Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

06 de dezembro de 2013

Sem perseverança, impossível é chegar à santidade ou à salvação. Judas Iscariotes foi chamado para seguir a Nosso Senhor Jesus Cristo… para ser Apóstolo… (Mt 10, 4), mas não perseverou e se perdeu: “Quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome que me deste; guardei-os e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição” (Jo 17, 12).

A ingratidão de Judas fere mais que um punhal. Além de trair o Mestre, se oferece para ser o guia dos inimigos… guia cego que guia outros cegos, com ânimo redobrado, até à Luz Eterna: “À frente estava o chamado Judas, um dos Doze…” (Lc 22, 47).

Judas Iscariotes jogou tudo fora… perdeu-se por sua culpa e não porque Deus o determinasse a isso… perdeu-se por sua própria vontade. São Pedro voltou: “Pedro então lembrou-se da palavra que o Senhor lhe dissera… E saindo para fora, chorou amargamente” (Lc  22, 61-62) … Judas se desembestou: “Ele, atirando as moedas no Templo, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27, 5).

A hipocrisia de Judas é a “rainha” de todas as hipocrisias… das mais detestáveis, é a mais detestável… chamou a Jesus Cristo de mestre quando já tinha renunciado a ser seu Apóstolo (Mc 14, 45). Jesus não suportava a hipocrisia: “Acautelai-vos do fermento – isto é, da hipocrisia – dos fariseus” (Lc 12, 1).

Judas: lobo inquieto! Enquanto os Apóstolos estavam retirados no mais profundo silêncio, esse lobo percorria as casas dos príncipes da Sinagoga para negociar a entrega d’Aquele que o havia chamado a ser seu Apóstolo… luz… santo: “Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi até os chefes dos sacerdotes e disse: ‘O que me dareis se eu o entregar?’” (Mt 26, 14-15).

Aquele que despreza e trai a Jesus Cristo assemelha-se ao Demônio: “Não vos escolhi, eu, aos Doze? No entanto, um de vós é um diabo!’ Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes. Este, um dos Doze, o haveria de entregar” (Jo 6, 70-71).

São Pedro pecou… Judas pecou… São Pedro confiou na misericórdia de Jesus e voltou… Judas suicidou-se. Nem suas entranhas “suportaram” a sua traição: “… caindo de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, derramando-se todas as suas entranhas” (At 1, 18).

Judas Iscariotes desprezou a Luz Eterna e mergulhou nas trevas… O corvo infernal, Satanás, se assenhoreou dele: “Satanás entrou em Judas…” (Lc 22, 3). E você? Possui o coração aberto para Jesus Cristo ou para Satanás?

Judas deixou de ser Apóstolo de Nosso Senhor para ser discípulo de Satanás… a sua falsidade é irritante… caminhou para o Getsêmani com a mentira na boca, com a falsidade no rosto e com a hipocrisia no coração. Hoje, infelizmente, milhões de pessoas batizadas e crismadas na Igreja Católica desprezam a Jesus Cristo para seguir a Judas Iscariotes.

O beijo de Judas é um beijo de ódio. Aproxima-se com atrevimento e abraça a quem abandona… beija a quem entrega… saúda com ironia a quem silenciosamente mata!

Judas amava a Jesus Cristo? Tinha-O verdadeiramente por Mestre? Se O amava e O tinha por Mestre, por que tantas armas, tantos soldados e tantas espadas? Ele odiava a Jesus, por que então uma saudação tão amigável? Por que o beijo? Por que um abraço? Essa falsidade, fingimento e hipocrisia de Judas Iscariotes “estremeciam” o Coração do Salvador: “Jesus sentiu mais esta falsidade de Judas do que todos os demais ultrajes da Sagrada Paixão” (São Leão Magno).

Os seguidores de Judas ofendem e amarguram o Santíssimo Coração de Jesus Cristo. Eles reconhecem que Jesus é Deus, mas blasfemam continuamente contra o seu santo Nome.

Milhares de discípulos de Judas “beijam” e “abraçam” Jesus Cristo na hora da Comunhão com os lábios e braços imundos pelo pecado.

Os seguidores de Judas Iscariotes chamam a Jesus de Mestre, mas trazem o Maligno no coração.

Existem milhares de seguidores de Judas Iscariotes que se gloriam até de serem Católicos Apostólicos Romanos… mas vivem como se Deus não existisse, atacam os dogmas da Igreja, zombam da mesma, do Papa, dos seus ministros… eis porque esses hipócritas são os mais perigosos inimigos do nome cristão, porque eles têm sempre o nome de Jesus Cristo na boca, mas reina a maldade no fundo do coração.

Jesus Cristo chama Judas de amigo (Mt 26, 50) para atraí-Lo à penitência. E você? Sente-se atraído pela bondade do Salvador ou zomba do seu amor?

Disse Jesus a Judas: “… com um beijo entregas o Filho do Homem?” (Lc 22, 48). Essas palavras ternas, tão sinceras… nenhuma impressão fizeram  no coração petrificado de Judas, nem impedem de consumar o seu crime: “Ó Judas, que infâmia! Que sacrilégio! Serviste de um sinal pacífico para quebrantar a paz, do amor para ferir e da amizade para matar!” (Santo Agostinho).

A maldade se aproxima da bondade… as trevas caminham para a Luz… o lobo fixa os olhos no manso Cordeiro… e com passos atrevidos e decididos beija-O com os lábios traiçoeiros. Quanto atrevimento e falta de respeito: “Como te atreveste imprimir teus lábios e derramar o fel da perfídia sobre aquele divino rosto donde brotava a graça e a vida? Quem sem pasmar poderá contemplar Jesus abraçado com Judas, o Cordeiro com o lobo, a santidade com o crime, o amor com o ódio, a sinceridade com a mentira, a bondade com a ingratidão e a verdade com a hipocrisia!” (Santo Ambrósio).

Judas Iscariotes procurava Jesus Cristo, manso Cordeiro, no Jardim das Oliveiras, para entregá-Lo aos inimigos; nós, com o coração apaixonado pelo Mestre, O procuremos continuamente, não para traí-Lo, mas sim, para adorá-Lo com respeito e servi-Lo com generosidade e amor: “Servi a Cristo, o Senhor” (Cl 3, 24).

Judas não queria que deixassem Jesus Cristo fugir, não por amor, mas por ódio… a serpente queria dar o bote certeiro sobre o Cordeiro: “Prendei-o e levai-o bem guardado” (Mc 14, 44). Façamos o contrário, busquemos a Cristo com fervor e O prendamos em nosso coração… conservemo-Lo na prisão do nosso coração.

O traidor caminhava à frente dos inimigos do Senhor… levava os inimigos para prender a Jesus Cristo: “À frente estava o chamado Judas…” (Lc 22, 47). Levemos também milhares de pessoas para Jesus Cristo, não para traí-lO, mas para que sejam prisioneiras do seu Santíssimo Coração.

Judas Iscariotes mandou que os inimigos guardassem Jesus Cristo com cautela, cuidado e precaução… queria que a Luz Eterna fosse extinta. Façamos o contrário, depois de encontrar a Cristo Jesus, guardemo-lO com cautela, conservando-nos na sua graça, para que possamos dizer com a esposa do Cântico dos Cânticos 3, 4: “Achei meu amor e não o largarei mais”.

O beijo de Judas foi de ódio e traição. O nosso beijo no crucifixo deve ser frequente… beijo de amor, respeito e gratidão.  Podemos realizar o que tanto suspirava a esposa do Cântico dos Cânticos: “Encontrando-te fora, eu te beijaria” (Ct 8, 1).

Infeliz da pessoa que se doa a Deus pela metade… que não abre completamente o coração para Ele… que O serve com preguiça e indiferença… essa, cedo ou tarde, cairá na infidelidade: “Com isto se vê que se os que seguem o Senhor não são muito bons, chegam a ser, como Judas, os piores de todos” (Pe. Luis de la Palma).

Judas Iscariotes não pode ser esquecido… ele está “vivo”… “vivíssimo”. O que dizer de um católico batizado e crismado que abandona a Santa Igreja para seguir as seitas?

Será que Judas já nasceu traidor? Não! Ele foi escolhido por Jesus Cristo para ser luz… para produzir muitos frutos: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto” (Jo 15, 16). Ele foi chamado por Jesus… se tornou Apóstolo pela vontade do Senhor.

Judas Iscariotes também brilhou… mas não perseverou no bom exemplo, apagou-se rapidamente: “Chamou os doze discípulos e deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a sorte de males e enfermidades” (Mt 10, 1). Judas era um dos doze. Infeliz do católico que deixa de brilhar com o bom exemplo!

Muitos enfermos foram curados por Judas Iscariotes… expulsou muitos demônios… muitos conheceram a Jesus através de suas pregações: “Chamou a si os Doze e começou a enviá-los dois a dois… Partindo, eles pregavam… expulsavam muitos demônios, e curavam muitos enfermos…” (Mc 6, 7. 12-13). Começou bem, mas não perseverou… perdeu tudo! E você católico… está firme?

Jesus Cristo confiava em Judas? Sim! “Depois subiu à montanha, e chamou a si o que ele queria…” (Mc 3, 13). Confiava tanto que o enviou como pregador: “… para enviá-los a pregar” (Mc 3, 14). Mas o chamado e a confiança do Senhor não “apagaram” o livre arbítrio de Judas Iscariotes. Católico, você também é livre. Cuidado!

Será que existia uma frieza nas relações entre Judas e os outros Apóstolos? Judas Iscariotes era da Judéia… os outros eram da Galiléia: “Não são, acaso, galileus todos esses que estão falando?” (At 2, 7). Como é triste e insuportável a convivência com pessoas desconfiadas, calculistas e cobiçosas. Os oriundos da Judéia eram assim. E você… é calculista e cobiçoso?

Judas era sombrio… obscuro… misterioso… “tresmalhado”… possuía algumas “manchas” escondidas… muito parecido com milhares de santarrões de hoje. Os outros Apóstolos eram fracos e não escondiam as suas fraquezas: Pedro era inconstante… Tiago era ambicioso… João era intolerante… Tomé era pessimista… mas possuíam algo que Judas não possuía: eram fiéis ao Senhor: “Nenhum deles pereceu, a não ser o filho da perdição” (Jo 17, 12).

É possível alguém se perder na companhia de Jesus Cristo? É possível alguém “ser” um demônio junto do próprio Senhor? Sim! É possível. Aconteceu com Judas Iscariotes: “No entanto, um de vós é um diabo! Falava de Judas…” (Jo 6, 70-71). O que dizer de uma pessoa que fala de Cristo, mas que vive totalmente o contrário de sua doutrina? “Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim” (Mt 15, 8). É assombroso, mas é possível.

Já se passaram mil e oitocentos anos. Mesmo depois de tanto tempo, ainda existem milhares de pessoas que veneram e seguem Judas Iscariotes… são os cainitas de hoje (seita gnóstica do século II que venerava Judas como herói e mártir). Judas está “vivo” em muitas famílias, empresas, colégios e também dentro da Igreja.

Judas Iscariotes era cobiçoso… “olho grande”… Ele critica abertamente como Maria de Betânia gasta o seu perfume com Jesus Cristo: “Por que não se vendeu este unguento por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12, 5). Estaria ele preocupado com os pobres? Não! Era ladrão e queria o dinheiro para si: “Dizia isto não por amor aos pobres, mas porque era ladrão e, trazendo a bolsa, furtava o que se lançava nela” (Jo 12, 6). E você católico… critica quando alguém oferece o melhor para Nosso Senhor?

O traidor, Judas, vivia com Jesus Cristo, mas não O buscava… ambicioso que era, buscava sempre o seu próprio proveito. Hoje, infelizmente, milhões de pessoas usam do Nome de Jesus para o próprio proveito: dinheiro, fama e vida cômoda: “… pois procuram atender os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo” (Fl 2, 21).

Judas caminhava com Jesus Cristo, mas não fixava os olhos n’Ele… o seu coração não pulsava de amor pelo Rei dos reis… mas pelos tesouros terrenos: “Pois onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 34). E você católico… onde está o seu tesouro? Em Jesus Cristo ou no mundo?

Em Jesus Cristo encontramos a verdadeira liberdade… mas Judas Iscariotes preferiu desprezar o Senhor e se encerrar teimosamente no seu próprio eu… por isso se perdeu. O católico que despreza a Deus vive numa terrível escravidão.

Judas Iscariotes caiu paulatinamente… pouco a pouco… a terrível traição aconteceu depois de várias traiçõezinhas. Ninguém se torna traidor de Cristo de uma vez para a outra. Infeliz do católico que faz vistas grossas diante das pequenas traições.

O traidor desiludiu-se com Jesus Cristo. Ele esperava que Jesus fosse um libertador revolucionário; mas o Senhor veio para salvar as almas imortais.

Entre Jesus Cristo e Judas Iscariotes existiam pequenas “rachaduras”; mas abriu-se um terrível e profundo abismo entre eles, quando o Senhor disse abertamente sobre o traidor: “Não fui eu que vos escolhi a vós Doze? No entanto, um de vós é um demônio. Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era este que o havia de entregar, não obstante ser um dos Doze” (Jo 6, 70-71).

Voltar ao topo

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP. Depois de autorizado, é preciso citar: Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Judas Iscariotes - pensamentos” www.filhosdapaixao.org.br/escritos/colecoes/livros/022_judas_iscariotes.htm