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          ZAQUEU 
                   (Lc 
                  19, 1-10) 
          
            
          
           “1 
          E, tendo entrado em Jericó, ele atravessava a cidade. 
          2 
          Havia lá um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe dos publicamos.
          3 
          Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da 
          multidão, pois era de baixa estatura. 
          4 
          Correu então à frente e subiu num sicômoro para ver Jesus que iria 
          passar por ali. 
          5 
          Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse-lhe: ‘Zaqueu, 
          desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa’. 
          6 
          Ele desceu imediatamente e recebeu-o com alegria. 
          7 
          À vista do acontecido, todos 
          murmuravam, dizendo: ‘Foi hospedar-se na casa de um pecador!’ 
          8 
          Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: ‘Senhor, eis que eu dou a metade de 
          meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o 
          quádruplo’. 9 
          Jesus lhe disse: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também 
          é um filho de Abraão. 
          10 
          Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava 
          perdido”.
           
  
                    
  
          
          Em Lc 19, 
          1 diz: “E, 
          tendo entrado em Jericó, ele atravessava a cidade”.
           
          
           “A 
          Jericó moderna encontra-se a cerca de 35 Km de Jerusalém. A ligação 
          entre as duas cidades é feita por uma estrada de montanha, com muitas 
          curvas, que desce de 750 m acima do nível do mar a cerca de 300 m 
          abaixo do nível do mar. Jericó encontra-se ao sul da importante 
          nascente chamada ‘fonte de Eliseu’, cujas águas fazem do oásis de 
          Jericó uma das mais ricas zonas agrícolas de todo o Oriente Médio. O 
          local da Jericó do AT é um tell alongado, chamado Tell-es-Sultan, que 
          se encontra a Oeste da nascente. A Jericó do NT se encontrava 
          exatamente sob a cidade atual. Herodes construiu um palácio em suas 
          proximidades, mas sua localização ainda não foi situada com certeza”
          (DB). 
          
          Nosso 
          Senhor, incansável missionário, entra na cidade de Jericó e não se 
          acomoda em um canto ou procura repouso, mas continua a caminhar, 
          atravessando a cidade: 
          “O próprio Jesus... foi o primeiro e o maior dos 
          Evangelizadores. Ele foi isso mesmo até o fim, até a perfeição, até o 
          sacrifício da sua vida terrena” 
          (Paulo VI, “Evangelii Nuntiandi”, 7). 
          
          Imitemos 
          o exemplo de Jesus Cristo! Saiamos da “poltronice”, abandonemos a vida 
          fácil, pisemos o respeito humano e sejamos missionários fervorosos e 
          apaixonados pelas almas: 
          “Não há nada mais frio do que um cristão que não se 
          preocupa pela salvação dos outros (...). Não digas: não posso 
          ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível que não o 
          possas fazer. Não há maneira de negar as propriedades das coisas 
          naturais; o mesmo acontece com isto que agora afirmamos, pois está na 
          natureza do cristão agir dessa forma (...). É mais fácil o sol deixar 
          de iluminar ou de aquecer do que um cristão deixar de dar luz; mais 
          fácil do que isso seria que a luz fosse trevas. Não digas que é 
          impossível; impossível é o contrário (...). Se orientarmos bem a nossa 
          conduta, o resto sairá como consequência natural. Não se pode ocultar 
          a luz dos cristãos, não se pode ocultar uma lâmpada que brilha tanto” 
          (São João Crisóstomo, Homilias sobre os Atos dos Apóstolos, 20).
           
          
          Em Lc 19, 
          2-4 diz: 
          “Havia lá um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe dos 
          publicamos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por 
          causa da multidão, pois era de baixa estatura. Correu então à frente e 
          subiu num sicômoro para ver Jesus que iria passar por ali”.
           
          
          Edições 
          Theologica explica: 
          “Jesus Cristo é o Salvador dos homens, curou muitos 
          doentes, ressuscitou mortos, mas sobretudo trouxe o perdão dos pecados 
          e o dom da graça aos que se aproximam d’Ele com fé. Como antes no caso 
          da pecadora (cfr Lc 7, 36-50), agora Jesus traz a salvação a Zaqueu, 
          visto que a missão do Filho do Homem é salvar o que estava perdido”.
           
          
          Zaqueu 
          pertencia à classe dos publicanos, odiados pelo povo porque eram 
          colaboradores do poder romano e abusavam frequentemente na cobrança de 
          impostos: “O 
          Evangelista nota, de propósito, a circunstância de ser este homem 
          chefe dos publicanos e muito rico, porque esta circunstância parecia 
          desfavorável à sua salvação eterna. Mas Deus que, em toda parte, tem 
          os seus eleitos, lhe tinha já tocado o coração” 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          Esse 
          homem, mesmo sendo chefe dos publicanos, queria ver Jesus Cristo. Está 
          claro que por onde a Luz Eterna passava, ninguém ficava indiferente:
          “Jesus: por 
          onde quer que tenhas passado, não ficou um coração indiferente.- Ou Te 
          amam ou Te odeiam” 
          (São Josemaría Escrivá, Caminho, 687). 
          
          Ele tentava a 
          todo custo ver o Senhor, mas a multidão não o permitia, e ele era de 
          baixa estatura. 
          
          Zaqueu 
          não desistiu de ver a Cristo Jesus; nem a multidão nem a sua baixa 
          estatura lhe impediriam de ver o Doce Cordeiro: 
          “Correu então à frente e subiu 
          num sicômoro para ver Jesus que iria passar por ali”. 
          
          
           O seu desejo de 
          ver o Senhor era muito grande. Ele não foi andando, mas correu à 
          frente e subiu num sicômoro (árvore semelhante à amoreira, mas de 
          mais altura e de tronco mais grosso). 
          
          Por ser 
          um homem rico e chefe dos publicanos, ele não se importa em correr e 
          subir em uma árvore; o que lhe interessa é ver a Nosso Senhor Jesus 
          Cristo: 
          “Zaqueu quer ver Jesus. Para o conseguir não vê inconveniente em 
          misturar-se com a multidão. Como o cego de Jericó salta por cima dos 
          respeitos humanos” 
          (Edições Theologica), e: 
          “Rico, naturalmente orgulhoso e cheio de si, Zaqueu 
          procede no entanto como um homem do povo, como uma criança, sem 
          respeito humano, porque se trata de ver a salvação de Israel. – Zaqueu 
          é a imagem de uma alma trabalhada pela graça. Tendo ouvido falar de 
          Jesus, corre ao seu encontro, informa-se dos lugares por onde ele tem 
          de passar. Pequenino demais, incapaz de ver e compreender alguma coisa 
          por si mesma, vence os prejuízos da multidão, procura um apoio para 
          elevar-se até o céu, sobe como Zaqueu a um sicômoro. Que significa 
          esta árvore? – A cruz, a fé em Jesus Cristo” 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          Quando se 
          trata de aproximar de Cristo Jesus, devemos imitar o exemplo de Zaqueu: 
          vencer o respeito humano, enfrentar a multidão que tenta nos impedir 
          de conhecer o Senhor e correr ao encontro dos meios que poderão nos 
          ajudar a aproximar de Cristo: 
          “Assim há de ser a nossa busca 
          de Deus: nem falsa vergonha nem medo ao ridículo devem impedir que 
          ponhamos os meios para encontrar o Senhor” 
          (Edições Theologica), e:
          “Convence-te 
          de que o ridículo não existe para quem faz o melhor” 
          (São Josemaría Escrivá, Caminho, 392). 
          
          Zaqueu se 
          esforçou para ver a Cristo: correu e subiu em uma árvore. 
          
          Engana-se 
          aquele que pretende fazer progresso na vida espiritual vivendo na 
          “poltronice” e no comodismo. Para se aproximar de Nosso Senhor, é 
          preciso se esforçar continuamente: 
          “... no caminho da perfeição, 
          não ir adiante é recuar; e não ir ganhando é ir perdendo” 
          (São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, Livro I, capítulo XI, 5).
           
          
          Em Lc 19, 
          5-6 diz: 
          “Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse-lhe: ‘Zaqueu, 
          desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa’. Ele desceu 
          imediatamente e recebeu-o com alegria”. 
          
          Zaqueu 
          quis ver a Luz Eterna; para vê-la teve que correr e subir em uma 
          árvore. Agora, ele recebe a recompensa pelo seu esforço: 
          “Quando Jesus chegou 
          ao lugar, levantou os olhos...” 
          
          Busquemos 
          o Senhor com fé e confiança, e jamais duvidemos do Seu Amor. Tenhamos 
          paciência, e o Senhor nos recompensará na hora certa: 
          “Felizes hão de ser todos 
          aqueles que põem sua esperança no Senhor” 
          (Sl 2, 12). 
          
          Jesus 
          Cristo não só olhou para Zaqueu, mas disse-lhe: 
          “... desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”. 
          Zaqueu não esperou um só minuto, mas, obediente ao Senhor, 
          “... desceu imediatamente e recebeu-o com alegria”. 
          
          Zaqueu 
          não ficou analisando se valeria ou não a pena receber a Cristo Jesus 
          em sua casa; não disse para o Senhor voltar depois nem arranjou uma 
          desculpa para não recebe-lO; mas O recebeu prontamente e com alegria:
          “Estamos 
          diante de uma clara manifestação de como atua Deus para salvar os 
          homens. Jesus chama individualmente, pelo seu nome, Zaqueu, 
          pedindo-lhe que O receba em sua casa. O Evangelho sublinha que O 
          recebeu prontamente e com alegria. Assim devemos responder nós aos 
          chamamentos que Deus nos faz através da Sua graça” 
          (Edições Theologica). 
          
           Zaqueu 
          desceu depressa da árvore, não perdeu tempo, porque cada minuto é 
          precioso para ficar perto de Nosso Senhor: 
          “Zaqueu, desce depressa... 
          Quando se trata da salvação, todos os momentos são preciosos, não se 
          deve perder um instante. – É Jesus quem se convida a si mesmo. Já 
          tinha entrado no coração deste pecador, agora é preciso hospedar-se em 
          sua casa. Assim a alma convertida para Deus, depois de ter acolhido a 
          Nosso Senhor que se apresenta pela graça, recebe-o ainda em sua casa, 
          nas delícias da comunhão” 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          Cristo 
          Jesus é Alegria Infinita! Longe d’Ele, tudo é tristeza, angústia e 
          ilusão. Devemos viver em contínua alegria por possuirmos Nosso Senhor 
          em nosso coração: 
          “Fomos feitos para a felicidade, para ser felizes: o 
          nosso coração tem uma capacidade de infinito, e só Deus o pode saciar 
          perfeitamente” 
          
          (Dom Columba Marmion). 
          
          Hoje, milhares 
          são convidados a aproximarem de Cristo, mas ao contrário de Zaqueu que 
          O recebeu com alegria, esses fecham o semblante, franzem a testa e 
          torcem o nariz em sinal de descontentamento. Aquele que não aceitou 
          Cristo em seu coração durante a vida, com certeza não será amigo d’Ele 
          depois da morte.  
          
          Em Lc 19, 
          7 diz: 
          “À vista do acontecido, todos 
          murmuravam, dizendo: ‘Foi hospedar-se na casa de um pecador!” 
          
          
          Infelizmente, até hoje, existem pessoas que não sentem alegria com a 
          mudança de vida de um pecador. É importante lembrá-las de que Cristo 
          veio para chamar os pecadores: 
          “Com efeito, eu não vim chamar 
          justos, mas pecadores” 
          (Mt 9, 13). 
          
          Como já foi 
          comentado, Zaqueu quis ver o Senhor, e para isso correu e subiu em uma 
          árvore. Depois, desceu rapidamente da árvore e recebeu com alegria 
          Nosso Senhor em sua casa. Será que esse homem possuía um coração 
          petrificado? Será que o mesmo fez tudo isso para se aparecer? 
           
          
          Em Lc 19, 
          8 diz: 
          “Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: ‘Senhor, eis que eu dou a metade de 
          meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o 
          quádruplo”. 
          
          Zaqueu, 
          na sua imediata correspondência á graça, 
          “manifesta o propósito de 
          devolver o quádruplo do que injustamente poderia ter defraudado. Com 
          isto vai mais além do que ordena a Lei de Moisés (cfr Ex 21, 37s). 
          Além disso, numa generosa compensação, entrega aos pobres a metade dos 
          seus bens” 
          (Edições  Theologica), e: 
          “Aprendam os ricos que não consiste o mal em ter 
          riquezas, mas em não usar bem delas; porque assim como as riquezas são 
          um impedimento para os maus, são também um meio de virtude para os 
          bons” 
          (Santo Ambrósio, Expositio Evangelii séc. Lucam, ad loc. ), e: 
          “Zaqueus da terra, 
          ouvi o que diz este pecador! Eis que dou aos pobres a metade dos meus 
          bens. Quem lhe revelou o merecimento da esmola? Não é bastante. Ei-lo 
          que acrescenta – Se, porventura, lesei a quem quer que seja, 
          restituo-lhe o quádruplo. Notai que ele não diz: hei de dar, hei de 
          restituir, mas dou, restituo, porque era já um fato no seu coração, já 
          não se considerava do que prometera dar e restituir. Que belíssimo 
          exemplo! Ele bem sabe quanto é difícil, senão impossível, ajuntar uma 
          grande fortuna, sem lesar a alguém, sem pactuar com certos arranjos 
          que o mundo chama habilidade, tino financeiro, etc. Achando tudo muito 
          lícito e inocente” 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
           
          
          Em Lc 19, 
          9-10 diz: 
          “Jesus lhe disse: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele 
          também é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio 
          procurar e salvar o que estava perdido”. 
          
          Edições 
          Theologica comenta: 
          “Este desejo ardente de Jesus de buscar um pecador para 
          o salvar há de encher-nos da esperança de alcançar a salvação eterna”, 
          e: “Escolhe 
          um chefe de publicanos: quem desesperará de si mesmo quando este 
          alcança a graça?” 
          (São Jerônimo, Expositio Evangelii séc. Lucam, ad loc.), e: 
          “Diz uma tradição 
          que daí por diante, Zaqueu acompanhou sempre a Nosso Senhor e foi 
          depois exilado para a França, em companhia de Lázaro, Marta e Maria” 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
           
           
          
          Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
          
          Anápolis, 21 de maio de 2007 
           
           
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