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            CIDADE MISSIONÁRIA DO SANTÍSSIMO CRUCIFIXO, ANÁPOLIS-GO 
              
            
            Circular n° 14 - 05/10/2005 
              
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a), que a paz da gruta de 
            Belém esteja na vossa alma. 
              
            
            Prezado (a), aproxime-se da gruta de Belém, e nesse 
            santo lugar, encontrarás a paz e a felicidade que tanto desejas. 
            
            No Evangelho de São Lucas, capítulo 2, do versículo 6 
            ao versículo 7 diz: “Enquanto lá estavam, completaram-se os dias 
            para o parto, e ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o 
            com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar 
            para eles na sala”. 
            
            Quando Maria Santíssima entrou na gruta, pôs-se logo 
            em oração. De repente ela vê uma fulgurante luz, sente no coração um 
            gozo celestial, abaixa os olhos, e o que vê? Santo Afonso Maria de 
            Ligório diz que ela “vê diante de si o Menino Jesus, tão belo e 
            tão amável, que enleva os corações. Mas treme e chora” e segundo a 
            revelação feita a Santa Brígida, o Menino Jesus estendia as 
            mãozinhas para dar a entender que desejava que Maria Santíssima o 
            tomasse nos braços. Santo Afonso diz que Nossa Senhora chama a São 
            José e lhe diz: “Vem, ó José,  vem e vê, pois já nasceu o Filho de 
            Deus”. Aproxima-se São José, e vendo Jesus nascido, adora-o por 
            entre uma torrente de doces lágrimas. 
            
            Em seguida, a Santa Virgem, movida de compaixão 
            maternal, levanta com respeito o amado Filho, e O aquece com o calor 
            de seu rosto. Tendo-o no colo, adora o divino Menino como seu Deus, 
            beija-lhe os pés como o seu Rei, e beija-lhe o rosto como a seu 
            Filho e procura depressa cobri-lO e envolve-O em  pobres paninhos. 
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a) contempla a gruta; um 
            presépio, um Menino deitado sobre palhinhas, uma virgem 
            perfeitíssima e um varão justo de joelhos, em adoração, e anjos 
            cantando: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de 
            boa vontade!” (São Lucas, capítulo 2, 
            versículo 14); eis o quadro de Deus feito 
            homem. 
            
            Santo Afonso Maria de Ligório diz que a gruta era 
            escavada em uma rocha, que servia de estábulo para os animais; a 
            gruta era muito fria e úmida, não era uma morada para homens, e sim, 
            para os animais. 
            
            Como nasceu o Menino Jesus? Como homem! Com lágrimas 
            nos olhos, com dores no tenro corpinho, com frio em todos os 
            membros, com falta de tudo! Nasce como servo e não como rei, nasce 
            na humilhação, nasce com toda a sua divina grandeza encoberta. Santo 
            Afonso Maria de Ligório escreve: “Os filhos dos príncipes nascem 
            em quartos adornados de ouro; preparam-se-lhes berços com pedras 
            preciosas e ricas roupas; e fazem-lhe cortejo os primeiros senhores 
            do reino. E ao Menino Jesus, ao Rei do Céu, acontece o contrário: 
            prepara-se uma gruta fria e sem luz para nascer, uns pobres paninhos 
            para cobri-lO, um pouco de palha para o leito e uma simples 
            manjedoura para colocá-lO”, escreve Santo Afonso Maria de 
            Ligório. 
            
            Como nasceu o Menino Jesus? Abandonado!... É Senhor e 
            ninguém O respeita! É Deus e poucos O adora! É Rei e poucos 
            prestam-lhe homenagem! 
            
            Prezado (a) benfeitor (a), o Menino Jesus nasce 
            pobre, porque deseja que nós O recebamos em nossa casa, que o 
            vistamos, que o abriguemos do frio, que lhe preparemos um berço. 
            
            No Evangelho de São João 1,11 diz: “Veio para os 
            que eram seus, mas não o receberam”. E como o haviam de receber 
            e adorar como seu Deus, se Nosso Senhor veio debaixo de tão rigoroso 
            incógnito, tão disfarçado e tão semelhante aos homens?… 
            
            Algum motivo havia de ter Deus para assim nascer. E 
            teve-o! Deus não queria vir ao mundo com o estrondo que acompanha o 
            nascimento dos grandes da terra. Se Ele viesse cercado com toda essa 
            grandeza, os humildes receariam chegar-se à sua presença, e até 
            seria odiado por aqueles que olham para os grandes como para 
            inimigos. O seu fim, era atrair a todos os homens ao seu amor, 
            grandes e pequenos, a fim de a todos procurar a salvação. Por isso 
            fez-se menino, fez-se pobre, fez-se humilde, para que todos se 
            aproximassem dele. 
            
            Quando nasceu o Menino Jesus? Nasceu à noite, a horas 
            mortas da noite, quando todos dormiam, quando ninguém O esperava, 
            quando os homens, uns cansados do trabalho, outros dos 
            divertimentos, se entregavam ao sono. 
            
            Não esperou que fosse dia para nascer, a fim de não 
            ser visto e conhecido. Nasceu de noite para que, despertando a 
            humanidade com o raiar da aurora, encontrasse já nascido o Sol de 
            Israel, que lhe vinha trazer a salvação. 
            
            Nasceu nas trevas, porque vinha ser a luz do mundo, o 
            Sol esplendoroso que vinha dissipar as sombras que pesavam sobre os 
            homens desde que o paraíso se fechou! 
            
            Nasceu de noite, para mostrar que era bem escura a 
            noite em que vivia todo o gênero humano, e que essa noite ia ter o 
            seu fim com o amanhecer do solene dia da redenção. 
            
            Nasceu de noite; mas ainda assim quis ter quem O 
            adorasse. Foi aos pastores, que vigiavam os seus rebanhos, que os 
            Anjos anunciaram a vinda do Salvador. Não foram à corte de Herodes, 
            nem aos grandes da Judéia e nem aos césares de Roma, como está no 
            Evangelho de São Lucas, capítulo 2, do versículo 8 ao versículo 12: 
            “Na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que 
            durante as vigílias da noite montavam guarda a seu rebanho. O anjo 
            do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor envolveu-os de luz; e 
            ficaram tomados de grande temor. O anjo, porém, disse-lhes: “Não 
            temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para 
            todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo-Senhor, na 
            cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um 
            recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura”. 
            
            Por que Jesus nasceu? 
            
            Porque nos ama! Nasceu por nós, porque deseja a nossa 
            felicidade, porque nos quer em seu reino fazer participantes da sua 
            glória. 
            
            Nasceu por nós, a fim de que nós renasçamos para Ele, 
            morrendo para o mundo, para o nosso amor próprio, para as nossas 
            faltas. 
            
            Nasceu pobre, para que nós, com seu exemplo, nos 
            animemos a deixar as riquezas e comodidades da vida. 
            
            Nasceu no mais completo abandono, para que nós 
            tenhamos por melhor que o nosso nome seja desconhecido, do que ser 
            conhecido por todos e para que, vendo-nos desprezados dos homens, 
            nos consolemos com seu exemplo. 
            
            Nasceu na humilhação, para que aprendamos a calcar 
            aos pés o orgulho. Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Um 
            Deus que quer começar a sua infância num estábulo, confunde o nosso 
            orgulho”, e São Bernardo de Claraval também escreve: “Já prega com 
            exemplo o que mais tarde havia de pregar à viva voz”. 
            
            Prezado (a) benfeitor (a) tende ânimo, Maria 
            Santíssima te convida a entrar na pobre gruta para adorar o seu 
            divino Filho e beijar-lhe os pés. Aproxima e vede sobre a palha o 
            Criador do céu e da terra, feito Menino pequenino, mas tão 
            encantador, tão radiante que para toda a parte irradia torrentes de 
            luz. Já que Jesus nasceu, a gruta não é mais horrorosa, mas foi 
            feita um paraíso. Entre, benfeitor (a) na gruta de Belém e não tenha 
            medo. 
            
            Jesus Cristo nasceu, e nasceu para todos. Eu, assim 
            manda-nos avisar Jesus, eu sou a flor do campo, e a açucena dos 
            vales (Cântico dos cânticos 2, 1). 
            Jesus se chama açucena dos vales, para nos dar a entender que, assim 
            como ele nasceu tão humilde, assim somente os humildes o acharão. 
            Por isso, o anjo não foi anunciar o nascimento de Jesus Cristo a 
            César nem a Herodes; mas sim, a pobres e humildes pastores. Jesus 
            chama-se também flor dos campos, porque, segundo a interpretação do 
            cardeal Hugo, quer que todos o possam achar. As flores dos jardins 
            estão reclusas e não se permite a todos procurá-las e tomá-las.  Ao 
            contrário, as flores dos campos estão expostas à vista de todos, e 
            quem quiser as pode tirar; é assim que Jesus Cristo quer estar ao 
            alcance de todo aquele que o desejar. 
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a) entre na gruta, pois a 
            porta está aberta. São Pedro Crisólogo escreve: “Não há guarda e 
            nem hora marcada”. Sabemos que os príncipes  ficam trancados nos 
            seus palácios, cercados de soldados, e não é fácil obter uma 
            audiência com eles. Aquele que deseja falar com os reis, tem de 
            suportar muitas fadigas e possuir muita paciência, porque será 
            mandado embora várias vezes e aconselhado a voltar depois, por não 
            ser dia de audiência. Com Nosso Senhor Jesus Cristo não é assim. Ele 
            está na gruta de Belém, como criancinha, para atrair a quem vier 
            procurá-lO. A gruta está aberta, sem guardas nem portas, de modo que 
            cada um pode entrar à vontade, quando quiser, para achar o pequenino 
            rei, para falar com ele e mesmo abraçá-lO, e assim, satisfazer a seu 
            amor. 
            
            Prezado (a) benfeitor (a), contempla naquela 
            manjedoura, sobre aquela pobre palha o Querido Menino que está a 
            chorar. Vede como Ele é formoso; olha a luz que Ele irradia e o amor 
            que O mesmo respira; os seus olhos atiram setas aos corações que O 
            desejam, o seu choro são chamas abrasadoras para os que o amam. No 
            dizer de São Bernardo de Claraval, a própria gruta e as próprias 
            palhas clamam e vos diz que ameis aquele que vos ama, que ameis um 
            Deus que é digno de amor infinito, que desceu  do céu e se fez 
            menino, e menino pobre para manifestar o amor que vos tem e para 
            cativar por seus sofrimentos o vosso amor. 
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a) pergunte ao Menino Jesus: 
            Ó formoso Menino pequenino, dize-me, de quem és filho? Ele com 
            certeza responderá: Minha mãe é esta linda e pura Virgem, que está 
            ao meu lado. E teu pai, quem é? Meu Pai é Deus. Mas como? Tu és o 
            Filho de Deus, e és tão pobre, tão humilde? Nesse estado quem te 
            reconhecerá? Quem te respeitará? A fé, responderá o Menino Jesus, a 
            fé me fará conhecer por quem sou, e me fará amar pelas almas que eu 
            vim remir e inflamar em meu amor. Não vim para me fazer temido, 
            senão para me fazer amado, e por isso, quis manifestar-me, a 
            primeira vez que me vedes, como criança tão pobre e humilde, a fim de 
            que assim me ameis com mais ternura, vendo a que estado me reduziu o 
            amor que vos tenho. 
            
            Benfeitor(a), continue a contemplar a gruta de Belém, 
            e com certeza o vosso coração se abrasará de amor pelo Menino Jesus, 
            e você adquirirá forças para deixar de lado tudo aquilo que 
            desagrado a esse Adorável Menino.  
            
            O nascimento de Jesus Cristo trouxe alegria geral ao 
            mundo inteiro. É ele o Redentor desejado durante tantos anos e com 
            tamanho ardor, que por esta razão foi chamado o Desejado das gentes, 
            o Desejado das colinas eternas. Eis que já veio, nascido numa gruta 
            estreita, úmida e pobre. Que festejos não se organizam num pais, 
            quando nasce ao rei seu filho primogênito! Muito mais devemos nós 
            festejar o nascimento do Filho de Deus, que veio do céu para nos 
            visitar, movido unicamente pelas entranhas da sua misericórdia, como 
            está em São Lucas, 1,78: “Graças ao misericordioso coração do 
            nosso Deus, pelo qual nos visita o Astro das alturas”. 
            
            Nós nos achávamos em estado de condenação, e eis que 
            Jesus Cristo veio para nos salvar. Eis ai o Pastor, vindo para 
            salvar da morte as suas ovelhas, dando a vida por amor delas. Eis ai 
            o Cordeiro de Deus que veio sacrificar-se para nos obter a graça 
            divina e fazer-se nossa vida, nossa luz, e nosso alimento no 
            Santíssimo Sacramento. Diz Santo Agostinho, que entre outras razões, 
            Jesus quis ser posto numa manjedoura, onde os animais acham o pasto, 
            para nos dar a entender que se fez homem também para se tornar nosso 
            alimento. 
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a), Santo Afonso Maria de 
            Ligório escreve: “Jesus nasce, por assim dizer, nasce cada dia no 
            Santíssimo Sacramento por meio da consagração feita pelo sacerdote. 
            O altar é como que o presépio , onde nos alimentamos com a sua 
            própria carne. Talvez alguém deseje trazer o Menino Jesus nos 
            braços, assim como o  trouxe o velho Simeão. Mas a fé nos ensina que 
            na santa comunhão temos, não somente em nossos braços, senão dentro 
            do nosso peito, o mesmo Jesus, que esteve no presépio de Belém”, 
            escreve Santo Afonso Maria de Ligório. 
            
            Benfeitor (a), Jesus Cristo podia salvar-nos sem 
            padecer, nem morrer; mas não. A fim de nos fazer conhecer até que 
            ponto nos amava, quis escolher uma vida toda de tribulações. Por 
            isso, o profeta Isaías o chamou: “Homem das Dores”, por 
            quanto a vida de Jesus Cristo devia ser uma vida toda cheia de 
            dores. A sua Paixão não teve seu princípio no tempo da sua morte, 
            mas sim, no começo da sua vida. 
            
            Vede que Jesus, apenas nascido, é posto na manjedoura 
            de uma estrebaria, onde tudo concorria para o atormentar. É 
            atormentado na vista, que não descobre na gruta senão paredes 
            grosseiras e negras. É atormentado no olfato, pelo fedor das 
            imundícias dos animais que ali se acham. É atormentado no tato, 
            pelas picadas da palha que lhe servia de cama. Pouco depois de 
            nascido, vê-se obrigado a fugir para o Egito, onde passou vários 
            anos da infância, na pobreza e no desprezo. Nem diferente foi a sua 
            vida depois em Nazaré; e eis que finalmente termina a sua vida em 
            Jerusalém, morrendo sobre uma cruz, pela veemência dos tormentos. 
            
            Prezado (a) benfeitor (a) não fique distraído, 
            aproxime-se da gruta e  adore a Jesus Cristo que quis nascer 
            criança. Considera, benfeitor (a), que ao fim de tantos séculos, 
            depois de tantas súplicas e suspiros, o Messias, a quem os santos 
            Patriarcas e Profetas não tinham sido dignos de verem, o Suspirado 
            das gentes, o desejado das colinas eternas, o  nosso salvador, já 
            veio, já nasceu e já se deu todo a nós. O Filho de Deus se fez 
            pequenino, para nos fazer grandes; deu-se a nós, a fim de que nós nos 
            demos a Ele; veio mostrar-nos o seu amor a fim de que nós lhe 
            respondamos com o nosso. Façamos-lhe acolhida afetuosa, amemo-lO e 
            recorramos a Ele em todas as nossas necessidades. 
            
            As crianças, diz São Bernardo de Claraval, gostam de 
            dar o que se lhes pede. Jesus veio como criança, para se nos mostrar 
            todo inclinado e propenso a comunicar-nos os seus bens. Se desejamos 
            luz, ele veio para nos iluminar. Se queremos força para resistirmos 
            aos inimigos, ele veio exatamente para nos confortar. Se queremos o 
            perdão e a salvação, ei-lo que veio para nos perdoar e nos salvar. 
            Se queremos, finalmente, o dom supremo do divino amor, Ele veio para 
            abrasar-nos o coração. É sobretudo para este fim que se fez criança. 
            Quis aparecer no meio de nós tanto mais amável, quanto mais pobre e 
            humilde, quis tirar-nos todo o temor e ganhar o nosso amor, escreve 
            São Pedro Crisólogo. 
            
            Além disso, Jesus quis vir pequenino para ser de nós 
            amado com amor não somente de apreço, senão também de ternura. Todas 
            as crianças sabem ganhar o afeto de todos aqueles que as vêem; mas 
            quem não amará com toda a ternura a um Deus feito criancinha, 
            necessitado de leite, tiritante de frio, pobre, humilhado, 
            abandonado; a um Deus que chora numa manjedoura? Isso fez São 
            Francisco de Assis exclamar: “Vinde amar a um Deus feito criança, 
            feito pobre, e tão amável que desceu do céu para se dar todo a vós”. 
            
            Benfeitor (a), contempla o Menino Jesus envolto em 
            faixas. Vede como o Menino Jesus obediente oferece as mãozinhas, 
            oferece os pés e se deixa enfaixar. Ponderai que, cada vez que o 
            divino Infante se deixava enfaixar, pensava nas cordas com que um 
            dia devia ser amarrado no Horto, naquelas que depois deviam 
            prendê-lo à coluna, e nos pregos que deviam fixá-lo na cruz. Escreve 
            Santo Afonso Maria de Ligório: “Pensando assim, deixava-se de boa 
            mente enfaixar, a fim de livrar as nossas almas dos laços do inferno”. 
            
            O Menino Jesus, estreitado nas faixas, volve-se a nós 
            e convida-nos a que nos unamos consigo pelos doces laços do amor. 
            Volvendo-se em seguida a seu Eterno Pai diz: “Meu Pai, os homens 
            abusaram de sua liberdade e, revoltados contra Vós, tornaram-se 
            escravos do pecado. Para compensar a sua desobediência, quero ser 
            envolto e estreitado nestas faixas. Assim ligado, ofereço-Vos a 
            minha liberdade, a fim de que o homem fique livre da escravidão do 
            demônio. Aceito estas faixas, que me são caras, e mais caras ainda, 
            porque são símbolos das cordas com que, desde agora, me ofereço a 
            ser um dia amarrado e conduzido à morte para salvação dos homens”. 
            
            Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Depois que 
            o Menino Jesus foi envolto nas faixas, pediu através do choro, a 
            alimentação”. O Filho de Deus e nosso irmãozinho pediu a Maria 
            Santíssima o alimento próprio da sua idade.  Que espetáculo era para 
            o Paraíso ver o Verbo divino feito criança, nutrir-se com o leite 
            que lhe oferecia uma virgem, sua criatura. Aquele que nutre todos os 
            homens e todos os animais da terra, ei-lO reduzido a tal estado de 
            fraqueza e de pobreza, que precisa de um pouco de leite para 
            sustentar a vida. 
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a), depois de alimentar-se 
            com o leite de Maria Santíssima, o Menino Jesus dormia. Santo Afonso 
            diz que o seu sono era “demasiadamente breve e doloroso”. 
            Servia-lhe de berço uma manjedoura, a palha de colchão e de 
            travesseiro. Assim o sono do Menino Jesus foi muitas vezes 
            interrompido pela dureza daquela cama excessivamente dura e molesta, 
            e pelo rigor do frio que reinava na gruta. De vez em quando, porém, 
            a natureza sucumbia à necessidade e o Menino querido adormecia. Mas 
            o sono de Jesus foi muito diferente do sono das outras crianças. O 
            sono destas é útil à conservação da vida; não, porém, quanto às 
            operações da alma, porque esta, privada do uso dos sentidos, fica 
            reduzida à inatividade. Não foi assim o sono de Jesus Cristo. O 
            corpo repousava; velava, porém a alma, que em Jesus Cristo era unida 
            à Pessoa do Verbo, que não podia dormir, nem ficar sopitada pela 
            inatividade dos sentidos. 
            
            Dormia, pois, o santo Menino, mas enquanto dormia, 
            pensava em todos os padecimentos que teria de sofrer por nosso amor, 
            no correr de toda a sua vida e na hora da sua morte. Pensava nos 
            trabalhos por que havia de passar no Egito e em Nazaré, levando uma 
            vida extremamente pobre e desprezada. Pensava particularmente nos 
            açoites, nos espinhos, nas injúrias, na agonia e na morte desolada, 
            que afinal devia padecer sobre a cruz. Tudo isso Jesus oferecia ao 
            Pai Eterno, enquanto dormia, a fim de obter para nós o perdão e a 
            salvação. Assim nosso Salvador, durante o sono, estava merecendo por 
            nós, reconciliava conosco seu Pai e alcançava-nos graças, escreve 
            Santo Afonso. 
            
            Prezado (a) benfeitor (a), na gruta de Belém o Menino 
            Jesus chorou. As lágrimas do Menino Jesus foram muito diferentes das 
            que as outras crianças derramam quando nascem. Estas choram de dor, 
            diz São Bernardo de Claraval, mas o Menino Jesus não chora de dor, 
            mas sim de compaixão para conosco e de amor. Chorar por alguém é 
            sinal de grande amor. Por esta razão os Judeus, ao verem o Salvador 
            chorar a morte de Lázaro, diziam: “Vede como o amava” 
            (Jo 11,36). Da mesma forma os 
            anjos, vendo as lágrimas de Jesus Menino, podiam dizer: Vede como 
            nosso Deus ama os homens, pois por amor deles vemo-lO feito homem, 
            feito criança, vemo-lO chorar. Jesus chorava e oferecia as suas 
            lágrimas ao Pai Eterno, para obter para nós o perdão dos nossos 
            pecados. Escreve Santo Ambrósio: “Aquelas lágrimas lavaram os 
            nossos crimes”. 
            
            Benfeitor (a), com seus choros e gemidos Jesus Cristo 
            suplicava misericórdia por nós, que estávamos condenados à morte 
            eterna, e aplacava a indignação de seu Pai. 
            
            Jesus chora de amor; mas chora também de dor à vista 
            de tão grande número de pecadores que, apesar de tantas lágrimas e 
            de tanto sangue derramado para a salvação deles, não deixariam de 
            desprezar a sua graça. Quem será tão cruel que, vendo um Deus-Menino 
            chorar as nossas culpas, não chore também e não deteste os pecados 
            que tanto tem feito chorar o nosso amantíssimo Senhor? Benfeitor 
            (a), não agravemos mais os padecimentos deste inocente Menino, mas 
            consolemo-lO, misturando as nossas lágrimas com as suas. Ofereçamos 
            a Deus as lágrimas de seu Filho, e roguemos-lhe que pelos 
            merecimentos delas nos perdoe. 
            
            Prezado (a) benfeitor (a), todos os sinais que o Anjo 
            deu aos pastores para acharem o Salvador já nascido, foram sinais de 
            humildade: Eis o sinal para reconhecer o Messias nascido, disse o 
            Anjo: achareis uma criança, envolta em pobres paninhos, numa 
            estrebaria e deitada sobre a palha numa manjedoura de animais. Foi 
            assim que quis nascer o Rei do céu, o Filho de Deus, porque vinha 
            destruir o orgulho, que fora a causa da perdição do homem. 
            
            Os profetas já tinham predito que o nosso Redentor 
            devia ser saciado de opróbrios e tratado como o homem mais vil do 
            mundo. Quantos desprezos  não teve Jesus de sofrer da parte dos 
            homens! Foi qualificado de ébrio, de mágico, de blasfemo e de 
            herege. E depois, quantas ignomínias sofreu na sua Paixão. Foi 
            abandonado por seus próprios discípulos, dos quais um o vendeu por 
            trinta moedas, outro negou tê-lO jamais conhecido. Foi levado pelas 
            ruas preso e amarrado como um malfeitor, açoitado como um escravo, 
            qualificado de insensato e de rei de burla; foi esbofeteado, coberto 
            de escarros, e finalmente fizeram-no morrer suspenso numa cruz, em 
            meio a dois ladrões. São Bernardo de Claraval escreve: “O mais 
            nobre de todos foi tratado como se fosse o mais vil de todos”. 
            
            Benfeitor (a), se quereis ser santo, esforçai-vos por 
            imitar a vida humilde e desprezada de Jesus Cristo. Habitue-se a 
            antever de manhã tudo o que durante o dia possa contrariar o vosso 
            amor próprio, e disponde-vos a sofrê-lO em paz por amor de Jesus 
            Cristo, que tem sofrido coisas mais graves por vosso amor. Seria de 
            grande proveito praticardes o excelente conselho que o Pe. Torres 
            dava a seus penitentes: “Rezai todos os dias um Pai-Nosso e uma 
            Ave-Maria em louvor da vida desprezada de Jesus Cristo, e 
            oferecei-vos a sofrer não somente em paz, senão também com alegria, 
            por amor dele, todos os desprezos e contrariedades que vos queira 
            enviar, pedindo ao mesmo tempo o auxílio para lhe serdes fiel”. 
            
            Caríssimo (a) benfeitor (a), aproximemo-nos da pobre 
            gruta de Belém, contemplemos o Menino Jesus que está dormindo e 
            rezemos com fé e devoção: Ó meu querido e santo Menino, Vós estais 
            dormindo, e esse vosso sono me abrasa de amor! Para os outros o sono 
            é figura da morte; mas em Vós é símbolo de vida eterna, porque, 
            enquanto repousais, estais merecendo para mim a eterna salvação. 
            Estais dormindo; porém o vosso coração não dorme, mas pensa em 
            padecer e morrer por mim. Durante o vosso sono rogais por mim e me 
            impetrais de Deus o descanso eterno do paraíso. Mas enquanto não me 
            levardes, como espero, para repousar junto de Vós no céu, quero que 
            repouseis sempre em minha alma. Amém. 
              
            
            Eu te abençôo e te guardo no Coração Adorável do 
            Menino Jesus. 
              
            
            Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
             
    
      
      
          
        
      
      Este texto não pode ser reproduzido sob 
      nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por 
      escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
      
      Depois de autorizado, é preciso citar:
       
      
      
      Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Associação 
      de benfeitores São José -  
      Circular nº 14 - 
      05/10/2005 ”. 
      
      
      
      www.filhosdapaixao.org.br/circulares/circulares_03_14.htm 
         
       
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