Anápolis, 20 de maio de 2013
Ao Revmo. Pe. Franz Hörl
Estimado sacerdote, peçamos perdão a Deus pelos
sacrilégios e bagunças realizadas durante a
celebração da Santa Missa:
“Jesus Cristo é muito ofendido na Eucaristia pelas
múltiplas irreverências cometidas pelos próprios cristãos; pelos
sacrilégios, cujo número e malícia causam admiração aos próprios
demônios” (São Pedro Julião Eymard, A Divina
Eucaristia, Vol. 3).
Deus lhe pague pela preciosa palestra
(Santa Missa segundo o Rito Gregoriano (“Missa
Tridentina”)
dada no Santo Retiro de abril, dia 27, na Casa de Retiro Madre
Beatriz de Nossa Senhora das Dores (Cidade Missionária do
Santíssimo Crucifixo)-Anápolis-GO, para 95 pessoas.
Obrigado pela colaboração! Precisamos de sua ajuda para o
Santo Retiro de junho que será realizado aqui na nossa Cidade
Missionária; além dos brasileiros, estamos esperando bolivianos,
paraguaios e argentinos.
Prezado, celebremos a Santa Missa com o máximo de
devoção, piedade e respeito.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve sobre a devoção
e respeito durante a celebração da Santa Missa:
“É necessário que o sacerdote celebre a
missa com respeito e devoção. Sabe-se que o uso do manípulo foi
introduzido para que o padre enxugasse as lágrimas; porque outrora
tais sentimentos de devoção experimentavam os sacerdotes, ao
celebrarem, que não faziam senão chorar. Já dissemos que o padre no
altar é o representante do próprio Jesus Cristo, como escreveu São
Cipriano. É nesta qualidade que diz: Hoc est corpus meum; hic est
calix sanguinis mei. Mas, ó Céu! Que lágrimas, que lágrimas de
sangue se deveriam chorar, quando se pensa no modo como a máxima
parte dos padres celebram a missa! Causa pena, digamo-lo, ver o
desprezo com que Jesus Cristo é tratado por tantos padres, até
religiosos, e pertencentes a Ordens reformadas! Ao ver-se a
negligência com que esses padres de ordinário dizem a missa, bem se
lhes poderia fazer a censura que Clemente de Alexandria dirigia aos
sacerdotes pagãos: que faziam do Céu um teatro e de Deus o objeto
da sua comédia. E que direi? Uma comédia! Ó, se eles tivessem um
papel a representar no teatro, que
cuidado empregariam!
Ao contrário, que fazem eles no altar?
Truncam palavras,
fazem genuflexões que mais parecem atos de desprezo e falta de
respeito; traçam bênçãos que não se sabe o que são; esboçam gestos
ridículos... misturando palavras. E no, entanto, a verdade é que
essas rubricas todas são de preceito, por isso que São Pio V, na
bula que pôs à frente do missal, manda districte, in virtute sanctae
obedientiae, que a missa seja celebrada segundo as rubricas do
missal. Donde resulta que quem transgride as rubricas não pode
eximir-se de pecado, que será grave desde que a matéria o seja.
Tudo isso procede do desejo
de chegar depressa ao fim da missa. Celebram-na como se a igreja
estivesse a desabar, ou como se os bandidos se avizinhassem e não
restasse tempo para a fuga.
Eis um padre que, depois de
ter dado horas inteiras a uma vida inútil, ou a negócios mundanos,
lá vai a celebrar a missa todo apressado!
Começa com precipitação,
prossegue do mesmo modo; chega à Consagração, toma Jesus Cristo em
suas mãos e comunga-o com tanta irreverência como se ali só houvesse
um bocado de pão! Seria necessário que tais padres sempre tivessem
ao seu lado alguém para lhes dizer o que um dia o venerável João de
Ávila, chegando-se ao altar em que celebrava um desses, lhe disse:
‘Por piedade tratai-o melhor, que é o filho dum pai respeitável’.
Queria o Senhor que os
sacerdotes da Lei antiga tremessem de santo respeito ao
aproximarem-se do santuário. E um sacerdote da Lei nova, achando-se
ao altar, em presença do próprio Jesus Cristo, a falar-lhe, a
tomá-lo em suas mãos, a oferecê-lo a Deus-Pai, a alimentar-se dele,
— mostra-se tão irreverente! Na Lei antiga, ameaçou o Senhor com
muitas maldições os sacerdotes que fossem negligentes nas cerimônias
desses sacrifícios, que eram apenas uma mera figura do nosso: Se
tapares os ouvidos à voz do Senhor teu Deus, que te manda guardar as
cerimônias, virão sobre ti todas estas maldições... Serás maldito na
cidade e maldito nos campos. Dizia Santa Teresa: ‘Pela mínima
cerimônia da Igreja, daria eu mil vezes a minha vida’. E o padre as
despreza! Ensina o Pe. Suarez que a omissão de qualquer cerimônia,
na missa, não pode escusar-se de pecado. Muitos doutores ajuntam que
uma negligência notável nas cerimônias pode chegar a pecado mortal.
Na nossa Teologia moral
demonstramos, com a autoridade de muitos doutores, que o que celebra
em menos de um quarto de hora não
pode escusar-se de falta grave, e isto
por duas razões: primeira, por
causa da irreverência contra
o sacrifício, resultante da sua precipitação; segunda, por causa do
escândalo que dá ao povo.
Quanto ao respeito devido ao
divino sacrifício, já citamos o que diz o Concílio de Trento: que a
missa deve ser celebrada com a máxima devoção possível. E ajunta que
a falta de respeito, mesmo exterior, constitui uma irreverência, que
de algum modo chega a ser impiedade. Assim como as cerimônias,
quando são bem feitas, infundem e significam respeito; também quando
são mal executadas denotam irreverência que, em matéria grave, é um
pecado mortal. Deve-se notar, além disto, que para nas cerimônias
haver o testemunho de respeito que convém a um tão grande
sacrifício, não basta fazê-las; porque uma pessoa qualquer poderia
ter a língua desembaraçada e os movimentos bastante livres para
expedir tudo isso em menos de um quarto de hora; mas é preciso que
sempre sejam feitas com a gravidade conveniente, que pertence também
intrinsecamente ao respeito que se deve ter pela missa.
Por outro lado, celebrar a
missa em tão pouco tempo é falta grave, em razão do escândalo que se
dá aos fiéis que assistem a ela. Sobre este ponto, é necessário
considerar ainda o que noutro lugar diz o Concílio de Trento: que as
cerimônias da missa foram instituídas pela Igreja para inspirar aos
fiéis uma alta idéia deste augusto sacrifício, e toda a veneração
devida aos divinos mistérios que encerra. Ora, quando estas
cerimônias são feitas muito à pressa, nenhuma veneração inculca ao
povo, antes lhe fazem perder o respeito que merece um mistério tão
santo. Observa Pedro de Blois que os padres que celebram com pouco
respeito, dão ocasião a que os fiéis façam pouco caso do Santíssimo
Sacramento. Não se pode dar tal escândalo sem se incorrer em pecado
mortal. Também o Concílio de Tours, em 1583, mandou que os
sacerdotes fossem bem instruídos nas cerimônias da missa, para não
destruírem a devoção no coração das suas ovelhas, em vez de as
levarem à veneração pelos ministérios sagrados.
Celebrando sem devoção, —
como querem esses padres obter de Deus graças, sendo certo que ao
oferecerem o santo sacrifício, o ofendam e, quanto deles depende,
mais o desonram do que o honram? O padre que não acreditasse no
Sacramento do altar, sem dúvida ofenderia a Deus; mas quanto mais o
ofende o que nele crê e não só lhe recusa o respeito que lhe é
devido, senão que ainda é causa de que outros, à vista da sua
conduta, lhe percam igualmente o respeito? Os judeus a princípio
respeitaram Jesus Cristo, mas, quando o viram desprezado pelos
sacerdotes perderam então a alta idéia que tinham dele, e acabaram
por gritar com os sacerdotes: Crucifica-O. Do mesmo modo, para não
sairmos do nosso assunto, os seculares que hoje vêem os padres a
celebrar com tanta irreverência, perdem toda a estima e veneração
por este divino mistério.
Uma missa, celebrada com
recolhimento, inspira devoção aos assistentes; pelo contrário,
faz-lhes perder a devoção e quase a fé também, quando celebrada sem
piedade. Eis um fato passado em Roma e que me foi contado por um
religioso de todo o crédito. Tinha um herege resolvido renunciar aos
seus erros; mas, tendo visto celebrar a missa sem devoção, foi ter
com o papa e disse-lhe que não queria abjurar, porque estava
persuadido de que nem os padres nem o papa tinham na Igreja católica
uma fé verdadeira: ‘Se eu fosse papa, dizia ele, e soubesse que um
padre celebrava a missa com tão pouco respeito, mandava-o queimar
vivo; ao ver, porém, que os padres dizem assim a missa e não são
castigados, persuado-me de que nem o próprio papa acredita nela’.
Dito isto, retirou-se, e não consentiu que lhe falassem mais em
abjuração.
Mas objetam certos padres
que os leigos se queixam quando a missa se prolonga. — O quê! Então
lhes respondo eu de pronto: a pouca devoção dos seculares há de ser
a regra do respeito devido ao santo sacrifício! Ouçam mais: se os
padres celebrassem a missa com o devido respeito e gravidade, os
seculares se compenetrariam da veneração a prestar a tão grande
mistério, e não lamentariam a meia hora que lhe devessem consagrar.
Como, porém, de ordinário, a missa é tão breve e nenhuma devoção
inspira, os seculares à imitação dos padres, assistem a ela sem
devoção e com pouca fé; quando vêem que ela dura mais de um quarto
de hora, aborrecem-se e queixam-se, em razão do mau hábito
contraído. Assim, os mesmos que sem dificuldade passam muitas horas
a uma mesa de jogo, ou numa praça pública, desperdiçando o tempo,
não podem sem tédio gastar uma meia hora a ouvir missa! A causa de
tudo isso são os padres: É convosco que falo, ó sacerdotes, que
desonrais o meu nome e dizeis: Como nós desonramos o vosso nome?
Nisso que dizeis: A mesa do Senhor é de pouca importância. O pouco
que os padres se importam do respeito devido à missa, faz que também
os outros a desprezem.
Pobres padres! Ao saber que
um sacerdote acabava de morrer após a sua primeira missa, o
venerável João de Ávila exclamou: ‘Ó que terrível conta esse padre
tem de prestar a Deus por essa primeira missa!’ À vista disso, que
se deverá dizer dos padres que, no decurso de trinta ou quarenta
anos, cada dia deram ao altar o escândalo de que estamos falando! E,
repito, — como poderão tais padres tornar o Senhor propício e obter
graças da sua misericórdia, celebrando a missa de modo antes a
ultrajá-lo que a honrá-lo? Todos os crimes são expiados pelo
sacrifício, diz o Papa Júlio, mas por qual oferenda se há de reparar
a ofensa feita ao Senhor, se é na mesma oblação do sacrifício que se
peca? Pobres padres! E pobres bispos que permitem a tais padres
celebrarem! Segundo o decreto do Concílio de Trento, são os bispos
obrigados a impedir as missas celebradas com irreverência. Notem-se
estas expressões: Prohibere curent ac teneantur; significam elas que
os bispos estão obrigados a suspender os que celebram sem respeito
conveniente; e esta obrigação tanto abrange os sacerdotes regulares
como os outros, visto que os bispos a esse respeito são constituídos
pelo Concílio legados apostólicos, e por isso obrigados a vigiar
pelas missas que se dizem nas suas dioceses.
E nós, padres, irmãos meus,
cuidemos de nos corrigir: se no passado temos celebrado o santo
sacrifício com pouca devoção e respeito, atalhemos ao mal, ao menos
daqui para o futuro. Antes de celebrar, pensemos no que vamos fazer:
é a ação maior e mais santa que um homem pode realizar. Demais, que
grande bem é uma missa celebrada com devoção, grande bem para o
celebrante e para os ouvintes! — Eis como João Herolt, de sobrenome
o Discípulo, fala aos que assistem à missa: Quando fazeis a vossa
oração na igreja, na presença de Deus, mais seguramente ela é
ouvida... porque todo o sacerdote está obrigado a orar pelos
assistentes em cada missa. Ora, se a oração dum secular, quando
feita em união com a do celebrante, é mais prontamente ouvida por
Deus, quanto mais ainda a do próprio sacerdote, se celebra com
devoção! Um padre que oferece todos os dias o santo sacrifício com
alguma devoção, há de receber sempre de Deus novas luzes e novas
forças. Jesus Cristo o instruirá, o consolará, o animará cada vez
mais e lhe concederá as graças que deseja.
É, sobretudo, depois da
consagração que o padre pode estar seguro de conseguir do Senhor
todas as graças que pede. O venerável Pe. Antônio Colelis dizia:
‘Quando celebro e tenho o meu Jesus em minhas mãos, consigo dele
quanto quero’. O celebrante obtém o que quer para si e para os que
assistem à missa. Lê-se na Vida de São Pedro de Alcântara que as
missas fervorosas que celebrava produziam mais fruto, que todos os
sermões dos pregadores da província em que estava. Quer o Concílio
de Rodez que os padres pronunciem as palavras e façam as cerimônias
com uma devoção, que dê testemunho da sua fé e amor para com Jesus
Cristo, presente no altar. A compostura exterior, diz São Boaventura,
manifesta as disposições interiores do celebrante. Recorde-se aqui
de passagem o que ordenou Inocêncio III: Nós ordenamos também que os
oratórios, os vasos, corporais e alfaias sagradas se conservem em
perfeita limpeza; porque é de todo o ponto contrário ao bom senso
abandonar as coisas santas a uma
imundícia, que não se sofria nem mesmo nas
coisas profanas. Ai! Tinha o papa toda a razão para assim falar,
porque se encontram padres que
não se envergonham de celebrar com
corporais, sanguinhos e cálices, de que não quereriam servir-se à
sua mesa”.
Rezemos para que o Papa Francisco acabe de uma vez
por todas com as profanações na celebração da Santa Missa;
principalmente nas celebrações dos sacerdotes da Renovação
Carismática, imitadores dos protestantes.
Será que os senhores bispos e padres não conhecem o
que a Santa Igreja ensina?
“Contudo,
o sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da Sagrada
Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta,
acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da
Missa”
(Instrução Geral sobre
o Missal Romano, 24).
A bagunça e
a desobediência estão generalizadas. Em
muitas paróquias a Santa Missa inicia a partir do Glória, depois de
uma hora de louvor em “línguas”, “testemunhos”
e “gritaria”.
Milhares de sacerdotes se
tornaram bonecos nas mãos de pessoas profanadoras da
Santa Missa.
Que Deus nos proteja de
tão grande desgraça!
Com gratidão,
Pe. Divino Antônio Lopes
FP.
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