A OVELHA DESGARRADA
(Mt 18,
12-14)
"12
Que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se
extravia, não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à
procura da extraviada? 13
Se consegue achá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria
com ela do que com as noventa e nove que não se extraviaram.
14
Assim também, não é da vontade de vosso Pai, que está nos céus,
que um destes pequeninos se perca".
Em Mt
18, 12 diz: "Que vos
parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se extravia, não
deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à procura da extraviada?"
Edições Theologica comenta:
"A parábola põe em relevo a
solicitude amorosa do Senhor pelos pecadores. E manifesta de modo
humano a alegria de Deus ao recuperar um filho querido que se tinha
extraviado".
Sem
dúvida, Deus, Nosso Senhor, ama o homem justo e que observa fielmente
a Sua Santa Lei; mas, Ele ama também aqueles que se arrependem e se
convertem, mesmo se passaram muitos anos longe d'Ele:
"No homem que erra, é preciso
repreender unicamente o erro. O homem como tal, devemos sempre amá-lo.
A condenação nunca deve ser vingativa e cruel, porém temperada pelo
sentido da justiça. Se assim não se agisse, a condenação seria mais
nociva para o errante do que a sua própria culpa"
(Santo Agostinho).
O
mundo ama os pecados, enquanto Deus os detesta. O Senhor está sempre
com o Coração aberto para acolher o pecador que busca o Seu Amor
Infinito; mas Ele despreza
"... o homem que não se mexe,
que se mantém imóvel; aquele que recua em vez de avançar; aquele que
caminha sempre fora da estrada"
(Santo Agostinho).
Nessa
parábola da ovelha desgarrada, Nosso Senhor, o Bom Pastor, fala do
homem que deixa noventa e nove ovelhas nos montes, isto é, num lugar
seguro, e vai à procura da ovelha extraviada; e o mesmo não descansa
enquanto não a encontra.
Somos
as ovelhas desgarradas e Jesus Cristo é o Bom Pastor. Não aquele
pastor interesseiro e aproveitador, e sim, aquele que ama realmente as
ovelhas e que está pronto a se sacrificar por elas:
"As ovelhas constituíam
antigamente, grande cabedal de fortuna, e daí proveio a palavra
peculio, do latim pecus. Por isso, dizer que possuía o pastor nada
menos de cem ovelhas, significa que eram muitas as riquezas de Jesus,
pois dos anjos e dos homens se forma o seu rebanho. O deserto, assim
chamavam os judeus os campos situados longe da habitação dos homens; o
deserto, onde nos achamos expostos aos lobos, à fome e à sede, é o
mundo. O Pastor, ao encontrar a pobre ovelha que se perdera por sua
culpa, não lhe bate com o cajado, não a castiga para obrigá-la a
caminhar diante de si, mas toma-a sobre os ombros da sua santa
Humanidade, e, orgulhoso do seu precioso fardo, a conduz outra vez ao
aprisco da Igreja"
(Dom Duarte Leopoldo).
O
sacerdote deve possuir um grande amor pelas ovelhas desgarradas,
procurando-as pelos vales tenebrosos desse mundo, e trazendo-as para o
Coração de Nosso Senhor:
"No seu trato e solicitude de
cada dia, não se esqueçam de apresentar aos fiéis e infiéis, aos
católicos e não-católicos, a imagem do autêntico ministério sacerdotal
e pastoral, de dar a todos o testemunho de verdade e de vida, e de
procurar também, como bons pastores, aqueles que, batizados embora na
Igreja católica, abandonaram os sacramentos ou até mesmo a fé"
(Lumen Gentium, n.
28).
O
verdadeiro pastor vai em busca da ovelha desgarrada sem se descuidar
das noventa e nove. Ele deixa-as nos montes, isto é, longe da
planície, onde estão os lobos sanguinolentos.
Em Mt
18, 13-14 diz: "Se
consegue achá-la, em verdade vos digo, terá maior alegria com ela do
que com as noventa e nove que não se extraviaram. Assim também, não é
da vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos
se perca".
As
noventa e nove estão na luz, estão protegidas, estão sob a proteção
segura do pastor, enquanto que a desgarrada está nas trevas, longe de
casa, exposta aos perigos, etc. Então ao encontrá-la, o pastor se
enche de alegria, porque agora ela também virá para um lugar seguro.
Edições Theologica comenta:
"Isto não quer dizer que o
Senhor não estime a perseverança dos justos, mas que aqui se põe em
realce o gozo de Deus e dos bem-aventurados diante do pecador que se
converte. É um claro chamamento ao arrependimento e a não duvidar
nunca do perdão de Deus",
e: "Outra queda..., e
que queda!... Desesperar-te? Não; humilhar-te e recorrer, por Maria,
tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. - Um 'miserere' e, coração
ao alto! - A começar de novo"
(São Josemaría
Escrivá, Caminho, n° 711),
e também:
"Infelizmente assistimos com angústia à corrupção moral que devasta a
humanidade, desprezando especialmente os pequenos, de quem fala Jesus.
Que devemos fazer? Imitar o Bom Pastor e afanar-nos sem trégua pela
salvação das almas. Sem esquecer a caridade material e a justiça
social, devemos estar convencidos de que a caridade mais sublime é a
espiritual, ou seja, o interesse pela salvação das almas. E as almas
salvam-se com oração e o sacrifício. Esta é a missão da Igreja!"
(João Paulo II, Homilia às Clarissas de Albano, 14-8-1979).
O
pastor que ama verdadeiramente o seu rebanho, sente grande alegria ao
encontrar a ovelha que vivia nas trevas:
"A ovelha volta, não por si,
porque lhe faltam as forças, mas carregada; tresmalhou, mas não
poderia de novo encontrar o caminho sem o auxílio do Pastor, sem a
graça de Jesus. Grande é a alegria do Pastor, ao encontrar a sua
ovelha, e tanto maior é a sua alegria quanto mais lhe custou o
encontrá-la"
(Dom Duarte Leopoldo).
É da
vontade de vosso Pai, que está nos céus, que nem um destes pequeninos
se perca: "Este desejo
ardente de Jesus de buscar um pecador para o salvar, há de encher-nos
da esperança de alcançar a salvação eterna"
(Edições Theologica).
O
sacerdote que ama as almas, não descansará enquanto não conseguir
encontrar as ovelhas desgarradas de sua paróquia:
"Uma só alma é mais preciosa
do que todo o universo"
(São Bernardo de Claraval), e:
"Reconduzirei a desgarrada,
procurarei a perdida. Quer queiras quer não, assim farei. E se, em
minha busca, os espinhos dos bosques me rasgarem, eu me obrigarei a ir
por todos os atalhos difíceis; baterei todos os cercados; enquanto me
der forças o Senhor que me ameaça, percorrerei tudo sem descanso.
Reconduzirei a desgarrada, procurarei a perdida. Se não me queres
atrás de ti, não te desgarres, não te percas"
(Santo Agostinho, Do
Sermão sobre os Pastores).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 19 de maio de 2007
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