Santo Retiro de abril que será realizado aqui na nossa Cidade Missionária; além dos brasileiros, estamos esperando bolivianos e paraguaios.

Busquemos a santidade de vida, porque essa é a vontade de Deus: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2), e: “Portanto, deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48),e também: “Porquanto, é esta a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4, 3), e ainda: “Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas sim, para a santidade” (1 Ts 4, 7), e: “Procurai a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12, 14).

Evitemos as ocasiões de pecado... tomemos cuidado com os leigos!

Para mantermos castos, o primeiro meio consiste em fugir à ocasião. Eis o que diz São Jerônimo: “O primeiro remédio contra este vício é evitar os objetos, cuja presença nos leva para o mal”. São Filipe Néri dizia que “nesta guerra a vitória cabe aos que fogem à ocasião”. No mesmo sentido se exprime Pedro de Blois: “De nenhum modo se pode vencer melhor a luxúria do que pela fuga”.

Grande tesouro é a graça de Deus, mas somos nós que o trazemos em vasos frágeis e expostos a perdê-lo. Não pode o homem adquirir a virtude da castidade, se o próprio Deus não lha der. De nós mesmos não temos força para praticar nenhuma virtude, e muito menos a castidade, porque temos naturalmente uma inclinação violenta para o vício contrário.

Com o auxílio divino pode o homem conservar-se casto, mas esse auxílio não o dá Deus a quem se lança na ocasião de pecar ou nela permanece por sua vontade: Quem ama o perigo há de perecer nele.

Daí esta exortação de Santo Agostinho: “Se quereis vencer as revoltas da carne, fuja das ocasiões”. Dizia São Jerônimo nos avisos que do leito da morte deu a seus discípulos: “Quantos desgraçados caíram no lodaçal da impureza por terem a presunção de se considerarem seguros!” E acrescentava: “Ninguém se deve julgar seguro contra este vício; embora seja um santo, está sempre sujeito a cair”.

Não é possível, diz o Sábio, caminhar sobre brasas e não se queimar. Eis as reflexões de São João Crisóstomo: “Sois vós de pedra? Sois de ferro? Sois homem, estais sujeito à fraqueza comum de todos os homens; tomais fogo nas mãos e contais que não vos queimareis? Aproximai da palha uma luz acesa e atrevei-vos depois a dizer que não haverá incêndio. O homem é como a palha”. Impossível é, pois, expor-se uma pessoa voluntariamente à ocasião e não sucumbir.

Diz o Espírito Santo que é necessário fugir à vista do pecado como à vista duma serpente. Não nos contentamos em fugir da mordedura das serpentes; evitamos até o seu contato, e nem as queremos ver de perto. Se há pessoas que nos podem ser ocasião de queda, devemos evitar até a sua presença e as suas palavras. Observa Santo Ambrósio que o casto José nem mesmo quis escutar o que a mulher de Putífar tinha começado a dizer-lhe; fugiu logo, persuadido de que seria arriscadíssimo demorar-se a ouvi-la.

Examinemos as ocasiões principais que um padre deve ter cuidado de evitar para não perder a castidade.

1. Primeiro que tudo deve guardar-se de demorar os olhos sobre objetos perigosos nesta matéria. A morte entra pelas janelas; isto é, penetra o pecado na alma pelos olhos, segundo a explicação de São Jerônimo, São Gregório e outros; porque, assim como para defender uma praça não basta fechar as portas, se se deixa aos inimigos uma entrada pela janela, também serão inúteis todos os outros meios de conservar a castidade, desde que não tome a precaução de fechar os olhos. Refere Tertuliano que um filósofo pagão se arrancara voluntariamente os olhos para se conservar santo. Este ato não é permitido aos cristãos; mas, se queremos guardar a castidade, não lancemos, e, sobretudo, não demoremos os nossos olhares sobre pessoas de diferente sexo. São Francisco de Sales nos adverte que o perigo não consiste tanto em ver como em olhar com demora os objetos que nos podem ser ocasião de tentação. E não basta isto, acrescenta São João Crisóstomo; além de desviar os olhos das pessoas imodestas, é necessário desviá-los também das mais modestas. Por isso Jó fez com os seus olhos o acordo de não olhar nenhuma mulher, ainda que fosse uma virgem modesta, por saber que os olhares dão origem a maus pensamentos. É também o aviso que nos dá o Eclesiástico: Não olhes nenhuma jovem com receio de que a sua formosura te seja ocasião da queda.

Mandou o Apóstolo que a mulher na igreja esteja velada por causa dos anjos; o que o cardeal Hugues comenta nestes termos: Pelos anjos é necessário que se entendam os padres que poderiam à sua vista sentir tentações imodestas.

Vivia São Jerônimo na gruta de Belém em oração contínua, a mortificar a sua carne com austeridades de toda a espécie; e, apesar disso, era atormentado violentamente pela recordação das damas que muito tempo antes tinha visto em Roma. Guiado assim pela própria experiência, escreveu ao seu caro Nepociano a dizer-lhe — que se abstivesse de olhar as mulheres e até de falar da beleza delas. Por ter olhado com curiosidade a Betsabé, caiu Davi miseravelmente em três crimes enormes: adultério, homicídio e escândalo. Dizia ainda São Jerônimo: “Ao demônio só lhe basta que comecemos a abrir-lhe a porta; em breve levará ele a sua obra até ao fim”. Falando particularmente dos padres, dizia o mesmo Doutor que não lhes basta evitar toda a ação impura; devem abster-se até dum simples olhar.

2. Se, para conservar a castidade é necessário não demorar os olhares sobre pessoas de diferente sexo, mais necessário ainda é evitar a sua sociedade. Guardai-vos de permanecer na companhia de mulheres, diz o Espírito Santo, e dá a razão disso: é que do mesmo modo que a traça se gera na roupa, assim a corrupção dos homens tem a sua origem nas relações com as mulheres.

Santo Agostinho ameaça com uma queda próxima e inevitável nesta matéria quem não quiser evitar toda a familiaridade com objetos perigosos. Conta São Gregório Magno que o Pe. Orsino, depois de se ter separado da sua mulher e recebido com assentimento dela as santas Ordens, quando estava para morrer, passados já quarenta anos, ao aproximar ela o ouvido da sua boca, para conhecer se ainda respirava, lhe disse Orsino: Retira-te, mulher, afasta daí essa palha, porque ainda há em mim uma centelha de vida que nos poderia consumir a ambos. Para nos fazer tremer a todos, que mais será preciso que o triste exemplo de Salomão? Depois de ter experimentado os favores e a amizade íntima do seu Deus, depois de ter sido por assim dizer a pena do Espírito Santo, ele na velhice se deixou corromper pela influência das mulheres pagãs, chegando até a adorar os ídolos! Tornado velho deixou-se seduzir pelas mulheres a ponto de se dar ao culto de deuses estranhos.

É impossível, diz São Cipriano, estar no meio das chamas e não se queimar. Segundo São Bernardo de Claraval, seria menor milagre ressuscitar um morto do que conservar a castidade vivendo em habitual familiaridade com uma mulher.

3. Além da companhia de mulheres, quaisquer que elas sejam, deve evitar-se também a de homens que se comportem mal. Torna-se o homem semelhante àqueles que frequenta, dizia São Jerônimo. É escuro e escorregadio o caminho da vida presente; se temos um mau companheiro que nos impele para o precipício, estamos perdidos. Conta São Bernardino de Sena ter conhecido uma pessoa que vivera trinta e oito anos na inocência e na virgindade; tendo então ouvido nomear uma certa impureza, precipitou-se em desregramentos tais, que o demônio, diz o Santo, não se entregaria a semelhantes torpezas, se tivesse corpo.

4. Necessitamos ainda evitar a ociosidade se queremos permanecer castos. Adverte-nos o Espírito Santo que a ociosidade ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel diz que a ociosidade foi a causa dos crimes abomináveis dos habitantes de Sodoma, e por fim a sua total ruína. Como nota São Bernardo de Claraval, foi também ela a causa da queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exortava Rústico a viver de modo que o demônio, quando viesse a tentá-lo, o encontrasse sempre ocupado. Quem se dá ao trabalho, acrescenta São Boaventura, não será tentado senão por um demônio, ao passo que quem se der à ociosidade será muitas vezes assaltado por um grande número (cfr. Santo Afonso Maria de Ligório, A selva).

Rezemos pelo Santo Padre Francisco, para que Deus lhe dê força, coragem e perseverança diante dos ventos contrários. Já existe uma campanha difamatória contra o Papa Francisco na Internet, dizendo que ele apoiou a ditadura na Argentina, que era amigo do ex-ditador Jorge Rafael Videla. A maligna Maçonaria está por trás de tudo.

Rezemos também pelo Papa Emérito Bento XVI, para que a Virgem Maria o proteja de todos os males.

Com gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Página Inicial | Escritos | Cartas | Cartas aos Sacerdotes